Sonhos Estranhos e Picadas de



CAPÍTULO 16

SONHOS ESTRANHOS E PICADAS DE COBRA






Os dias sucediam-se no mês de março e o dia da partida de Quadribol Grifinória x Corvinal aproximava-se cada vez mais, bem como a data da posse do novo Ministro da Magia, Arthur Weasley, no dia do Equinócio de Primavera. A soma de todas essas atividades e obrigações, tais como treinos, estudos, sessões da AD e exercícios não deixava tempo para mais nada e, por todos esses motivos, Harry e Gina interromperam os “passeios românticos”, o mesmo acontecendo com Rony. Ainda bem que Hermione mostrava-se bastante compreensiva, pois ela sabia da importância que o Quadribol tinha para o noivo. Da mesma forma, Harry e Gina também tinham consciência de suas responsabilidades esportivas.
Mas uma noite a saudade falou mais alto e Gina chamou Harry para que pudessem ficar a sós e namorar com tranqüilidade. Depois de momentos apaixonados e de um delicioso banho de ofurô, os dois retornaram para a Torre da Grifinória relaxados e com sono, mas nem tanto que Harry não se lembrasse de verificar se não havia nada estranho em sua cama e isso foi a sua sorte, pois encontrou dois Casulos Instantâneos escondidos debaixo do lençol.
_Ponto para mim, “Honra e Amizade”. _ Harry murmurou, guardando os Casulos na gaveta de sua mesinha de cabeceira. Depois encontraria utilidade para eles. Avisou Gina, através de telepatia, para que verificasse sua cama. Mas sua noiva já havia feito isso, também encontrando dois Casulos Instantâneos os quais guardou e depois avisou a ele.
Dean Thomas não teve a mesma sorte pois, após voltar de um encontro com Martinette, deitou-se direto. Logo ouviu-se o “BLUORCHT!!!” vindo da cama do jovem e, em seguida, meio bocejado:
_MUSASHI & CIA! _ e, logo após, os roncos de Thomas. O Casulo Instantâneo rompeu-se na primeira virada que ele deu na cama.
Harry sorriu, pensando: “Caracas, Dean deve estar beemmm cansado, para nem se importar com a pegadinha. Martinette precisa ter um pouco de pena do coitado”. Logo em seguida também fechou os olhos e dormiu, tendo um sonho bastante estranho e detalhado.

No dia seguinte, um domingo, Harry Potter despertou antes do nascer do sol e, logo ao clarear, estava parado em frente à gárgula que guarnecia a entrada do Gabinete do Diretor. “Talvez até possa ser muito cedo, mas o Prof. Dumbledore precisa saber dos detalhes desse meu sonho”, ele pensou. O problema era que ele não tinha conhecimento da senha, apenas sabendo que Dumbledore gostava de usar nomes de doces, tanto bruxos quanto trouxas. Então começou a dizer aqueles dos quais se lembrava:
_ “Delícia Gasosa; Chicle de Baba e Bola; Lesma Gelatinosa; Sapo de Chocolate; Acidinhas; Vapts de Alcaçuz; Pena de Açúcar; Sorvete de Limão, Mousse de Menta; Quindim de Nozes; Bananas Carameladas, Cocadas Baianas, Figos Cristalizados, Pastéis de Santa Clara...” _ mas a gárgula não se movia. Foi aí que Harry lembrou-se de uma conversa entre Dumbledore e Janine, há alguns dias atrás, na qual comentavam sobre um certo doce brasileiro de amendoim, do qual um dos melhores era feito em uma cidadezinha do sul do estado de Minas Gerais. E resolveu arriscar e tentar mais aquele _ “Pés-de-Moleque de Piranguinho!” _ a gárgula afastou-se e a escada em espiral começou a subir. Chegando à porta de madeira maciça do gabinete ela abriu-se e Dumbledore, em pessoa, apareceu:
_Harry, o que traz você até aqui em um domingo de manhã? Quando a gárgula liberou a passagem eu fui avisado. Há alguma coisa que você queira me dizer ou perguntar?
_Sim, Prof. Dumbledore. Pode até parecer bobagem, mas eu queria lhe falar sobre um sonho que eu tive esta noite. Normalmente eu não daria muita importância mas eu sei, por experiência própria, que um sonho pode ser muito mais . Principalmente pelo fato de eu dividir certas lembranças do passado de Voldemort, que estão no meu subconsciente. Então eu gostaria de lhe contar como foi.
_Melhor do que isso, Harry. Poderemos vivenciar esse sonho como espectadores. Um sonho, assim como uma lembrança, também pode ser colocado na Penseira. Convido-o a dividi-lo comigo.
_Com prazer, Prof. Dumbledore. _ Harry pegou sua varinha de azevinho com cerne de pena de Fênix e tocou sua própria têmpora, puxando-a em seguida, suavemente. Um brilhante fio prateado saiu preso à varinha, sendo lançado na Penseira de Dumbledore, logo em seguida.
_Vamos, Harry. Assistiremos ao que você sonhou, como se fosse um filme colorido à nossa volta. _ tocaram a superfície da Penseira e, no mesmo instante, estavam mergulhando no sonho de Harry, chegando ao seu momento inicial.

