Capítulo 9 (falta revisar)



"O que é que um Comensal poderia querer comigo?", Lily perguntou, e deu mais um passo à frente.

Completamente dominado por emoções em excesso, Severus apenas sacudia a cabeça, sem conseguir dizer nada. O medo o paralisava, agora que se via frente a frente com ela e descobria que não havia saída: havia sido mesmo real. Lily ia morrer... se ele não fosse capaz de impedir. As amigas dela aguardavam, impacientes, olhando desconfiadas para o garoto de aspecto estranho e desarrumado.

"Preciso... preciso muito falar com você", ele disse por fim, com a voz entrecortada. Estendeu uma mão, que ficou se abrindo e fechando no ar. "Por favor."

Ela deu mais um passo na direção dele, estreitando os olhos. Ele inspirou profundamente e suplicou:

"Por favor, Lily, por favor!"

Ela cruzou os braços.

"Achei que você já tivesse escolhido. Que não quisesse mais nada comigo."

"Me desculpa, eu estava... estava confuso..."

Ela estava sinceramente decepcionada com ele. Tantos anos tentando fechar os olhos para as falhas dele, tantos anos tentando convencê-lo a mudar... Não tinha mais a menor paciência para sequer começar aquela ladainha outra vez. A falta de respostas às suas cartas havia sido a gota d'água. Não podia obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer o que quer que fosse, podia? Abriu a boca para lhe dizer aquelas palavras exatas. Mas então, notou que havia algo de muito errado com Severus: ele tremia. Estava suado, o cabelo completamente oleoso e amarfanhado. Mas o que mais chamou sua atenção era a expressão de pavor no rosto dele, em seus olhos arregalados, além de qualquer coisa que já houvesse visto. A raiva deixou-a no mesmo instante e ela cruzou em um segundo a distância que os separava.

"Severus, aconteceu alguma coisa?", ela perguntou, segurando as mãos dele.

Ele sacudiu a cabeça.

"Só preciso falar com você", ele disse, espiando as outras garotas por cima do ombro dela, meio sem jeito.

Lily se voltou para as amigas e trocou algumas palavras baixas com elas. Duas delas ficaram claramente chateadas, mas acabaram concordando em ir ao cinema sem Lily. Despediram-se brevemente, enquanto Severus aguardava, os braços passados em torno de si mesmo como se sentisse frio naquele começo de noite extremamente quente. Podia até mesmo sentir tremores tomando conta de seu corpo de tempos em tempos. Sentia medo, pânico, de que ela não o quisesse mais em sua vida, e temia que, sozinho, acabasse se enredando por demais nas Artes das Trevas. Por mais forte que havia sido o choque de descobrir que a mataria dessa forma, ainda assim, não podia correr risco algum. Ela voltou-se para ele, seu coração deu um pequeno salto dentro do peito ao vê-la e sentir outra vez o que havia sentido compartilhando as memórias e sensações de seu eu-adulto. Como podia ser possível viver sem ela? Deu um breve gemido de dor quando ela pegou em sua mão outra vez. Tentou não desmoronar quando ela, muito séria, olhou bem dentro de seus olhos, como se o tentasse hipnotizar.

"O que foi que aconteceu?"

"Me desculpa. Desculpa. Fui um... idiota", ele disse, desesperado.

Ela suspirou, e deixou as mãos dele escorregarem.

"Eu sinceramente cansei, Severus. Cansei mesmo desse tipo de conversa, e você me disse que já tinha se resolvido..."

"Mudei de idéia", ele se apressou a corrigir. "Por favor, Lily. Vamos voltar a ser... melhores amigos. Eu mudo, faço o que você quiser. Nunca mais chego perto nem de um livro de Artes das Trevas... Acredita em mim!", ele exclamou. Estava tão atordoado, era como se ele ainda fosse adulto e ela houvesse retornado do além por míseros instantes e tudo o que ele desesperadamente queria era lhe dizer o quanto ela era essencial: "Eu... eu amo você. Amo. Mais que isso. Preciso, Lily. Não ter você é como... como não poder respirar. É como... estar morto, como..."

Ele estava ameaçando perder o controle, não devia nem ter consciência do que dizia. Severus jamais lhe diria aquele tipo de coisa em condições normais... tentando ignorar as últimas palavras dele, porque imaginava que ele não as quisesse dizer realmente, ela apoiou as mãos nos ombros dele, afagando-os suavemente, mas o amigo continuava extremamente tenso.

"Se acalma, Sev. Quer um copo d'água?", ele negou com a cabeça, "Tem certeza? Então, me diz. Antes de qualquer coisa... o que foi que aconteceu?"

Como dizer a ela que... ele seria o responsável por sua morte? A forma como havia descoberto aquilo? Não era algo normal nem mesmo para um bruxo. E ainda havia o tal homem, teria que contar a história toda mas... simplesmente sentia que não devia fazê-lo, e, de qualquer forma, não queria perder tempo com aquilo naquele instante.

