Memórias de Uma Serpente-Parte



CAPÍTULO 17


 


MEMÓRIAS DE UMA SERPENTE – PARTE 1: OS ANOS TENROS


 


 


 


 


 


 


 


Chamonix, França. 01:30 h da manhã.


 


A mansão localizava-se fora dos limites da cidade e era protegida por todo tipo de Feitiço de Segurança, Defesa e Ocultamento. Por isso é que, embora ela tivesse as dimensões de um pequeno castelo, quem passasse pela estrada veria apenas um condomínio fechado com alguns chalés de luxo.


Seu interior era ricamente decorado, com obras de artistas bruxos e trouxas e ela possuía dezenas de quartos e suítes, quase todos eles ocupados. E era na suíte principal, que possuía o tamanho de um apartamento, que uma lareira aquecia o ambiente, com sua lenha enfeitiçada para queimar de forma mais lenta e durar mais. Em uma luxuosa cama de casal, cujas cortinas de veludo negro encontravam-se fechadas, ele estava deitado. Despertara repentinamente e agora estava com dificuldades para, novamente, conciliar o sono (“Deve ser a ansiedade pela operação a ser realizada”, pensou ele). Resolveu então levantar-se e fazer algo que trouxesse o sono de volta.


Moveu-se para sair da cama, tomando o maior cuidado para não incomodar a mulher que dormia ao seu lado ressonando, satisfeita e relaxada, depois de haverem compartilhado ardentes momentos de paixão intensa e arrebatadora. Sentou-se na borda do leito, calçou chinelos de lã negra, para proteger seus pés do frio das montanhas e recompôs suas roupas. Vestia um pijama de seda verde-esmeralda, no qual via-se o brasão de Slytherin bordado no bolso e, em seguida, envolveu-se em um pesado e quente Robe de Chambre, também negro e com o mesmo brasão. Ao levantar-se, viu seu reflexo em um espelho e pensou: “Onde foi parar aquele rapaz que, em Hogwarts, arrancava suspiros de garotas de todas as Casas?


Os cabelos, outrora negros e revoltos, haviam desaparecido totalmente, deixando-o completamente calvo. As sobrancelhas e cílios também haviam desaparecido e os olhos, antes negros e penetrantes, eram agora de íris vermelhas com pupilas verticais e escleras amarelas. Sua pele não era mais pálida como a de um personagem de romance antigo, mas sim branca como ossos abandonados ao sol. O nariz, que um dia tirara o sono de muitas garotas, reduzira-se a duas fendas no meio da face agora viperina e a boca quase não tinha lábios, sendo agora seus dentes escuros e irregulares (“Pelo menos as orelhas não sofreram nenhuma alteração desde aquele tempo”, gracejou para si mesmo). Suas mãos eram também brancas e os dedos longos e ossudos. Olhou para a mulher ainda deitada na cama a dormir e, novamente, pensou: “O que será que ela viu em mim?


Na faixa dos quarenta anos, Bellatrix Lestrange era um belo exemplar do sexo feminino. Alta, corpo bem torneado e curvas bastante atraentes, chamava a atenção já desde a adolescência. Seus longos e brilhantes cabelos negros emolduravam um rosto de pele morena-clara, com um queixo bem-feito e malares proeminentes. Tinha uma boca de lábios carnudos e sensuais, encimada por um nariz que parecia ter sido cinzelado por um exímio escultor e os olhos, agora fechados e guarnecidos por uma espessa cortina de cílios, eram negros e brilhantes. Nem mesmo os anos de encarceramento em Azkaban haviam sido capazes de roubar sua beleza. A mais velha das irmãs Black era a única que jamais havia tido filhos. Andrômeda, a do meio, tinha cabelos castanhos, casara-se com o trouxa Ted Tonks e eles tiveram Nymphadora. Narcisa casara-se com Lucius Malfoy, seu segundo em comando e haviam tido Draco, que rompera com a Ordem das Trevas para desgosto de Lucius e, por que não dizer dele mesmo, Voldemort (“A iniciação de Narcisa foi um erro. Ela ainda não estava preparada para ser uma Death Eater”, pensou o Lorde das Trevas). Ele achara um verdadeiro desperdício a morte da bela loira, quando soubera que ela havia se jogado na frente da Avada Kedavra que Lucius lançara em Draco e em Janine Sandoval, para matá-los. Bem, agora não havia mais nada a se fazer. Nenhum feitiço era capaz de ressuscitar os mortos.


Bellatrix casara-se com o mais velho (45 segundos significam muito, para a primogenitura) dos gêmeos Lestrange, Rudolph. Depois daquilo, por mais que tentassem, ela não havia conseguido engravidar. Primeiro pensaram que fosse por algum problema dela mas, depois, descobriram que Rudolph é que era estéril. Para isso passaram por vários Medi-Bruxos do St. Mungus e de outros hospitais e clínicas bruxas e, sacrilégio, trouxas. Bem, não tão sacrilégio assim, pois foi o médico trouxa quem conseguiu firmar o diagnóstico, descobrindo que uma virose que Rudolph tivera na infância e que complicara com uma infecção em seus genitais (“Orquite, creio que o nome é esse”, Voldemort pensou) havia sido responsável pela incapacidade dele em gerar descendência. O Lorde das Trevas lembrou-se, com um arrepio, dos dois chutes que levara de Hermione Granger e Harry Potter, no mesmo lugar e no mesmo dia durante a batalha em Azkaban, no ano anterior (“Considerando o que houve, acho que tive sorte”). Com o tempo, Bellatrix fora mostrando-se cada vez mais leal e devotada à causa das Trevas e a ele, até que começaram a aproximar-se e, mesmo ela sendo casada com Rudolph Lestrange, tornara-se sua concubina, situação que perdurava até atualmente. Voldemort não tinha certeza se ela estava com ele pelo poder ou pela sua pessoa mas ele admitia (ainda bem que estava só) que gostava de estar com ela, que ela lhe fazia bem, fazendo com que relaxasse e pudesse criar novos planos. Ora, que diabos, gostava dela e pronto!