Era um dia quente e seco e o local era um deserto ora arenoso, ora pedregoso. O vento soprava, em rajadas que levantavam pequenas nuvens de pó. Uma estrada levava a uma cidade com altos muros de pedra e várias portas, por uma das quais saía uma caravana, rumo ao deserto, escoltada por uma centúria romana. Outra centúria chegava, marchando em formação, para substituir a que deixava a guarnição. A cidade chamava-se... Jerusalém.
A caravana deslocava-se lentamente em direção ao Norte, no rumo do porto de Antioquia, na Cilícia (atual Turquia). Assim que os muros de Jerusalém sumiram de vista o sonho avançou vários dias, até chegarem à última noite da viagem, próximo de Antioquia. No acampamanto, a cena que se desenrolava ao redor de Dumbledore e Harry passava-se no interior de uma tenda, onde um casal conversava, enquanto um garoto de cerca de uns dois anos dormia, em um berço improvisado.
_Amanhã estaremos chegando a Antioquia. _ disse o homem.
_Sim. _ disse a mulher _ Mas ainda não entendo por que viemos por terra. Poderíamos vir de barco desde Haifa ou mesmo Jaffa, que é mais próxima de Jerusalém.
_Ficaria óbvio demais. Ninguém pensaria em nos procurar ou melhor, procurar você pelo caminho mais longo e difícil. Ainda mais que estamos sendo escoltados por legionários romanos. Tenho pena de quem quer que se atreva a atacar esta caravana.
_Os romanos de nada suspeitam. Mesmo porque o movimento de difusão da mensagem Dele ainda não chama a atenção do Imperador. Embora eu creia que os Apóstolos serão perseguidos, em um futuro próximo.
_Entendo o que você quer dizer. _ disse ele _ Uma mensagem como essa, enfatizando a crença em um único Deus de amor, totalmente diverso da galeria politeísta romana, com Júpiter, Juno, Marte, Vênus, Apolo, Diana e outros mais, abalaria os alicerces de tudo o que eles acreditam e o Imperador certamente iria considerá-los uma ameaça ao poder de Roma, sem contar que o próprio Imperador considera-se uma personalidade divina.
_E eu tenho certeza de que alguns iriam passar essa mensagem de uma maneira um pouco... radical e extremista demais.
_Acho que sei a quem você se refere. Está magoada com ele?
_Não, de forma alguma. O Rabi me ensinou a jamais guardar mágoas ou rancores no coração.
_Ele nunca concordou com a sua presença no grupo e, muito menos, com a sua proximidade com o Rabi.
_Pedro jamais gostou de mim, não sei por que ou melhor, até sei. Ele me considerava uma ameaça à sua liderança e sempre deixou isso bastante claro, bem como também fazia questão de afirmar que o núcleo de difusão da Mensagem deveria ser exclusivamente masculino.
_Pedro sempre foi meio misógino. Ele não acredita nas capacidades das mulheres. Além disso, nunca acreditou que o feminino fosse algo sagrado. Age como a maior parte dos homens de nossa atual sociedade, considerando a mulher como pouco mais do que uma coisa, inferior ao homem em tudo. Algo com o que eu discordo, da forma mais veemente possível.
_Você é um em um milhão. Poucos fariam por qualquer pessoa, mesmo por Ele, o que você fez. Oferecer-Lhe um jazigo decente no sepulcro que adquiriu para você mesmo. Uma mortalha de linho de Palmira, o preparo do Seu corpo com as essências mais preciosas... se dependesse de outros, Ele teria recebido, no máximo, cova rasa. Aliás, que coisa estranha aquilo que houve com o tecido da mortalha Dele. Aquele desenho que ficou impresso, junto com as manchas de sangue e as marcas das essências. Pena que a Mortalha se perdeu. Seria uma prova palpável dos Seus milagres e uma relíquia.
_Acho que é melhor assim. Seria um motivo a mais para que os esbirros do Sinédrio os perseguissem a mando de Caifás ou Anás, bem como chamaria a atenção dos romanos antes da hora. Pilatos ficaria mais louco do que já é se soubesse da existência da Mortalha. Melhor garantirmos que o Procurador da Judéia continue a dormir com tranqüilidade. E este é um dos motivos pelos quais estamos deixando Jerusalém, a Judéia e mesmo a Ásia Menor. Principalmente pela sua segurança e pela do seu filho. Embora eu tenha certeza de que aquela Mortalha irá ressurgir e que, no futuro, a História lhe fará justiça.
_E para onde iremos, a partir de Antioquia? Primeiro pensei em irmos para minha cidade natal mas, pensando bem, seria o primeiro lugar onde nos procurariam.
_Tem razão. Magdala seria o lugar menos seguro para nós. Se tivéssemos ido para lá, nem eu nem você e muito menos o seu filho estaríamos vivos a esta altura, o mesmo acontecendo se tivéssemos nos escondido em Arimatéia.
_Mas eu acho que não há segurança para nenhum de nós por aqui. O que nos traz de volta à minha pergunta: para onde iremos?
_Para alguma província romana bem distante, na qual possamos ser convenientemente esquecidos e você possa criar o seu filho com tranqüilidade. E já tenho um lugar em mente.
_Qual?
_Eu pensei em irmos para as Gálias. Existem locais, principalmente na Armórica, que seriam perfeitos. Principalmente porque, eu soube, lá existem pessoas difundindo a Mensagem e parece que os povos também crêem no Sagrado Feminino. Não se deixaram impressionar por uma visão exclusivamente masculina da Doutrina. Além disso os Druidas Gauleses partilham da nossa visão, pois a Mensagem coincide com o que eles acreditam, em muitíssimos aspectos. No fundo todas as divindades são uma só e o masculino não existe sem o feminino, que o completa.
_E era isso que Pedro não queria admitir. Eu resolvi ceder e me afastar, a fim de não criar uma ruptura no movimento de difusão da Mensagem e um cisma entre os Apóstolos, logo no início.
_Mas você possuía muito mais importância entre os Apóstolos do que deixava transparecer. A maioria das pessoas tinha você em conta ora de uma prostituta, ora de uma mulher rica que apenas financiava o movimento e fazia o provimento de recursos para os Apóstolos. Aliás, de onde saiu essa história de cortesã?
_Disto aqui. _ e, tirando o manto que cobria sua cabeça, mostrou os cabelos, que estavam retornando à verdadeira cor.
_Você os pinta?
_Pintava, de negro. Esta é a sua cor natural, assim como a dos de meu filho, os quais também tinjo para que não desconfiem. E por onde entraremos nas Gálias?
_O navio partirá de Antioquia e irá para Massília. De lá, iremos para a Armórica de carroça, fazendo uma escala em Lutécia, onde tenho alguns amigos. Também tenho amigos em várias outras cidades, tais como Condate, Rotomagus, Brivates Portus, Lugdunum, Camaracum, Burdigala e várias outras. Em qualquer um desses lugares você poderia viver em paz. E, se necessário for, ainda poderemos atravessar o Mare Britanicum e irmos para a Britânia ou até mesmo para a Caledônia. Também tenho amigos em Londinium, Durovernum e Camulodunum.
_Sempre é bom ter alternativas para considerar. E, de certa forma, Pedro me fez um favor.
_???
_Ao me desalojar do grupo, ele fez com que eu deixasse de ser uma presa importante para o Sinédrio ou para Pilatos.
_Isso até que começaram a ventilar por aí que você havia dado à luz a uma criança.
_Sim. E meu filho seria adorado por muitos e perseguido por outros, em muito maior número. Você sabe muito bem que eu não quero isso e sim viver tranqüilamente, difundindo a Mensagem da maneira como Ele me pediu que eu o fizesse. Por sorte consegui passar os últimos dois anos me escondendo. Mas eu não teria conseguido sem a sua ajuda.
_Era o mínimo que eu poderia ter feito. Sempre fui amigo Dele e não poderia, de modo algum, negar-me a fazer tudo ao meu alcance para ajudar a alguém que significava tanto para Ele. Agora é melhor repousarmos, pois amanhã estaremos em Antioquia e, depois, ainda teremos uma longa viagem pelo Mar Interior, até que cheguemos às Gálias.

