A Surpreendente Revelação



CAPÍTULO 26

A SURPREENDENTE REVELAÇÃO








O Salão Principal, que já estava quase quieto, a não ser por ocasionais murmúrios, ficou em um silêncio tal que, se uma pena caísse ao chão, seria possível ouvir o barulho. Todos ficaram olhando para o casal, no centro do círculo formado pelos outros, até que o silêncio foi quebrado por Valérie:
_Como é que é, Draco?! Que tipo de brincadeira é essa? Não comece a fazer gracinhas!
_Eu mal comecei, Valérie. Também acuso você de ser a responsável pela tentativa de matar Ronald Weasley com uma cobra Naja, no dormitório da Grifinória. Acuso-a de matar Horatio Slughorn, para que ele não revelasse qual era a terceira Horcrux de Voldemort. Acuso-a de ser a responsável por tentar envenenar Luna Lovegood e Virgínia Weasley, sendo que a elfo doméstico Winky acabou morrendo no lugar delas. Você também tentou envenenar Ronald Weasley no Três Vassouras e daquela vez quem quase morreu foi Millicent Bulstrode, que somente se salvou graças à rápida intervenção de Harry Potter. Também acuso você de ter colocado uma Mamba Negra Africana nos encanamentos, para matar Virgínia Weasley e Harry Potter, o que não aconteceu porque uma alabarda da Sala Comunal da Grifinória caiu e, por sorte, matou a serpente (Draco não disse que foi ele que, em forma astral e usando telecinese, foi quem fez a alabarda cair). Por fim, Valérie, eu te acuso de haver sido a responsável por orientar Phillip Carpenter sobre qual veneno utilizar para matar Igor Vassilievitch Karkaroff e com qual suicidar-se, em caso de captura. Isto posto, digo com toda a clareza, prima, que eu acuso você de ser o misterioso envenenador que agia a mando de Lord Voldemort. Valérie St. Clair Malfoy, VOCÊ É VENOM!
O Sr. Weasley aproximou-se e disse:
_São acusações muito graves, Draco. Tem como prová-las?
_Sim, Sr. Ministro. Tenho todas as provas necessárias e elas já estão em poder do Prof. Dumbledore. _ o Diretor de Hogwarts convocou uma caixa, na qual encontravam-se uma pasta verde, um envelope, um jornal, várias folhas de pergaminho e folhas impressas de documentos da Internet.
A mente de Valérie Malfoy trabalhava febrilmente, em uma velocidade incrível, para tentar sair daquela situação. Resolveu então pagar para ver:
_Prove, primo. Prove tudo o que está dizendo contra mim.
_Provarei, Valérie. Primeiramente eu me lembro de que, quando éramos crianças, você era a campeã de esconde-esconde da turma, ninguém era capaz de encontrá-la e eu nunca soube a razão, até agora. Quando eu estava no segundo ano, já começando a gostar de coisas trouxas, você estava iniciando em Beauxbatons e, assim como eu, dava-se muito bem com sua professora de Poções, uma japonesa filha de pai trouxa e mãe bruxa. Não liguei as pontas soltas até que me lembrei de algo que o Prof. Mason nos disse sobre o Ryu de Kuji-Kiri.
_E o que foi? _ Valérie perguntou.
_Os Sensei de Kuji-Kiri eram da família Kobayashi, com suas técnicas negras passadas de pai para filho há séculos, tanto que Voldemort foi aluno de Isamu Kobayashi, quando viajou pelo mundo adquirindo poder. Embora trouxas, os Ninjas de Kuji-Kiri tinham proteção da Ordem das Trevas, segundo ordens do próprio Lord Voldemort. Ainda assim, isso não foi suficiente para evitar que a escola fosse destruída pelos Ninjas de Togakure, entre os quais haviam vários Aurores, na década de 80.
_Onde está querendo chegar?
_Sua professora de Poções em Beauxbatons chamava-se Midori Kobayashi, não é?
_Sim, mas o que isso tem a ver?
_Midori é neta de Isamu Kobayashi, o pai dela casou-se com uma bruxa das Trevas japonesa. Inclusive, Midori é uma Death Eater e já foi presa em Toulon, há cerca de uma semana atrás.
_E o que tem isso de mais? _ Valérie tentava rebater os argumentos de Draco.
_Não foram somente aulas de Poções que você teve com ela em Beauxbatons, minha cara. Ela foi sua Shidoshi, ensinando-lhe as mais negras técnicas do Ninjutsu.
_Não é verdade! Como isso seria possível?
_Você sempre foi muito habilidosa e misteriosa, Valérie. Ela lhe dava aulas extras não de Poções, mas de Ninjutsu. Senti um lampejo de malignidade no seu Ki, quando você chegou ao Salão Principal, transferida de Beauxbatons para Hogwarts, que você logo ocultou. Você conseguiu obter domínio do Ki pois não estava entregue às Trevas. Por vezes sentíamos seu Ki vibrar em uma freqüência ambígua, como se oscilasse entre o bem e o mal. Mas houve uma situação na qual eu reconheci claramente a freqüência do seu Ki, prima. Isso é como uma impressão digital, a freqüência vibracional do Ki é única para cada ser humano.
_E quando foi essa situação na qual você acha que me reconheceu?
_No Ministério da Magia, depois que Gina partiu as taças com dardos, impedindo que o Ministro Weasley e a Vice-Ministra Bones bebessem e morressem envenenados. Eu persegui Venom pelos corredores, até as lareiras e em uma curva do corredor ele quase me atingiu com três moedas que foram lançadas com a força do Ki, parecendo balas. Só saí vivo porque subi pela parede e corri um trecho pelo teto. Naquele momento, houve uma explosão de Ki que me deu a certeza. Além disso, há outros detalhes.
_Como o que, por exemplo? _ Valérie começou a transpirar, de uma maneira bem incômoda.
_Ora, por que é que Venom não desaparatou? O salão onde realizou-se a Cerimônia de Posse, o Grande Anfiteatro, era protegido contra Aparatação e Desaparatação, mas não os corredores. Por que Venom teria de usar uma lareira? Só se ele não pudesse ou não soubesse desaparatar. Uma Chave de Portal utilizada no Ministério seria rastreada facilmente, mas não a enorme e bastante complexa Rede do Flu, através da qual Venom poderia ir para um local seguro e de lá sim, usar uma Chave de Portal, indo para onde ninguém esperaria encontrá-lo sob a fachada de uma bela jovem de dezesseis para dezessete anos: Hogwarts. Outro detalhe foi que você estuporou Dolores Umbridge, a Chefe do Departamento de Serviços Gerais do Ministério. A aparência que você tomou para surpreendê-la me deu mais uma pista. Meu avô Abraxas e meu tio-avô Jean-Marc, cuja aparência você assumiu, eram gêmeos idênticos, com apenas uma diferença: Tio Jean-Marc aparentava ser um pouco mais velho devido aos duros tempos que passou com os Maquis, à tristeza e mágoa pela morte de sua esposa e por fumar demais. Você estava fumando ao estuporar Madame Umbridge, lembro-me de haver sentido um cheiro de tabaco no ar.
_Ora, todos sabem que eu fumo, mas associar isso à sua idéia fixa de que eu seja Venom..., aí já é demais. E quanto à mudança de aparência? Eu sou bastante fraca em Transfiguração Pessoal Completa, jamais conseguiria transformações tão perfeitas. E, para completar, sou alérgica a Descurainia associada a Hemeróbios, portanto não posso tomar Poção Polissuco. Se eu o fizer, terei uma reação anafilática que poderá me matar. Como você explica isso, primo?
_Acha que eu não pensei nisso, Valérie? Passei boa parte do ano pesquisando sobre meios bruxos de camuflagem, inclusive Janine chegou a ver parte da pesquisa, mesmo sem saber a razão, até que me lembrei de nossa infância. Agora há pouco eu citei o fato de você ter sido uma campeã de esconde-esconde e, durante a pesquisa, cogitei até mesmo da possibilidade de você ter utilizado um Topázio-Camaleão, mas abandonei essa linha de raciocínio por duas razões: primeiro, o Topázio-Camaleão vai drenando aos poucos a energia vital do seu possuidor e você jamais aparentou sequer um sinal de perda de Ki.
_E a segunda razão, Draco? _ Valérie perguntou.
_Devido à sua fama de pedras-vampiras, os Topázios-Camaleões foram sendo destruídos pelos seus proprietários, até que restou apenas um. Este último foi destruído, há cerca de seis meses atrás.
_Como sabe? _ a loira perguntou e quem respondeu foi Sirius.
_Eu o destruí, Valérie. Ele pertenceu à família Black por gerações e meu próprio irmão, Regulus, chegou a usá-lo uma vez. Mas, Draco, se Valérie não usou esses meios para se transfigurar, como foi que ela fez?
_Era onde eu queria chegar. Recordo-me que, na noite em que a Mamba quase picou Harry e Gina, nós conversamos e você me disse, Valérie, que esteve na Inglaterra durante aquele verão em que Karkaroff foi envenenado e que havia procurado por mim. Não me encontrando, retornou para a França e me escreveu. Eu ainda tenho a carta. Bem, pedi para que Madame Edgecombe verificasse os registros de Flu e Chaves de Portal da época, mas ela não encontrou registro algum de sua vinda da França. Ora, se você não veio para a Inglaterra por meios mágicos, era porque não queria chamar a atenção da Bruxidade para sua vinda. Sendo menor e não tendo Licença de Aparatação e nem habilitação para voar, só poderia ter vindo por meios trouxas, como uma turista comum.
Tomou um gole de água e continuou.
