A Solenidade de Formatura



CAPÍTULO 25

A SOLENIDADE DE FORMATURA






O final de mais um ano letivo chegara, com a conquista da Copa das Casas pela Lufa-Lufa. A Casa dos Texugos alcançava, depois de muito tempo, aquela merecida glória. Assim que receberam a Taça das mãos de Dumbledore, os dois Monitores da Casa, Ernest McMillan e Anna Abbott levantaram-na e mostraram-na para todos os alunos. Anna ainda disse, de forma bem audível:
_Cedric Diggory, esta é para você! _ e levaram um pequeno susto, logo em seguida.
_Muito obrigado. _ ouviu-se a voz do Fantasma-Residente da Lufa-Lufa, que aproximou-se do estrado, de mãos dadas com Murta, ambos flutuando.O jovem havia concedido à sua Casa uma grande honra ao ter sido erscolhido como Campeão do Torneio Tribruxo, três anos antes. Só que aquele mesmo torneio lhe custara a vida. Amos Diggory estava lá, com a esposa e demonstrava o contentamento que aquilo lhe proporcionava: sua antiga Casa levando a Taça e tendo o seu filho como espírito protetor. A tristeza que o casal Diggory sentia pela perda de Cedric misturava-se ao orgulho em olhar para o fantasma daquele valoroso jovem que aproximou-se dos pais a flutuar, com Murta ao seu lado.
_Meu pai, minha mãe, não fiquem tristes. A Lufa-Lufa precisa de mim e eu não estou só, nem nunca estarei. _ e abraçou Murta _ Lembrem-se, eu sempre estarei aqui... _ e apontou para as cabeças de seus pais, dando a entender que sempre estaria em suas mentes _ ... E aqui. _ apontou para o peito deles, significando que estaria em seus corações.
Dumbledore levantou-se e disse:
_Mais um ano letivo chega ao seu final e, como sempre, tivemos muitas emoções e grandes acontecimentos. As Casas estão cada vez mais unidas, a rivalidade mais sadia e os preconceitos estão desaparecendo. A Ordem das Trevas sofreu um golpe fatal com a morte do seu líder, Lord Voldemort. Acredito que não teremos notícias deles por muito tempo, até que agrupem-se em torno de um novo líder. Se e quando isso acontecer, deveremos estar prontos e vigilantes, sendo que nossa maior arma contra o mal é a união, visando a harmonia entre os bruxos e, conseqüentemente, entre bruxos e trouxas. Lembrem-se disso, sempre: amizade, união fraternal e amor no coração. Estas são as nossas grandes armas e as ferramentas na construção de um mundo melhor. Parabéns a todos e muito obrigado.
O Diretor sentou-se, em meio aos trovejantes aplausos da assistência. O banquete de despedida estava, como sempre, excelente e todos estavam se divertindo. Mas acontece que, na mesa da Sonserina, uma pequena maldade estava sendo preparada contra Janine por (quem mais senão eles?) Baddock e Pritchard. Os dois haviam levado meses ensaiando aquilo, depois de saberem que o Grêmio havia conquistado o título do Campeonato Estadual daquele ano, em cima do... Internacional. Para os dois sonserinos, provocar uma reação incômoda em Janine, por pequena que fosse, já os deixaria contentes, era o que eles achavam. Só que eles não imaginavam qual seria a reação.
Os dois paspalhos ausentaram-se do Salão Principal por alguns instantes, a pretexto de irem ao banheiro. Do corredor, lançaram o seu feitiço e ele deu certo, até certo ponto. Uma das estrelas do teto enfeitiçado começou a crescer, alargando-se e mudando de cor, até transformar-se em um escudo bastante conhecido por Janine, embora não muito apreciado. Era azul, preto e branco, trazendo o dístico “GRÊMIO FBPA” e o número “1903”. Logo abaixo, havia uma frase em letras douradas: “CAMPEÃO GAÚCHO DESTE ANO”. Os dois retornaram para seus lugares e riam bobamente, mostrando camisetas tricolores por debaixo das vestes, as quais eles já vinham usando há semanas a fim de aborrecer Janine e apontando para ela, sequer percebendo que a cara de Draco, sentado ali perto, não estava nada boa. O loiro também era torcedor Colorado, assim como sua noiva e mesmo que não possuíssem um elo telepático igual ao de Gina e Harry, ambos sabiam exatamente o que fazer.
_ “Acto et Reacto, Saci”. _ Draco Malfoy murmurou, movendo a varinha por debaixo da mesa. Uma imagem começou a formar-se ao lado do distintivo gremista. Era um Saci, mas não um Saci comum. Era o clássico Saci-Pererê, desenhado por Ziraldo para ser a mascote Colorada, vestindo o uniforme do Internacional e que começou a rir, enquanto apontava para o distintivo. Ao mesmo tempo, na mesa da Grifinória, Janine sorriu com sua “Cara-de-Guerra” e fez a sua parte.
