O Amor Está no Ar/A História d



CAPÍTULO 9

O AMOR ESTÁ NO AR / A HISTÓRIA DE AYESHA ZAIDAN





_Como é? _ perguntaram juntos os Inseparáveis _ Mãe do nosso colega do primeiro ano, Jemail?
_Mas como é possível? _ perguntou Harry.
_Vou explicar tudo, jovens. _ disse Ayesha _ Bem, para começar, eu e Sirius fomos contemporâneos em Hogwarts. Eu entrei quando ele estava no terceiro ano.
_Não pode ser. _ disse Draco _ A senhora...
_Por favor, Draco, não precisa me chamar de “senhora”. Faz com que eu me sinta mais velha do que sou. _ observou Ayesha, com um sorriso que fez Draco enrubescer _ Você se parece fisicamente com o seu pai mas, ainda bem, sua personalidade e seu caráter são completamente diferentes dos dele.
_Obrigado..., Ayesha. Bem, sua aparência é a de alguém com menos de trinta anos, enquanto que todos nós sabemos que Sirius está na faixa dos quarenta, já que foi colega do meu pai e do de Harry. Isso é o que não faz sentido. A diferença de idade é muito grande.
_A não ser que, por algum motivo, sua aparência não corresponda à sua idade real. _ observou Hermione, olhando direto para Ayesha.
_Exatamente, Hermione. E, se você for a metade do que já ouvi dizerem a seu respeito, descobrirá facilmente a razão. _ e afastou a franja de sua testa, deixando ver uma tatuagem azul, com a forma de uma lua crescente.
_Você é uma sacerdotisa de Avalon! _ exclamaram juntos Hermione e Rony. Hermione perguntou ao namorado:
_Como você sabe disso, Rony?
_Ora, minha querida, lembra-se da coleção de livros que lhe dei no último Natal?
_É mesmo, meu amor! Você me deu uma coleção com a versão original de “As Brumas de Avalon”, escrita por Morgana Le Fay. Os trouxas somente conhecem a versão de Marion Zimmer Bradley.
_Mas eu pensava que Avalon tivesse desaparecido para sempre, depois da morte do Rei Arthur e da volta de Excalibur ao seu lugar de origem. Não imaginava que ainda houvessem sacerdotisas. _ comentou Neville.
_Acho que você não leu o suficiente sobre Avalon, Nev.
_Realmente, Luna, li bem pouco. Acho que preciso de uma boa atualização.
_Na verdade, Neville, Avalon não desapareceu permanentemente. Apenas ficou fora do alcance da grande maioria da humanidade. _ explicou Ayesha, com um sorriso _ Mas as brumas podem ser afastadas por quem souber como fazê-lo. Por enquanto Avalon permanece oculta, até que seja necessário que se revele.
_Mas, espere... se você e Sirius são noivos e eram namorados no tempo de estudantes, então só pode ter sido com você que... _ e Harry deixou a frase pela metade.
_Exatamente, Harry. _ disse Sirius, sorrindo _ Nós dois fizemos com que um roseiral inteiro florisse durante um beijo, com uma emissão mágica involuntária. Mas acho melhor que Ayesha conte toda a história. Pronta, meu amor?
_É para já, querido. _ respondeu Ayesha _ Sentem-se, Inseparáveis. A história é longa.
Uma rodada de cerveja amanteigada foi trazida pela Srta. Sanders. Ayesha Zaidan tomou um gole do Cabernet Sauvignon da taça à sua frente e começou a contar.

_Nasci trouxa, em uma família árabe que havia emigrado para a Inglaterra e se estabelecido com comércio de tecidos. Meus pais, Mohammed e Samira Zaidan ainda são vivos, embora bem idosos e sempre foram fiéis ao Alcorão, mas sem exageros. Foi por isso que eles aceitaram, sem grandes dificuldades, o fato de eu, aos cinco anos de idade, ter manifestado magia. No mesmo dia, recebemos a visita de uma mulher bastante simpática que se apresentou como Viviane, Sacerdotisa-Chefe de Avalon.
_Viviane, como nos tempos de Morgana e Merlin? _ perguntou Janine.
_Sim, Janine. Toda Sacerdotisa-Chefe de Avalon é uma reencarnação da Viviane original. Ela nos disse que, além de dons de magia geral, eu havia nascido com poderes premonitórios e de domínio dos elementos. Salientou a importância de um adequado controle dessas habilidades e pediu aos meus pais que me permitissem acompanhá-la a Avalon, para que eu fosse treinada e meus poderes fossem aprimorados. Foi assim que eu passei doze anos em Avalon.
_Mas isso faria com que você saísse de lá com dezessete anos, uma bruxa adulta. _ disse Gina.
_Sim, Gina. Mas acontece que o tempo passa de maneira diferente em Avalon, de forma relativa para cada situação. Eu saí de lá com a aparência de dez anos, treinada no uso de meus dons de premonição e controle dos elementos, encontrando as cartas de Hogwarts ao chegar em casa. Fui selecionada para a Grifinória, quando Sirius estava no terceiro ano. Sirius Black era um cara que tirava o sono de muitas garotas. Aos catorze anos era bonitão...
_Era? _ perguntou Sirius, de brincadeira.