_No dia em que impedimos o atentado contra o Ministro, eu fui a um Cybercafé, em companhia de Fred e Jorge Weasley, dois incomparáveis especialistas em Tecnomagia. Tomamos litros de café, eles enfeitiçaram o computador que utilizamos e obtivemos resultados surpreendentes em nossa pesquisa. Invadimos os arquivos de segurança do Aeroporto Charles DeGaulle, pesquisando as partidas, bem como as chegadas a Heathrow. Também verificamos os registros de partidas e chegadas do TGV. Obtivemos resultados positivos graças à paranóia mundial quanto ao terrorismo internacional e ao fato de que, quando crianças, todos nós estudamos em escolas trouxas, independente do país onde nascemos. Portanto, precisamos ter registros civis trouxas, tipo certidão de nascimento, cadernetas de (ai, ai, ai!) vacinação, etc. Somente com a maioridade é que nós recebemos nossas carteiras de identidade bruxas, que podem transfigurar-se em qualquer documento trouxa. Como você ainda é menor e só completará seus dezessete anos em outubro, ainda não a possui. Teve de viajar com autorização escrita de Tio René, usar sua carteira de identidade trouxa e tirar um passaporte, para isso tendo de usar sua própria aparência e seu nome. Encontramos o registro de sua viagem ao pesquisar as partidas do Aeroporto DeGaulle e as chegadas do Aeroporto de Heathrow, graças a um recente método de identificação que você não poderia burlar, qualquer que fosse a aparência que assumisse.
_Qual? _ Neville perguntou, curioso.
_Escaneamento de vasos da retina. Nós nascemos com um determinado padrão e nem mesmo a Transfiguração Pessoal Completa é capaz de mudá-lo. Mesmo a magia possui suas limitações, em certos casos. Aqui está o registro de partida e chegada de Valérie St. Clair Malfoy. _ e pegou folhas impressas no Cybercafé, mostrando um escaneamento de retina do Aeroporto Charles DeGaulle e outro do Aeroporto de Heathrow, ambos pertencentes a Valérie St. Clair Malfoy, com a foto da bela loira.
_Mas isso apenas prova que eu estive na Inglaterra, durante aquele período, primo. Não é uma prova conclusiva para nada.
_Isoladamente não, Valérie, mas ela faz parte de um conjunto. Depois que você chegou à Inglaterra, foi como se virasse fumaça. Ninguém soube de você até que esteve lá na Mansão Malfoy em Wiltshire à minha procura, mas eu estava em Londres. Você conversou com minha mãe e aí cometeu mais um erro.
_E qual foi ele, Draco? _ Valérie perguntou, estranhamente incomodada.
_Como você deve ter, com certeza, estranhado a viagem de avião, retornou para a França via Flu. Por isso que, nos registros de Madame Edgecombe não consta sua chegada ao país, mas consta a sua saída, com destino a Paris. Do mesmo modo, não consta sua volta nos registros da Air France, como podemos ver aqui, na relação de passageiros do seu suposto vôo de retorno.
_Realmente, dá para começar a desconfiar. _ Mason comentou _ Por que ela iria querer vir à Inglaterra incógnita para a maior parte da Bruxidade?
_Para cumprir uma missão específica, Prof. Mason, algo ordenado pelo próprio Lorde. _ disse Draco _ Voldemort não queria usar o Prof. Snape para orientar o assassino de Karkaroff e então chamou alguém que tinha um grande conhecimento em venenos, por ter realizado um intercâmbio em Durmstrang e lá ter sido aluna destacada de Cicuta Cianevski, além de também ter algo em comum com ele, o conhecimento do Ninjutsu Negro do Ryu de Kuji-Kiri, que ele freqüentou há décadas. Ele entrou em contato com meu tio, René Malfoy e ele enviou para a Inglaterra sua filha, Valérie.
_Isso tudo ficaria muito bem num romance policial, Draco. Mas, como é que isso se encaixa com Transfiguração e como você pode ter tanta certeza de que eu sou Venom? Responda, Draco! _ Valérie inquiriu o primo.
_Estamos chegando lá, Valérie. Primeiramente, vamos citar o seu erro seguinte, que foi escrever para mim. A carta ficou sob a guarda de Ziggy, como fica toda a minha correspondência pessoal. Ele nunca joga fora o que eu ainda não li. No Natal, desaparatei da Mansão Black para a Mansão Malfoy, onde li a carta. Quando vi o que você havia escrito, peguei a carta e deixei com o Prof. Dumbledore, até agora. Aqui está ela. Você escreveu: “Não sei se você soube, pois estava entre os trouxas, mas o ex-Diretor de Durmstrang, Karkaroff, foi assassinado enquanto prestava um depoimento no Ministério. Soube que foi envenenado e não teve a menor chance. Também, pudera. O efeito da Acqua Tofana é bastante rápido e a morte é praticamente certa. O assassino também escolheu um veneno bastante potente para se suicidar, a Saxitoxina. A Profª Cianevski nos disse que são venenos terríveis e muito potentes”.
_Tá, e o que tem de mais? _ Valérie ia ficando cada vez mais incomodada.
_Onde foi que você soube quais os venenos utilizados? _ perguntou Draco, olhando direto para ela, com uma expressão bem séria no rosto.
_Ora, eu li no Profeta Diário, Draco. A morte de Karkaroff foi bastante noticiada. _ Valérie respondeu, continuando a transpirar.
_Como isso pode ser possível se o Profeta Diário, em momento algum da matéria, citou quais foram os venenos utilizados? Rita Skeeter me conseguiu uma cópia da edição que trouxe a matéria sobre o envenenamento de Karkaroff. Aqui está ela, Valérie. A matéria não menciona a Acqua Tofana e nem a Saxitoxina. Somente o orientador de Carpenter e mais Mason, Harry, Dumbledore e alguns poucos sabiam quais os venenos que os mataram. Pode ver, Diretor. _ Draco passou o jornal para Dumbledore e este viu que, realmente, não havia menção alguma ao nome dos venenos que mataram Karkaroff e Carpenter. Dumbledore olhou para Valérie e disse:
_Srta. Malfoy, espero que a senhorita tenha uma boa explicação para tudo o que seu primo nos está dizendo.
_Então, Prof. Dumbledore, peça para que Draco explique como eu posso ter matado o Prof. Slughorn, tentado envenenar Rony e envenenado o chá que deveria ser de Gina e Luna.
_Era aí que eu queria chegar, gente. Se Valérie não pode tomar Poção Polissuco e é uma aluna fraca em Transfiguração Pessoal Completa, além do fato de não existirem mais Topázios-Camaleões, qual outra forma de camuflagem ela poderia usar? Dei a pista bem cedo, dizendo que ela sempre foi campeã de esconde-esconde quando criança.
_Você está querendo dizer que... _ Nymphadora Tonks, de mãos dadas com Remus Lupin, deixou a frase na metade e o próprio Draco terminou.
_... Que Valérie utiliza uma forma raríssima de camuflagem mágica não-monitorável pelos Sensores, Tonks. A mesma que você usa e que é um dom de nascença. Valérie St. Clair Malfoy é UMA METAMORFOMAGA!!! Assumiu a forma de Madame Pomfrey para envenenar Slughorn com Zagarashi-Yaku, fingindo que tentava reanimá-lo. Usou a aparência de Dobby para envenenar o chá com Gyokuro. Winky estranhou que “Dobby” não havia provado o chá, para ver se estava no ponto e então provou o restante, morrendo pouco depois aos pés do verdadeiro Dobby, que ainda conseguiu evitar que Gina e Luna bebessem o chá. Em Hogsmeade, utilizou Maldição Imperius para afastar Taylor do Três Vassouras e poder assumir sua aparência, a fim de colocar Manary na cerveja amanteigada que seria servida a Rony. Milly Bulstrode percebeu e interceptou a caneca, tomando um gole para não suspeitarem e quase morrendo. Se não fosse por Harry, ela teria morrido mesmo. Você pode alegar que naquele dia estava com enxaqueca e não foi a Hogsmeade. Mas não seria difícil para você fingir a dor de cabeça e, sendo uma Metamorfomaga, sair de Hogwarts com outra aparência, retornando à escola ainda a tempo de não furar seu álibi.
Um murmúrio cada vez mais alto percorreu o Salão Principal. Valérie achou melhor confirmar suas habilidades de Metamorfomaga:
_Não nego que sou uma Metamorfomaga, este é um dom raríssimo e eu não sou registrada no Ministério da Magia da França porque meu pai não quis assim. Mas, mesmo sendo uma Metamorfomaga, ainda há buracos na sua história, primo. Quero ver você explicar como eu posso ter tentado matar Harry e Gina com a Mamba Negra e Rony com a Naja. São duas espécies de cobras que mesmo bruxos das Trevas evitam utilizar, de tão perigosas e indomáveis. Somente Você-Sabe-Quem tinha coragem para tanto, era o que diziam. Todos tinham medo daquela Naja de estimação dele, a tal de Nagini. Parece que somente Ofidioglotas podiam mexer com elas sem serem picados.
_Ofidioglotas de nascença ou quem tivesse aprendido o Ofidiano, lembrando-se de que Harry é um caso especial, pois Voldemort passou essa habilidade para ele, involuntariamente, ao tentar matá-lo. _ Draco explicou _ Harry me disse que comunicou-se com a Naja Presasfortes, quando ela tentou matar Rony. Ela disse que Venom havia aprendido a falar o Ofidiano, pois haviam pequenas imperfeições de pronúncia, que somente uma cobra ou um Ofidioglota de nascença poderia detectar. Você conjurou a Mamba Negra com um Serpensortia, naquela noite em que foi jogar xadrez de bruxo com Blasius. Fez isso na hora em que foi ao banheiro e soltou-a no encanamento, mandando-a à Sala Comunal da Grifinória. Sendo ela uma cobra conjurada, estava obrigada a obedecer às suas ordens. Já Presasfortes, por não ser conjurada, teve de ser obrigada com Extrato de Servidão.
_Você deve estar ficando maluco, primo! _ Valérie começou a rir, olhando para Draco _ Como eu poderia aprender um idioma como o Ofidiano, feito de sibilos e bufos, em vários tons, dificílimo? E quem me ensinaria? E eu também não conseguiria fazer um Vernaculum Ofidiana, para poder falar o idioma, ainda que temporariamente. Eu não tenho poder para tanto.
Harry achou aquilo meio estranho e resolveu fazer algo para se certificar. Disfarçadamente, moveu sua varinha e enunciou, de forma não-verbal:
_ “Esternuto, Valérie Malfoy”. _ imediatamente Valérie sentiu os efeitos do feitiço.
_ATCHIM!!! _ a bruxinha francesa soltou um forte espirro.
_Saúde. _ disse Harry.
_Obrigada. _ Valérie respondeu.