_ “Semper Primum, Nunquam Secundum”. “Incremento Acto et Reacto Saci”. _ a bruxinha murmurou e também moveu sua varinha, disfarçadamente. Uma enorme estrela vermelha engoliu o distintivo do Grêmio e começou a mudar de forma, transfigurando-se no escudo do Sport Club Internacional, tendo por debaixo a seguinte frase, escrita em brilhantes letras vermelhas, a frase: “PRIMEIRA SEMPRE, SEGUNDA JAMAIS”. Ao mesmo tempo, o Saci conjurado por Draco cresceu e mudou de forma, transfigurando-se em um apavorante espectro encapuzado, envolto em um manto negro, no qual via-se, escrito em letras azuis: “SEGUNDA DIVISÃO”. Esse espectro aproximou-se da mesa da Sonserina e avançou na direção de Baddock e Pritchard, que saíram correndo da mesa, com o espectro atrás deles. Uma nova frase formou-se abaixo da primeira, também em letras vermelhas: “JAMAIS FOMOS REBAIXADOS”.
Todas as mesas explodiram em aplausos e gargalhadas, enquanto Draco Malfoy perguntava para Janine, em voz alta:
_Ei, Jan! Aquele espectro é o mesmo que criamos?
_Sim, querido. _ Janine respondeu, entre risos _ É exatamente aquele que nós criamos e aperfeiçoamos: o Fantasma da Segunda Divisão.
_Aquela dupla de retardados vai demorar horas para descobrir que o Fantasma da Segunda Divisão é atraído pelas camisetas do Grêmio. Não vai adiantar nada eles correrem, pois o espectro sempre irá atrás deles. Só ficarão livres se tirarem as camisetas tricolores. Aliás, amigos, o que é um torcedor gremista com a camiseta listrada?
_Essa é fácil, Draco. _ Luna Lovegood respondeu à pergunta, sentada à mesa da Corvinal _ É um “Élfico” com código de barras.
Todo o Salão Principal explodiu novamente em gargalhadas. Vincent Crabbe, Gregory Goyle, Millicent Bulstrode e Blaise Zabini acabavam-se de rir. Sentada ao lado de Draco, de mãos dadas com Blasius Zabini, Valérie secava os olhos e perguntava para o primo:
_Alors, Draco, de onde você e Janine tiraram essa idéia? Foi simplément superbe, algo de merveilleux.
Blasius concordava com a namorada, também rindo até as lágrimas:
_Ma che, Draco! Foi stupendo! Questi due pazzi sequer souberam o que foi que os atingiu. Questo foi um feitiço digno de grandes bruxos.
Como os alunos já haviam terminado a sobremesa, Janine aproximou-se da mesa da Sonserina e explicou:
_Tivemos essa idéia depois que minha mãe mandou uma coruja, na qual contava que o Grêmio havia sido o Campeão Estadual, em cima do Inter.
_Então vimos que, há cerca de um mês e meio atrás, Baddock e Pritchard começaram a se comportar de uma maneira um pouco diferente, como se tivessem tornado-se torcedores do Grêmio. Ora, não é tão comum assim bruxos, ainda mais sonserinos, começarem a demonstrar afinidade pelo Futebol trouxa, ainda mais por um time de outro país. _ continuou Draco.
_E eles estavam dando bandeira demais, inclusive cantando o “Até a Pé Nós Iremos”, o hino do clube, sempre que me viam. Aquilo só podia significar uma coisa, que iriam armar algo, tentarem me pregar uma peça tendo como tema a final do Campeonato Estadual.
_Aí deduzimos que a melhor ocasião seria durante o Banquete de Encerramento e bolamos esses feitiços que deixam clara a verdade... _ Draco disse com um sorriso e Janine completou as palavras do noivo:
_...Eles podem ter sido campeões do mundo, mas nós jamais fomos rebaixados, enquanto que eles já carregam essa vergonha por duas vezes.
_Tu et Janine etes deux genies, “Mon Petit Dragon”. _ Valérie Malfoy estava admirada com o nível dos feitiços do primo.
_Merci beaucoup, “Ma Petite Valchérie”. _ Draco agradeceu aos elogios da prima e, com Janine, foi juntar-se aos outros Inseparáveis _ Excusez nous, mes chéres.
_Era assim que vocês se tratavam quando crianças, Draco?
_Sim. Ela me chamava de “Pequeno Dragão” e eu inventei uma palavra, fundindo o nome dela com “Querida” em francês. Eu tinha sete anos e ela seis. Não via Valérie desde o final do segundo ano, quando fui para a França nas férias. Lá fiquei sabendo que Sirius havia fugido de Azkaban e, como todo o restante da Bruxidade, pensava que ele era culpado e que estava querendo matar Harry. Mesmo tendo aquela famosa rixa com ele na época, fiquei preocupado pois ele podia não querer pegar apenas o Harry, colocando a todos nós em perigo. Depois eu soube que ele estava atrás do Wormtail. Agora, conhecendo-o mais, eu descobri o quanto Sirius Black é um cara legal. E eu não estou dizendo isso apenas porque ele é meu parente ou porque é nosso professor.