Dirigiu-se para o terraço e, no caminho, pegou uma garrafa de uísque de fogo que estava sobre uma mesa e um copo. A porta abriu-se, magicamente, permitindo sua saída e ele instalou-se em uma cadeira ao lado de uma mesa, na parte aquecida do terraço, de onde podia ver as montanhas iluminadas pelo luar, com as neves eternas coroando seus picos. Serviu-se de uma dose e, de um dos bolsos do Robe de Chambre tirou uma cigarreira finamente lavrada em prata, com uma serpente gravada na tampa. De seu interior pegou um Dunhill (uma de suas pouquíssimas concessões a coisas trouxas, cigarros ingleses) e acendeu-o, com o isqueiro da própria cigarreira. Tragou e exalou a fumaça no ar noturno, lentamente (“Passei por tantas transformações ao longo de todos esses anos, que o álcool e a nicotina já não me fazem mais nada”, pensou Voldemort). Do outro bolso, tirou sua varinha e admirou-a durante algum tempo. Era feita de madeira de teixo e o seu cerne era uma pena de Fênix, tendo ele descoberto que era da mesma ave que fornecera o cerne da varinha de Harry Potter. Descobrira isso da pior maneira, há três anos atrás, quando duelara com ele no cemitério da Propriedade Riddle, em Little Hangleton e houvera um Priori Incantatem, tendo sua varinha regurgitado os últimos feitiços realizados. Vira retornarem os ecos da mão de prata de Wormtail, do jovem Cedric Diggory, que fora morto por Wormtail com ela, Frank Bryce, o velho jardineiro trouxa da família de seu pai, Berta Jorkins e os pais de Harry Potter, Tiago e Lílian. (“Querendo ou não, o passado sempre retorna, quer para nos ensinar quer para apenas nos assombrar”, Voldemort pensou, tomando mais um gole de uísque de fogo).


Moveu a varinha e murmurou: “Cineskopia”. À sua frente surgiu a tela mágica. Voldemort preferia utilizá-la, em lugar de uma Penseira, para acessar suas memórias. Moveu novamente a varinha e as imagens começaram a se suceder na tela.


Sua mãe, Merope, não era exatamente bonita, mas era inteligente e esperta embora o pai, Marvolo e o irmão, Morfino, a tiranizassem inibindo assim até mesmo grande parte de seus poderes. Não era propriamente má embora fosse da família Gaunt que, por um lado, descendia dos Pevereel e, por outro, do próprio Salazar Slytherin. Qualquer que fosse o lado, eram trevosos ferrenhos. Ela morrera cerca de uma hora após dar à luz a ele, que a conhecia apenas por fotos. Fez um gesto com a varinha e o rosto de Merope Gaunt surgiu na tela. Ela cometera apenas um erro na vida, que havia sido apaixonar-se pelo rico trouxa Tom Riddle, filho de Thomas Riddle, riquíssimo senhor de terras de Little Hangleton que, descobrira depois, havia adquirido grande parte delas por meios desonestos (o rosto de seu pai, Tom Riddle, surgiu na tela). Ela tentara, por todos os meios, fazer com que ele sentisse alguma atração por ela, mesmo que ele estivesse noivo de uma rica e bela jovem trouxa da região, Cecília Westwood. Em um gesto desesperado, quando ele cavalgava pelas proximidades de sua casa e lhe pediu água, ela lhe deu um copo com algo mais, uma dose reforçada de Amortentia, a mais potente Poção de Amor que existia. Um gole e Tom Riddle caiu apaixonado por Merope Gaunt.


O casal fugiu e, meses depois, Tom voltou sozinho. Merope havia deixado de dar a ele a poção, julgando que ele a amaria por ela mesma e também revelou a ele que era bruxa. Ele a abandonou na hora, retornando para a casa de seus pais, sem saber que ela estava grávida. Ela também voltou, mas foi expulsa por seu pai. Foi para Londres e ocupou-se em vários trabalhos, tanto bruxos quanto trouxas, enquanto sua gravidez progredia. Não tinha muitas razões para viver, exceto seu filho, que era a única coisa que lhe dava motivação e não deixava seus poderes desaparecerem totalmente. Já em trabalho de parto, dirigiu-se a um hospital trouxa, junto ao qual havia um orfanato, o Orfanato Stockwell. Quando ele nasceu, ela permaneceu viva apenas o suficiente para dizer que seu nome seria Tom, em homenagem ao pai, Marvolo, em homenagem ao avô materno e que o seu sobrenome era Riddle. Morreu logo depois. No dia seguinte, uma senhora dirigiu-se ao orfanato, dizendo que conhecia a mulher que havia dado à luz e que queria adotar o bebê recém-nascido. Seu nome era Pandora. Pandora Snape.