Novamente o Salão ficou em um silêncio sepulcral. Valérie estranhou aquilo e perguntou:
_Ué, gente, o que houve? Eu espirrei, Harry disse “Saúde” e eu agradeci, só isso. Por que essas caras?
Harry olhou para Valérie, com um olhar de aço e disse:
_Acontece, Valérie, que eu disse “Saúde” em Ofidiano e você me respondeu... NO MESMO IDIOMA! Sai dessa agora, francesinha!
Vendo que estava perdida, Valérie rapidamente sacou sua varinha e disse:
_ “Indumentaria Cambio”! _ imediatamente o vestido de baile de Valérie transformou-se em um traje Ninja, com uma Marca Negra bordada do lado esquerdo do peito.
À volta de Valérie, Draco, Blasius e Janine, os outros bruxos imediatamente sacaram suas varinhas e os Inseparáveis também transfiguraram suas vestes a rigor em trajes Ninja. Outra coisa também aconteceu: Marino e Daniel enfiaram as mãos dentro dos Dinner Jackets e, quando as retiraram, cada um deles estava empunhando uma pistola Mini-Glock, em calibre .380.
_Vocês me descobriram! Graças a esse traidor do sangue do meu primo, vocês descobriram algo de que somente o Lorde das Trevas tinha conhecimento!
_Por que, Valérie? Por que vender-se assim para o mal? O seu Ki não indicava que você estivesse inteiramente entregue. _ disse Draco.
_Ora, Draco. O que é que move os Malfoy? Poder e fortuna, nada mais. Eu estava a ponto de conseguir uma glória ímpar e você melou tudo. Você e os outros Inseparáveis.
_Como assim? _ Harry perguntou.
_Eu, uma bruxinha que ainda nem atingiu a maioridade, seria agraciada com uma honra pela qual muitos bruxos maduros e poderosos dariam um braço ou mais e que Draco e Pansy Parkinson recusaram. Eu, Harry Potter, a jovem Valérie St. Clair Malfoy, seria iniciada nos Death Eaters ainda menor de idade e seria uma conselheira do Lorde. Ele iria me nomear sua Mestra-Envenenadora!
_Mas esse era o cargo que eu tinha junto a ele. _ Snape observou, admirado.
_Oui, monsieur Professeur Snape. Mas ele iria substituí-lo por mim e deixá-lo em paz com sua esposa, pela estima que ele tem pela família Snape. _ Valérie explicou, olhando para Snape e Rosmerta _ Iria deixá-lo viver, ainda que tivesse sido um traidor da Ordem das Trevas e dos Death Eaters.
_Mas, Valérie, para isso, para que você ocupasse uma posição de tamanha relevância, Voldemort iria exigir il sacrifizio del agnello, o sacrifício do cordeiro, a fim de selar sua lealdade! _ Blaise Zabini comentou.
_Oui, Blaise. E eu iria sacrificar alguém para isso.
_Quem seria il tuo agnello, Valérie? _ Blasius perguntou.
_Tu, mon cher. Você, Blasius Zabini, meu namorado, seria o meu cordeiro de sacrifício.
_Strega maledetta! Io estava apaixonado per te. _ Blasius olhava para a namorada, sem acreditar no que ela dizia _ E você iria... me matar?
_Oui, mon amour. E seria exatamente por isso. Eu também estava apaixonada por você e isso o tornava um cordeiro de maior valor. Sacrificar meu amado! Podem pensar em maior prova de lealdade às Trevas e ao Lorde?
_Voldemort está morto, Valérie. _ Janine comentou, ao lado de Blasius, que ainda não acreditava no que ouvia _ E se antes isso já era uma grande besteira, agora perdeu totalmente o significado.
_É o que você pensa, Janine. O Lorde das Trevas se foi, mas sua obra sempre será continuada. E seja quem for o novo líder, sempre irá querer alguém leal junto a si. Mesmo sem o Lorde, minha lealdade será reconhecida e será provada neste exato momento. _ rapidamente ela apontou a varinha para Blasius _ AVADA KEDAVRA!!
_Mas não mesmo! AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH! _ Janine colocou-se à frente de Blasius Zabini e protegeu o sonserino, com o Olho de Shiva. A Maldição da Morte ricocheteou na aura dourada e foi defletida para cima.
_Conseguiu uma mas não conseguirá duas, Janine! _ Valérie apontou a varinha, desta vez para Milly. Mas não teve tempo de lançar uma nova Avada Kedavra.
Ouviu-se um estampido, sua varinha voou longe e ela recuou, massageando o ombro direito dolorido. Nas mãos de Daniel, a Mini-Glock estava firme, um vapor saindo da boca do cano. Porém Valérie não estava sangrando, embora o ombro estivesse doendo bastante.
_Maldição! Com tanta energia mágica aqui em Hogwarts, como foi que sua pistola funcionou? _ Valérie perguntou para Daniel.
_Entenda uma coisa, bruxinha malvada. Pistolas semi-automáticas não são aparelhos eletrônicos, portanto podem funcionar aqui em Hogwarts numa boa, sem apresentarem falhas de qualquer espécie, compreendeu? _ Daniel explicou, ainda apontando a pistola para Valérie _ E o Ministro Mafra nos avisou que poderiam acontecer coisas e que talvez precisássemos ajudar.
_Mas como é que ela foi atingida pelo seu disparo e não está sangrando, Daniel? _ Hermione perguntou _ Não me diga que você usou...
_Exatamente, Hermione. Balas de borracha. Não matam, mas doem para valer.
Porém, aproveitando-se de uma pequena distração, Valérie tentou mudar de aparência para escapar, mas não conseguiu.
_Eu inibi sua Metamorfomagia, Srta. Malfoy. Não poderá usá-la para tentar fugir. _ Dumbledore avisou.
_Bem, Diretor, se não vai de um jeito, vai de outro. _ e, antes que qualquer um pudesse reagir, Valérie moveu-se rapidamente e agarrou Janine, pressionando contra o pescoço da gauchinha uma garra metálica que revestia seu dedo indicador direito. A loira sorria, mais tranqüila _ Acho que ninguém por aqui deseja que aconteça alguma coisa com “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa", não é? Nem preciso dizer que esta garra está envenenada.
Janine olhou para Valérie e disse, com tranqüilidade:
_Com certeza, Valérie. Eu também não quero que nada aconteça comigo. Conhecendo você, essa garra deve estar impregnada de Fugu-no-Doku, a famosa Toxina de Baiacu. Um veneno Ninja bastante poderoso e de ação rápida. Bem, acho que já vou indo.
_Indo para onde, Janine? _ Valérie achou estranho o jeito da brasileira.
_Embora. Com licença.
_Está louca? Se minha garra arranhar sua pele, você estará morta. E eu não quero te matar sem necessidade.
_Bem, eu não posso ficar por aqui, brincando com você e perdendo meu precioso tempo. Tchau. _ e desvencilhou-se de Valérie, recebendo um pequeno arranhão no pescoço.
_JANINE! _ Marilise gritou, preocupada com sua filha.
_Calma, gente. Realmente, é Fugu-no-Doku, os efeitos são bem característicos e rápidos. Ainda bem que eu posso fazer algo. _ e retirou uma cápsula de um compartimento de seu cinto, engolindo-a com um gole de água _ Aah, agora está bem melhor.
_Você deveria estar morrendo! _ Valérie não acreditava no que via. Janine não parecia apresentar nenhum sinal de envenenamento _ Como é possível?
_Antídoto Universal em cápsulas, feito com pó de bezoar triturado, lágrimas de Fênix desidratadas e algumas coisinhas mais. Uma idéia da Mione, posta em prática pelo Prof. Snape e que neutraliza qualquer tipo de veneno. E agora, vamos prender a cobrinha de volta no cesto. _ e avançou para Valérie.
_Acha que pode comigo, Janine? Eu recebi o mais avançado treinamento que Midori-san podia me dar! E, ao contrário do avô, ela não dava a mínima para o Bushido ou seja, eu não terei escrúpulos em matar você em combate com minhas próprias mãos. _ disse Valérie, colocando-se em posição de combate.
_Vai sonhando, trevosinha! _ e Janine avançou para Valérie, que golpeou, mas não acertou nada. Janine utilizou o joelho da loira para tomar impulso e saltar por cima dela, aterrissando do outro lado e atingindo Valérie com uma seqüência de golpes fortes, duros e curtos, que lembravam um pouco o Krav-Magá, mas em uma versão mais agressiva e casca-grossa. Os golpes enfatizavam o uso dos cotovelos e punhos. Em poucos minutos Valérie, embora fosse uma boa combatente Ninja, era derrotada por aquele método de luta que ainda não conhecia. Ficou estirada no chão, enquanto Janine explicava:
_Eu estava fazendo surpresa disso. Treinei o método em segredo e pretendia ensinar aos Inseparáveis, mas não tivemos oportunidade.
_Com... com o q-que foi que você me atingiu, Janine? _ Valérie perguntou.
_Isso é uma técnica recente de combate corpo-a-corpo, Valérie. Chama-se “Método Keysi” e, como você pôde sentir, é bastante eficiente.
_E como! _ disse a francesa, começando a se levantar _ Bem, foi bom estar com vocês, mas preciso ir.
_CUIDADO!!! _ Janine gritou.
Valérie estava com uma bomba de fumaça oculta nos cabelos. Pegou-a e lançou-a no chão, produzindo uma espessa nuvem que a escondeu das vistas de todos. Quando a fumaça se dissipou, ela já não estava mais lá.
_Ela está fugindo! _ Neville exclamou.
_Inseparáveis, para o Saguão de Entrada! Prof. Dumbledore, feche magicamente as portas do castelo! _ Harry pediu ao Diretor.
_É para já, Harry! _ e Dumbledore ordenou que as portas de Hogwarts se fechassem.

