Capítulo 1



Embora estivesse decidido, hesitou um pouco ao vê-la, tão próxima, tão real, finalmente, depois de anos imaginando como seria. Constatou que não havia se preparado o suficiente. Foi tão mais arrebatador do que qualquer coisa que poderia ter suposto, que, durante alguns breves instantes, o homem esqueceu até mesmo do que fora fazer ali. Tudo o que importava era apenas observá-la, caminhando das estufas para o castelo, viva, fascinante, e guardar cada pequeno detalhe na lembrança. Os inconfundíveis cabelos ruivos cascateando sobre os ombros. O gorro verde-escuro combinando com os olhos num tom mais claro, as luvas cor-de-rosa, o modo de caminhar. As pegadas que ela deixava na neve fofa, a forma distraída e pensativa e vagamente preocupada de olhar para o céu encoberto. Só depois de ter absorvido o máximo que podia de Lily foi que o homem se recompôs, recolocando os pensamentos em ordem, e respirou fundo.

"Lily? Lily Evans?"

Surpresa, ela voltou-se na direção de onde partira a voz, apertando os olhos para tentar enxergar melhor na escuridão da noite, que as nuvens pesadas tornavam ainda mais negra.

"Quem é?"

"Apenas... alguém. Você... teria algum tempo pra mim?"

"Isso depende. Quem é você?", ela insistiu, dessa vez num tom de voz mais incisivo. "Lumus!"

O homem deu um passo para trás e tentou se mesclar novamente às sombras, mas Lily avançou. A luz mostrou uma figura encapuzada, na qual a única pele visível eram um queixo barbado e uma boca que ela não conhecia; e um aviso de alerta saltou em sua mente.

"Diga quem é, neste segundo, ou eu te estupefaço e vou chamar o Professor Dumbledore!"

"Não, não haverá necessidade", o homem disse; e a voz soava tão cansada e sem vida que ele parecia mesmo não oferecer muito perigo. "Olhe, pegue minha varinha", ele a estendeu; e então Lily pôde observar que, na mão direita do homem, faltavam o dedo mínimo e duas falanges do anular. Com os reflexos um pouco lentos devido ao choque por aquela visão desagradável, ela recolheu a varinha que lhe era oferecida. E continuou a perguntar:

"Como entrou aqui?"

"De nenhuma forma ilegal, eu lhe garanto."

"O que quer?"

"Apenas... conversar."

Ela franziu a testa. Aquela situação era tão estranha, suspeita... mas não dava para negar que a visão daquele pobre homem, mutilado e debilitado, não parecendo uma ameaça em absoluto, precisando conversar com ela, havia a deixado bastante curiosa.

"Sobre?"

"Se importa se me eu sentar? Não venho me sentindo muito... bem, ultimamente."

Lily sacou a varinha, e fechou os olhos, concentrando-se. Por melhor aluna que fosse, aquele ainda era um feitiço avançado... Respirou aliviada quando notou que o banco de jardim que conjurara saíra quase perfeito, apenas com uma estampa floral, bem parecida com as dos vestidos que sua avó usava, em vez do branco que pretendera. O homem sentou-se e então, ergueu o rosto para ela, perdendo-se no que parecia ser uma contemplação.

"Então?", ela perguntou, impaciente, despertando-o do transe.

"Sente-se", ele pediu suavemente.

Ela obedeceu, olhando-o fixamente, ele quase lembrava-lhe alguém... então, descobriu que também lhe faltava um pedaço da mandíbula direita, como se algum animal o houvesse mordido; e uma feia cicatriz lhe repuxava o canto da boca triste. A barba era rala demais para esconder os ferimentos; e mechas de cabelo sujo, negro, caíam irregulares sobre seu rosto. E ele realmente parecia muito cansado, acabado, um fiapo de homem.

"Lily...", ele sussurrou.

"O senhor está bem? Quer que eu vá chamar Madame Pomfrey? Um Tônico Revigorante, quem sabe, faria bem ao senhor..."

Ele meneou a cabeça.

"Apenas me escute."

Em resposta, ela apenas fez um movimento afirmativo com a cabeça.

"Lily...", e ela notou a intimidade com que o homem usava seu primeiro nome, em vez do sobrenome, como era comum entre estranhos. "O que é que você sente por... Severus Snape?"

A pergunta pegou-a de surpresa.