"Nada. Não aconteceu nada. Eu só... só caí em mim, descobri a bobagem que fiz... Lily! Me perdoa. Por favor, diga que me perdoa, que... que me aceita de volta."

Ela não respondeu, apenas segurou a mão dele outra vez e guiou-o algumas quadras adiante até um pequeno parque para crianças. O lugar onde tudo havia começado, ele se recordou, com um aperto no coração. Não poderia ser, também, o local onde tudo terminaria. Seria irônico, doente demais... Sentaram-se em um banco, iluminados pela luz quente de um lampião, em volta do qual pequenos insetos esvoaçavam. Porém, ao contrário daquele primeiro dia, Lily não fulgurava. Parecia contida, chateada. E ele teve medo.

"Por favor, Lily. O que é que eu preciso fazer?"

"Você sabe, Severus. Já cansei de pedir. Acho que não preciso pedir outra vez."

Ele enterrou a cabeça nas mãos.

"Eu nunca mais quero nem pensar em Artes das Trevas depois... depois..."

"Depois?", ela perguntou, interessada.

"Um pesadelo", ele desconversou. "Mas não vou, Lily, eu juro... mas preciso que me ajude... Me ajuda. Por favor, me ajuda. Me ajuda a ser bom", ele suplicou outra vez.

"Ah, Sev", ela o abraçou. Não estava entendendo muito bem como é que um simples pesadelo poderia levá-lo àquele estado de nervos, nem fazê-lo tomar uma decisão realmente definitiva. Mas ele parecia ter estado no inferno, e retornado. Abraçou-a forte, angustiado, os dedos se agarrando a ela como tenazes, respirando de forma ofegante.

"Preciso de você, preciso", ele murmurava no ouvido dela. "Simplesmente não posso te perder, é insuportável, Lily..." Todo o peso do que Snape adulto deveria sentir, dia após dia, lamentando a ausência da única mulher que já havia amado abateu-se sobre ele outra vez. "Eu amo você, Lily, mais do que a qualquer outra coisa. Como é que eu faço pra você entender isso?"

Ela suspirou, parecendo incomodada com toda aquela tempestade emocional, e se afastou dele.

"Severus, se acalma", pediu outra vez, acariciando suas mãos.

Claro. Era claro que ela não o amava de volta. Talvez jamais amasse. Mas, de repente, não ser correspondido não tinha mais a menor importância, desde que pudesse estar com ela, de uma maneira ou de outra.

"Não me importa que você não me ame de volta, Lily. Realmente não me importa. Só não me deixa. Nunca mais."

"Mas foi você quem me deixou, Severus."

"E eu já disse que me enganei. Já pedi desculpas, já pedi para... para me aceitar de volta...! Me diz que aceita... Já disse que vou mudar, de verdade... acredita em mim."

Ela, calada, apenas pensava, franzindo a testa e fitando-o intensamente, como se tentasse ler seus pensamentos.

"Só me diz. Sim ou não. Comigo até o fim, ou... ou..."

Lily estava tão séria. Parecia ainda tão decepcionada com ele. Severus gemeu mais uma vez. Era claro, também. Já havia mentido para ela tantas vezes sobre abandonar as Artes das Trevas, e ela sempre descobria sua mentira. Por que ela acreditaria nele, agora? Não, precisava fazê-la aceitá-lo de volta, tinha medo do que seria de si se estivesse longe dela, sabia que poderia não resistir, por mais forte que tivesse sido a dor que sentiu em sua versão crescida. Viu-a ali, com uma ruguinha entre as sobrancelhas vermelhas, os olhos sérios, os lábios sem sorrir, e imaginou-a apodrecendo dentro de um caixão, os vermes devorando seu corpo... um arrepio sacudiu seus ombros. Talvez... se ela não o aceitasse... talvez... valesse a pena morrer de uma vez, literalmente, para não ter que sentir outra vez tudo aquilo.

"Muito bem", ela disse, com uma expressão decidida. Ele aguardava, ansioso, como se sua vida simplesmente dependesse da resposta que ela daria. "As coisas não vão continuar assim, Severus, você me prometendo que vai mudar, mas mentindo, e eu dando chance atrás de chance quando é uma coisa simplesmente errada, essa história de Comensal."

"Mas eu juro, Lily, juro que dessa vez vai ser diferente. Por favor."

Ele já havia lhe dito aquelas frases tantas vezes... e mentido em cada uma delas. Tudo lhe dizia para não acreditar.

"Por que eu acreditaria que vai ser diferente? O que foi que mudou?"

"Tudo", ele respondeu, afobado. "Entendi tudo errado, agora eu sei o que é importante, sei que é... que é você...", e o tom de voz dele foi morrendo aos poucos, embora a agonia intensa em seus olhos permanecesse a mesma.