Pandora também estava grávida, com seu parto previsto para dali a uns três meses. Era uma bruxa puro-sangue, casada com um bruxo, também de sangue puro, chamado Christopher Snape. Viviam no campo, na região de Yorkshire e Christopher era partidário da Ordem das Trevas, tendo já batalhado sob as ordens de Grindelwald, nos dias da I Guerra Mundial. Poucos meses depois, nasceu o filho de Pandora e Christopher, o qual recebeu o nome de Arkanius. Ele e Tom cresceram juntos brincando vezes sem conta, como se fossem irmãos de sangue. Pandora jamais lhe dissera qual a sua ascendência, isso ele descobrira sozinho, bem depois. Ela dizia o seguinte: “Tom, você é bruxo como nós mas eu não vou lhe dizer por qual lado, para que você não pense que o caminho a seguir é uma obrigação. Você descobrirá isso sozinho, quando tiver maturidade suficiente para decidir o rumo que quiser dar à sua vida. Por enquanto viva e aproveite sua infância, deixando para decidir sobre Luz ou Trevas quando for a hora”. Com aquilo, Tom deduziu que Pandora não era tão trevosa quanto o marido, acreditando em deixar que cada um escolhesse seu caminho. Ela o havia criado e amado como uma verdadeira mãe e ele correspondia, considerando-a como tal e a Arkanius como seu irmão mais novo.


Ficara bastante sentido quando soubera que Christopher Snape separara-se de Pandora e tinha ido viver com outra mulher, a cantora e atriz trouxa Melina Prince, com quem já tinha um filho. Mas Pandora lhe explicara que a saída de Christopher fora uma questão de honra, para que não a desrespeitasse vivendo uma vida dupla.


Mas sua vida mudaria, alguns anos depois, quando ele estava com seis anos de idade e Pandora recebera uma visita.


A partir dali, as imagens dos acontecimentos começaram a se suceder na tela mágica, como se fosse um filme. O filme de sua vida.


 


O estranho que visitara a sua casa era um homem de cabelos negros  e bela aparência, que apresentou-se a Pandora como “Tom”. Ele olhou para o homem e imediatamente notou que havia algo que o ligava a ele.


_Então,Sra. Snape, esta é a situação. Quando Merope me fez aquelas revelações, eu a abandonei em um momento de raiva, sem saber que ela estava grávida. Mesmo que ela tenha usado um método não muito honesto, como foi aquela Poção de Amor, mais desonesto seria abandonar uma criança à própria sorte. Ainda bem que a senhora o criou e está proporcionando a ele uma infância feliz. Porém eu desejo reparar o mal que possa ter feito e gostaria de assumir a criação do meu filho daqui para diante. A senhora pode até não gostar pelo que fiz à mãe dele mas, saiba que percorri o país inteiro atrás desse garoto e iria me sentir desonrado se a senhora não me permitisse criá-lo em Little Hangleton. Minha esposa, Cecília, concorda plenamente com isso e prometeu tratá-lo como se fosse seu próprio filho.


_Sr. Riddle, eu ficaria muito infeliz ao me separar do pequeno Tom, pois sinto-o como se fosse meu filho natural e ele sempre foi um verdadeiro irmão para Arkanius. Porém não posso lhe negar seus direitos de pai e vejo que suas intenções são honradas. Mas acho que seria bom sabermos a opinião do próprio Tom, embora ele tenha apenas seis anos.


Perguntaram a ele o que ele achava e ele respondeu:


_Eu não gostaria de abandoná-la, pois eu amo a senhora e sinto-a como se fosse minha verdadeira mãe. Mas, se ele é meu pai, tem os seus direitos. Ficaremos todos tristes eu, a senhora e Arkanius, mas acho que deverei ir com ele para Little Hangleton. Procurarei sempre manter contato.


Então ele acompanhou o pai, de volta a Little Hangleton, sem saber que seu avô materno, Marvolo, já havia falecido e que seu tio, Morfino, ainda vivia na mesma cabana, na floresta. Passou-se um ano de alegria e de vida sem preocupações. Tom estudava na escola local, tinha amigos e Cecília, sua madrasta, gostava muito dele. Parecia que nada poderia destruir aquela harmonia, mas ele estava errado. Aos sete anos tivera sua primeira manifestação de magia.


Tudo mudou, a partir dali.


Uma tarde, Tom e seu pai cavalgavam pelos campos até que, certo momento, uma cobra assustou o cavalo montado por seu pai que empinou, derrubando-o. Caído no chão, Tom Riddle pai estava prestes a ser atacado pela serpente mas aconteceu algo de muito diferente. O pequeno Tom, vendo que seu pai estava em perigo, agiu instintivamente e gritou para a cobra:


_ “Não, por favor! Não ataque meu pai!


A cobra parou, no mesmo instante. Ele havia gritado em Ofidiano e o réptil havia obedecido. Ela disse para ele:


_ “Você fala a língua dos Rastejantes, mesmo sendo um Duas-Pernas. Como é possível?


_ “Não sei. Por que você ia atacar meu pai?