No Saguão de Entrada, Valérie tirou uma varinha-reserva do cano de uma de suas botas Tabi e correu para a porta principal, tentando sair do castelo para os jardins (“Se eu conseguir chegar ao Salgueiro Lutador, estarei livre. Qualquer uma de minhas Chaves de Portal que estão escondidas na Casa dos Gritos poderá me levar para longe daqui”, a loira pensou). Mas foi frustrada no seu intento pois, ao aproximar-se da porta, ela fechou-se magicamente, uma tranca após a outra.
_Maldição! _ ela exclamou, vendo sua rota de fuga ser bloqueada. Voltando-se para os corredores que poderiam levar a outras saídas, viu que estavam bloqueados pelos Inseparáveis e pelos membros da Ordem da Fênix, todos eles de varinhas em punho, prontos para agirem.
Valérie estava em uma situação nada boa, mas ainda lhe restava uma carta na manga. E ela tratou de criar a oportunidade para usá-la. Vendo que a rota para as cozinhas encontrava-se guarnecida por Rony, lançou uma Shuriken na direção do ruivo que, facilmente, desviou a estrela (certamente envenenada) para longe com um Feitiço Escudo. Todas as atenções voltaram-se para aquele lado e ela aproveitou. Ocultou sua presença com outra bomba de fumaça e, quando a nuvem se dissipou, Janine e Luna mal tiveram tempo de avisar:
_Ela está subindo as escadas! Vamos atrás dela! _ Mas Valérie já tinha uma boa vantagem e estava prestes a alcançar o local que lhe interessava, o corredor do terceiro andar, a meio caminho da Torre da Grifinória. Lá havia uma outra rota de fuga, já preparada há meses. E Janine, que corria com toda a velocidade que o Bukujutsu lhe permitia, sabia qual era pois começou a ligar os fatos com o ocorrido na noite em que fora visitar Draco na ala hospitalar. Sim, a jovem brasileira sabia pelo que Venom, aliás Valérie, estava procurando. Ela tinha certeza do que era.
A passagem secreta para o porão da Dedosdemel, que começava na estátua de Gunhilda de Gorsemoor.
Quando Valérie alcançou o corredor e já podia ver a estátua da bruxa corcunda e de um olho só, responsável pela descoberta da cura para a Varíola de Dragão, supôs estar segura e prestes a concretizar sua fuga de Hogwarts com as outras Chaves de Portal que escondera no porão da Dedosdemel, para onde havia ido quando tentara envenenar Rony Weasley. Só supôs.
Mal a bela francesa deu três passos no corredor, houve um súbito clarão e, em seguida, uma escuridão completa (“Bomba-Black-Out”, pensou ela). E se aquilo era uma Bomba-Black-Out, ela já tinha uma idéia de quem a havia lançado e tentou rastrear o seu Ki.
Embora a escuridão fosse impenetrável, ela conseguia orientar-se. Mas não conseguia localizar Ki algum na área. Então sentiu um forte impacto no flanco esquerdo, ficando meio sem ar. Havia acabado de ser atingida por um Mawashi-Geri. Girou em torno de si própria, mas ainda não foi capaz de rastrear ninguém. Um puxão nos ombros e uma rasteira fizeram-na cair, constrangedoramente, sentada no chão e aquilo confirmava suas suspeitas: já sabia quem havia lançado a bomba.
Sentiu a momentânea explosão de seis Ki, simultaneamente, os quais estavam posicionados à sua volta e acabaram por desorientá-la um pouco. Logo em seguida os seis se apagaram.
_Eu sabia que só podiam ser vocês, “Honra e Amizade”! Não imaginam o quanto estão perto de terem uma morte horrível.
_Só se você conseguir nos pegar, bruxinha má! E isso está muuuito longe de acontecer! _ ouviu-se a voz de Tetsuken Musashi, que parecia vir de vários lugares ao mesmo tempo, utilizando uma antiga técnica Ninja.
Xingando-os em pensamento, Valérie notou que a escuridão da Bomba-Black-Out começava a se dissipar e também notou que pisava em algo estranho.
_BLUORCHT!!! _ a explosão úmida de um Casulo Instantâneo e a sensação de estar sendo envolvida pela espuma que se solidificava, enquanto o corredor começava a clarear misturavam-se à sua indignação por estar sendo feita de boba por seis pirralhos do primeiro ano. Ainda que dois deles fossem descendentes de Miyamoto Musashi.
_Vocês me pagam, sushizinhos, eu prometo! Ninguém brinca assim com Valérie St. Clair Malfoy e sai ileso!
_Não prometa o que não pode cumprir, Camembert do mal, jamais se esqueça disso. _ novamente ouviu-se a voz de Tetsuken _ E depois, sua abusada, te mostro onde está o sushizinho.
O corredor ia clareando e Valérie ia começando a ver as coisas à sua volta. Viu os seis “Honra e Amizade” dispostos pelo corredor, todos eles em trajes Ninja e com um detalhe a mais.
Todos eles usavam óculos Oakley Straight Jacket, com faiscantes lentes espelhadas.
_Então era isso. _ Valérie disse, enquanto se soltava do casulo, agora já quebradiço _ Esses óculos devem ter algo que lhes permitia ver no escuro e vocês só tiveram o trabalho de baixar o Ki. Estavam me vendo o tempo todo.
_É isso mesmo, Valérie. _ Amanda Wallace confirmou _ E você envergonha o nome dos bruxos, assassina!
_E, em breve, haverão mais seis no caderninho, enxerida! Você é que é uma vergonha para a Sonserina e Slytherin seria o primeiro a expulsá-la, se ainda estivesse vivo. Preparem-se para morrer! AVADA... _ mas não teve tempo para terminar de invocar a Maldição da Morte.
Uma sombra avermelhada passou à sua frente e ela viu que não tinha mais sua varinha nas mãos. Três metros adiante, ela estava na boca de uma raposa vermelha, uma raposa que ela já havia visto antes. Valérie reconheceu o animal por dois detalhes: olhos cinza-azulados e uma mecha de pêlo loiro na testa.
_Animal desgraçado! Me devolva a varinha! _ ela tirou um dardo do cinto e preparou-se para lançá-lo, quando algo aconteceu e ela ficou totalmente sem ação. A raposa começou a mudar de forma e a crescer, até que quem estava à sua frente, com a varinha na boca era...
_Draco! _ Valérie exclamou.
_PrquevcêachqmeuapldéFrfx?
_Como é? Repita!
_Por que você acha que o meu apelido é “Firefox”? _ Draco disse, após tirar a varinha da boca e mantê-la apontada para a prima _ Mantive você sob vigilância discreta durante a maior parte do ano, sempre que possível sob esta forma.
_Seu... seu traidor do sangue! Você é um Animago clandestino!
_A Animagia não é monitorável, assim como a Metamorfomagia também não é. Então é bem melhor mantê-la em segredo. Muito útil.
Valérie ainda tentou arremessar o dardo envenenado em Draco, mas não conseguiu. Jemail lançou nela um emaranhado de fios que logo apertou o corpo da loira, imobilizando-a.
_Não se mexa, Valérie. Esse é um Novelo Constritor da “Gemialidades Weasley” e quanto mais você se mexe, mais ele aperta. _ Jemail avisou e ela ficou quieta, rendendo-se. Estava terminado. A identidade de Venom havia sido revelada e ele, aliás ela, havia sido capturada.
Draco aproximou-se da prima, com uma cara bastante triste e disse:
_Você foi muito boa, Kunoichi, porém não o bastante. _ mesmo com tudo o que sua prima havia feito, ele ainda gostava bastante dela.