"Severus? O que eu sinto por ele?", esperava alguma revelação grandiosa, ou algum assunto realmente sério... mas Severus? Não que Severus não fosse importante, ou viesse lhe tirando o sono há meses, para ser mais exata, mas... O homem aguardava a resposta, olhando-a daquela forma intensa. Ela baixou a cabeça, uma pequena ruga se formando entre as sobrancelhas. Ultimamente, sentia-se tão confusa, tão impotente e, principalmente, tão decepcionada com ele.

Ela suspirou.

"Não tem uma pergunta mais fácil?"

O homem sorriu, provavelmente tentando parecer compreensivo, mas tudo o que o sorriso causou em seu rosto deformado foi uma espécie de careta de dor. Lily examinou-o por alguns instantes, pensativa. Por que deveria se abrir sobre Severus com um completo estranho? Não havia motivo algum para aquilo, era lógico - mas ela se via, sem razão alguma, impelida a fazê-lo. Ali, em Hogwarts, sequer chegara a tentar: tudo o que diriam era "viu? eu avisei", e ela simplesmente não suportaria um sermão quando já estava suficientemente aborrecida. Sua irmã igualmente sempre o considerara um freak, e provavelmente se deleitaria com a novidade. E quanto à mãe... certo, ela até podia ficar chocada com os rumos que o rapaz estava tomando, mas Lily nunca quisera se abrir muito, sem nem compreender exatamente o porquê. De qualquer forma, alguma coisa no estranho, talvez seu tom sério e a preocupação que demonstrava em relação a Severus, e aquela aura simplesmente irreal da situação toda, um homem mutilado, surgindo do nada, apenas para descobrir o que ela ainda sentia por Snape, a levou a desabafar:

"Não sei. Não sei mais o que sinto. Costumava saber há algum tempo. Meu melhor amigo. Mas agora... não sei mais quem ele é. Severus se tornou um completo estranho", ela disse, olhando para o nada, ainda com a testa franzida. Então, riu, amarga. "Talvez eu devesse dizer que as máscaras finalmente começaram a cair, mas...", ela se tornou triste enquanto o homem a observava, fascinado com sua expressividade, "... mas prefiro simplesmente pensar que ele... se perdeu em alguma parte do caminho. E...", a ruga em sua testa aumentou; e ela olhou bem na direção dos olhos dele, cobertos pelo capuz. "O senhor... o conhece bem?"

"O suficiente", o homem respondeu, e um sorriso nervoso e rápido apareceu em seu rosto.

"Por que isso? Por que é que lhe interessaria saber o que eu acho do Severus?"

O homem se curvou para a frente; e calou-se por longos segundos, apenas apalpando as têmporas com as mãos, como se tentasse aliviar alguma dor.

"Lily... preciso que me prometa uma coisa. Você pode não dar a devida importância agora, mas, acredite. É uma das decisões mais importantes que terá de tomar em toda sua existência. Da sua escolha, vidas poderão ser salvas... ou destruídas."

"Certo", ela disse, impressionada com a intensidade e solenidade do momento.

"Não o abandone."

"Não abandonar...?", Lily repetiu, e mordeu o lábio. Como é que ele poderia saber...? Droga, não tinham quase mais nada em comum agora, ele mal parecia se importar com o que ela dizia... e porque o pedido do homem pareceu vagamente acusador, ela se sentiu obrigada a se defender: "Veja, eu já disse a ele uma porção de vezes. Mas por mais que eu peça, ele não faz nada. E eu... já estou me cansando de pedir", ela confessou, frustrada. "Não posso obrigá-lo a fazer alguma coisa, não é?"

O homem inspirou profundamente e deixou escapar um lamento de dor.

"Realmente, não pode obrigá-lo. Mas não percebe, Lily", ele perguntou docemente, "que você é a única ligação dele com luz, a única coisa realmente boa que Severus tem nessa vida? Como será se abandoná-lo, se ele perder sua âncora com esse lado?"

Ela mordeu o lábio outra vez.

"Mas parece que ele já se resolveu", numa voz que pretendia ser firme e neutra, mas acabou soando trêmula, ressentida.

"Ele não se dá conta, Lily, não agora, das consequências. Só dará quando for tarde demais."