_ “Vocês quase pisaram no ninho de minha família.


_ “Nós não sabíamos. Peço desculpas.


_ “Aceito, por você falar a língua dos Rastejantes. Nada de mal lhes faremos e, inclusive, os Rastejantes serão seus protetores.


_ “Muito obrigado. Procuraremos respeitar os locais dos seus ninhos, evitando de fazer-lhes mal.


 


Tom ajudou seu pai a levantar-se e foram para casa. A expressão dele estava bastante diferente. Naquela noite, Tom ficou em seu quarto enquanto que, na biblioteca, seu pai, sua madrasta e seus avós estavam tendo uma conversa a portas fechadas, cujo teor ele jamais ficara sabendo.


No dia seguinte, seu pai o levou a Londres, onde foram visitar um orfanato, coincidentemente o mesmo em que ficara, após sua mãe dar à luz, até que Pandora Snape fora buscá-lo. Permanecera na sala de espera, conversando com outras crianças, enquanto seu pai tinha uma conversa com a Diretora. Estranhando a demora, bateu à porta do gabinete da Diretora do orfanato, encontrando-a sozinha à mesa.


_A senhora viu o meu pai?


_Tom, seu pai estava me explicando que, por uma série de circunstâncias, não poderá mais ficar com você e pediu que nos encarregássemos de sua criação, de agora em diante. Não se preocupe, pois não agimos como em outras instituições, onde as crianças são brutalizadas e exploradas. Proporcionamos ensino e alojamento, dentro de nossas possibilidades. Nossos recursos são limitados, pois subsistimos à base de doações. Mas ninguém passa necessidade alguma. Suas coisas já estão no armário que lhe foi destinado. Seja bem-vindo entre nós.


Naquele momento a verdade caiu sobre Tom Marvolo Riddle, com o peso de uma bigorna. Havia sido abandonado por seu pai que, mais uma vez, manifestara medo e intolerância em relação à magia. Primeiro ele deixara Merope à própria sorte e agora fazia o mesmo com o seu filho. Aos sete anos de idade, a revolta invadia seu coração e plantava uma semente de veneno. O veneno da serpente.


 


Os anos passados no Orfanato Stockwell não foram de todo ruins. As outras crianças gostavam dele e o sentimento era recíproco, na medida do possível. Vez por outra um surto de maldade manifestava-se, mas de forma que a responsabilidade pelas conseqüências não lhe pudesse ser imputada. Depois disso, Tom entristecia e arrependia-se do que fizera. Nesse meio tempo, suas habilidades de magia começavam a aflorar e, mesmo sem varinha, ele ia adquirindo um certo controle sobre elas. Ele perguntava-se até onde isso iria e quando terminaria. Não conseguia entrar em contato com a família Snape, pois o pai dera ordens e proporcionara uma generosa contribuição para que sua correspondência fosse sempre interceptada, principalmente quando dirigida àquela família. E assim ele foi crescendo até que, aos dez anos de idade, aconteceu uma coisa diferente. Ele recebeu uma visita muito especial, um senhor de cabelos e barba acaju um pouco longos, vestindo um terno de veludo cor de ameixa, que se apresentou como professor em uma escola muito especial, uma escola de magia.


Foi o seu primeiro contato com Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore.


Durante a conversa que ele e Dumbledore tiveram, o professor explicou sobre suas emissões mágicas involuntárias e ele dissera saber ser descendente de bruxos e usar suas habilidades com certo grau de controle e que sabia fazer os outros sofrerem, mas disse também a Dumbledore que não gostava de fazer aquilo. Porém o mais estranho foi quando ele dissera ser capaz de comunicar-se com serpentes.


Ao final da conversa, Dumbledore deu a ele o endereço do Caldeirão Furado, na Rua Charing Cross, de onde ele poderia chegar ao Beco Diagonal, onde iria adquirir o material e uniformes escolares para seus estudos. Dumbledore dissera que parte acabaria tendo de ser de segunda mão, mas ele não se importava. Tinha também algumas economias que poderiam ser trocadas por dinheiro de bruxo no Gringotes e que ajudariam-no nas suas compras. Eram fruto de uma doação anônima, destinada a ele. A condição para que aquela espécie de mesada continuasse era de que sua origem jamais deveria ser questionada. No fundo ele sabia que era o pai que lhe mandava aquele valor, como uma espécie de protetor desconhecido (“Pensa que pode comprar o perdão com doações. Não importa. Sempre será possível fazer bom uso desse dinheiro”, Tom pensava). Naquela noite, dormiu um pouco mais contente, pois estava descobrindo, aos poucos, quem era e qual o caminho que seguiria.


 


No dia seguinte, entrava pela porta do Caldeirão Furado e falava com o proprietário que, como ele, também chamava-se Tom. Ele mostrou ao garoto o beco atrás do hotel-restaurante e abriu para ele a passagem para o Beco Diagonal. Tom Riddle passou para aquela área bruxa de Londres e, fascinado com as novidades, inebriado com o colorido das vitrines e com os aromas das especiarias bruxas, empreendeu o seu caminho direto para o Banco Gringotes. Lá chegando, dirigiu-se à mesa do duende responsável pelo câmbio e trocou suas libras esterlinas por galeões, sicles e nuques. Embora os duendes fossem extremamente habilidosos em transações financeiras, Tom era muito esperto e inteligente, tendo conseguido finalizar a negociação sem ser lesado. Com a bolsa devidamente abastecida e munido da lista de material e dos vales do Fundo de Assistência para Alunos Carentes de Hogwarts que recebera de Dumbledore, iniciou suas compras.