_E eu concordo com você. Sirius e Ayesha merecem toda a felicidade do mundo, pois um amor como o dos dois não se vê todos os dias.
_ Concordo plenamente, Janine. _ disse Sirius, que estava um pouco afastado _ E muito obrigado pelos elogios, Draco.
_Eu vivo me esquecendo que esse nosso professor auxiliar de Vôo possui uma audição canina. _ Draco brincou _ Boa noite, Prof. Black.
Passaram por Milly e Blaise. Janine não percebeu o olhar cúmplice que as duas trocaram com seu noivo. Ela sequer imaginava a surpresa que teria nas solenidades de formatura, no dia seguinte. Aproximaram-se da mesa da Grifinória e Harry comentou:
_Foi excelente, Jan. Uma boa lição naqueles dois idiotas. Aliás, falando em futebol, não podemos nos esquecer de que a Copa do Mundo está rolando, lá na Alemanha.
_Sim, é verdade. _ Dean Thomas comentou _ Embora seja um esporte trouxa, mesmo os bruxos acompanham a Copa. Afinal de contas, o esporte nasceu na Inglaterra.
_E parece que estamos fortes. Beckham e Crouch estão batendo um bolão. _ Hermione disse _ Ele tem algum parentesco com Bart Crouch?
_Meio afastado. Parece que nasceu sem poderes. _ Luna respondeu.
_Mas temos aqui também representantes de outros países que estão participando do campeonato. _ disse Neville.
_Exato, gente. _ Jemail concordou _ Não se esqueçam de que eu nasci na Arábia Saudita e a Seleção de lá está na Copa.
_E il paese de meus ancestrais, a Itália, também está no páreo e já tem tradição. _ Blasius comentou.
_Não se esqueçam de que le France aussi est en le Coupe, mes chéres. E nós já fomos campeões. _ Valérie manifestou-se.
_Também estamos nessa. _ disseram Heiko e Tetsuken _ O Japão pode surpreender, ainda mais tendo um treinador brasileiro, o Zico.
_Falando nisso, ninguém tem dúvidas sobre quem é o grande favorito para levar o troféu. _ Rony disse, apontando para Janine _ o Brasil tem tudo para ser campeão, pela sexta vez.
_Pois é. _ Gina concordou _ Basta saber que eles têm os dois Ronaldos, o Gaúcho, do Barcelona e o “Fenômeno”, que joga no Real Madrid.
_Aliás, a piada que corre no Brasil é a de que este último é mesmo um fenômeno, por ter conseguido ser convocado estando tão rechonchudo. _ Janine brincou com os amigos _ Então temos na Seleção Brasileira os dois Ronaldos: o Gaúcho e o Gorducho.
Depois dessa, o riso foi geral.
Harry e Gina pediram licença aos amigos e foram conversar com a Profª McGonnagall, que estava sentada à mesa da Grifinória e tinha à sua frente uma dose de água de gilly. Lilá Brown e Parvati Patil despediram-se da professora e foram para a Torre da Grifinória, para dormirem sua última noite como alunas.
_Profª McGonnagall, podemos nos sentar? _ perguntaram.
_Sim, claro, meus jovens. _ a professora de Transfiguração estava com uma cara meio triste _ Sabem, vou sentir muita falta desta turma que est-a se formando. Vocês conseguiram marcar fortemente a sua presença em Hogwarts. Talvez não em circunstâncias muito agradáveis, pois tiveram de enfrentar V-Voldemort por diversas vezes, antres de derrotá-lo definitiv... _ e lágrimas rolaram dos seus olhos.
_Profª McGonnagall, sabemos de tudo. _ Gina disse baixinho, de modo que somente a professora podia ouvi-los _ Não fique triste, pois ele teve um fim honroso.
_C-como é que vocês sabem? _ ela perguntou, espantada.
_Recebemos uma carta de Voldemort. Seu corvo tinha instruções para entregá-la a mim se ele morresse. _ Harry respondeu _ Na carta ele dizia que vocês haviam sido namorados quando alunos e bastante apaixonados.
_É verdade. _ disse a professora, enxugando as lágrimas _ Tom Marvolo Riddle e eu nos conhecemos no Beco Diagonal, um dia antes de virmos para Hogwarts. Começamos a namorar quando estávamos no terceiro ano e, no sétimo, ele confessou que abraçara o caminho das Trevas. Para me proteger, colocou a informação sobre nosso namoro sob Feitiço Fidelius e executou um Feitiço de Memória em mim, para que nem mesmo eu me lembrasse do que houve entre nós. Com a morte dele, os feitiços se desfizeram e as lembranças voltaram, todas de uma vez. Como é que uma pessoa pode seguir uma trajetória dessas?