O sonho avançou alguns anos. O casal já havia chegado às Gálias e instalara-se em uma aldeia na Armórica, próximo ao mar. O garoto já estava grande e brincava, junto a outras crianças. A cor dos seus cabelos, assim como a dos da mãe, poderia confundi-los como naturais da Caledônia, oriundos das tribos dos Escotos, o que não despertava suspeitas. A mãe participava dos trabalhos de lavoura, fiação e tecelagem com as outras e, além disso, difundia a Mensagem, mas de forma completa, com a valorização do Sagrado Feminino, algo que já fazia parte da crença local. As lições de paz, amor, respeito ao próximo e de valorização de alguém pelos seus atos em vez de pelas suas origens ou pelo seu sexo, eram passadas adiante e levadas a sério.
Como acontece com todo ser vivo, chegou o momento daquela mulher deixar esta vida, o que ela fez com a consciência de que fizera bem tudo aquilo que deveria fazer. Seu filho já era um homem feito e também já tinha os seus filhos. O amigo que providenciara sua viagem para as Gálias também já se fora. Antes de passarem para outro plano de existência, ambos contaram ao rapaz a história de suas origens, rogando para que mantivesse o segredo, que também era protegido por um fiel grupo que tomara para si a responsabilidade de sua segurança e da de seus descendentes. Seus restos mortais foram sepultados não ali, mas em Lutécia, em um local apenas por eles sabido.

Os anos se passaram e transformaram-se em séculos. Roma havia sido invadida pelos bárbaros de Odoacro, marcando o início do período conhecido como Idade Média. Nesse passar de tempo, mais ou menos no ano 451, Aetio necessitou de ajuda das tribos Francas, tendo acorrido várias em seu socorro, inclusive e principalmente um líder, um rei chamado... Meroveu.
Iniciou-se, então uma dinastia de reis, chamados Merovíngios, que reinou até ser deposta por outra, denominada Carolíngia. Por volta de 638/640, Jerusalém foi tomada pelos Árabes, mas a peregrinação cristã aos lugares santos não foi impedida até que, em 1078, os Turcos Seljúcidas tomaram toda a Palestina, perseguindo os cristãos e ensejando o início de expedições visando a retomada de Jerusalém, conhecidas como Cruzadas. Na segunda delas, ocorrida em 1147, havia a presença de uma Ordem de Cavaleiros muito especial que usava, sobre suas armaduras, vestes brancas com cruzes vermelhas, conhecida como “Os Templários”.
Durante esse tempo, os restos mortais da mulher eram sempre mudados de localização e o grupo que protegia sua descendência havia crescido, tornando-se uma divisão da Grande Fraternidade Branca, que procurava levar a humanidade por um caminho de evolução e elevação espiritual combatendo o mal, representado pela Sociedade das Sombras, também conhecida pelo nome de Ordem das Trevas, em todas as suas formas. Os próprios Templários faziam parte dela. Essa divisão, que tinha o status de uma Ordem, adotara como símbolo uma cruz helvética, de braços iguais, com uma rosa no seu centro e ladeada pelas letras “P” e “S”.
Os séculos foram passando, a Ordem Templária foi dissolvida e seus líderes, principalmente Jacques DeMolay, executados devido à traição e inveja do rei Filipe, o Belo, Nogaret e do Papa Clemente V e os remanescentes fugiram, com ordens de não permitir que seus tesouros e segredos caíssem em mãos erradas. Juntamente com eles seguiram os guardiões dos restos e da descendência da mulher, novamente removendo seus restos do lugar no qual se encontravam e levando-os, desta vez para um lugar onde as mãos de pessoas mal-intencionadas jamais poderiam tocá-los. Parte do tesouro dos Templários foi levada para o mesmo lugar, enquanto que outras partes foram transportadas para lugares semelhantes. Persistia, portanto, a missão de proteger os descendentes dela. E assim a tarefa foi passada de geração em geração aos membros daquela Ordem, sob a direção de seus Grão-Mestres. Tal missão atravessou a Renascença, as Navegações, o Século das Luzes, a Revolução Francesa, as Guerras Napoleônicas, a Era Vitoriana, duas Guerras Mundiais, a Guerra Fria, outras guerras, revoluções e conflitos regionais e as várias mudanças de panorama político-social do mundo, sem jamais desviar-se do seu objetivo.
O local para onde os restos mortais dela haviam sido transportados era tranqüilo, sereno e protegido, onde todos dedicavam-se ao culto básico antigo, valorizando igualmente o Masculino e o Feminino. Lá ela finalmente descansava em paz, sua urna funerária respeitosamente depositada em uma câmara simples e digna, junto de parte do Tesouro dos Templários e também de vários outros objetos que Harry não reconhecia, mas que supunha tratarem-se de segredos, zelosamente guardados, até que deles pudesse ser dado conhecimento ao mundo.