Os outros aproximaram-se e Janine perguntou:
_Naquela noite, Valérie, quando fui visitar Draco e a Profª McGonnagall me deu um passe de corredor, era você, não era? Agora me lembro do perfume que você usava: L’Eau D’Issey, de Issey Miyake, ligeiramente alterado pelo cheiro de tabaco, o mesmo que está usando agora. E a Profª McGonnagall usa Obsession, de Calvin Klein.
_Exato, Janine. E eu também assumi a aparência de Lorraine Smollett, da Corvinal. Baixei meu Ki o máximo que pude, para que você não desconfiasse. Como Lorraine fuma escondida, o cheiro não despertaria suspeitas. _ Valérie explicou o que houvera naquela noite _ Disfarçada com a aparência da Profª McGonnagall, pude vir até aqui e passar para o porão da Dedosdemel, através da passagem da estátua de Gunhilda de Gorsemoor. Lá escondi uma série de Chaves de Portal para facilitar minhas missões. Fiz o mesmo na Casa dos Gritos.
_Mantenham segredo sobre essas passagens, Jemail. _ Harry recomendou aos “Honra e Amizade _ Elas poderão ser úteis a vocês no futuro, assim como já nos foram muito úteis no passado. E como é que vocês sabiam que Valérie ia tentar escapar por aqui e, o mais importante, como é que souberam sobre Valérie e como armaram esse plano, deixando de ir embora no Expresso de Hogwarts?
_Bem, Harry, isso foi naquele dia em que Draco ficou na ala hospitalar, depois do jogo contra a Grifinória. _ Stuart começou a explicar.
_Sirius havia me contado sobre a passagem para a Dedosdemel, que começava na estátua de Gunhilda de Gorsemoor e resolvemos conferir, tendo “emprestado” as Capas de Invisibilidade, a de Draco e a sua, para irmos até lá. _ Jemail continuou, enquanto Ayesha fuzilava o marido com o olhar. Também iria sobrar para o garoto, depois que a poeira baixasse _ Então vimos quando Janine foi atrás de Valérie, no banheiro feminino. Nós também a havíamos visto entrar, mas não sair.
_Alors, depois que Paula, Diana e Lorraine despediram-se de Janine, nós vimos quando elas se separaram. _ disse Camille _ E aí vimos le chose plus estranha que já havíamos visto.
_Lorraine Smollett transfigurou-se em Minerva McGonnagall. Continuamos acompanhando-a, com o Ki o mais baixo possível, até que ela deu o passe a Janine e as duas foram cada uma para o seu lado. _ Amanda Wallace continuou a explicação de sua amiga _ Janine foi para a ala hospitalar visitar Draco e a outra foi até a estátua de Gunhilda. Tocou a corcunda com a varinha e disse: “Dissendium”! A passagem se abriu e ela entrou. Voltou cerca de uma hora depois e já não era mais a Profª McGonnagall e sim Valérie. Logo em seguida, transfigurou-se no Sr. Filch e foi embora.
_Ficamos bastante desconfiados daquilo e, na tarde em que houve o atentado contra Rony Weasley, eu a segui até Hogsmeade, pela passagem. Baixei o Ki o máximo que eu pude e, no porão da Dedosdemel, eu a vi assumir outra forma e subir. Como eu havia “emprestado” a Capa de Invisibilidade de Harry, fui atrás dela e a vi lançar uma Maldição Imperius em um dos funcionários de Madame Rosmerta, Taylor. Depois daquilo eu tive de voltar, para que não percebessem a minha saída. Fiquei esperando até que ela voltou e foi para a Sala Comunal da Sonserina. _ Heiko Musashi prosseguiu na explicação, seguida por Tetsuken.
_Começamos a investigar por conta própria, sem saber que Draco Malfoy também estava conduzindo uma investigação. Ainda não tínhamos certeza de que Valérie era Venom, até há alguns dias atrás, quando Jemail surpreendeu um pequeno trecho de uma conversa de sua mãe com Sirius.
_Ela especulava sobre que meios Draco utilizaria para desmascarar Venom durante o baile e foi então que liguei os fatos, estabelecendo a conexão com toda a certeza. Venom era, na realidade, Valérie Malfoy. Achei que devíamos fazer alguma coisa, para o caso dela tentar escapar de vocês, pois só nós tínhamos conhecimento de que ela sabia da passagem secreta da estátua de Gunhilda. Além disso, ela também poderia escapar pela passagem do Salgueiro Lutador e fugir para a Casa dos Gritos. Se bem que por ali seria muito mais difícil. _ Jemail explicou aos outros _ Se a saída dela para os jardins fosse impedida, como realmente foi, somente lhe restaria sair por aqui. Apostamos e estávamos certos.
_Mas eu vi vocês embarcarem no Expresso de Hogwarts, Jemail. Fiz questão de fazer isso porque tive um “flash” premonitório de que vocês iriam aprontar alguma coisa. Como voltaram? _ Ayesha perguntou.
_Bem, Sra. Black, se Harry e Draco forem verificar suas bagagens, verão que suas Capas de Invisibilidade não se encontram nos malões. Eu peguei a de Draco e Jemail pegou a de Harry. _ Amanda Wallace confessou _ Embarcamos juntos no Expresso de Hogwarts e, lá dentro, cobrimo-nos com as capas e saímos pelo outro lado. Entramos em um dos coches que estavam voltando para o castelo e ficamos escondidos em uma sala de aula, até a hora de agirmos. Tomamos posição e aguardamos a chegada de Valérie.
_Jemail aprendeu com Harry o Feitiço Infrarubra Thermosensora e Stuart já sabe fazer Feitiços Conjuratórios, embora seja algo para alunos de anos mais adiantados, difícil para nós, do primeiro ano. _ Camille continuou _ Ele conjurou os óculos e Jemail aplicou o Feitiço de Visão Noturna. Quando vimos Valérie entrar no corredor, eu lancei uma Bomba-Black-Out e ficamos em posição, com o Ki bem baixo e captando as emissões de calor dos objetos, de nós mesmos e dela.
_Atacávamos e nos afastávamos, utilizando várias técnicas Ninja, tipo várias explosões rápidas de Ki, simultaneamente e também o uso da “Voz-Que-Vem-De-Todos-Os-Lados”. _ Tetsuken disse _ E quando o efeito de escuridão estava se dissipando, espalhamos alguns Casulos Instantâneos e Valérie pisou em um deles. Quando o Casulo se rompeu, Jemail lançou um Novelo Constritor Weasley e ela ficou enroladinha, à espera de vocês (e o jovem japonês piscou disfarçadamente para Draco. Os Honra e Amizade não disseram nada sobre o fato de Draco Malfoy ser um Animago. Aquele seria um segredo entre eles).
_O plano de vocês deu certo, embora tenha sido bastante arriscado. A menor falha e algum de vocês poderia ter se machucado seriamente ou até mesmo morrido. Nenhum de vocês pensou nisso. _ disse Ayesha, entre agradecida e furiosa _ E quanto ao senhor, Sr. Jemail Zaidan Bin Laden, depois a gente conversa sobre essa sua tendência para se meter em encrencas e algumas influências Marotas que o senhor deve ter andado recebendo em casa e na escola (Sirius ficou vermelho como um tomate, ainda mais porque Ayesha piscou para ele e o beijou), embora eu acredite que isso tenha salvo suas vidas. A ajuda de vocês foi fundamental, meus queridos “Honra e Amizade”, pois sem a sua intervenção Valérie teria fugido e nós jamais a pegaríamos novamente.
_Vamos voltar para o Salão Principal. _ disse Dumbledore _ Os convidados devem estar preocupados e ainda teremos de chamar os Aurores, a fim de levarem a Srta. Malfoy para Azkaban. Embora ela seja menor, a gravidade dos seus delitos certamente irá condená-la a um longo período na ilha e ela irá aguardar seu julgamento presa. Estes valorosos jovens que passaram para o segundo ano de Hogwarts participarão conosco do restante do baile, até mesmo para que possamos ficar de olho neles (e Dumbledore piscou para os “Honra e Amizade”) _ todos riram.
Retornaram para o Salão Principal, com Valérie manietada com algemas inibidoras de magia, aguardando a chegada dos Aurores. Transfiguraram os trajes Ninja de todos nas vestes a rigor que estavam usando antes. Valérie continuou com o traje Ninja, após ter passado por uma revista que recolheu todas as suas armas. Antes da escolta de Aurores chegar, ela olhou para o Prof. Dumbledore e disse, baixinho para ele:
_Diretor, eu sei que os meus planos foram por água abaixo e que vou para Azkaban. Mas não vou me ferrar sozinha. Havia mais gente envolvida na Conspiração do Terror, pessoas de quem o senhor sequer desconfiaria. Inclusive, um dos principais “Toupeiras”, agentes do Lorde das Trevas infiltrados no Ministério, está aqui hoje. Aqui, neste baile.
_E quem seria, Srta. Malfoy? Poderíamos mesmo negociar com o Ministério uma redução da sua pena. _ Dumbledore estava curioso.
_Ele não é um Death Eater mas era bastante útil ao Lorde, pela posição que ocupava no Ministério, circulando com desenvoltura e tendo conhecimento de vários planos do Ministro Fudge. Quando Arthur Weasley foi indicado, sentiu que seu prestígio estava em declínio, pois a Ordem da Fênix estava agindo e as pressões sobre Fudge estavam perdendo o efeito. Ele foi o responsável pela facilitação do roubo dos Sensores de Atividades Mágicas portáteis do interior do Ministério (e Valérie começou a levantar a voz, enquanto um dos convidados começava a ficar estranhamente incomodado), informava à Ordem das Trevas os passos do Departamento de Execução das Leis da Magia e também foi responsável pelo atentado que vitimou Cornelius Fudge e Douglas Collingwood. O “Toupeira” do Lorde das Trevas no Ministério era... RUFUS SCRIMGEOUR!!!
Vendo-se descoberto, o Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia olhou para a jovem, furioso.
_Bruxinha sem-vergonha! Resolveu roer a corda para não se lascar sozinha, não é? Típico de um Malfoy, entregar alguém para salvar a própria pele. Mas não pense que vai se dar bem nessa, garotinha, pois vai desejar ter ficado quieta e ido sozinha para Azkaban. Pelo menos permaneceria viva. “AVADA...”
_ “TRAVALÍNGUA”!!! _ Amanda Wallace disparou seu feitiço e a língua de Rufus Scrimgeour grudou no céu da boca, impedindo-o de lançar a Maldição da Morte em Valérie.
_ “EXPELLIARMUS”!!! _ Harry também disparou o seu e a varinha de Scrimgeour voou de suas mãos. O bruxo tentou fugir correndo, apesar da pequena claudicação, resultante de ferimentos sofridos nas batalhas durante os anos como Auror. Mas não foi muito longe, pois colidiu com um braço. Só que não era um braço qualquer e Scrimgeour imediatamente foi a nocaute.
Era o braço de Rúbeo Hagrid. O bruxo meio-gigante apenas deixou o braço esticado no caminho de Scrimgeour e o espião ali ficou, como se tivesse sido estuporado.
Depois de reanimado e algemado, Scrimgeour ficou sentado em uma cadeira, ao lado de Valérie. Dumbledore perguntou:
_Por que, Rufus? Aliar-se a Voldemort e à Al-Qaeda. Ser um grande Auror, Chefe da Seção de Aurores e depois do Departamento de Execução das Leis da Magia não era o bastante?
_Não, não bastava, Dumbledore. Era para que eu fosse o indicado por Cornelius para a sucessão como Ministro da Magia.
_Como é? _ perguntou Arthur Weasley _ Você?
_Sim, Arthur. Haviam vários bruxos influentes que seriam beneficiados com a minha indicação, vários deles ligados ao Lorde. Esses grupos estavam pressionando Cornelius para que eu fosse o sucessor. Eu assumiria o Ministério e o Lorde das Trevas seria o verdadeiro poder por trás do trono, a eminência parda. Cornelius estava quase cedendo e iria me indicar, na reunião que convocou em primeiro de setembro. Mas não, Cornelius Oswald Fudge tinha que ter um súbito prurido de dignidade e honra. Para a minha total surpresa, ele indicou o homem de maior integridade, alguém que jamais cederia a pressão de espécie alguma, alguém cem por cento comprometido com a causa da Luz e cem por cento um homem de Dumbledore. Não poderia ser outro senão Arthur Weasley. Depois da reunião eu adverti Cornelius sobre as conseqüências de contrariar o Círculo. Não houve outro jeito senão providenciar o fim dele. O atentado cumpriu também uma outra finalidade, pois o Primeiro-Ministro trouxa, Tony Blair, viu-se privado de um de seus principais assessores de ligação com o mundo mágico, Douglas Spencer Collingwood.
_Você foi o responsável pela morte do meu pai? Maldito assassino! Espero que embolore em Azkaban para o resto de sua vida, Sr. Scrimgeour! Lá terá tudo aquilo que merece! _ Lauren Collingwood olhava para Rufus, indignada. O pai de Shanna lhes contara o quanto Douglas era estimado pela Bruxidade, como assessor de ligação do Primeiro-Ministro com o Ministério da Magia _ E para que? Para ser o homem de palha de Voldemort? Um status falso, uma glória vazia. Apenas aparência!
_A Srta. Collingwood está certa. _ Dumbledore afirmou, bastante sério e olhando direto para Rufus Scrimgeour _ Por que tudo isso, Rufus?
_Ora, Alvo, poder e fortuna, o que mais? Depois de anos e anos como Auror, o que foi que eu consegui? Apenas ferimentos graves, inclusive um que me deixou manco para o resto da vida, um irrisório Adicional de Invalidez Parcial e uma Chefia de Seção no Departamento de Execução das Leis da Magia que, com a indicação de Arthur, evoluiu apenas para uma Chefia de Departamento. Eu queria mais, Alvo! Que me importava ser subordinado a Você-Sabe-Quem? Para a Bruxidade EU SERIA O MINISTRO! E isso era tudo o que importava. Servir aos interesses do Lorde das Trevas e do Círculo seria um preço muito pequeno, comparado a essa posição. A Bruxidade sequer saberia que o Lorde das Trevas e o Círculo estariam dando as ordens, viveria feliz e pacificamente na ignorância, sem saber que o poder havia mudado de mãos. Mas Cornelius melou tudo e agora Arthur é o Ministro. Não há mais nada a fazer.
Dumbledore voltou-se para Valérie e perguntou:
_A conversa que tivemos no início do ano letivo não serviu para nada, Srta. Malfoy? Eu mencionei algo sobre o destino de alguém não ser totalmente predeterminado. Você é livre para traçar o seu caminho.
_Eu sei, Prof. Dumbledore. Mas não havia nada que eu pudesse fazer. É a “Natureza Malfoy”.
_Isso não significa nada, Srta. Malfoy. Eu pensei que a senhorita pudesse encontrar alguma resposta para suas dúvidas.
_Mas o senhor me forneceu as respostas, Prof. Dumbledore. Com a palavra “Timchel”, “Poderás”. Eu escolhi, assim como o Lorde, abraçar a causa das Trevas por minha vontade. Não foi fácil me manter firme nos meus objetivos, muitas vezes eu relutei e hesitei antes de cumprir as missões que o Lorde me havia delegado.
_E por que? _ Hermione perguntou.
_Porque eu estava começando a gostar de vocês, Hermione. Muitas vezes eu questionava a validade das minhas ações. Mas me lembrava de que sou uma Malfoy e seguia em frente, de acordo com o que deve ser esperado de um de nós.
_Não me venha com essa, Valérie. _ disse Draco _ Tio Jean-Marc contrariou essa crendice e eu também.
_Excusez moi, “Mon Petit Dragon”. Je ne suis pas ton fort comme tu est. Não resisti à promessa de poder do Caminho Negro. Agi como uma “Malfoy-Padrão” e não medi as conseqüências.
_Ainda havia tempo, Valérie. Você deveria ter confiado em alguém, algum de nós. _ Janine disse para ela _ Se você tivesse falado conosco, poderíamos protegê-la.
_Não, Janine, não havia mais tempo para isso. Eu me sentia importante, cumprindo aquela missão da tentativa de matar Gina e Harry com a Mamba Negra e quando envenenei a cerveja amanteigada de Rony, no Três Vassouras. Mas o ponto sem volta foi quando tirei diretamente a primeira vida.
_Slughorn? _ Ayesha perguntou.
_Não, Sra. Black. Foi quando Winky morreu. Não importava que fosse uma elfo doméstica, uma vida foi tirada por mim. Não dava mais para me arrepender, eu tinha de seguir em frente. Graças a isso, tive menos escrúpulos em assumir a forma de Madame Pomfrey e envenenar Slughorn com o Zagarashi-Yaku, mesmo porque era uma ordem direta do Lorde. Eliminá-lo para que ele não desse ao Prof. Dumbledore uma informação importantíssima.
_A terceira Horcrux. _ Harry comentou.
_Exatamente, Harry. Eu não sabia o que era, mas depois que vocês voltaram de Avalon, fiquei sabendo.
_Seu Ki oscilava entre o bem e o mal, Valérie. _ Luna estava curiosa em saber aquilo _ Era quando você hesitava?
_Sim, Luna. Era quando eu hesitava em cumprir as missões e também quando eu via que estava gostando de vocês e aquilo me colocava em conflito. Mas agora isso não importa mais. Bem, os Aurores estão chegando para levar Scrimgeour e a mim para Azkaban. Adeus, Inseparáveis, Prof. Dumbledore, Ordem da Fênix e demais convidados. Creio que vão demorar muitos anos para que nos vejamos de novo.
_Vamos intervir por uma redução de pena para você, Valérie, pela informação que nos levou a Scrimgeour. _ disse Arthur Weasley _ Ainda que você tenha tentado me envenenar.
_Vocês podem até não acreditar no que eu vou dizer, depois de eu ter demonstrado tanta raiva por haver sido privada daquilo que eu teria conseguido junto à Ordem das Trevas, mas ainda bem que falhei.
_Adeus, Valérie. _ Draco se despediu _ Apesar de tudo, você ainda é minha prima e sangue é mais espesso do que água.
_Merci beaucoup, “Mon Petit Dragon”. Au revoir. _ Valérie despediu-se e acompanhou os Aurores.