Realmente, alguns livros e objetos tiveram de ser de segunda mão, mas Tom procurou bastante e conseguiu adquirir todos os artigos em boas condições, pechinchando e obtendo um bom troco. Vendo o quanto economizara, chegou à conclusão de que poderia comprar uma varinha nova em vez de uma usada. Dirigiu-se à Loja Olivaras, onde foi atendido pelo proprietário, que tomou suas medidas e trouxe algumas varinhas para que ele experimentasse. Foi uma escolha difícil e a pilha de varinhas rejeitadas aumentava, até que o Sr. Olivaras surgiu com uma varinha que havia ido buscar nos fundos da loja, feita de madeira de teixo com cerne de pena de Fênix.


Assim que Tom Riddle empunhou a varinha, ela brilhou e lançou faíscas, aquecendo todo o seu corpo, dos dedos dos pés à raiz dos cabelos. Ela o havia escolhido e ele estava feliz. Pagou por ela e guardou-a na saca, junto ao restante do material que comprara. Despediu-se do Sr. Olivaras e saiu, sem perceber que o artífice de objetos mágicos tinha no seu rosto uma expressão preocupada, pelo fato da varinha ter lançado faíscas verdes. Além disso, estranhara um pedido que o jovem Tom lhe fizera.


Havia sobrado ainda um bom dinheiro, que ele depositou em uma conta que abrira no Gringotes, ficando com alguns trocados que guardou na bolsa, junto à passagem do Expresso de Hogwarts, no qual viajaria no dia seguinte. O dia estava meio quente e Tom achou que poderia dar-se ao luxo de um sorvete, pois gostara da variedade de sabores que vira no estabelecimento da família Fortescue. Sentou-se a uma das mesas, colocando a saca em uma das cadeiras, juntamente com uma gaiola coberta que levava e fazendo seu pedido. Enquanto tomava seu sorvete, notou que havia uma família na mesa ao lado e que a garota, que tinha a sua idade, olhava para ele com atenção. Cumprimentou-os educadamente e notou que a saca de material da garota estava prestes a cair da cadeira, na qual estava mal equilibrada. Moveu-se rapidamente e evitou a queda da saca e, conseqüentemente, a quebra dos frascos de ingredientes para poções, o que daria um belo estrago. Recolocou a saca na cadeira e a família agradeceu.


_Muito obrigado. _ disse o pai _ Se os frascos se quebrassem, iriam arruinar os livros e uniformes.


_Não fiz nada de mais, senhor. Foi um prazer evitar problemas para a senhorita.


_Vejo que também tem uma saca de material. _ disse a mãe, notando os pertences de Tom _ Também vai iniciar o curso em Hogwarts?


_Sim, senhora. O Prof. Dumbledore me explicou alguma coisa, mas eu ainda tenho muitas dúvidas sobre a escola. Afinal de contas, passei minha infância em um orfanato trouxa e conheço bem pouco sobre o mundo bruxo.


_Não se importe com isso. _ disse a garota _ Mesmo para quem já está acostumado, cada dia traz novidades. Qual é o seu nome?


_Oh, desculpe-me pela minha grosseria. Não me apresentei adequadamente. Meu nome é Riddle. Tom Riddle.


_O meu é McGonnagall. Minerva McGonnagall. _ disse a bela garota de cabelos escuros e olhos cinza-esverdeados que assim como seus pais utilizava algumas peças de suas roupas em Tartan, com o padrão de xadrez do seu clã. _ Somos de Edimburgo e eu estou bastante feliz em ter sido escolhida para Hogwarts. Sabe para qual Casa terá mais probabilidade de ser selecionado, Tom?


_Sinceramente, Minerva, não sei. O Prof. Dumbledore me falou algo sobre as quatro Casas e os Fundadores, também conhecidos como “Os Quatro Grandes”: Godric Gryffindor, Salazar Slytherin, Helga Hufflepuff e Rowena Ravenclaw. Mas não me disse nada sobre que critérios são utilizados para a seleção.


_Nós, que já passamos por ela, assumimos o solene contrato mágico de não revelar como é a cerimônia, para manter a tradição. _ disse o Sr. McGonnagall.


_Não é cem por cento garantido, mas uma certa tendência familiar ocorre. _ disse Minerva _ Como meus pais e avós sempre foram da Grifinória, há grandes chances de que eu seja selecionada para lá. E quanto a você, a qual casa pertenciam os seus pais, Tom?


_Meu pai é trouxa e, por circunstâncias que não vêm ao caso comentar, acabou me deixando em um orfanato. Quanto à minha mãe, não sei a qual Casa pertencia, pois ela faleceu pouco depois do meu nascimento. Acho que, não importando para qual Casa eu seja selecionado, deverei dar o melhor de mim para ser um bruxo digno.


_Muito bem dito, Tom. _ a Sra. McGonnagall olhou para ele, com simpatia, concordando com suas palavras _ Cabe a nós traçarmos nosso caminho. Creio que já está na hora, Alistair. Vamos indo?