_Ainda é, mas não fique convencido (risos na mesa). Bem, como eu dizia, bonitão, olhos azuis, porte atlético, batedor da equipe de Quadribol da Grifinória, um dos Marotos, a mais famosa turma de criadores de confusão que Hogwarts já vira nos últimos duzentos anos, unha e carne com Tiago Potter, ambos bastante assediados pelas garotas e muito namoradores.
_Já ouvi termos menos gentis quanto a isso, meio que comparando-nos a certas criaturas dotadas de penas. _ disse Sirius, novamente provocando risos na mesa.
_E, com certeza, não eram os hipogrifos e muito menos as corujas. _ comentou Ayesha, sorrindo e continuando o seu relato _ Desde que eu era caloura sempre fomos amigos e Sirius me ajudou muito em algumas matérias, sempre me tratando com muito respeito. Um dia ele viu minha tatuagem e tornamo-nos mais próximos, pois ele interessava-se muito pela história de Avalon, assim como Lílian. Essas qualidades de Sirius e Tiago, bem como de Remus e mesmo Peter que, podem acreditar, era um cara muito legal antes de se deixar seduzir pelas Trevas, suscitava a admiração de muitos e a inveja de alguns, principalmente sonserinos, que não conseguiam ser assim tão populares como os Marotos, tais como Lucius Malfoy e Severo Snape. Lucius, embora bastante inteligente, jamais teve notas tão boas e nunca foi aceito na equipe de Quadribol da Sonserina e Severo, que já não voava muito bem, retraía-se e enfiava a cara nos livros, desenvolvendo uma timidez crônica que, por pouco, não empanava o brilho de sua inteligência privilegiada. O resultado foi que Lucius só começou a namorar Narcisa a sério no quinto ano e somente agora Severo está encontrando a felicidade com Rosmerta McTaggert. Mas isso não impedia que aquela “Libélula Ridícula”, Sibila Trelawney, desse em cima dos dois tanto quanto podia. Soube que hoje ela é amante de Peter Pettigrew e ambos estão entre os Death Eaters.
Tomou mais um gole de vinho e continuou a história.
Quando Sirius estava no sexto ano e eu no quarto, começamos a nos perceber como mais do que colegas de Casa. Ele me convidou para ser seu par no Baile de Inverno daquele ano e, enquanto a banda executava uma música de um cantor trouxa, Frank Sinatra, chamada “My Way”, ele me pediu em namoro e eu aceitei. Durante um intervalo, fomos aos jardins e nos beijamos pela primeira vez. Naquele momento, todo um roseiral que estava em botão floriu ao mesmo tempo. Todos ficaram admirados. Desde então começamos a namorar e eu angariei o ódio de pelo menos uma dúzia de tietes.
_Só uma dúzia? Pensei que tivessem sido pelo menos umas cinqüenta ou sessenta. _ perguntou Sirius, levando um chute na canela _ Ai, amor! Era só brincadeira!
_Na época, Remus já namorava uma garota, Lucienne Devereaux, que acabou transferindo-se para Beauxbatons, devido à mudança dos pais de volta para a Bélgica. _ prosseguiu Ayesha.
_Devereaux? _ não seria, por acaso, parente de Camille Devereaux, da Lufa-Lufa? _ perguntou Neville.
_Exatamente, Neville. Era a mãe de Camille. Ela nunca se importou com o fato de Remus ser um lobisomem e, inclusive, ajudava a criar explicações para os seus desaparecimentos e internações nas semanas de lua cheia. Infelizmente, com sua mudança, o namoro não prosseguiu. Remus nunca mais se interessou por ninguém, até agora. Sei que ele está muito feliz com a prima de Sirius, Nymphadora Tonks. Sirius começou a pegar mais leve nas brincadeiras dos Marotos mas, é lógico, sempre haviam exceções e a elas Sirius dedicava especial atenção.
_Me deixe adivinhar. _ disse Draco _ Meu pai e o Prof. Snape.
_Sim. Mas Lucius e Severo também não perdiam nenhuma chance de aprontar com eles até que, um dia, Sirius pegou pesado demais com Severo e este acabou tendo sua vida salva por Tiago. Isso custou a Sirius alguns meses de detenções.
_A história da transformação do Prof. Lupin, na Casa dos Gritos, eu me lembro. _ disse Harry _ Ele nos contou, quando estávamos no terceiro ano.
_Que foi quando vocês me proporcionaram a oportunidade de ouro de ser livre e tentar limpar o meu nome. _ observou Sirius.
_Então, quando eles estavam no sétimo ano, Lílian e Tiago começaram a namorar, encerrando o “Ciclo de Galinhagem” dos Marotos em Hogwarts. Depois de formados, Tiago passou a administrar os negócios de sua família, depois que seus pais foram mortos por Death Eaters. Ao mesmo tempo, preparava-se para lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas, enquanto Lílian prosseguia com sua formação como Medi-Bruxa. Eles já estavam casados e faziam parte da Ordem da Fênix,assim como Sirius e eu, Remus, Hagrid, Derek Mason, Frank e Alice Longbottom, Gwydion e Fabius Prewett, Marlene McKinnon e outros, incluindo Peter Pettigrew, Wormtail, o qual revelou-se posteriormente como espião de Voldemort, traidor da Ordem da Fênix. Aliás, no casamento deles, Sirius foi o padrinho, como vocês já sabem e eu fui a madrinha. Na época já estávamos noivos, tendo vencido alguma resistência dos meus pais, que alegavam o fato de eu já estar prometida a um rico árabe, desde criança. É, gente, isso ainda acontece em famílias trouxas de origem árabe, mesmo hoje em dia. Depois que você nasceu, Harry, fomos os primeiros a visitá-los e, no seu batizado...