Nesse ponto o sonho terminou. Harry e Dumbledore retornaram e viram-se fora da Penseira, no Gabinete do Diretor.
_O que o senhor achou desse sonho, Prof. Dumbledore? Em outros tempos eu não daria importância mas, tantas coisas já aconteceram comigo relacionadas a sonhos, ainda mais com tantos detalhes, que eu não poderia deixar de vir contá-lo ao senhor. Principalmente pela ligação mental que eu e Voldemort partilhamos, não posso deixar de crer que isso possa ter algo a ver com o que ele possa estar planejando.
_Talvez, Harry, talvez. Um sonho pode tanto ser uma reconstituição de fatos do passado, quanto ser uma manifestação de nossos mais profundos desejos ou ainda ser apenas e tão somente um sonho. Por enquanto acho melhor e mais prudente que você não comente esse seu sonho com ninguém, nem mesmo com Gina. Vou consultar todas as fontes de informação de que eu disponho e, quando eu tiver algo de concreto, irei informá-lo, eu prometo.
_Aquele casal que conversava no início do sonho, Prof. Dumbledore, por acaso seriam quem eu estou pensando?
_Creio que sim, Harry. Prometa-me que, se tiver outros sonhos desse tipo, não comentará com ninguém e virá direto me contar, seja a que horas do dia ou da noite for. Posso contar com você?
_Prometo, Prof. Dumbledore. Bom dia. _ e Harry Potter saiu do gabinete do Diretor.
_Bom dia, Harry. _ disse Dumbledore, em resposta.
Harry voltava para a Sala Comunal da Grifinória, pensando nas palavras do Diretor (“Por que será que eu não consigo deixar de pensar que o Prof. Dumbledore não está me dizendo tudo o que sabe? Bem, confiar nele nunca me fez mal, como chegou a me dizer o ancestral de Sirius, Phineas Nigellus, através de seu retrato, quando eu estava no quinto ano”). Chegou em frente ao retrato da Mulher Gorda e disse:
_ “Aproveitamento do Êxito”. _ o retrato abriu-se e Harry entrou pelo corredor, em direção à Sala Comunal. Lá chegando, sentou-se em uma das largas poltronas em frente à lareira. Pôs-se a refletir sobre o seu sonho e sobre as palavras de Dumbledore. De repente, ouviu a voz de Gina Weasley em sua mente:
_ “Já acordado, meu amor?”
_ “Sim, Gina. Perdi o sono meio cedo”.
_ “Está me escondendo algo, minha vassourinha descabelada. Sinto sua mente bloqueada”.
_ “É a pedido de Dumbledore, minha pequena leoa. Tive um sonho que ele não quer que eu comente com ninguém”.
_ “Bem, vamos respeitar a vontade de Dumbledore, Harry. Até hoje isso nunca nos pôs em má situação. Ele lhe disse o que deveria fazer, caso tivesse outros sonhos”?
_ “Sim. Manter segredo sobre eles, evitando de contar a quem quer que fosse, inclusive a você. E que deveria procurá-lo, imediatamente, não importando a hora que fosse”.
_ “Eu já imaginava. Bem, é o melhor a ser feito. Daqui a pouco eu desço para lhe dar um beijo, meu querido. Me espere”.
_ “Não sairei daqui, minha querida. Estou te esperando. Vem logo”.
Dali a pouco Gina estava descendo as escadas do dormitório feminino e indo ao encontro de Harry. Beijou seu noivo e foram para o Salão Principal, tomar o café da manhã.