_Sim, Jessica. _ respondeu o Sr. McGonnagall _ Estamos no Caldeirão Furado, Tom. É bem prático, para irmos à Estação King’s Cross.


_Permitam-me ajudar com o material de Minerva. _ disse Tom e, ante a aquiescência da família, sobraçou as duas sacas _ Para mim será um prazer.


Tom Riddle transportou o material de Minerva McGonnagall até o Caldeirão Furado, juntamente com o seu próprio e preparou-se para sair, de volta para o orfanato. Antes que ele saísse, Minerva deu-lhe um beijo no rosto e apertou sua mão.


_Muito obrigada, Tom. Você é um cavalheiro. _ e demorou para soltar sua mão da dele.


A caminho do Orfanato Stockwell, Tom Riddle sentia-se leve e contente. Tendo ainda algum dinheiro trouxa no bolso, adquiriu um diário simples, um livro de capa de couro preta, cuja gravação do nome em ouro era cortesia, em uma livraria da Rua Vauxhall. Sentia vontade de transcrever sua alegria em palavras e, naquela noite, fez sua primeira anotação no diário:


 


Hoje foi um dia bastante especial que, creio eu, marca o início de uma nova etapa em minha vida. Tive o meu primeiro contato com o mundo mágico e ele foi bastante bom. Tento controlar minha ansiedade quanto ao que me espera em Hogwarts e como poderei descobrir minhas origens, pois minha querida mãe postiça, Pandora Snape, disse que eu mesmo faria isso quendo tivesse mais maturidade. Bem, mesmo com apenas dez anos de idade, julgo-me preparado para essa missão. Sentirei falta de meus amigos do Orfanato Stockwell e de alguns, em especial. Porém não posso ficar somente olhando para trás, devo pensar no futuro. Principalmente se uma bela figura de cabelos escuros e olhos cinza-esverdeados fizer parte dele. Apreciei bastante conhecer os McGonnagall e, logicamente, Minerva. Creio que nos daremos bem na escola, seremos bons amigos e, finalmente, Tom Marvolo Riddle descobrirá quem é e qual a razão das coisas terem acontecido dessa maneira.


 


Na manhã seguinte, na hora do café, os amigos do orfanato e o pessoal da Direção organizaram uma pequena confraternização para a despedida de Tom Riddle. Este ficou emocionado pela estima que lhe dedicavam, apesar de certas coisas que havia feito.


_Muito obrigado por tudo, gente. Não é uma despedida definitiva, vocês sabem disso. Estarei de volta no próximo verão, como foi combinado com o Prof. Dumbledore. Mesmo assim sentirei a falta de vocês, principalmente de alguns. Queria pedir desculpas a Amy Benson e Dennis Bishop por tê-los assustado certa vez. Não foi intencional, gosto muito de vocês e nunca faria nada para magoá-los. William Stubbs, sinto muito pela perda do seu coelho. Sei que não é a mesma coisa, mas gostaria que aceitasse esta pequena tentativa de compensação _ e entregou a William a gaiola, com um coelho branco dentro. O coelho que havia pedido para que o Sr. Olivaras conjurasse.


Depois disso, abraçou a todos e saiu, em direção à Estação Ferroviária King's Cross. Lá chegando, seguiu as instruções que Dumbledore lhe dera. Aproximou-se da barreira divisória entre as Plataformas 9 e 10 e, encostando-se, atravessou-a e saiu no lado mágico da estação, na Plataforma 9 ½ e viu-se frente à bela e imponente locomotiva a vapor vermelha do Expresso de Hogwarts, que fazia a linha Londres/Hogsmeade, saindo pontualmente às 11:00 h da manhã. Etiquetou e despachou sua bagagem, prestando atenção em todos os detalhes que, para ele, constituíam uma prazerosa novidade.


Entrou em um dos vagões destinados aos alunos e procurou por uma cabine, encontrando uma vazia. Entrou e sentou-se, tirando um livro do bolso e começando a lê-lo. Era o “Fausto”, de Goethe (“A que ponto pode levar a sede de poder e imortalidade de um homem. Ele chegou a vender a alma ao Diabo por isso”, Tom pensava, enquanto lia). De repente, a porta abriu-se e ele ouviu uma voz feminina conhecida:


_Com licença,podemos ocupar a cabine com você... Tom! Tom Riddle! Mas que prazer vê-lo de novo!


_Minerva McGonnagall! Mas que agradável surpresa!


_O que está lendo? Goethe?


_Sim, Minerva. Estou lendo o “Fausto”. A história de um homem cuja ambição o levou a vender a alma ao Diabo.


_Conheço a história. _ disse uma das outras duas garotas que estavam com Minerva _ Embora Goethe seja uma excelente leitura, não podemos desprezar os nossos clássicos daqui.


_Sem dúvida, Renata. _ Minerva concordou _ Dos autores trouxas, Shakespeare e Dickens são os meus preferidos.


_Também aprecio esses autores. _ disse Tom _ “David Copperfield” e “Grandes Esperanças” sempre foram uma leitura muito boa. E, pelo fato de ter vivido em um orfanato, identifico-me de certa forma com “Oliver Twist”.