_Espere, Ayesha. _ disse Harry _ Se Sirius é meu padrinho e você já era noiva dele naquela época isso, por acaso, quer dizer que você é...
_Isso mesmo, Harry. Eu sou sua madrinha. Alice Longbottom queria ser sua madrinha, junto com Frank. No final Tiago e Lílian foram padrinhos de Neville, que nasceu quase no mesmo dia em que você.
_Lílian e Tiago Potter eram meus padrinhos? _ perguntou Neville, surpreso.
_Sim, Neville. Isso significa que a proximidade entre você e Harry é maior do que vocês imaginam. Continuando, nós acompanhamos a ascenção de Voldemort, os Dias Negros, sempre tentando frustrar seus planos até que houve o que nós todos sabemos. Wormtail traiu a Ordem, revelando a Voldemort o esconderijo dos Potter e incriminando Sirius. Eu era Bibliotecária-Assistente no Ministério e, quando soube, tentei apelar a Bart Crouch, Sr, mas ele já havia mandado Sirius para Azkaban, sem julgamento. Achando que eu, por ser noiva de Sirius, pudesse estar envolvida com a traição e o assassinato dos Potter e pertencer à Ordem das Trevas, ele me indiciou e eu fui submetida a um inquérito, o qual nada apurou. Em protesto, me demiti do meu cargo e voltei para a casa dos meus pais. Mas aquele não era um bom momento.
_O que houve? _ Luna perguntou, curiosa.
_A situação financeira da família não estava nada boa e, somente graças à magia, deixamos de passar fome. Eu conseguia conjurar alimentos, vestuário e artigos de necessidade mas, obviamente, não dinheiro.
_Sim, pois é proibido pelas Leis da Magia. _ disse Janine, lembrando-se das aulas _ Você pode conjurar a jóia mais cara para presentear alguém, mas não pode comercializá-la nem conjurar um simples nuque, centavo ou penny, pois o dinheiro simplesmente desaparece.
_E isso é muito importante, pois se não fosse assim todo bruxo seria milionário e tanto dinheiro em circulação desestabilizaria e acabaria por levar ao colapso a economia, tanto bruxa quanto trouxa. _ explicou Sirius.
_É verdade. _ disse Draco _ O dinheiro lícito entre os bruxos deve ser herdado ou ganho com trabalho. Vocês podem até não acreditar, mas mesmo entre os Malfoy é assim. Grande parte do patrimônio é herdado, vindo desde a Idade Média, mas o restante é fruto de atividades comerciais, a maior parte delas lícita. Meu pai trabalhava com comércio de matérias primas e poções prontas, muitas delas para Artes das Trevas, o que eu e Jan descartamos ao assumir os negócios. Além disso, há as atividades trouxas de fachada, com a “Malfoy Import & Export”, que realiza um forte comércio internacional com transporte de cargas por terra, mar e ar. Quanto aos meus tios, vocês sabem que eles vivem na França e em Portugal. Tio René e Tio Jacques são vinicultores, o primeiro no Vale do Loire e o segundo na Região do Douro, sendo seus vinhos muito apreciados por bruxos e trouxas. Tia Danielle vive em Marselha, trabalhando com comércio de poções e objetos mágicos, além de uma rede de lojas de cosméticos com fabricação própria, a “Fata Morgana”, sua fachada para os trouxas. Os produtos são muito valorizados tanto por bruxos quanto por trouxas.
_Uau, Draco, os cosméticos “Fata Morgana” são de altíssima qualidade. _ comentou Janine _ Eu já os conhecia mesmo antes de travar conhecimento com o mundo mágico. Os tratamentos de pele funcionam muito bem e os produtos custam uma nota. Mas eu nem imaginava que sua tia fosse a proprietária.
_Isso prova que mesmo puros-sangues radicais, trevosos ou não, sabem que devem manter comércio e mesmo um certo convívio social com trouxas, não dá para se isolar. Meu pai, ainda que meio a contragosto, reconhecia isso. Não é possível se fechar em uma concha. _ concluiu Draco.
_Mesmo assim eu continuava a me corresponder com Sirius, sem jamais deixar de acreditar na inocência dele, até que ele me mandou uma resposta, liberando-me do nosso compromisso. A carta dizia:
“Ayesha, minha querida, não posso ter em minha consciência o peso de estar causando dificuldades para sua família. Quero que viva sua vida, se for preciso case-se com o seu prometido mas, em nenhum momento, preocupe-se demais comigo. Ambos sabemos que sou inocente e, um dia, a verdade irá aparecer. Quando isso ocorrer, se for para ser, nós ficaremos juntos. Até então, não deixe de viver e procure olhar por nosso afilhado, se possível. Sempre te amarei.