Depois que ela saiu, Hermione comentou com Dumbledore:
_Professor, notei que o Ki dela estava novamente oscilando.
_Sim, Hermione. Acredito que a Srta. Malfoy ainda tenha salvação.
_Assim espero, Diretor. _ Draco disse, meio entristecido _ Não é nada agradável ver alguém de quem você gosta de verdade perdida para as Trevas. Por mais que Valérie viesse de uma família trevosa, eu não imaginava que ela fosse se envolver de tal maneira. Mudando de assunto, como é que você lançou o “Travalíngua” no Sr. Scrimgeour com tanta perfeição, Amanda?
_Não foi a primeira vez que eu xeretei o seu malão, Draco. Já “emprestei” outras vezes a sua Capa de Invisibilidade e houveram algumas ocasiões nas quais li o Grimório do Príncipe Mestiço. Alguns feitiços eram bem interessantes, principalmente aquele. Nós os treinamos, sabendo que seriam úteis no futuro, como realmente foram. Conseguimos evitar que o Sr. Scrimgeour matasse sua prima.
_Muito obrigado, Amanda. Ainda bem que já nos formamos, ou teríamos de colocar Feitiços de Segurança bastante potentes nos malões e baús. Vamos voltar para o baile, pois a noite ainda não terminou e precisamos de alguma diversão para compensar o susto que tivemos.
_Tem razão, Draco. _ Mason comentou _ Vamos indo.