Minerva tratou de fazer as apresentações:


_Tom Riddle, gostaria de lhe apresentar Renata Wigder e Fabiola Wayne. Conhecemo-nos agora, na hora do embarque, mas sentimo-nos como se fosse há anos. Renata nasceu trouxa e manifestou magia aos nove anos. Fabiola é de família bruxa.


_Sou filho de pai trouxa e mãe bruxa. _ disse Tom _ Minha mãe morreu pouco depois de eu nascer, como Minerva já sabe. Mas passei grande parte da minha infância no Orfanato Stockwell, até que o Prof. Dumbledore foi me entrevistar. Agora estamos aqui, indo para Hogwarts.


 


Enquanto conversavam começaram a ouvir, no corredor do vagão, duas vozes idênticas, parecendo que uma pessoa estava discutindo consigo mesma. Só que uma delas tinha sotaque britânico e a outra falava com sotaque francês.


_Eu não concordo com você, Jean-Marc. O mundo dos trouxas é decadente. Ainda bem que suas guerras só causaram danos a eles mesmos.


_Tu as une visão muito limitada, Abraxas. Jamais saiu de notre país e não sabe o que aconteceu no restante da Europa.


_Ora, só porque você passou a infância vivendo com nossos parentes da França, isso não o torna uma autoridade infantil em geopolítica. Aliás, não sei como foi que você não ficou na Beauxbatons.


_Era para que eu fosse para lá como é a tradição de nossa família, mon frére. Mas eu manifestei a vontade de estudar em nossa terra natal. Beauxbatons ficará para nossos irmãos, Gryphus e Gérard. Mas, falando em geopolítica, você está enganado quanto à Grand Guerre não ter causado danos à Bruxidade, lembre-se de que Adolf Grindelwald aproveitou-se do conflito para espalhar o terror.


_Estava fazendo uma limpeza, pela purificação da raça.


_Mon Dieu, não acredito que estou ouvindo isso! Não pode ter vindo nenhum benefício das ações daquele fanático!


_Eu é que não acredito. Nem parece que é da nossa família.


_Minha visão é mais aberta e ampla, mon cher frére.


_Mesmo sendo um de nós, vivendo com nossos parentes, deixou-se influenciar por aqueles ideais trouxas franceses. Ora, faça-me o favor. Que contribuição útil pode vir deles?


_Liberté, Egalité, Fraternité. Não me consta que tenham feito mal à França, tanto trouxa quanto bruxa.


_Ovelha negra.


_Chame como quiser.


 


As vozes detiveram-se, em frente à cabine ocupada por Tom e pelas garotas e todos viram de que se tratava. Era uma dupla de irmãos, gêmeos idênticos. Ambos eram altos e claros, de cabelos loiros platinados e olhos cinza-azulados. Entraram na cabine e continuaram sua discussão, como se não houvesse mais ninguém perto.


_Grindelwald é um louco das Trevas. _ disse Jean-Marc.


_Ele tem uma visão privilegiada. _ respondeu Abraxas.


_Je m’en fous de la vision de Grindelwald. Torno a dizer que il est simplément un louco. Tanto ou mais do que seu xará, aquele baixinho trouxa que hoje é Chanceler da Alemanha. Pode me chamar de ovelha negra, traidor do sangue, do que for. Mas o lado para o qual notre famille se inclina não me agrada e eu não tenho a menor vontade de seguir por esse caminho.


_Gostar de coisas trouxas. Me diga que contribuições importantes podem ter vindo dos trouxas.


_Posso lhe citar quatro, só para começar.


_Quais?


_Greta Garbo, Vivien Leigh, Olivia DeHavilland e Shirley Temple.


_Contra tais fatos não há argumentos, meu caro irmão. Você venceu e a despesa do carrinho de lanches será por minha conta. _ Abraxas apertou a mão do seu irmão gêmeo e ambos riram juntos. Só então foi que pareceram tomar consciência de que haviam mais pessoas na cabine.


_Pardon, excusez moi, mesdemoiselles, monsieur. Tínhamos de levar esse debate até o final, sem interrupções para manter a linha de raciocínio. Sempre fazemos isso. _ desculpou-se Jean-Marc.


_E na maior parte das vezes é ele quem ganha. _ Abraxas resmungou, fingindo-se de contrariado.


_É a compensação por eu ser o mais novo, mon frére. Mas o que eu disse está valendo. Não esperem que eu me incline por esse caminho.


_Mas que grosseria, mano! Não nos apresentamos aos nossos colegas de escola.


_Oui, mon frére. Tu as razão. Mes amis, Je m’apelle Jean-Marc e este, que foi derrotado no debate...


_... Mais uma vez, para variar. _ disse Abraxas.


_...É meu irmão trinta segundos mais velho, Abraxas. E vocês?


_Minerva McGonnagall.


_Renata Wigder.


_Fabiola Wayne.


_Tom Riddle.


_C’est un grand plaisir conhecê-los. Embora nossa famille possa não inspirar muita confiança dentro da Bruxidade eu, pessoalmente, acredito que cada um pode traçar seu próprio caminho.


_Como assim? _ Tom perguntou _ Qual o sobrenome de sua família, Jean-Marc? _ e foi Abraxas quem respondeu:


_Somos da família Malfoy.


_Já ouvi falar. _ disse Minerva _ Realmente, não são lá muito bem vistos na Bruxidade devido à sua conhecida arrogância e a suspeitas de ligação com a Ordem das Trevas.