Sirius”

_Com o coração partido, segui o seu conselho e aceitei o casamento, mesmo sem amor e sem saber quem seria o meu marido. Somente no dia ele foi à minha casa e eu fiquei sabendo que era Osama Bin Laden. Na época ele ainda não vivia na clandestinidade, mas já era reconhecido como um líder extremista, ao qual era atribuída a responsabilidade por vários atentados, embora nada tivesse sido provado. Casamo-nos e fomos morar em Riad, capital da Arábia Saudita, com a família Bin Laden e continuei com eles, mesmo depois que Osama teve de sair da Arábia Saudita e ir para o Sudão. De vez em quando ele aparecia, incógnito, pois já era procurado pelos serviços de segurança trouxas de diversos países. Mesmo tendo prometido a meus pais evitar o uso da magia, pois Osama era um estrito seguidor do Alcorão, eu conseguia manter contato com o mundo mágico, através de uma criada da família, uma argelina chamada Élise Moussallem, que também era bruxa mas mantinha isso em segredo. Com ela eu tinha acesso ao Profeta Diário e fazia contato com Arabella Figg, para saber como estava o meu afilhado Harry, com dor na alma por não poder fazer nada para, ao menos, diminuir o sofrimento que ele passava com os Dursley. Fiquei admirada em saber que, agora, eles estão se dando bem com você e que o seu primo, Duda, está namorando a jovem Lilá Brown, filha de nossos contemporâneos de Hogwarts, Raymond e Moira.
_Devemos essa a Moody, Tonks e Lupin. _ disse Harry, sorrindo para Ayesha _ Nós nos tornamos parceiros de exercícios e ele conheceu Lilá em King’s Cross.
_Então engravidei e, depois, nasceu Jemail. Foi aí que Osama descobriu que eu era uma bruxa. Eu estava amamentando Jemail, que estava com quatro meses, quando o sentimento de amor materno gerou uma emissão mágica involuntária que fez nossos corpos brilharem e um perfume de sândalo espalhar-se pelo ar. Naquele exato momento, Osama entrou no quarto e viu aquilo. Ele me perguntou:
_ “Ayesha, o que é isso?
_Não dá mais para esconder ou tentar enganá-lo, Osama. Eu sou uma bruxa.
_Bruxa? Mas como é possível? Ainda existem bruxos no mundo?
_Sim, Osama. Mas a maior parte é gente boa. Poucos são do mal.
_Você entende o que isso significa? _ disse Osama, com uma expressão mista de tristeza e descrença _ Não poderemos mais viver juntos.
_Acho que entendo, Osama. Para um seguidor tão fiel e radical do Alcorão, não seria possível ser casado com uma bruxa.
_Exatamente, Ayesha. Nosso casamento deverá ser dissolvido. Mas antes, conte-me sua história”.

_Eu contei tudo a ele e então ele disse:
_ “É uma história trágica, Ayesha. Mas você sabe o que deverei fazer. Não se preocupe, pois sua família jamais passará por privações, eu me encarregarei disso. Agora, conforme nossos costumes devo fazer isso, na frente de testemunhas (e chamou Élise e dois de seus irmãos) dizendo, por três vezes... ‘Eu te repudio’..., ‘Eu te repudio’..., ‘Eu te repudio’! Me perdoe”. _ e, na última vez, as lágrimas corriam pelo rosto dele.

_Retornei para a Inglaterra, com Jemail no colo e Élise nos acompanhando, pois Osama descobriu que ela também era bruxa e a demitiu. Fomos para a casa dos meus pais. Eles nos receberam com todo o amor e carinho possíveis e, a partir daí, levamos a nossa vida. Osama cumpriu sua promessa e minha família se reergueu financeiramente. Eu me estabeleci com uma livraria bruxa em Chelsea, que também trabalhava com livros trouxas, pois muitos bruxos gostam deles. Se eu não o procurei, Harry, era porque estava muito deprimida e procurando, por algum tempo, evitar pessoas e coisas que me lembrassem de Sirius e de seu sofrimento e isso faria com que o momento não fosse bom para nenhum de nós. Me perdoe, sim? Aos seis anos de idade, Jemail manifestou magia e, desde então, ele dormia ouvindo as histórias sobre o mundo mágico e seus grandes personagens, Merlin, Paracelsus, Cliodna, Flamel, Alvo Dumbledore, os membros da Ordem da Fênix, principalmente Sirius Black, que revelei a Jemail ter sido meu noivo e, por fim, nosso afilhado, Harry Potter, “O-Menino-Que-Sobreviveu”, contando com a chance de vir a conhecê-lo em Hogwarts, pois a diferença de idade ainda o permitiria.
_Realmente, nos conhecemos e ele é um excelente garoto. Será um grande bruxo. _ comentou Harry.
Ayesha continuou a sua história:
_Há cerca de quatro anos atrás, li no Profeta Diário que Sirius havia escapado de Azkaban. A reportagem dizia que, três dias antes, Fudge o havia visitado e Sirius pedira seu exemplar do Profeta, pois sentia falta das palavras cruzadas, dissera ele. Tendo um flash premonitório, procurei em arquivos a edição à qual a reportagem se referia e encontrei, na primeira página, a foto da família Weasley no Egito. Atentando para a figura de Rony, vi o Perebas no ombro dele e pensei: “Mas eu conheço aquele rato”. Peguei uma lupa e o reconheci. Era Pettigrew. Eu já vira os Marotos em suas formas animais e jamais me esqueceria deles. Faltava um dedo em uma das patas do rato e eu me lembrei do que os jornais da época disseram, que só recuperaram o dedo de Peter. Sabendo que Rony era seu colega em Hogwarts, calculei que Sirius viria para cá atrás de Wormtail. Também imaginei que ele passaria por Litlle Whinging, para tentar ver Harry, antes do início das aulas. Deixei de alcançá-lo por pouco.
Tomou outro gole de vinho e prosseguiu.