_É melhor não pensar mais nisso, Profª McGonnagall. _ Gina disse, olhando para a professora.
_É verdade, professora. _ Harry concordou _ Lord Voldemort pode ter sido um impiedoso bruxo das Trevas, mas eu creio que ele recuperou sua dignidade nos últimos momentos, morrendo como um homem. Lembre-se apenas de que Tom Riddle resgatou sua honra.
_E eu passei anos e anos me dedicando de corpo e alma ao ensino. Abdiquei do amor, sem compreender por que razão eu não me deixava atrair por ninguém, exceto uma pessoa. Mas ele também era muito comprometido com suas atribuições e isso fez com que eu não tivesse coragem de incentivá-lo. Bem, acho que isso agora é apenas passado e você tem razão, Harry. Ainda que ele tenha vivido a maior parte de sua vida como Lord Voldemort, eu acredito que ele tenha morrido como Tom Riddle. Que ele descanse em paz, assim espero.
_Que ele possa, no futuro, reencarnar como uma boa pessoa e evoluir, corrigindo seus atos. _ disse Gina _ Boa noite, Profª McGonnagall.
_Boa noite, jovens. _ disse a professora, com uma expressão mais aliviada no rosto depois de abrir-se com o casal.

Os alunos retornaram para suas Casas. Os que não ficariam para as solenidades de formatura retornariam para Londres no dia seguinte, inclusive os dois idiotas que atendiam pelos nomes de Baddock e Pritchard. Mais tarde, Harry e Gina estavam na Sala Precisa, onde haviam recriado o Jardim Secreto de Gina Weasley, matando as saudades daquele lugar que era tão caro à memória dos dois, que ali haviam se amado pela primeira vez.
_Então, Viviane poderia ter permitido a Voldemort tornar-se imortal. Imagine só, Harry, que perigo para o mundo.
_Talvez acabasse sendo pior para o próprio Voldemort, Gina. A imortalidade pode ser uma maldição, em vez de uma bênção. Dumbledore comentou que é a nossa finitude que define a nossa humanidade. Com certeza iria chegar um momento no qual ele pensaria: “Isso é tudo? Cheguei ao limite? Não há nada mais?” e ele passaria a considerar a imortalidade um tédio.
_Tem razão, Harry. Saber que não duramos para sempre nos faz valorizar cada momento da vida.
_Uma coisa, minha querida. Certa hora, enquanto eu combatia contra Voldemort, me senti meio estranho, como se eu tivesse me transformado em outra pessoa ou como se algum espírito muito poderoso tivesse encarnado em mim.
Dumbledore havia advertido Gina sobre a mudança de aparência de Harry durante o combate, bem como sobre não dizer nada a ele, até que fosse a hora, portanto a ruiva desconversou.
_Não sei, Harry. Eu estava inconsciente naquela hora e não vi nada, até que Dumbledore me reanimou. Naquela hora, Voldemort já estava algemado e você estava com a aparência de sempre. Sabe, Harry, eu vou sentir saudades desses nossos momentos, Harry. Você vai para Bruxelas e vamos nos ver menos, até que eu me forme. Um ano contando os dias para rever você.
_Estarei por aqui sempre que possível, principalmente nos feriados e nos finais de semana livres em Hogsmeade. Desaparatar da Bélgica para cá não dará trabalho nenhum, com ou sem a moto. Ainda está valendo o nosso compromisso de nos casarmos assim que eu me formar como Auror, Srta. Virgínia Ginevra Molly Weasley?
_Tem alguma dúvida, Sr. Harry Tiago Potter? _ e Gina abraçou o noivo, beijando-o _ Pode me considerar a Sra. Potter.
_E você ficará no meu apartamento de Londres, enquanto estiver fazendo seu curso de formação de Medi-Bruxa e a especialização em Pediatria. Também vou ficar com saudades de você, muitas saudades. _ e Harry beijou Gina Weasley. Novamente celebraram o amor que os unia, antes de retornarem para a Torre da Grifinória, tomando todo o cuidado para não serem percebidos. Era a última vez que faziam aquilo como estudantes.

As solenidades de formatura da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts eram um dos acontecimentos de maior relevância na Bruxidade e, naquele ano, as coisas não seriam diferentes. Principalmente pela quantidade de convidados, inclusive trouxas. Destes, a imensa maioria jamais havia pisado os terrenos daquele estabelecimento de ensino. Entre eles, os Dursley.
O Expresso de Hogwarts parou na estação de Hogsmeade e seus passageiros desembarcaram. Devido ao grande número de convidados, um horário extra do trem havia sido colocado, de modo que eles chegaram ainda de dia, com tempo para descansarem um pouco e prepararem os trajes. O “Coruja de Prata”, onde ficaram os Dursley, estava lotado, assim como outros hotéis e pousadas, para alegria de seus proprietários. Os parentes de Harry admiravam-se com a beleza do povoado e, juntamente com outros, foram ciceroneados por Hagrid.