Ela franziu a testa outra vez, pensando profundamente, quase esquecida de que não estava só. Era repulsivo. Todo mundo sabia o quão errada era aquela história de Artes das Trevas, ou, pelo menos, todo mundo que possuíam bom senso. E humilhar, atacar pessoas sem mais nem menos... era igualmente ruim. Até mesmo Severus mostrava-se evasivo e constrangido quando ela o questionava. Nem entendia por que, afinal, ele insistia naquilo. Sim, Severus era um pouco confuso e perdido, mas, deus. Aquilo não era desculpa, até mesmo porque ela estava lá, tentando compreender e ajudar. Já havia tentado demovê-lo por todos os meios. Não conseguiu. Estava por concluir que insistir seria apenas perder seu tempo, e que deveria simplesmente deixar tudo seguir seu rumo.

"Ele é importante para você?", o homem perguntou suavemente.

Ela suspirou outra vez, aborrecida. Não sabia mais. Tinha sido importante. Demais. Havia gostado sinceramente dele até mais ou menos um ano atrás. Hoje... sentia repugnância, sentia tristeza e frustração. Sentia raiva. Então, sua expressão repentinamente se suavizou. Recordou-se de toda sua história juntos. Os primeiros anos, despreocupados, mais próximos do que nunca, porque não tinham ainda a consciência do quanto eram diferentes. Melhores amigos. As descobertas que haviam feito juntos. E, dentre essas descobertas, a das opiniões divergentes, que agora os afastavam lentamente. Recordou-se do que mais gostava nele: da inteligência e seriedade que ele possuía, tão diferente da futilidade de quase todas as outras pessoas de sua idade. Ele parecia simplesmente uma fonte inesgotável de conhecimento. Da forma como ele se iluminava quando olhava para ela. De vê-lo sorrir. Primeiro, porque, gostava de saber que, mesmo com aquela vida miserável que ele tinha, ainda era capaz de tal gesto. E, segundo, por que o motivo para que ele sorrisse... era ela. Muitas vezes dizia todo tipo de bobagem apenas para que ele se animasse um pouco.

Deu-se conta de que sentia saudade de apenas estar com ele, como costumavam ser há muitos anos. Sem nada se colocando entre eles. Sem brigas. Sem Artes das Trevas.

Sim, ainda gostava dele apesar de tudo. Gostava, ao menos, do Sev de antigamente, perdido em algum lugar dentro desse estranho e novo Severus. Confirmou com um aceno de cabeça.

"Então, insista, Lily. Por mais que pareça tempo perdido. Insista. Por mais que certas atitudes dele a desagradem, se o deixar, as coisas só vão ficar piores, e cada vez mais rápido. Pense nisso. Por favor", e sua voz parecia mais desesperada do que qualquer coisa que ela já havia ouvido. Como se a existência dele dependesse do sim dela. "Não estou dizendo que é certo da parte dele... Mas alguém precisa manter Severus no lado certo."

Lily suspirou.

"O senhor até que tem alguma razão", disse, pensativa. Mas ainda não havia se convencido, não sabia o que dizer ou fazer para que Severus finalmente acordasse. Então, perguntou: "Mas, por quê? Qual seu interesse nisso tudo? Por que ele é tão importante para o senhor?"

"Gostaria muito de poder lhe dizer. Mas agora não", o homem, em um súbito acesso de energia, colocou-se de pé, e tocou de leve o ombro dela com a mão mutilada. "Apenas me prometa. Ele precisa de quem o ensine a escolher o caminho certo. Severus está perdido, dentro de si mesmo", as mãos do homem dançavam no ar, reforçando seu tom de voz suplicante. "Precisa de quem mostre que há um lado bom dentro dele; e o ajude a trazer isso pra fora. E ninguém melhor que você", ele olhou na direção dela e Lily notou que ele sorria, um sorriso deformado, que só serviu para apertar ainda mais seu coração, "para fazer isso. Acredite em mim."

"Eu... vou pensar."

"Sei que não me decepcionará, Lily", ele disse, sorrindo outra vez. E implorou: "Por favor." Então, tornou-se translúcido, cada vez mais, até que, por fim, desapareceu, deixando apenas quinze centímetros de neve fofa no lugar onde segundos antes estivera de pé.