_Imaginei que Sirius viria para Hogwarts em forma canina, para não despertar suspeitas, assumindo a forma humana só quando fosse seguro. Então, utilizando minhas habilidades premonitórias, calculei a provável rota que um cão percorreria, deixando pelo caminho algumas coisas que ele, por certo, encontraria e saberia usar. Uns exemplares do Profeta espalhados, um pedaço de couro de dragão aqui, uma pena de Fênix ali, um pêlo de cauda de unicórnio acolá, coisas assim.
_E eu achei cada uma delas, sem saber quem poderia tê-las deixado e as usei.
_Foi então que, já em Hogsmeade, travei contato com um animal muito interessante, quando eu estava hospedada no Coruja de Prata, transfigurada para não despertar suspeitas. Um gato alaranjado, bastante fofo e inteligente que, depois, fui saber que pertence a Hermione.
_Bichento. _ comentou Hermione _ Ele possui o poder de ver a índole das pessoas.
_Exatamente. Como nós aprendemos, lá em Avalon, a nos comunicarmos com os animais, tivemos uma conversa bem produtiva. Ele me disse que o rato de estimação de Rony não era um rato, e sim um animago e que era do mal. Eu disse a ele que já sabia disso e também que sabia quem era o animago. Revelei que outro animago chegaria, em forma de cão, para capturar o rato e provar sua inocência ou então matá-lo. Pedi que o ajudasse, mas que o aconselhasse a não matar o rato. Então houveram todos aqueles acontecimentos, os quais Sirius me descreveu com detalhes. Me contou sobre como Harry não permitiu que seu padrinho e Remus Lupin se tornassem assassinos, bem como sobre o retorno no tempo, como salvaram Bicuço daquele tarado do McNair, o Patrono em forma de cervo que espantou uns cem dementadores, a libertação de Sirius da torre e a sua fuga com Bicuço. Tentei, na ocasião, alcançar Sirius, mas não consegui. Ele ficou fora por meses, até que recebeu a carta de Harry, falando sobre a dor na cicatriz.
_Fiquei em uma ilha, no Pacífico Sul, um paraíso tropical, onde eu caçava, pescava e plantava. _ comentou Sirius _ Preciso voltar lá, qualquer dia desses.
_Naquele ano, quando Voldemort retornou e Wormtail matou Cedric Diggory, também não consegui alcançar Sirius. Depois ele me explicou que havia ido para a Mansão Black, no Largo Grimmauld, Nº 12, a fim de organizá-la para ser o QG da Ordem da Fênix. Por ordens de Dumbledore ficou escondido, até que houve a batalha no Ministério e ele atravessou o Arco da Passagem, ficando no Mundo do Além por cerca de um ano, retornando agora. Quando soube que havia retornado, mandei uma coruja a ele, que foi me ver na mesma noite. Reatamos o nosso noivado, Jemail adorou conhecê-lo e manteve a surpresa, até agora.
_Por isso ele nos pediu para que sua identidade permanecesse em segredo, até que fosse o momento. _ Harry lembrou-se do comentário de Sirius, no St. Mungus: “Só falta agora descobrir que Ayesha não está mais casada” _ Ele sempre manteve a esperança de reencontrar você.
_E, agora que nos reencontramos, me mudei para Hogsmeade, onde abri uma filial da minha rede de livrarias, a “Magia das Letras”. Assim posso ficar perto do meu filho e do meu noivo, principalmente cuidando para que ele não tenha uma “Recaída de Marotice”.
_Queeem, eeeuuu?? Iiiimaaagiiinaaaa! _ disse Sirius, fazendo voz e cara de inocente, arrancando risos de todos.
Passaram boa parte da tarde conversando, trocando idéias e Ayesha lhes contava algumas coisas sobre Avalon e sobre os tempos nos quais bruxos e trouxas conviviam em harmonia, sendo que vários reis tiveram bruxos como conselheiros, principalmente Merlin, que fora conselheiro dos reis Vortigern, Uther Pendragon e Arthur Pendragon, antes que Morgause começasse com suas malignas articulações e os trouxas começassem a desprezar o poder da magia, valorizando excessivamente sua incipiente tecnologia e iniciando a era de conflitos, na qual aproveitadores mal-intencionados fomentaram a oposição entre o cristianismo e o culto da Deusa, o Sagrado Feminino, os quais conviviam antes como um só e de como essa oposição contribuiu para que os trouxas começassem a achar que a magia e o culto da Deusa eram coisas malignas, demoníacas. Certa hora, os Inseparáveis despediram-se, para dar mais privacidade aos dois. Harry e Gina foram para a casa de chá da Madame Puddifoot, a fim de ficarem um tempo juntos. Os outros casais também tomaram seus destinos. Depois que os Inseparáveis saíram, Sirius comentou:
_Ainda bem que eles não perguntaram sobre as Fogueiras de Beltane e sobre o Hieros Gamos ou teríamos de dar algumas explicações meio embaraçosas, minha Donzela Caçadora.
_Está coberto de razão, meu Gamo-Rei. Talvez eles ainda não estejam preparados para essas revelações mas, por outro lado, esses jovens de hoje andam tão precoces... _ e Ayesha abraçou Sirius.

No final da tarde, antes de irem embora, os Inseparáveis deram uma passada em uma certa garagem. Tirando uma chave do bolso, Harry abriu a porta e tratou de iluminar o ambiente:
_Lumus! _ e a ponta de sua varinha se iluminou, como uma lanterna.