_Então ali é a Dedosdemel, Hagrid? _ Duda perguntou ao meio-gigante, apontando para a doceria _ O lugar onde Harry comprava os doces de baixa caloria que me mandava?
_Exatamente, Duda. E ali é a Trapobelo Moda Mágica, uma das maiores redes de lojas de vestes bruxas elegantes e de grife. Ali adiante fica e joalheria...
_... Encantos Brilhantes. _ Duda completou, acenando para Solange Hawthorne, que acenava de volta, da porta da joalheria.
_Vocês já se conheciam?
_Sim, Hagrid. Eu fui com Harry ao Beco Diagonal, quando ele foi encomendar os anéis de noivado. E ali é o Pub Três Vassouras, não é?
_É. Aquela é a proprietária, Madame Rosmerta. Ela é casada com o professor de Poções de Hogwarts.
_Severo Snape? _ Tia Petúnia perguntou _ Lílian chegou a falar dele, foram colegas de escola. Ele não ia nada com a cara de Tiago e Harry me disse que passou do primeiro ao quinto ano se estranhando com ele.
_Isso mudou. Agora ele e Harry se dão muito bem.
Hagrid conduziu os convidados aos seus hotéis e avisou:
_Virei buscar todos às 18:30 h. Estejam prontos. Boa tarde.

Às 18:30 h, em ponto, estavam todos prontos e Hagrid chegou, em vestes a rigor azuis, para conduzir o grupo. No ancoradouro ele explicou:
_Tradicionalmente, todo aquele que vai pela primeira vez a Hogwarts o faz pelo lago. Os alunos do primeiro ano fazem-no em uma flotilha de botes, sob o meu comando. Mas, para vocês, providenciamos alguma coisa diferente para levá-los. Não se preocupem, é totalmente seguro.
Ancorado e movendo-se suavemente, ali estava um imponente galeão espanhol. Embarcaram e, após a âncora ser levantada e recolhida, puseram-se a caminho. Decorrida quase uma hora de agradável navegação naquele final de tarde, os passageiros puderam ver, admirados, a majestosa silhueta do castelo a dominar a paisagem, com suas luzes acesas.
O galeão ancorou e os convidados passaram para os coches. Os Dursley espantaram-se quando não viram nada a puxá-los.
_Esses coches são puxados por Testrálios, animais mágicos muito fortes e rápidos. São invisíveis aos olhos dos trouxas, sendo Janine Sandoval a única exceção conhecida, pois podia vê-los mesmo antes de manifestar magia. Alguns de vocês devem ter ouvido falar dela, pois ela estava no grupo que ajudou a evitar o assassinato de Arthur Weasley, Ministro da Magia, durante a Cerimônia de Posse, há alguns meses atrás. _ alguns dos convidados acenaram, afirmativamente _ E, mesmo entre os bruxos, somente aqueles que já viram a morte são capazes de enxergá-los.
Os convidados embarcaram e logo adentraram os imponentes portões de Hogwarts. Chegaram ao Saguão de Entrada, onde os formandos encontravam-se reunidos, junto aos outros convidados, aguardando o início das solenidades. Harry e os Inseparáveis estavam juntos e ele olhou admirado para os Dursley. Tio Valter estava bem mais magro, trajando um bem talhado Smoking.
_Tio Valter, mas que mudança! O que houve? _ Harry perguntou.
_Fui ao meu médico, fazer um Check-up. Ele quase caiu de costas com os resultados dos meus exames. Colesterol, Triglicerídeos, Ácido Úrico, tudo nas alturas. Ele iniciou um tratamento com medicamentos, dieta e atividade física. Além disso, ele ainda conhecia um Medi-Bruxo do St. Mungus e os dois combinaram tratamentos bruxos e trouxas. Parece que o resultado foi bom.
Logo que viu Duda, Lilá Brown pediu licença a Parvati e foi até onde o namorado estava. Trocaram um beijo e ela o apresentou aos pais e às amigas. Logo pareciam ser velhos amigos. Realmente os Brown não tinham preconceito algum quanto à sua filha estar namorando um trouxa.
Milly e Blaise estavam com suas famílias e perguntaram por que seus pais não haviam sido presos quando os Death Eaters foram descobertos, após a morte de Lord Voldemort. Oscar Bulstrode explicou;
_Na verdade, filha, fomos detidos, indiciados em um inquérito e submetidos a interrogatórios. Mas, como nunca havíamos matado ninguém e nem participávamos das operações de campo do Lo... _ e foi interrompido por Milly.
_Papai, ele já se foi. Pode dizer o nome dele sem medo. Eu e Blaise já não temos medo de dizer “Voldemort” há cerca de um ano.