Ela permaneceu exatamente onde estava. Ah, Severus, Severus. Era tudo tão complicado no que dizia respeito a ele. Conhecia-o há anos mas não podia dizer que o conhecesse por completo, ele podia ser tão obscuro às vezes. Também era revoltado demais, intenso demais, aah, gostava dela... demais também, a ponto de sufocá-la às vezes, e ao mesmo tempo em que era sério, como era inseguro. Imaturo. E havia algo, talvez aquele jeito melancólico que ele insistia em esconder, que despertava nela uma vontade de fazer sua vida melhor. Nunca se importou com o fato de o amigo ser Sonserino, o que parecia escandalizar metade da escola. Quanto a ela, simplesmente dava de ombros.O que realmente a repugnava era... ela se arrepiou... era aquela história de Comensal da Morte. Por que aquilo? Por quê? Sinceramente não entendia e não admitia. Mas nunca havia tido consciência de toda a sua importância, e mais que isso, influência, na vida dele. Da mesma forma que nunca havia cogitado o que pudesse realmente acontecer a ele se ela não estivesse por perto, embora fosse tão lógico agora que o tal homem havia dito. E não conseguia esquecer tampouco a urgência e o desespero na voz do homem. Não duvidara nem por um segundo de que suas preocupações fossem reais. Pobre homem. Quem seria, afinal?

Permaneceu no mesmo lugar por um longo tempo, até que os pequenos flocos de neve que agora caíam graciosamente do céu escondessem as pegadas do estranho. Como se ele nunca estivesse estado ali. Mas alguma coisa havia mudado nela.


*


Bateu com força a porta do dormitório enquanto pensava no encontro com aquela figura repulsiva no Hog's Head. Deu uma pequena risada amarga e sarcástica. Como se ele coubesse a ele escolher.

Doía finalmente admitir aquilo, porque passara todos aqueles anos tentando acreditar nas mentiras que dizia a si mesmo. Desde a primeira vez que a vira, e a força da beleza e da vida que emanavam dela o atingira com tudo, deixando-o tonto, sem ar, transportando-o a um outro mundo que ele até então havia apenas vislumbrado, mas nunca realmente visto; desde aquele momento, daria tudo para que ela lhe desse uma única chance. Tudo. Se ela lhe pedisse que fosse ao inferno por ela, ele iria. Mas, ao mesmo tempo, sempre soubera que ela jamais lhe daria aquela chance. E agora... Severus pensou, com um pequeno gemido de dor. Lily andava cada vez mais estranha com ele. Distante, como se o evitasse. Ele não gostava de pensar sobre aquilo, de se perguntar o porquê. Não queria saber a resposta nem tentar prever o que aconteceria dali a mais algum tempo. Queria apenas que ela voltasse a admirá-lo. A prestar atenção nele, como havia sido no começo. E não conseguia pensar em nada melhor, nada mais imponente, do que as Artes das Trevas. Tão poucos que atreviam a se aventurar por aquele lado, e ainda menor era o número dos que eram tão bem-sucedidos quanto ele. Por que ela se recusava a enxergar? Por que o fazia sentir cada vez mais enraivecido e frustrado?

Cerrou os punhos. É, raiva. Raiva do maldito homem. Raiva da proposta idiota e inútil que ele lhe fizera. Das esperanças que lhe dera, ainda que por uns poucos instantes. Mesmo que Lily não andasse o evitando Severus sabia muito bem que não fazia o tipo bonitão e de bem com a vida com o qual ela sempre acabava se envolvendo. E nada, nada absolutamente nada que ele pudesse fazer o transformaria em um daqueles sujeitos. Sentiu a boca se retorcendo de ódio e sarcasmo. Até parecia... Foi até o espelho na parte interna do guarda-roupa e analisou-se imparcialmente: o nariz de gancho que herdara do maldito pai. Os cabelos mal-cuidados, já há muito precisando de um corte, brilhando de tão oleosos. Magro como um graveto. As roupas claramente de segunda mão. E ele não tinha muitos motivos para sorrir, nunca tivera, o que só contribuía para enfatizar aquela aparência lastimável. Queria surpreendê-la, queria que ela o achasse poderoso, impressionante, mas, provavelmente, Lily só conseguia sentir era pena dele. Feio, esquisito, pobre e Sonserino. Príncipe Mestiço? Que doce ilusão. Não passava mesmo era de Ranhoso.

Não era nenhuma surpresa que ela jamais o visse como ele gostaria. Nem que jamais houvesse dito uma palavra sobre tudo o que ele claramente sentia. Às vezes ele preferia que ela sequer desconfiasse. Queria-a tanto, tanto, que muitas vezes não conseguia pensar em mais nada. Sentia uma necessidade constante dela, em todos os minutos do dia, como aquela planta criada no escuro se agarra ao mínimo raio de sol que surge por uma fresta inesperada.