Blasius estava sentado a uma mesa, alheio à diversão que rolava, tendo uma dose de água de gilly à sua frente. De repente sentiu uma mão tocar suavemente seu ombro. Pensando que fosse sua irmã, ele levantou a cabeça e teve uma enorme surpresa ao ver que era Lauren Collingwood.
_Posso me sentar?
_Ma claro che si, bella signorina. Só não se importe se io não for una buona companhia.
_Não há problema algum, Blasius Zabini. Talvez eu também não esteja em um dos meus melhores dias.
_Compreendo o que quer dizer, Lauren Collingwood. E, por favor, me chame apenas de “Blasius”.
_Somente se você me chamar só de “Lauren”. _ disse ela, sentando-se.
_Sabe, cara mia, creio que não deve ter sido nada agradável saber quem foi o mandante da morte do seu pai e estar cara-a-cara com ele.
_Da mesma forma, Blasius, creio que você também teve uma grande decepção ao descobrir quem sua namorada era, na verdade.
_Aprendemos com as adversidades, cara mia. Por ela eu quase me entreguei às Trevas, se é que você sabe o que isso quer dizer.
_Sim, eu sei. Mesmo sendo trouxa, tomei conhecimento da Segunda Guerra Bruxa. E quando o pai de Shanna soube que eu e ela possuíamos acesso Nível 3 e que contamos a Janine sobre o seqüestro de Sirius e sua família, nos informou até onde podia. Mas eu acho, não sei por que razão, que ainda há alguma esperança para ela, eu sinto isso.
_Pode ser, Lauren, mas nunca mais será a mesma coisa. Io no podo piú cogitare de ter algo com ela novamente. Me magoou molto.
_Vai passar, Blasius. _ e Lauren Collingwood pousou sua mão sobre a de Blasius, que não a retirou _ Pode demorar para essa tristeza, essa mágoa se dissipar mas ela passará, eu garanto. _ O sonserino olhou para a jovem trouxa com seus olhos castanhos, iguais aos de sua irmã, Blaise. Sorriu para ela.
_E io credo che, com seu apoio, passará molto piú subito, cara mia. Dança comigo, Srta. Lauren Collingwood?
_Terei nisso o maior prazer, Sr. Blasius Zabini. Sinto que minha tristeza também passará mais rápido, principalmente tendo você por perto. _ Blasius ofereceu o braço a Lauren e os dois foram para a pista.

Shanna O’Rourke olhava para o casal que deslizava pelo salão, olhos nos olhos, contente com o que via. Sua amiga recuperava a alegria e conformava-se com a perda do pai. Distraída com seus pensamentos, levou um pequeno susto ao ouvir uma voz que dizia:
_Srta. O’Rourke, boa noite. Meu nome é Justin Finch-Fletchley e eu a estive observando desde o início do baile. A senhorita gostaria de dançar? _ Shanna voltou-se e deu de cara com um jovem bruxo alto, de cabelos escuros e cacheados, que não lhe pareceu estranho.
_Sim, Sr. Finch-Fletchley, eu gostaria muito.
_Por favor, me chame de “Justin”. É assim que as pessoas de quem gosto me chamam.
_Está bem, Justin. _ Shanna respondeu, corando levemente _ E as pessoas de quem gosto também me chamam pelo meu primeiro nome, “Shanna”. Você não me é estranho, Justin. Creio já tê-lo visto antes.
_Há mais de sete anos atrás, freqüentamos a mesma escola, durante o Ensino Fundamental, mas em turmas diferentes.
_Sim, lembro-me de que você recebeu duas cartas, uma de Eton e outra de uma outra escola. Era de Hogwarts?
_Exato, Shanna. Embora nascido trouxa, manifestei magia aos dez anos e recebi a carta de Hogwarts, além da visita de Dumbledore. E agora nos reencontramos. Sabe, isso me deixa muito contente. _ e foram para a pista.

Dançando com Marino, Blaise viu seu irmão bastante entretido com Lauren e comentou:
_Creio que Blasius irá superar rapidamente a decepção que teve com Valérie, Marino.
_Tem razão, Blaise. A companhia da Srta. Collingwood só lhe fará bem.
_Mais um passo em direção à harmonia. Espero que isso não pare por aí.

Aproveitando um momento em que Gina havia ido conversar com seus pais, Harry foi à mesa de Sirius e, vendo-o com uma cara meio preocupada, perguntou:
_O que houve, Sirius? Por que essa cara?
_É por causa de algo que Scrimgeour mencionou, Harry. Algo muito importante.
_O tal “Círculo”? O que é isso?
_Nem mesmo na Academia sabem disso, Harry. No momento, tudo o que posso dizer é que a maior parte da Bruxidade duvida da existência deles. É um grupo semelhante à Máfia trouxa, um Sindicato que controla o crime organizado entre os bruxos da mesma maneira que ela e, acreditamos, com ramificações no crime organizado trouxa. Embora não seja um braço da Ordem das Trevas, coexiste pacificamente com ela. Até mesmo Voldemort sabia que o apoio do Círculo era algo importante e vários bruxos das Trevas faziam parte dele. Enquanto a Ordem das Trevas queria dominar a Bruxidade, o Círculo regulava todo tipo de atividade ilícita entre os bruxos, tipo drogas, prostituição, extorsão, chantagem, corrupção em vários níveis, etc. Semelhante ao que ocorre entre os trouxas e, como eu já disse, também junto a eles. Por isso é que foi criada a divisão secreta dos Aurores Especiais Transfiguradores, da qual eu faço parte. Para todos os efeitos, nós não existimos e, mesmo entre os Aurores, trabalhamos com uns poucos elementos. Infelizmente o tal Círculo parece ser feito de fantasmas. É como se virasse fumaça quando estamos chegando perto. Harry, não diga nada sobre isso a ninguém, OK? Só lhe adiantei esses fatos porque sei que você é alguém de total confiança e que acabaremos trabalhando juntos, ainda que você não saiba. E não adiantará tentar rastrear meu Ki, pois eu aprendi a baixá-lo. Todos nós aprendemos. Bem, acho melhor você voltar para perto de Gina. Parece que As Esquisitonas vão apresentar aquela tal música inédita.