Depois do café, Harry e Gina estavam no pórtico, lendo uma carta que ele havia recebido de Little Whinging. Lilá Brown estava com eles e também havia recebido uma. Eram de Duda.
_Vejam só. _ Harry comentou _ Duda ganhou mais uma competição de atletismo, em nível nacional. Desse jeito nenhuma universidade irá recusar seu currículo após a formatura, principalmente porque ele pretende fazer a Faculdade de Educação Física.
_Pena ele não ser bruxo. _ disse Gina _ poderia se dar muito bem no Quadribol.
_É verdade, Gina. _ Lilá concordou. _ Ele tem perfil de Batedor, com aquele porte físico.
_Eu é que não queria estar na frente de um balaço rebatido por ele, durante um jogo. _ disse Harry _ Aquele cara tem uma força e tanto. Quando os Dursley ainda tinham preconceitos contra a magia, Duda e eu vivíamos nos hostilizando e eu procurava ficar o mais longe possível dos punhos dele, principalmente depois que ele começou a praticar boxe. Mas, quando eu estava no quinto ano, ele acabou me acertando uma vez. Pensei que tivesse ficado com alguma coisa solta dentro da cabeça e vi todas as constelações do Hemisfério Norte naquela hora, além de algumas do Hemisfério Sul, que não podem ser vistas daqui e olha que não haviam estrelas no céu naquela hora, embora fosse verão.
_Como assim? _ Lilá perguntou.
_Lembram-se de que aquela sapa da Umbridge mandou dois dementadores atrás de mim? Duda estava comigo quando eles me atacaram, causando todos aqueles efeitos no ambiente, tipo frio, escuridão, sensação de infelicidade, angústia e depressão, tudo aquilo. Ele não entendeu e pensou que eu o tivesse enfeitiçado.
_É mesmo. _ Lilá lembrou-se dos fatos daquele ano, quando houve a campanha para desacreditar Harry, a criação da AD e a batalha no Ministério, quando a Bruxidade teve de reconhecer que Lord Voldemort havia voltado e quando Sirius Black fora parar no Mundo do Além _ E o que houve com Dolores Umbridge? Ela foi destituída do cargo, eu soube. Mas chegou a ser demitida do Ministério?
_Não, Lilá. _ Gina respondeu _ Mas foi pior do que se tivesse sido.
_???
_Foi rebaixada para a chefia do Departamento de Serviços Gerais.
_Limpeza e faxina. _ comentou Draco, que estava chegando com Janine e mais o restante dos Inseparáveis _ Um destino humilhante para quem era Subsecretária Sênior do Ministro.
_Se bem que ela te adorava, Draco. _ Hermione disse, com um sorriso.
_Baita baba-ovo, é o que ela era. _ respondeu o sonserino, rindo junto com a amiga _ Chegou ao cargo puxando o saco das pessoas certas, inclusive do Fudge. E ela dizia gostar de mim mas ficava atenta para a influência que o meu pai tinha no Ministério, naquela época. Mas, agora que a fonte secou, ela está descobrindo que as vassouras possuem outra utilidade, além de voar.
Risos gerais seguiram-se ao comentário de Draco Malfoy. Realmente, Dolores Jane Umbridge havia levado uma tremenda lição de humildade.

Luna e Neville haviam, finalmente, concluído a leitura de “O Código Da Vinci”, tendo ficado impressionados pela maneira com que a narrativa havia sido conduzida. Principalmente porque, na conclusão, tudo terminara onde havia começado, no Museu do Louvre. Mas não disseram nada, pois emprestariam o livro a Gina, que ainda não conhecia a história e queria manter o suspense, antes de terminar de ler e passá-lo para Harry, que iria lê-lo depois dos N.I.E.Ms. Se bem que ainda tinham outras coisas com que se preocupar: o jogo contra a Corvinal e, mais importante, a promessa que todos os Inseparáveis haviam feito a Dobby, que era a missão de desmascararem Venom e levá-lo à Justiça Bruxa. Mas aquilo estava parecendo um tanto difícil, pois tinham pouquíssimas pistas, era o que pensavam. Sabiam que Venom era tabagista e que utilizava venenos exóticos, em sua maioria orientais, principalmente japoneses. Aquilo levava-os a presumir que Venom deveria possuir algum nível de treinamento Ninja, pois aqueles tipos diferentes de venenos, tais como Gyokuro, Zagarashi-Yaku, Dokukiki, Fugu-no-Doku e outros, demandavam um cuidadoso preparo através de métodos milenares, não podendo ser simplesmente conjurados, como se fossem poções de preparo simples, tipo a Reidratante ou a Antiácida. Eles estavam certos em suas suposições, principalmente Draco Malfoy, que havia avançado em suas investigações até um ponto que ninguém poderia imaginar, faltando obter apenas mais alguns poucos elementos para concluí-las. E, quanto mais ele avançava, menos ele podia crer no resultado que delineava-se diante dos seus olhos.
Em uma conversa com Dumbledore, Snape e Mason, os professores confirmaram algumas das suspeitas.
_Realmente, esses venenos são complicados demais. Vejamos, por exemplo, o Gyokuro. _ Mason explicou _ Além de terem de ser respeitados os tempos e temperaturas do cozimento do chá, a proporção da mistura com Missô-Shiru, sopa de pasta de soja fermentada, deve ser perfeita.
_Se for a menos, o veneno não fará seu efeito completo, gerando apenas um mal-estar que poderá nem sempre ser fatal. _ Snape continuou a explicação sobre os venenos japoneses _ Se for a mais, a alteração de sabor alertará a vítima, além do que a fermentação poderá fazer com que o frasco exploda, devido à formação de gás.
_E ainda por cima, o veneno precisa maturar durante três ou quetro semanas, enterrado. _ Dumbledore concluiu. Os Inseparáveis ficaram impressionados.
_Então isso confirma a suspeita sobre o treinamento Ninja de Venom, Prof. Dumbledore. _ Gina comentou _ Ele deve ter preparado esses venenos aqui ou já os trouxe de outro lugar.
_Pelo menos já vamos ter uma segurança a mais, graças à idéia da Srta. Granger. _ comentou Snape.
_Então já está pronto, professor? _ Hermione perguntou.
_Sim, Srta. Granger. Eu testei, pessoalmente, com ótimos resultados.
_Foi bem arriscado, Prof. Snape.
_Tinha de fazê-lo dessa forma, para manter o sigilo. Apenas nós sabemos e agora contamos com essa proteção extra.
_Muito obrigada, Prof. Snape. _ disse Hermione _ Sei que a eficácia é garantida, mas...
_... Já sei, Srta. Granger. Espero que não precisemos usar.
Mal sabiam eles que a ocasião em que por mais de uma vez necessitariam daquela proteção adicional chegaria, bem mais depressa do que pensavam.