Ela suspirou, contrariada, e mudou de posição, inquieta.

"Não sei o que foi que aconteceu, e duvido muito que um sonho seja capaz de mudar a vida de alguém a esse ponto", mas havia tanta sinceridade, tanto desespero quando ele suplicava por ela, agora - e aqueles sentimentos, ela tinha certeza, jamais haviam estado presentes antes. "Ah, que droga", ela disse, revirando os olhos. "Jurei pra mim mesma que não ia fazer isso de novo", então, ela finalmente sorriu pela primeira vez na noite (embora logo voltasse a ficar séria): "Tudo bem, Sev. Mais uma chance. Mas é a última. Se jogar fora, não precisa nem...", o abraço a interrompeu, forte demais para que ela pudesse até mesmo falar.

"Eu amo você", ele sussurrou, e se afastou, contemplando-a, absorto, enlevado, como se jamais a houvesse visto antes.

Por mais que tanto amor vindo dele a tivesse tocado, aquilo ainda teria de esperar. Ela mordeu o lábio, ele se tornou sombrio por um instante.

"Você não me ama."

"Não é bem assim..."

"Não, não ama", ele se apressou a confirmar. E seu orgulho realmente não importava mais, no que dizia respeito a ser amado de volta. "Mas eu não ligo. A única coisa de que preciso é... que você esteja sempre comigo."

Ela assentiu. Se ele estivesse mesmo falando a sério quanto a mudar...

"Eu disse sempre. Tem que me prometer."

"Desde que você continue na linha, não tenho nenhum motivo pra deixar você, Severus", ela disse, alcançando sua mão.

"Vou continuar, eu juro. Pra sempre. Mas não me deixa."

"Então, é óbvio. Nunca vou deixar você."

Ele abraçou-a forte outra vez e, agora, seu abraço era menos tenso, mais calmo, mais terno.

"Não vou deixar que nada de mal aconteça, Lily. Nunca."

Ela riu.

"O que poderia acontecer, Sev?"

Ele continuou muito sério, e até mais, como se o riso e a despreocupação dela fossem ameaças por si só:

"Quem é que pode saber? E eu não vou deixar, não vou", ele prometeu, acariciando os cabelos dela muito suavemente.


*

Agora mais calmo, sentia-se consciente do quão importante era fazer tudo certo; era senhor de seu destino, ele e mais ninguém. E tinha tanto medo de que um simples hábito arraigado o arrastasse de volta para as Artes das Trevas que até mesmo a forma como encarou o resto do mundo naquela noite era completamente novo. Sentia-se mais seguro, mais leve, estivera cego por tanto tempo mas agora possuía o conhecimento. E o usaria.

Era bastante tarde quando deixaram o parque, e a loja onde se localizava a lareira que o leveria de volta já deveria estar fechada há muito, de forma que Lily acabou-o convencendo a dormir em sua casa. Não era realmente uma novidade, já havia passado a noite ali umas poucas vezes quando criança - noites em que as brigas entre os Snape se tornavam furiosas demais. E, embora fizesse mais ou menos três anos que Severus não colocava os pés na casa dos Evans, ainda era bem-vindo ali, sempre seria. Pelo menos no que dizia respeito à mãe da garota - ela jamais se esqueceria do pequeno menino, magricela e mal-arrumado, assegurando a ela, com toda uma seriedade mais adequada a um adulto, que tomaria conta de sua filha em Hogwarts. A Sra. Evans sempre sorria para si mesma ao se recordar da cena. O pai dela não demonstrava afeto por ele, em especial, mas, pelo menos, não agia daquela forma preconceituosa e enraivecida de Petúnia. Naquela noite, Severus seria capaz de abraçar a irmã de Lily e até tornar-se amigo íntimo dela. Felizmente, não foi necessário, porque a garota já dormia, assim como o sr. Evans. A mãe de Lily aguardava o retorno da filha, com uma xícara de chá diante da televisão - e foi com alguma surpresa que viu Lily retornar acompanhada do velho amigo de infância. Severus estava crescido, mas não parecia menos magro e pálido e até mesmo mais bem-cuidado do que ela poderia se recordar. Preocupava-se com ele, sempre dava um jeito de, sutilmente, fazer com que comesse mais e se cuidasse melhor - sabia, como todos no bairro, que a família dele não era exatamente rica. E a primeira coisa que fez, depois de uma boa olhada na aparência dele, foi providenciar alguma coisa para comer. Ele não tinha fome, mas engoliu alguns bocados de um bolo de chocolate e sanduíches de bacon. Também concordou em tomar um banho, e usar algumas roupas antigas do Sr. Evans para dormir - embora dormir tenha sido a última coisa que ele fez naquela noite. Primeiro porque não queria deixar Lily sair do quarto de hóspedes, mesmo ela lhe assegurando que não mudaria de idéia pela manhã e que jamais o deixaria. Depois, quando ficou só, oscilava entre o mais profundo terror, ao se recordar das memórias de um Severus adulto, o alívio, quando se lembrava da promessa dela, e de uma firme decisão de jamais sair da linha outra vez.