_Sinceridade contundente, Minerva. Si, pero no mucho. _ Abraxas brincou com a garota, sorrindo e usando a expressão em espanhol, como uma espécie de justificativa ou defesa _ Realmente é assim, mas somos muito jovens e temos tempo para decidir o que queremos para nós. Muitos Malfoy declaram abertamente sua simpatia à Ordem das Trevas e a Grindelwald, embora ele tenha passado um bom tempo desaparecido desde o final da Grande Guerra dos trouxas.


O carrinho de lanches passou e Abraxas pagou a despesa não só do irmão mas de todos, com satisfação. Juntamente com os lanches, foi adquirido um exemplar do Profeta Diário e os seis puseram-se a lê-lo. Devido ao momento sócio-político pelo qual o mundo passava, o jornal bruxo também trazia manchetes do mundo trouxa, principalmente sobre a política de Hitler como Chanceler alemão e seu apoio aos franquistas, na Guerra Civil Espanhola, iniciada em 18 de julho daquele ano.


_Gente, a coisa está pegando fogo na Espanha! _ Renata comentou.


_Pois é. _ disse Abraxas _ O tal de Franco iniciou um levante e o fogo cruzado entre Nacionalistas e Republicanos também está atingindo bruxos.


_E Hitler, o Chanceler da Alemanha, o está apoiando com homens e equipamentos. _ Tom deu sua opinião _ Acho que isso ainda vai longe.


_Vejam as máquinas voadoras de combate da tal Legião Condor. “Aviões”, se não me engano, é o nome dessas coisas. _ Minerva estava espantada, pois a Bruxidade quase nada conhecia desses aparelhos trouxas _ O que é isso que elas carregam?


_Bombas, artefatos explosivos, ma chérie. _ Jean-Marc respondeu à pergunta de Minerva McGonnagall _ Cilindros de metal carregados de material explosivo, capazes de fazer quarteirões inteiros saltarem pelos ares.


_Por Merlin! Não acredito que os trouxas têm a ousadia de provocarem a morte de centenas de semelhantes sem sequer vê-los. _ Fabiola estava indignada _ Acho que nem mesmo Grindelwald seria capaz dessa atitude tão pouco honrada.


_Sinto lhe dizer, Fabiola, mas acho que você está enganada. Veja esta foto de Hitler, aqui no Profeta Diário. _ Abraxas mostrou uma reportagem a Fabiola Wayne _ Preste atenção em quem está bem no canto da sala, meio oculto pelas sombras.


_Não consigo ver direito, Abraxas.


_Acho que posso ajudar, Fabiola. Sem contar que será um bom treino de magia. _ Tom sacou sua varinha e preparou-se para executar um feitiço.


_Cuidado, Tom. _ disse Minerva _ Nenhum de nós tem muita prática.


_Não se preocupe, Minerva. “Lupa”! _ na mesma hora uma potente lente de aumento surgiu na mão de Tom.


_Uau, Tom! _ Jean-Marc estava admirado _ C’est un Feitiço Conjuratório, coisa de nível avançado, tipo aluno de quinto ano. Comme você conseguiu?


_Não sei, Jean-Marc. Apenas acreditei que conseguiria. Bem, vamos ao que interessa. Vejamos a foto, com o auxílio da lupa.


Então os seis calouros viram a quem pertencia a imagem que chamara a atenção de Abraxas.


_Em nome de Merlin! _ disse Fabiola.


_Não pode ser! É impossível. _ Minerva não acreditava no que via.


_C’est incroyable! _ Jean-Marc exclamou.


Renata e Tom não sabiam de quem se tratava, por não conhecerem quase nada da Bruxidade. Então ela perguntou:


_Quem é ele?


_Alguém que todos julgavam desaparecido. _ disse Fabiola.


_Quem? _ Tom perguntou e Minerva respondeu.


_Adolf Grindelwald.


O bruxo das Trevas estava lá, no canto da fotografia, vestindo uma capa de couro negra, com uma faixa vermelha no braço esquerdo,na qual via-se um círculo branco tendo, no seu centro, uma suástica destrógira.


_Esses dois juntos, não sei não. _ Minerva comentou.


_Adolf Grindelwald e Adolf Hitler. _ disse Jean-Marc _ C'est une combinação explosiva, une liaision dangereuse.


_Quem pode saber o que farão? _ Fabiola perguntou.


_Ou o que já fizeram. _ Renata comentou _ Porque dá para deduzir que Grindelwald e Hitler já estão juntos há tempos. Acredito mesmo que Grindelwald possa ter ajudado Adolf Hitler a subir no Partido Nazista até tornar-se Chanceler da Alemanha.






"Hitler e Grindelwald. Boa coisa não poderá sair daí"


Passaram o resto da viagem discutindo a respeito de vários assuntos, entre eles a repercussão que a aliança Grindelwald/Hitler poderia ter na Bruxidade. Quando perceberam, era noite e o trem estava chegando a Hogsmeade. Desembarcaram e tomaram os botes, capitaneados pelo Sr. Ogg, o Guarda-Caça de Hogwarts. Dali a pouco, divisavam os contornos do imponente castelo que era a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.


 Uma nova etapa na vida de Tom Marvolo Riddle estava para se iniciar.

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