_Bem, ele não nos queria na linha de frente. Nossa atividade era apenas logística ou seja, suprimentos e administração.
_Ele nunca lhes pediu un agnello, um cordeiro de sacrifício? Uma morte para selar seu compromisso com a Ordem das Trevas? _ Blaise perguntou e quem respondeu foi seu pai, Giancarlo Zabini:
_Não, filha. Ele só exigia o cordeiro quando achava que a lealdade de alguém estava vacilando ou como prova de fidelidade, quando queria alguém para escalões mais altos, tipo generais ou conselheiros. Posso citar vários exemplos conhecidos: Lucius Malfoy, Crabbe, Goyle, Bellatrix, os Lestrange, os Carrow, os Yaxley e vários outros. Depois de tomarmos três gotas de Veritaserum, contamos a verdade e eles nos deixaram em paz, sob condicional.
_Confesso que me sinto bem melhor agora, minha filha, mesmo que o meu lado da família, os Henstridge, sempre tenha sido das Trevas desde os primeiros tempos da ascenção de Lord V-Voldemort. _ disse Mildred Zabini, gaguejando e suando um pouco ao pronunciar o nome do falecido líder da Ordem das Trevas _ Mas há bruxos que ainda são fiéis à memória dele.
_Sempre haverão, Mildred, pelo mundo todo. _ Karine Bulstrode comentou com a amiga. Naquele momento, dois rapazes aproximaram-se. Vestiam trajes a rigor idênticos: Dinner Jackets negros, com quatro botões dourados e fechados com uma correntinha também dourada, calças negras com uma faixa de cetim da mesma cor ao longo das pernas, camisa branca, gravata borboleta e faixa de cintura negras. No peito, medalhas e distintivos de cursos e, nos ombros, platinas negras filetadas de dourado, em cada uma das quais viam-se duas estrelas prateadas, com centro azul contendo a constelação do Cruzeiro do Sul e um anel de estrelas à sua volta. Era o uniforme a rigor para oficiais do Exército Brasileiro, conhecido como “1º B”. Milly e Blaise olharam para os dois e exclamaram juntas:
_Vocês vieram! Mas que bom!
_Não poderíamos deixar de vir. _ disse Marino, abraçando e beijando Blaise.
_Prometemos e cumprimos, como bons militares que somos. Além disso, estávamos morrendo de saudades. _ e Daniel fez o mesmo com Millicent.
_Um ano dando canseira nas corujas. _ Marino comentou, olhando para a namorada e sorrindo _ Se não fosse por aquela rápida visita a Londres, na Páscoa... Eu mal via a hora de chegarmos aqui. E acredito que você estava sentindo o mesmo, não é, Daniel?
_Pomo de ouro dá cento e cinqüenta pontos? _ os dois casais caíram na risada.
As famílias de Blaise Zabini e Millicent Bulstrode ficaram no meio daquela conversa cruzada, sem entenderem bulhufas do que se passava. Oscar apontava para as garotas, bastante confuso, dirigindo seu dedo de uma para outra, dizendo:
_Mas... você e Blaise... vocês duas eram... desde crianças vocês sempre foram... e agora esses dois rapazes... aaah, não estou entendendo mais nada.
_Não tente entender, papai. Apenas aceite. Meus sentimentos por Blaise não mudaram e nem vão mudar.
_Assim como os meus por Milly, Sr. Bulstrode. _ Blaise afirmou.
_Mas, no último verão, algumas coisas aconteceram. _ Milly continuou a explicação.
_Lembram-se, de quando tiramos aquelas férias secretas, que acabaram não sendo assim tão secretas? _ Blaise perguntou aos pais das duas, com um sorriso.
_Sim, vocês compraram um apartamento e saíram em uma viagem para um lugar ignorado. Depois que voltaram nos disseram que haviam ido para o Brasil. _ disse Mildred Zabini.
_Acabamos nos envolvendo em uma operação das Trevas, um atentado ao Resort onde estávamos hospedadas, praticado em conjunto com a Al-Qaeda.
_Ouvimos falar do caso, mas sequer imaginávamos que vocês estivessem lá. _ Karine Bulstrode estava admirada.
_Naquele meio tempo, conhecemos e nos apaixonamos por estes dois jovens oficiais do Exército Brasileiro e acabamos desmantelando aquela operação dos esbirros de Voldemort. _ Milly explicou _ Eu e Blaise já havíamos resolvido romper com as Trevas e não gostamos nada daquilo que aconteceu. Achmed El Jaffar morreu e Abdul Ghazi está embolorando em Azkaban.
_Não sem que il maledetto me presenteasse antes com uma bala 9 mm no pulmão direito. Marino e Daniel orientaram Milly sobre quais feitiços usar para salvar mia vita. Depois cederam energia vital para o Beijo da Vida. Sem eles eu estaria morta. _ disse Blaise, ante o olhar espantado de seus pais.