No dia seguinte, à mesa do café, Hermione entretinha-se com a leitura do Profeta Diário, após seu desjejum. Uma notícia chamou sua atenção e ela mostrou aos outros. Luna e Draco, que também tinham assinaturas, juntaram-se aos grifinórios, para que todos pudessem ler a notícia sem se acotovelarem. Foram lendo e perguntando-se como aquilo poderia ter acontecido:


MISTERIOSO ROUBO NO MINISTÉRIO


Reportagem de Rita Skeeter

“Ainda não há uma explicação plausível para o roubo ocorrido anteontem, no interior do Ministério da Magia, mais especificamente no Departamento de Artefatos e Equipamentos Mágicos, de onde desapareceram cinco Sensores de Atividades Mágicas portáteis. Esses aparelhos, recentemente desenvolvidos, são versões menores dos Sensores fixos, tipo o da Fortaleza-Presídio de Azkaban, podendo ser levados por uma pessoa e que permitem, dentro do seu raio de alcance, soar o alarme ao detectarem feitiços executados ou varinhas ilegalmente portadas, não constantes dos registros do Ministério e/ou não arquivadas na memória dos aparelhos. São de uso exclusivo dos Aurores e das Patrulhas do Departamento de Execução das Leis da Magia mas possuem suas limitações, já que há manifestações de poderes mágicos raras e não-monitoráveis, tais como a Animagia e a Metamorfomagia, bem como habilidades paranormais que podem ser confundidas com magia, a exemplo da Telepatia e Telecinese, entre outras. Vejamos o que o Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, Rufus Scrimgeour, tem a nos dizer sobre essa nefasta ocorrência:
_ ‘Estamos atônitos com essa ousada invasão ao Ministério e bastante preocupados. Todos sabemos o que pode significar esses artefatos nas mãos de criminosos comuns da Bruxidade ou pior, de Vocês-Sabem-Quem e seus Death Eaters. Sim, pois é claro que aquele ou aqueles qua detêm a autoria do roubo ou são da Ordem das Trevas ou vão vendê-los a eles no Mercado Negro por um bom preço.’
_ ‘E o senhor faz alguma idéia de quem possa ser o responsável?’
_ ‘Todos temos teorias, Rita, mas eu acredito que o Lorde das Trevas ainda deva ter espiões no Ministério, por mais que os Aurores tenham investigado. É a única explicação, já que apenas uma porta foi arrombada e nada além dos cinco Sensores foi levado. Temo pela segurança dos bruxos decentes e, principalmente, do nosso Ministro eleito e de seus familiares pois se esses aparelhos estiverem nas mãos de Vocês-Sabem-Quem e seus Death Eaters é certo que eles pensarão em uma maneira de ameaçar a família Weasley, embora saibamos que dois deles, Virgínia e Ronald, estão mais seguros lá em Hogwarts, junto a Alvo Dumbledore.’
_ ‘Muito obrigada pela entrevista, Sr. Scrimgeour. Espero que os Sensores sejam logo recuperados e que a Bruxidade e os trouxas possam novamente ficarem tranqüilos, pois os não-mágicos também são potenciais alvos, já que a Ordem das Trevas parece estar também visando alvos trouxas.’
_ ‘Estamos fazendo tudo ao nosso alcance para recuperá-los, Rita. Prometo que, assim que tivermos algo de concreto e que não seja sigiloso, entraremos em contato. Estamos investigando inclusive no meio trouxa, através de um dos melhores oficiais de ligação do Primeiro-Ministro trouxa e em quem ele muito confia, o Assessor Ministerial Liam O’Rourke.’
Compartilhamos da esperança do Sr. Scrimgeour. Vejamos agora qual a opinião do Ministro eleito, Arthur Weasley.”

Continuaram lendo a reportagem e tomaram conhecimento das opiniões do Sr. Weasley quanto ao assunto.
_Eu li que o Ministério estava desenvolvendo esses Sensores para uso de patrulhas ou grupos de combate de Aurores. _ Hermione comentou _ Mas eles ficavam guardados a sete chaves, cercados do máximo de segurança possível.
_Só pode ter havido ajuda de dentro, Mione. _ disse Janine, pensativa e olhando para a amiga _ Voldemort ainda deve possuir espiões no Ministério e, tenho certeza, alguns em altos escalões.
_Tem razão, Jan. _ Draco concordou com sua noiva _ Só assim para explicar uma única porta arrombada e quase nenhuma bagunça. Eles sabiam direitinho o que queriam e onde estava.
_E foram direto ao lugar. _ Luna comentou, achando as circunstâncias bastante estranhas _ E como é que não soou nenhum alarme e nenhuma defesa mágica entrou em ação?
_Acho que o espião ou os espiões de Voldemort devem ter desativado os alarmes e defesas. _ Harry supôs.
_O que nos leva a crer que o arrombamento da porta foi só uma cortina de fumaça, com a intenção de desviar as atenções de todos para uma coisa que me parece óbvia. _ disse Gina, com uma expressão séria no rosto.
_Qual? _ Neville perguntou e quem respondeu foi Rony.
_As investigações deveriam começar por quem pertence ao departamento, principalmente em cargos mais altos.
_Acho que o Sr. Weasley deveria ficar sabendo disso, juntamente com Moody. _ Harry comentou.
Sirius havia chegado para falar com eles e ouviu parte da conversa, dando sua opinião:
_Vocês podem estar todos certos. Vou entrar em contato com “Olho-Tonto” e sugerir essa linha de investigação. Aí tem mais do que está parecendo e Dumbledore também vai querer ser informado.
Sirius foi falar com o Diretor e os Inseparáveis saíram para suas aulas. Ao que parece a Ordem da Fênix também participaria daquela investigação, através de Moody, Tonks e Shacklebolt.