_Acho que posso melhorar isso, Harry. _ disse Draco _ Minha tia Danielle me ensinou esse quando eu era criança. “Chandelle!” _ e várias velas se materializaram, proporcionando uma boa claridade na garagem, que permitiu a todos verem...
_Uau! _ exclamou Luna _ Mas que máquina!
_Só havíamos visto uma dessas em fotos. _ disseram Rony e Gina.
_Que presentaço, Harry! _ comentou Draco.
_A gente nem sabe de qual ângulo ela é mais bonita. _ disse Neville.
_Tem certeza de que pode com ela, Harry? Essa coisa é enorme que dá até medo. _ perguntou Hermione.
_Precisava ser, Mione, pois Hagrid a utilizou. Qualquer dia vou pedir a Sirius que me conte como foi que a adquiriu. E acho que posso com ela sim, gente. Pilotei umas bem parecidas para me habilitar. _ respondeu Harry.
Janine comentou:
_Mesmo assim, não é qualquer um que tem braço para segurar uma Harley-Davidson Fat Boy que, ainda por cima, é capaz de voar.

Em frente a eles estava uma enorme motocicleta negra e prateada, orgulho da indústria motociclística americana, objeto de desejo de adultos maduros e conscientes, que gostam de uma máquina para viajar apreciando a paisagem e não para simplesmente correr pois, se assim fosse, optariam por velozes motos japonesas e não por um clássico. Um capacete descansava sobre o banco, tendo pintada nele a figura estilizada de um falcão negro, com olhos verdes, no ato de capturar um pomo de ouro.
_ “Hawkeye”. _ sussurrou Gina, ao ouvido de Harry.
_Vou providenciar um outro, semelhante a este, mas com uma pintura que tenha a ver com “Redbird”. _ sussurrou Harry ao ouvido de Gina, em resposta.
_Dê uma ligada nela, Harry. _ sugeriu Hermione.
_É para já, Mione. _ e, sentando-se ao banco da poderosa motocicleta, deu a partida. Um potente e macio ronco do motor respondeu ao seu ato.
_Uau, mas que música, Harry! _ comentou Draco.
_Show de bola. _ disse Janine.
_Aqui no painel e nas manoplas do guidão estão as modificações bruxas: o Comando de Vôo, o Multiplicador de Invisibilidade, o Embaralhador de Radar e este botão... uau! Aparatação/Desaparatação. Esta moto é um prodígio! _ disse Harry, admirado _ Pena que já temos de voltar para Hogwarts. Na próxima visita a Hogsmeade poderemos dar uma volta para ver como ela se comporta. _ e desligou a moto. Draco fez as velas desaparecerem e todos saíram da garagem. Harry fechou o cadeado, trancando a porta e os Inseparáveis puseram-se a caminho pela estrada, de volta a Hogwarts.

À noite, todos estavam reunidos no Salão Principal, desfrutando do excelente jantar comemorativo do Dia das Bruxas. Na mesa dos professores, uma convidada especial lhes fazia companhia, sentada entre Sirius e Derek, de mãos dadas com o primeiro, estava Ayesha Zaidan. Dumbledore estava bastante contente em rever sua ex-aluna que, após o jantar, dirigiu-se à mesa da Grifinória, sendo carinhosamente abraçada pelo seu filho, Jemail. Este apresentou sua mãe aos colegas, principalmente à turma “Honra e Amizade”, os quais gostaram bastante de conhecê-la, pois já haviam ouvido falar das livrarias “Magia das Letras” e de seu acervo variado. Após o encerramento das comemorações, Sirius e Ayesha, bem como Severo e Rosmerta, dirigiram-se para Hogsmeade, de onde retornariam no dia seguinte. Os alunos recolheram-se para suas respectivas Casas a fim de um bom sono, pelo menos era o que se esperava.

A capitania da equipe de Quadribol conferia a Harry um status que o equiparava aos monitores, fato esse que dava a ele acesso oficial ao seu banheiro,próximo à estátua de Boris, o Pasmo, cuja banheira de mármore branco com uma centena de torneiras, cada uma delas com um tipo de espuma diferente, já fora por ele utilizada no quarto ano, para decifrar a pista que levava à segunda tarefa do Torneio Tribruxo. E era naquela mesma banheira do tamanho de uma piscina que Gina e ele estavam sentados na parte mais rasa, satisfeitos e relaxados depois de terem, novamente, se amado com a mesma paixão da primeira vez, agora cobertos de espuma quase até o pescoço.
_Não há perigo de alguém aparecer por aqui, Harry? _ Gina perguntou, meio apreensiva.
_Não se preocupe, minha querida. Acho que todos aqueles que resolveram namorar com mais privacidade já escolheram outros lugares para ir.
_???
_Eu detesto ser xereta, mas procurei conferir as posições de vários casais no Mapa do Maroto, para ter certeza de que este local estaria desocupado. Além disso, tratei de garantir o nosso sossego com alguns pequenos truques. Lancei um Feitiço de Indecisão no corredor. Com isso, qualquer pessoa que passar por aqui e quiser entrar no banheiro, ficará incerta quanto à sua decisão e mudará de idéia. Também lacrei a porta com um potente Colloportus.
_Você pensou em tudo, minha vassourinha despenteada. _ Gina falou, chamando-o com o tratamento mais íntimo, que só utilizava quando estavam a sós.