_Ma che, figlia mia! Como eles sabiam o que fazer? _ Giancarlo Zabini perguntou e Daniel respondeu:
_Somos da Inteligência Militar, Sr. Zabini. No Brasil trabalhamos em colaboração com o Ministério da Magia e temos acesso Nível 4. _ disse Daniel, mostrando o cartão para Giancarlo.
Janine estava meio afastada e de costas para eles, por isso não os viu chegar. Além disso, havia muito para prender a atenção da bruxinha. Alguns convidados que vinham de lugares mais distantes utilizavam-se de Chaves de Portal e uma delas era...
_MAMÃE!!! _ Janine exclamou e correu para abraçá-la.
_Sabem, a gente se acostuma com isso e passa a gostar de viajar dessa maneira. _ Marilise Sandoval disse, abraçando sua filha e cumprimentando os Inseparáveis. Naquele momento, acompanhado por Sirius e Ayesha, Derek Mason aproximou-se:
_Boa noite, gente. _ e vendo Marilise _ Ainda não a conheço, mas a semelhança com Janine é mais do que evidente. Deve ser Marilise Sandoval, a mãe dela. Finalmente nos conhecemos. _ e beijou a mão dela _ Derek Mason, professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
_Me falaram do senhor, Sr. Mason. Por pouco não nos conhecemos no último Natal, pois o senhor foi passar as comemorações com seus primos em Nova York, foi o que me disseram. _ e Marilise demorou para soltar sua mão, fato que não passou despercebido nem a Janine e nem a Sirius. Derek ofereceu-se para mostrar Hogwarts a Marilise e ambos afastaram-se do grupo, o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas gentilmente oferecendo o braço à bela senhora gaúcha.
_Sabem, isso me lembra “Casablanca”. _ Janine comentou, vendo sua mãe em companhia de Derek Mason.
_Como assim, Janine? _ Sirius perguntou.
_A frase final do filme, que Rick Blaine diz ao Comissário Louis Renault no aeroporto: “Isso pode ser o início de uma bela amizade”. Eu não via minha mãe sorrir tão contente desde que meu pai morreu.
_E eu nunca vi aquele brilho nos olhos de Derek. Parece que o conquistador foi conquistado. _ Ayesha comentou.
_E olha que existe gente por aí que ainda não acredita em amor à primeira vista. _ Gina disse, olhando para o casal e piscando para Harry. A ruiva amava o noivo desde a primeira vez em que o vira, quando ele e Rony haviam ido para o primeiro ano de Hogwarts.

Outro brilho, anunciando a chegada de mais alguém através de Chave de Portal. Janine ouviu vozes conhecidas e viu chegarem...
_Mas eu não acredito! Shanna! Lauren! Vocês acabaram vindo, mesmo eu tendo esquecido de mandar os convites! _ disse Janine, corando ao confessar a mancada.
_Por sorte eu me lembrei. _ Dumbledore aproximou-se do grupo e cumprimentou Liam O’Rourke, que viera acompanhando as garotas _ Liam, não o vejo desde a posse de Arthur.
_Foi muito rápido, Alvo. Virgínia Weasley impediu que seu pai e Amélia Bones fossem envenenados e Draco Malfoy perseguiu o envenenador.
_Infelizmente não consegui pegá-lo, Sr. O’Rourke. _ o loiro achou melhor não dizer nada sobre seus planos para aquela noite.
As surpresas para Janine ainda não haviam terminado. Milly e Blaise aproximaram-se por trás dela e Milly disse:
_Jan, temos uma surpresa para você.
_O que é, Milly? ... Ei, esperem! Eu me lembro de vocês! _ Janine exclamou, admirada ao ver os dois tenentes que eram os pares de “Coturno e Sandalhinha”. Os dois sorriam, olhando para a jovem bruxa:
_Primeiro-Tenente de Cavalaria Marino... _ e ele bateu os calcanhares e prestou continência.
_... E Primeiro-Tenente de Cavalaria Daniel... _ ele fez a mesma coisa, sorrindo.
_... Inteiramente ao seu dispor, Srta. Sandoval. _ os dois disseram, em coro, arrancando risos de todos. Draco sorria para a noiva.
_Draco, você sabia disso? _ Janine perguntou.
_Todos sabíamos, desde o início do ano letivo, Jan. Milly e Blaise contaram para Gina e Harry naquela noite, quando contaram sobre a aliança Voldemort/Bin Laden.
_E vocês conseguiram manter a surpresa durante todo o ano, hein? Gente, para quem não sabe, os Tenentes Marino e Daniel foram os oficiais que me levaram para o Hospital Central do Exército, quando meu pai morreu naquele acidente de pára-quedismo. Mas o que vocês estão fazendo aqui, rapazes?
_Eu sou o namorado de Blaise. _ disse Marino.
_E eu o de Milly. _ Daniel completou.