A data da partida de Quadribol Grifinória x Corvinal aproximava-se cada vez mais e, faltando uns dois dias, os jogadores recolheram-se mais cedo. Já em sono profundo, Harry começou a sentir uma desagradável sensação no seu Ki, acompanhada de uma alteração vibracional no de Rony que ocupava a cama ao lado da sua, como sempre havia sido desde o primeiro ano. Harry abriu devagar os olhos, arregalando-os em seguida com a cena que apresentava-se à sua frente.
Ronald Weasley estava acordado em sua cama, a varinha fora do seu alcance e ele paralisado pelo medo, diante de uma Naja com cerca de um metro e meio que estava prestes a lhe dar o bote e inocular o seu veneno, contra o qual não havia antídoto conhecido. Mesmo que ele convocasse a varinha por telecinese, não haveria tempo de invocar um feitiço para defender-se do réptil.
Harry aproveitou-se de que a serpente não havia prestado atenção nele e, com sua varinha, tratou de salvar a vida do amigo e (esperava ele) futuro cunhado.
_ “Inmobulus!!” _ a Naja imobilizou-se, antes de tomar impulso para o bote _ Você está bem, Rony? Ela não chegou a te atacar?
_Não, Harry. Não houve nada, graças a você.
_Certo. É melhor que Dean, Neville e Seamus continuem dormindo. Vou me encarregar disso. “Morpheus!!” _ com o Feitiço de Sono, os três colegas continuaram dormindo, profundamente.
O Feitiço de Imobilidade não paralisava a fala da vítima. Devido a isso, Harry ouviu e entendeu o sibilo do animal:
_ “Você é Harry Potter?”
_ “Sou sim. Como sabe?” _ perguntou Harry, em Ofidiano.
_ “Todos nós, Rastejantes, sabemos da existência de Harry Potter, o Duas-Pernas a quem o Lorde das Trevas passou a habilidade de comunicar-se conosco.”
_ “Por que você estava prestes a atacar meu amigo?”
_ “Recebi ordens do emissário do Lorde.”
_ “E quem é ele? É aquele que nós chamamos de ‘Venom’?”
_ “Estou impedida de lhe dizer.”
_ “Extrato de Servidão?”
_ “Sim. Fui obrigada a ceder uma gota do meu sangue para o Extrato. Meu senhor assim o fez pelo fato de eu não ser uma Rastejante conjurada.”
_ “Como assim, ‘Uma Rastejante conjurada’?”
_ “Nem todos os Rastejantes são malignos e servidores incondicionais do Lorde das Trevas, Harry Potter. Um Rastejante conjurado obedece incondicionalmente a quem o conjurou mas um nascido naturalmente possui a opção de escolha.”
_ “Então você não queria cumprir essa tarefa? Como chegou a Hogwarts e qual o seu nome? Isso você não está impedida de dizer, está?”
_ “Não, não estou. Cheguei através de Chave de Portal e meu nome, traduzido para línguas dos Duas-Pernas, línguas humanas, significaria ‘Presasfortes’.”
_ “Venom apareceu para você?”
_ “Sim, mas meu senhor e emissário do Lorde não se apresenta com sua própria aparência.”
_ “E como ele comunica-se com você?”
_ “Em Ofidiano, mas ele aprendeu o idioma, não nasceu com o dom de falá-lo, como o Lorde e nem o recebeu, como você, Harry Potter.”
_ “Como você sabe, Presasfortes?”
_ “Quando ele fala, há algumas pequenas imperfeições de pronúncia, que nós podemos perceber.”
Rony estava curioso quanto àquela conversa sibilante e perguntou a Harry:
_Sobre o que vocês estão falando, Harry?
_Acho que vou tentar um Feitiço de Idioma para permitir que, pelo menos temporariamente, você e Presasfortes possam comunicar-se diretamente. “Vernaculum Ofidiana”!! _ imediatamente Rony começou a falar e entender o Ofidiano. Perguntou a Presasfortes:
_ “E qual era, exatamente, a sua missão?”
_ “Picar você e me retirar, Ronald Weasley. Como o veneno da minha espécie não tem antídoto conhecido, não haveria necessidade de permanecer no local. Sua morte seria coisa certa.”
_ “E quanto à minha irmã? Havia algo para você fazer contra ela?”
_ “Não, Ronald Weasley. Virgínia Weasley não seria minha vítima para hoje, apenas você.”
_ “Você disse, Presasfortes, que uma serpente conjurada é obrigada a obedecer a quem a conjurou. _ disse Harry _ Então, como é que a serpente que Draco Malfoy conjurou em um duelo, quando estávamos no segundo ano me obedeceu e não atacou Justin Finch-Fletchley?”
_ “Possivelmente, Harry Potter, porque Draco Malfoy não sabe falar o Ofidiano e não possuía tanto poder naquela época. Por isso a Rastejante conjurada atendeu às suas ordens.”
_ “Então foi por isso que Voldemort disse, no ano passado em Azkaban, que a serpente que ele havia conjurado obedeceria somente a ele. Eu estou tendo uma idéia. Presasfortes, se eu a liberasse do Feitiço Imobilizador, você não atacaria Rony?”
_ “Sabe que eu estou obrigada a fazer isso, Harry Potter.”
_ “Eu já imaginava. _ disse Rony _ Mas você poderia, pelo menos, não me atacar até ouvir até o fim a idéia de Harry, que eu acho que sei qual é?”
_ “Isso eu posso prometer, Ronald Weasley.” _ respondeu a serpente.
Harry então disse: “Finite!”, desfazendo o feitiço. Presasfortes enrodilhou-se e ficou com a cabeça elevada, prestando atenção no que Harry e Rony tinham a dizer.
_ “Suas ordens foram exatamente para picar Rony e retirar-se, não foram?”
_ “Sim, Harry Potter.”
_ “Então você deverá picá-lo.”
_ “Como é, Harry? _ Presasfortes deverá me picar?”
_ “Sim. Mas isso não significa que você deva morrer.”
_ “Acho que sei do que você está falando.”
_ “Não digam na minha frente nada que meu senhor possa me obrigar a revelar a ele, Harry Potter e Rony Weasley.”
_ “Está bem, Presasfortes. Rony já sabe o que deveremos fazer. Mas será preciso, como uma segurança extra, que você esgote a maior parte do seu veneno.”
E, conjurando um cálice, Harry o segurou e Presasfortes o mordeu, esgotando o seu veneno que escorreu para o fundo do cálice.
_ “Pronto, Harry Potter e Ronald Weasley. Já esgotei quase todo o meu veneno no cálice mas devo avisá-los de que o pouco que possa ter sobrado ainda tem, com certeza, força para matar Ronald Weasley.”
_ “Deixe essa parte conosco, Presasfortes. Depois de me picar você deverá receber um Feitiço de Memória antes de ir embora, para que Venom não possa obrigá-la a contar o que aqui se passou.”
_ “De acordo, Ronald Weasley. Está pronto?”
_ “Sim. Pode picar... Ai!! Caracas! Isso dói à beça!”
_ “Desculpe. Pode executar o Feitiço de Memória, Harry Potter.”
_ “Obliviate!!” _ Harry executou o Feitiço de Memória e implantou na mente da cobra a lembrança de que ela apenas tinha picado Rony e ido embora. Presasfortes saiu rastejando para o banheiro e tomou seu destino, pelo encanamento. Nem adiantava tentar rastreá-la para chegar a Venom, pois o esperto envenenador devia ter criado vários meios para cobrir seu rastro. Em lugar disso, Harry ocupou-se de evitar que Rony morresse pela picada. Depois que Rony estava fora de perigo, Harry desfez o Feitiço de Sono dos outros três colegas, deixando-os dormirem normalmente.
_Foi arriscado, Harry. Mas deu certo e não morri.
_Sim, Rony. Snape e Mione fizeram um excelente trabalho.
_Pois é. Eu já estava começando a sentir os efeitos do veneno. E olha que Presasfortes já o havia esgotado quase todo no cálice. Falando nisso, que tal dar um fim nesse “Coquetel Indiano”?
_Com prazer, Rony. _ e Harry disse: “Evanesco”, imediatamente fazendo com que o cálice contendo um líquido amarelado, o veneno esgotado pela Naja-escrava de Venom.
_Acha que Venom fará algo contra Presasfortes?
_Infelizmente acho que sim, Rony. Principalmente porque Venom irá ver você vivo amanhã.
_Mas a idéia era essa, não era? Tentar identificar Venom pela provável surpresa apresentada por ver que sua pretensa vítima escapou. Aliás, aquela cobra faz jus ao seu nome. Que picada! E o pior é que o calcanhar está começando a ficar inchado e estão começando a surgir sinais de inflamação à volta das marcas. O que poderemos fazer para que eu não precise ser levado à ala hospitalar?
_Creio que devo ter Essência de Murtisco no armário. Lembra-se de quando estávamos no quinto ano e Mione a usou na minha mão, que estava com as marcas da detenção da Umbridge?
_Lembro. Que boa idéia.
_Pois é, Rony. Desde então eu sempre tenho um frasco por aqui, para eventuais inflamações. _ e, pegando o frasco no armário, embebeu uma atadura e a aplicou no calcanhar do amigo. Imediatamente o edema e os sinais inflamatórios desapareceram _ Vamos ver se conseguimos fazer com que Venom se revele.