Myron Wagtail tomou do megafone mágico e disse:
_Agora, Hogwarts, em primeiríssima mão para vocês, a música que compusemos especialmente para homenagear esse grupo sem igual entre os jovens bruxos: “OS INSEPARÁVEIS”!!!
A banda começou a tocar e Wagtail soltou a voz:

_ “When the evil spreads its dark wings”
(Quando o mal estende suas escuras asas)
_ “All of us feel the chill, and we know what it brings”
(Todos nós sentimos o calafrio e sabemos o que ele traz)
_ “Darkness, sorrow, tears and pain”
(Trevas, mágoa, lágrimas e dor)
_ “But we must never forget the main”
(Mas nós devemos nunca nos esquecer do principal)
_ “Between the darkness, shines a flash of light”
(Entre as trevas brilha um relâmpago de luz)
_ “From some rare people who never give up of the fight”
(De algumas pessoas raras, que jamais desistem de lutar)
_ “They know that’s hard but they laugh of the danger”
(Eles sabem que é duro, mas riem do perigo)
_ “Fighting with sense of duty, never with hate or anger”
(Lutando com senso de dever, jamais com ódio ou raiva)
_ “Their fury is only for the enemies and it starts”
(Sua fúria é somente para os inimigos e ela começa)
_ “Everytime and everywhere exist the Dark Arts”
(A qualquer tempo e em qualquer lugar onde hajam Artes das Trevas)
_ “They’re so young, but their power is known as the words in a school blackboard”
(Eles são jovens, mas seu poder é conhecido como as palavras em um quadro-negro escolar)
_ “Yes, they defeated the Dark Lord”
(Sim, eles derrotaram o Lorde das Trevas)
_ “Natural heroes, from the Light side”
(Heróis naturais, do lado da Luz)
_ “Never excessively proud or permitting their chests become so wide”
(Nunca excessivamente orgulhosos ou permitindo que seus peitos se estufem demais)
_ “One with a scar, two with red hair”
(Um com uma cicatriz, dois com cabelos ruivos)
_ “Never retreat when the danger is in the air”
(Nunca recuam quando o perigo está no ar)
_ "One of them is a case apart"
(Uma deles é um caso à parte)
_ "Exceptionally brilliant and smart"
(Excepcionalmente brilhante e esperta)
_ “An ugly duck hides a swan”
(Um patinho feio esconde um cisne)
_ “And a boy becomes a man”
(E um garoto torna-se um homem)
_ “But that’s right he’s really a pigeon in love”
(Mas é certo que ele é realmente um pombo apaixonado)
_ “Having by his side a charming blonde dove”
(Tendo uma bela pombinha loira ao seu lado)
_ “Another boy doesn’t want the way that’s easy and wide”
(Um outro rapaz não quer um caminho que é fácil e largo)
_ “And a wonderful girl brings him all to the right side”
(E uma garota maravilhosa o traz inteiramente para o lado certo)
_ “They’re eight but, when they fight, they seem like a swarm”
(Eles são oito mas, quando lutam, parecem um enxame)”
_ “They’re strong, full of honor and have the power of an army”
(Eles são fortes, plenos de honra e têm o poder de um exército)
_ “Fair, wise, loyal, brave, friends and all the way unforgettable”
(Justos, sábios, leais, bravos, amigos e inesquecíveis de todas as maneiras)
_ “There’s no how you don’t love them. They are THE NON-SEPARABLE”!!!
(Não há como você não amá-los. Eles são OS INSEPARÁVEIS)!!!


A banda concluiu a música e os aplausos trovejaram pelo Salão Principal. Wagtail falou:
_Muito obrigado a todos vocês, que lutaram contra o maligno Lorde das Trevas e venceram, principalmente a esses oito incomparáveis jovens, Harry Potter, Gina Weasley, Hermione Granger, Rony Weasley, Draco Malfoy, Janine Sandoval, Luna Lovegood e Neville Longbottom. Uma singela homenagem das Esquisitonas a um grupo inesquecível. VIVA OS INSEPARÁVEIS E A ORDEM DA FÊNIX!!!
Todos os presentes acompanharam Myron Wagtail no brado.

Ao final do baile, os convidados despediam-se e retiravam-se para Hogsmeade, de onde partiriam para seus destinos. Quando chegou a hora dos Dursley irem, Duda despediu-se de Lilá Brown com um beijo apaixonado e perguntou para Harry:
_Primo, todos os seus anos de escola aqui em Hogwarts foram assim, tão agitados e perigosos?
_Duda, até que este último ano foi dos mais tranqüilos. _ Harry brincou com o primo _ Brincadeira, cara. Cada um deles foi especial, a seu modo.
_Você passou por perigos assim em todos os anos? _ Tia Petúnia perguntou, assustada.
_Sim, tia. Mas consegui sair vivo e inteiro, graças aos meus amigos. Creio que agora, sem Voldemort e com Venom preso em Azkaban, as coisas serão melhores. A Bruxidade vai experimentar um período de paz e avançar a passos largos na direção da harmonia com os trouxas.
_Assim espero, Harry. _ disse Tio Valter _ Sabe, depois de passar tantos anos tendo aquele preconceito contra a magia e os bruxos, vejo que são como nós, trouxas. Existe gente boa e gente ruim, não há diferença. Bem, nós vamos indo. Aparatem em Little Whinging sempre que quiserem.
_Mandaremos corujas. _ responderam os bruxos _ Boa noite e boa viagem de volta.
Os Dursley tomaram um coche para Hogsmeade e Harry comentou com os amigos:
_Nunca pensei que viveria para ver isso. Se os Dursley aceitaram a convivência com os bruxos, isso é um sinal de que a harmonia com os trouxas está cada vez mais próxima. Um brinde a isso. _ e ergueu seu copo _ Que assim seja.
_QUE ASSIM SEJA!!! _ responderam todos os outros.


O barco entrou pela caverna do rochedo, até chegar ao ancoradouro. Valérie Malfoy desembarcou, acompanhada por Rufus Scrimgeour, ambos escoltados por uma patrulha de Aurores. Ouviram-se passos claudicantes e uma voz áspera:
_Rufus, eu não esperava isso de você. E nem da senhorita, mesmo sendo uma Malfoy. Sejam bem-vindos à Ilha-Prisão de Azkaban. Seu lar, por um longo tempo.
O homem levantou a lanterna e os dois prisioneiros viram o rosto cheio de cicatrizes de...
_Alastor Moody! _ ambos exclamaram.
_Sim, gente. O Diretor do Presídio de Azkaban, pelos próximos dois anos. Mas eu sairei daqui beeem antes de vocês. _ e deu um sorriso rosnado _ Os braceletes e os colares inibem Animagia, Metamorfomagia e outras formas mágicas de camuflagem. Se tentarem utilizar objetos mágicos para tentarem escapar, poderão explodir. Há um código mágico em cada colar, igual a apenas um outro e nem mesmo eu sei quem é o par de quem. Se alguém tentar fugir nadando, o par de colares explodirá, caso o prisioneiro afaste-se mais de cinqüenta metros da praia. Como podem ver, todos vocês são os maiores interessados em que não hajam tentativas de fuga. Agora serão conduzidos às suas celas. Amanhã saberão de suas tarefas. Srta. Malfoy, há alguém que deseja vê-la. Como ele tem se comportado muito bem, fizemos essa pequena concessão.
Uma porta se abriu e por ela entrou um homem alto e magro, de porte nobre e orgulhoso que nem mesmo o uniforme de presidiário conseguia apagar.
_Tio Lucius! _ Valérie exclamou, espantada e abraçou o tio.
_Calma, minha sobrinha. Seja discreta nas manifestações de afeto, como convém a uma Malfoy.
_O Lorde das Trevas está morto, Tio Lucius.
_Je sais, ma petite. Eu senti a Marca queimar quando desapareceu. Como foi?
_Ele cometeu Seppuku, para não ser preso e Harry Potter foi o seu assistente. Isso significa que a Ordem das Trevas está, mais uma vez, sem líder.
_Oui, ma chérie. Mas isso era algo com o que ele mesmo contava. E ele tinha planos para que a Ordem pudesse ressurgir e, novamente, crescer. Mesmo sem ele.
_E agora parece que é isso mesmo que vai acontecer, Tio Lucius.
_Mas não precisa ser inteiramente como ele esperava que fosse.
_Alors agora somos só nós, tio.
_Por enquanto, minha sobrinha. Apenas por enquanto. Podem prender o corpo de Lucius Malfoy, mas nunca sua mente. Et tu, ma chérie, sabe muito bem o que terá de fazer. Agora me dê um abraço, querida sobrinha. Não a vejo há anos. Como você cresceu e ficou linda!
Valérie St. Clair Malfoy abraçou o tio, com uma expressão estranha no olhar. Mesmo que o seu Ki ainda oscilasse, indeciso entre o bem e o mal, ela sabia o que deveria fazer. E o momento certo de fazê-lo iria chegar. Não havia razão para pressa.

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