Ela era a única coisa que o aquecia por dentro.

Muitas vezes confortava-se apenas pensando nela.

E parecia que aquilo seria mesmo o máximo que teria dela.

Bem, e aquilo encerrava o assunto, ele pensou, batendo com força a porta do guarda-roupa. Se, no final, ele só poderia ficar com uma das duas, era meio óbvio, não era, qual delas lhe estava destinada. Ele nem precisava fazer realmente a maldita escolha.

Já estava tudo definido, mesmo.

E era até melhor que fosse assim. Enquanto Lily simbolizava um mundo que ele apenas podia desejar, mas jamais pertencer realmente, as Artes das Trevas, por outro lado, sempre haviam sido como que um espelho de sua alma. Horror, poder, medo, conhecimento, tortura, escuridão. Eram coisas que ele conhecia muito bem. Sua linguagem. E o único meio que ele conseguia enxergar de superar a mediocridade à qual sempre se vira associado. A única forma de se vingar do maldito pai trouxa, do que ele fizera com a mãe.

Mas então... sempre que pensava em conformar-se de vez com a situação (mas não abandonar Lily por completo, disso ele não seria capaz), as malditas imagens que o homem lhe mostrara o atingiam com tudo. Por mais que pensasse já ter escolhido seu caminho, tinha pesadelos. Com Lily morta. Sendo torturada por Lord Voldemort no lugar dele. Beijando Potter. Passara as últimas três noites insone, com olhos arregalados, as cortinas de veludo e as paredes de pedra assumindo estranhas formas, que sua mente hiper-excitada registrava como sendo as cenas que fora obrigado a presenciar na penseira do estranho. Arrastava-se até à sala comunal, gélida e iluminada de verde; e sentava-se em uma das poltronas junto ao fogo, trazendo os joelhos ossudos para junto do peito. Por vezes, deixava escapar um soluço baixo e angustiado. Lily morta. Lily o amando. Maldito fosse aquele misterioso homem. Quem era ele, para começar? Dissera-lhe que as cenas eram memórias... como as obtivera? Como conseguira memórias das vidas de dois Severus Snape tão distantes? Memórias de Lily... então, seu estômago parecia se revirar ainda mais. Memórias de Lily... seria possível que elas realmente pudessem ser produzidas algum dia? Como? Lily aceitando seus beijos, beijando-o de volta... amando-o... na cama com ele. E o homem dissera, dera-lhe certeza, de que poderia ter o que quer que escolhesse. E se eram memórias, então, de alguma forma, em algum lugar, ele conseguira Lily. Era de enlouquecer; Severus não conseguia enxergar como poderia fazer para tê-la, também. Vinha evitando ficar ao lado dela por mais de alguns minutos desde então, porque não queria se trair. Seu rosto ganhara enormes olheiras, tornara-se ainda mais introspectivo e irritadiço. Mal conseguira engolir algumas colheradas de sopa e goles de chá desde aquela tarde no Hog's Head. Sentia-se constantemente nauseado. E sentira-se mais nauseado ainda quando ela o pegara espiando disfarçadamente, como costumava fazer, e lhe sorrira, aquele sorriso quente, no jantar da noite anterior.

Ah, Slytherin. Mas porque é que ela tinha de ter aqueles olhos, aquele cabelo e aquele sorriso? Porque é que tinha de ser aquela bruxa tão poderosa, e ainda por cima, ser tão inteligente? E porque tinha de odiar o maldito Potter tanto quanto ele, Severus? Era difícil imaginar alguma garota mais perfeita.

Sim, iria até o inferno por ela.



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well, ainda não temos grandes mudanças, apenas algumas (significativas, eu diria) na personaldiade do "homem" =D

obrigada a quem comentou e escolheu suas cenas preferidas. bom. a primeira vez não vai mudar muita coisa; o primeiro beijo, vai mudar alguma coisa (mas eu o considero ainda melhor que o outro primeiro beijo), agora, quanto ao sev na casa dos evans... ainda não defini o que vou fazer, mas provavelmente vai mudar bastante.

também deletei o capítulo 11, quem ainda não leu e quiser, me peça.

boas notícias: estou tão empolgada que a fic tá saindo super-rápido, vou tentar atualizar todo sábado.

beijos, se cuidem! _o/

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