No dia seguinte, durante as atividades costumeiras, Venom precisou exercer todo o seu autocontrole para manter-se impassível com a visão de Ronald Weasley vivo, caminhando e rindo abraçado a Hermione Granger, normalmente como se nada houvesse ocorrido (“Malditos sejam eles e maldita seja aquela cobra incompetente que os Death Eaters me enviaram”, pensou Venom). À noite, no lugar onde mantinha Presasfortes escondida, Venom repreendeu a serpente:
_ “Rastejante dos infernos, você não me disse que havia picado Ronald Weasley?”
_ “Sim, meu senhor. Eu piquei Ronald Weasley e me retirei do dormitório da Grifinória, como me foi ordenado.”
_ “E como me explica que ele esteja vivo, Presasfortes?”
_ “Não tenho explicações, senhor. Conhecendo a potência do meu veneno não era para que ele sobrevivesse. Não há antídoto conhecido para o veneno de Naja, todos sabem.”
_ “Você falhou, Presasfortes, mesmo sob Extrato de Servidão. E sabe o preço a ser pago. O Lorde das Trevas não tolera fracassos.”
_ “Sim, meu senhor e emissário do Lorde. Falhei e estou consciente e resignada, sabendo que deverei ser punida.”
_ “Então, Presasfortes, saiba que não tenho nenhuma satisfação no que precisarei fazer. E, como você foi sincera comigo, saberá quem a estará executando.” _ e assumiu sua verdadeira aparência, levantando e apontando sua varinha para o réptil.
_ “Você?!” _ sibilou a cobra, espantada ao ver quem era Venom. Foi a última coisa que viu.
_ “AVADA KEDAVRA!!!” _ após um fulgurante lampejo de luz verde, Presasfortes jazia morta aos pés do emissário do Lorde das Trevas _ E agora, vamos nos livrar das provas da sua existência. “Evanesco!!”
O corpo da serpente desapareceu, como se jamais tivesse estado ali e, como uma válvula de escape do seu estresse, Venom acendeu um cigarro, tragando e exalando lentamente a fumaça como se, junto com ela, pudesse fazer irem embora sua raiva e frustração por mais um atentado que havia falhado.

Mas Venom sabia que a maior tarefa que o Lorde das Trevas lhe havia delegado estava para ser executada. E nela não poderiam haver falhas. De modo algum. Sob pena de todos os planos da Ordem das Trevas irem por água abaixo.
Nada poderia dar errado. Nem que tivesse de eliminar todos os Inseparáveis.

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