_Qualquer coisa para garantir nossa tranqüilidade, minha pequena leoa. _ respondeu Harry, da mesma forma.
_Falando em xeretar, meu amor, vejo que os casais estão todos bastante ativos, por todo o castelo. _ vários pares de bonecos apareciam no Mapa do Maroto _ Não gosto de me intrometer na intimidade dos outros, mas é bom saber que o amor está no ar. Inclusive, temos de saber as posições deles, para não esbarrarmos em ninguém quando for a hora de voltarmos para a Torre da Grifinória.
_Sem dúvida, Gina. Vejamos... Rony e Mione estão na Sala Precisa, pois não aparecem em lugar nenhum do mapa.
_Que ambiente será que eles recriaram?
_Seja qual for, deve ser bem romântico. Aqueles dois merecem. Hmm... Jan e Draco estão na Sala dos Monitores.
_Onde Cho tentou te seduzir, no ano passado e ele tomou o seu partido. Veja, Harry. Neville e Luna estão em uma das estufas.
_É bem ao gosto daqueles dois. Ora, veja, meu amor. A Torre de Astronomia está ocupada. Quem será que está naquele famoso sofá? Parvati e Seamus, quem diria. E mais. Blasius e Valérie foram dar uma voltinha nos jardins. Milly e Blaise também resolveram dar um passeio, é o que parece.
_Ainda bem que amanhã não haverão aulas. Quase todos vão acordar tarde. Só espero que consigam evitar o Filch e Madame Nor-ra. Espere! Veja só estes dois bonecos! Acho que Filch não vai querer saber de flagrar ninguém.
Nos aposentos de Argus Filch, viam-se dois bonecos, com as legendas “Filch” e “Madame Pince”.
_Mas que travessos! Ninguém diria que aqueles dois engataram um romance, de tão discretos que são. Dá para acreditar, Gina?
_Você ainda não viu nada, Harry. Nem mesmo Madame Nor-ra está solitária. Olhe no mapa. Ela está com...
_Bichento! Ah, se a Mione fica sabendo disso. _ os dois riram.
_Falando sério, Harry, você acha que o Prof. Dumbledore tem conhecimento do que está rolando por aqui?
_Acho que sim, Gina. Se não de tudo, creio que de quase tudo. Ele sempre fica sabendo das coisas, não sei como.
_E como será que ele encara todos esses romances, namoros mais... íntimos, etc? Como Diretor ele acabará por ter de tomar alguma atitude.
_Bem, meu amor, eu acho que ele deve ter uma visão meio liberal quanto a isso, não intervindo enquanto isso não estiver prejudicando ninguém ou enquanto não comprometer a reputação da escola. Ele sabe até onde pode afrouxar, pois também já foi estudante. Seria hipócrita pensar que todos eles se comportaram como ascetas nos seus tempos de juventude. Dumbledore, McGonnagall, Flitwick, Sprout, são todos humanos, com sentimentos e desejos, plenamente normal. E te digo mais, Gina. Se formos estender um pouco, acho que até mesmo Voldemort deve ter praticado suas travessuras neste mesmo local.
_Como é, Harry? _ Gina perguntou, espantada.
_Ora, querida, você não se lembra de que Tom Riddle foi Monitor- Chefe? Acredito que algumas garotas daquele tempo devem ter suspirado pelo cara, sem saberem que ele já devia ser meio maligno. Não creio que ele tenha passado por Hogwarts sem, pelo menos, um namorico.
Harry não imaginava o quanto estava certo em suas suposições.

Algum tempo depois, Harry disse:
_É melhor voltarmos para a Grifinória, meu bem. Não seria nada bom cruzar com outros casais.
_Realmente, meu amor. Ficaria bem embaraçoso vários casais se cruzando e tendo de despejar explicações furadas. Vamos embora.
Saíram da banheira, enxugaram-se, usaram o Feitiço Para Secar Cabelos e vestiram-se. Cobriram-se com a Capa de Invisibilidade e, ao chegarem à porta, Harry a abriu.
_ “Alorromora”! _ a porta se abriu, suavemente e o casal saiu, invisível, na direção da Torre da Grifinória, Harry desfazendo o Feitiço de Indecisão enquanto caminhavam. Quando viraram no corredor, uma voz feminina se ouviu no banheiro, saindo de uma das torneiras:
_Ufa! Pensei que eles não iriam mais embora. Acho que já podemos sair.
_Finalmente. Estava começando a ficar meio apertado. _ ouviu-se outra voz, esta masculina, saindo de outra torneira.
Dois fantasmas saíram de dentro das torneiras e abraçaram-se, flutuando por sobre a banheira, agora vazia.
_Mesmo sendo fantasma, não é fácil ficar dentro de uma torneira, tendo de esperar que eles saiam do banheiro, minha querida. _ comentou Cedric Diggory.
_Mas agora temos este lugar só para nós, meu amor. _ respondeu Murta, beijando-o, apaixonadamente.
_É, meu bem, mas parece que você gostava de freqüentar este banheiro. Lembro-me de já tê-la visto por aqui, quando eu era monitor da Lufa-Lufa.
Com o rosto prateado, Murta disse:
_Sim, é verdade. Gostava de ver os monitores, principalmente você. Mas você nunca trouxe a Chang aqui, não é?