O dia seguinte passou num piscar de olhos. Ajudou Lily a arrumar suas coisas para o embarque para Hogwarts, dali a dois dias, insistiu mais várias vezes para que ela não o deixasse, ela sorriu, a princípio, depois o repreendeu, zombando dele carinhosamente. Depois do almoço, e da promessa de se encontrarem em King's Cross e embarcarem juntos para mais um ano, ele retornou para casa. Nada mais havia daquela familiaridade sombria na Mansão dos Prince - era como um outro mundo, agora. Severus se apegava com toda a força aos pensamentos felizes, de que estavam juntos outra vez, de que ela jamais o deixaria, porque ele seria um garoto bem-comportado, e fazia planos para continuar trancado no quarto pelos próximos dias. E toda a má influência da família parecia bem menos ameaçadora.

Abriu a porta dos fundos, despreocupado, e deu de cara com Eileen sentada à mesa. Com um cigarro na mão, ela tinha os olhos vermelhos e demorou a reagir quando ele entrou, como se estivesse perdida demais em seus próprios pensamentos. Mas, quando se ergueu, ela foi rápida:

"Por onde foi que andou?"

A fim de não desviar sua atenção de seus propósitos, Severus não queria falar com ninguém naquele instante, e simplesmente ignorou a mãe. Ela o seguiu, o tempo todo perguntando:

"Hein, rapaz? Me diga onde é que esteve."

"Não é da sua conta", ele murmurou, parecendo estranho, estranho e distante, mais afastado dela do que nunca. E ela teve medo, assim como de seu tom de voz. Hesitou por um instante, encolhendo-se, mas então, reagiu, agarrando-o pela gola da camisa.

"Não estou gostando disso, Severus! Pra que sair daquele jeito ontem? E pra onde foi, afinal? Sou sua mãe, responda!"

Uma mãe que sempre havia condenado sua amizade com a garota sangue-ruim.

"Nada, não fui fazer nada. Só me deixa sozinho, ok?"

"Severus..."

"Estou bem, mãe. Não foi nada...", então, blefou: "Só me deixa subir. Ainda quero estudar mais alguns feitiços antes de arrumar minhas coisas..."

As palavras mágicas. A mãe ainda examinou-o de cima a baixo, Severus parecia um pouco menos estranho, talvez fosse a preocupação... e se ele queria estudar, então estava tudo mesmo bem. Só deus sabia o quanto se preocupava com aquele menino, seria capaz de tudo por ele. Suspirou. Deixou-o ir, observando-o quase possessivamente enquanto ele subia a escada.

Quanto a Severus, sentia-se... diferente do que já havia se sentido até então. Demorou algum tempo para que percebesse: estava otimista. Realmente estava. As coisas iam mudar, ele já havia mudado e apenas precisava de algum tempo para que Lily se convencesse.

E tudo ficaria bem.

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deos, ainda achei o snape meio emocional demais aqui, sabeam? mesmo que ele esteja toooodo atordoado depois de ter compartilhado memorias com o snape adulto, blablabla. sem muito o que dizer sobre esse capítulo em especial, digamos apenas que as coisas já começaram a se delinear *enigmática* mwahaha. obrigada a todo mundo que palpitou sobre a fic <3 já sei mais ou menos o que vou fazer.

respostas:

lynx - mil obrigadas, inclusive, de novo, pelos toques quanto à fic. adoro seus reviews =*

diana - awn, muito obrigada. e a remus/tonks, bom, não abandonei, mas ela tá em hiatus, hm, eu, que tanto queria fazer algo diferente, acabei me dando conta de que estava indo pelo mesmo caminho no desenvolvimento da relação, blablabla, mas vou dar um jeito nessa fic em breve ;)

bizinha - hmm, então tá =) 'brigada!

beca - então acho que vc vai adorar esse capítulo ;D vc é uma fofa =*

morgana - hahaha olha, quando tive a idéia pro sirius, não pensei nisso, mas sabe que, depois, tb imaginei que podia ser? hehe tudo se encaixa no fim =P (mas a história do servilismo, sim, foi proposital). o encapuzado é beeem snapeano, às vezes, MESMO >:D que bom que vc gostou, dear e olha, acho que emm julho já vou ter terminado a fic, lalala, perdeu A chance =P beijo!

claudiomir - obrigada, mas por enquanto, não será mais preciso ;)

devilicious: estamos trabalhando nisso =P

e obrigada a todos que perderam seu tempo lendo o último capítulo =)

<3

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