_Não, Murta. Costumávamos namorar com mais privacidade na Sala dos Monitores, que é à prova de som. Mas nunca avançamos demais o sinal. E você já andou conversando com o Harry aqui, durante o Torneio Tribruxo, não andou?
_Sim, ouvi a pista do ovo dourado junto com ele. Confesso que, há algum tempo atrás, já tive uma queda por Harry Potter, apesar de os nossos mundos serem totalmente diferentes.
_Assim eu fico com ciúmes. _ brincou Cedric.
_É sério, meu amor. Lembra-se de quando a Câmara Secreta de Slytherin foi reaberta? Voldemort possuiu Gina Weasley e quase a matou. Harry, Rony e o Prof. Lockhart entraram na Câmara e eu cheguei a dizer a ele que, se ele morresse, eu ficaria feliz de dividir o banheiro com ele. Não acredito que eu tive coragem de dizer aquilo. _ disse Murta, rindo. Cedric riu com ela _ Mas parece que aquele torneio não foi nada feliz para você, não é, meu amor?
_Nem gosto de me lembrar. Receber uma Avada Kedavra em cheio no meio do peito não é uma sensação nada agradável. Mas, se houve alguma compensação na minha morte, foi ter conhecido você e termos começado a namorar. Você também foi vítima do Voldemort, não é verdade?
_Sim, fui. Eu e Tom Riddle fomos contemporâneos em Hogwarts, quando ele abriu a Câmara Secreta e soltou o basilisco. Eu estava no banheiro e ouvi uma voz de garoto falando em uma língua diferente que, depois, vim saber que era Ofidiano. Abri a porta para dizer que ali era um banheiro feminino e acabei encarando os olhos do monstro, morrendo na hora. Quando a Câmara foi reaberta, há cinco anos atrás, ajudei Harry a resolver o mistério. O episódio da minha morte foi a pista de que ele precisava para encontrar a entrada da Câmara Secreta. Fiquei admirada em ver que ele também sabe falar Ofidiano.
_Mas eles resolveram o caso. Outro dia eu desci até lá e vi o esqueleto do basilisco. Aquele bicho era enorme. _ Cedric comentou.
O casal de outro mundo continuou seu namoro transcendental noite adentro. Afinal de contas, tinham a eternidade pela frente.

Harry e Gina aproximavam-se do retrato da Mulher Gorda, quando viram que Neville também se aproximava, sob um Feitiço de Desilusão, sua representação no Mapa do Maroto movendo-se cautelosamente. Outros também vinham, ocultos de várias maneiras. Neville desfez seu feitiço e sussurrou a senha (“Olho de Shiva”). O quadro afastou-se e ele entrou, com Harry e Gina no seu rastro, aproveitando a carona sem que ele percebesse. Ocultos pela Capa de Invisibilidade, os dois perceberam que vários colegas retornavam para a Sala Comunal, discretamente dirigindo-se para os dormitórios. Porém Neville, sobre o qual pareciam abater-se todos os azares, sentiu que pisava em algo diferente ao aproximar-se da escada de acesso ao dormitório masculino. Quando deu-se por conta, já era tarde demais e ouviu-se um conhecido barulho de uma explosão úmida.
BLUORCHT!!! Um Casulo Instantâneo logo envolveu por inteiro o bruxinho que, adivinhando quem o havia largado ao pé da escada, soltou um grito furioso que, com certeza, seria bastante repetido em outras ocasiões:
_MUSASHI!!! _ Neville gritou, indignado com a pegadinha do casal de gêmeos japoneses traquinas. Enquanto a espuma o cobria, rapidamente solidificando-se e formando o já conhecido casulo, os colegas que retornavam dos passeios noturnos subiam as escadas e misturavam-se aos outros que saíam dos quartos, curiosos com o grito, como se tivesssem estado o tempo todo nos dormitórios.
Alguns instantes depois o casulo tornou-se quebradiço e dele saiu um Neville Longbottom vermelho, não se sabia se mais de raiva ou de vergonha, mas que logo engrossou o coro de risadas dos colegas, que divertiam-se com a situação inusitada. Os grifinórios retornaram para suas camas, alguns deles bastante cansados depois dos encontros românticos, só querendo saber de dormir. No dormitório masculino Harry, Rony, Neville e Seamus e, no feminino, Hermione, Gina, Janine e Parvati caíram na cama, sem dar importância ao fato de que pareciam ter deitado-se em cima de uma bolinha que não deveria estar ali. Quando seus cérebros receberam o sinal de alerta, seus corpos cansados tentaram inutilmente levantar-se das camas, mas não havia mais tempo e então ouviu-se, multiplicado por oito, o já popular “BLUORCHT!!!”, logo seguido pelo grito que tornar-se-ia um símbolo de que alguém havia caído em uma brincadeira, logro ou pegadinha:
_MUUUUSAAAAASSSSSSSSSHIIIIIIIII!!!! _ e o grito veio acompanhado de uma ampla variedade de palavrões em diversos graus de potência ofensiva, tanto do dormitório masculino quanto do feminino. Os rapazes, espantados, jamais pensariam ouvir tão cabeludos impropérios das bocas daquelas, supostamente, gentis e delicadas garotas.
Nos quartos dos alunos do primeiro ano, Tetsuken e Jemail, no masculino, bem como Heiko, no feminino, seguravam o riso, fingindo dormir. Com certeza, a sucessão de Fred e Jorge Weasley como Chefes dos Criadores de Confusão estava garantida. Ninguém se esqueceria daquela noite.

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