_Mas vocês duas... _ e Janine apontava de uma para a outra, sem acreditar no que via _ ... Desde crianças... e agora... com os dois...?! Bom, eu acredito que o verdadeiro amor não conhece fronteiras. Parabéns a vocês quatro. Agora quero saber, e com detalhes, como vocês se conheceram e como vieram parar aqui, em um lugar bruxo, senhores Daniel e Marino.
_Inteligência Militar... _ Marino disse.
_... E cartões de acesso Nível 4. _ Daniel completou.
_Sim, a Inteligência Militar do Brasil colabora com o Ministério da Magia, foi o que o Ministro Mafra nos disse.
_E nós os conhecemos enquanto passávamos férias naquele Resort do qual lhe falamos. _ Blaise explicou _ E eles prometeram vir à nossa formatura, para lhe fazer uma surpresa, não é, rapazes?
_A cor da Sonserina é o verde? _ disseram os rapazes e todos riram juntos. Dumbledore disse aos dois:
_Estou muito contente por finalmente conhecer os valorosos jovens que, juntamente com estas duas belas e corajosas bruxinhas, impediram que um atentado da Conspiração do Terror tivesse sucesso. Sejam bem-vindos à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Tenentes Daniel e Marino.
_Muito obrigado, Prof. Dumbledore. _ Marino respondeu.
_Aguardávamos ansiosamente por esta oportunidade. _ Daniel completou.
Assim que Marilise e Derek retornaram, Dumbledore convidou a todos para entrarem no Salão Principal, ao mesmo tempo em que Arthur e Molly Weasley chegavam, acompanhados por Fred, Jorge, Percy e Carlinhos. As solenidades de formatura teriam início, com uma cerimônia ecumênica, presidida por Dumbledore e celebrada por representantes de várias crenças: o padre Giorgio Saraceni, o bispo anglicano Patrick Wintergreen, o muezim islâmico Ibrahim Massoud e o rabino Tsion Rosenhaim, todos bruxos e amigos de longa data. Após um belo culto, deram início à Colação de Grau, que iniciou-se com todos os presentes levantando-se e entoando o “God Save The Queen” pois, afinal de contas, Hogwarts era uma escola britânica tradicional, ressalvadas as suas peculiaridades. Seguiu com o canto da Canção da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts:

_ “Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts”
(Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts)
“Teach us something, please”
(Nos ensine algo, por favor)
“Whether we be old and bald”
(Quer sejamos velhos e calvos)
“Or young with scabby knees”
(Ou jovens de joelhos ralados)
“Our heads could do with filling”
(Nossas cabeças precisam ser preenchidas)
“With some interesting stuff”
(Com algum conteúdo interessante)
“For now they’re bare and full of air,”
(No momento elas estão ocas e cheias de ar,)
“Dead flies and bits of fluff,”
(Moscas mortas e fios de cotão,)
“So teach us things worth knowing,”
(Então nos ensine coisas que valham a pena saber,)
“Bring back what we’ve forgot,”
(Traga de volta o que nós esquecemos.)
“Just do your best, we’ll do the rest,”
(apenas faça o melhor, o resto nós faremos,)
“And learn until our brains all rot.”
(E estudaremos até nossos cérebros se desmancharem).

Depois os formandos receberam seus diplomas e foram oficialmente reconhecidos como bruxos formados. Dumbledore procedeu à leitura de várias cartas entregues por corujas, com escusas dos remetentes por não poderem estar presentes às solenidades. Viktor e Elisabeta Krum não puderam comparecer por estarem com seu filho pequeno. Cho e Luke Donovan mandaram uma mensagem de Hong Kong, felicitando os formandos e pedindo desculpas pela ausência, pois a temporada do Quadribol profissional estava pegando fogo e os Jade Dragons estavam no topo da tabela. Gui e Fleur desculpavam-se por não poderem comparecer e mandavam uma foto dos dois, com sua filhota recém-nascida, Francine. O juramento foi proferido por Padma Patil. A jovem Águia subiu ao parlatório e declinou o texto, repetido por todos os formandos:
_ “Diante de Deus, diante dos homens e em nome de Merlin,juro e prometo utilizar os meus poderes para o bem da Bruxidade, mantendo o devido sigilo, até que a harmonia entre bruxos e trouxas seja restabelecida e que possamos nos revelar, como iguais que devemos ser. Que assim seja”.
_ “QUE ASSIM SEJA”! _ responderam todos os formandos, em coro.
Em seguida, foi a hora do discurso e o orador escolhido por toda a turma foi... Draco Malfoy. Ele subiu ao parlatório e começou:
_Ministro Weasley e Sra. Weasley, Vice-Ministra Bones, Diretor Dumbledore, Vice-Diretora McGonnagall, professores, colegas, pais e demais convidados, boa noite. Hoje comemoramos nossa formatura, o coroamento de sete anos de grande aplicação aos estudos e muitas descobertas, sendo muitas delas sobre nós mesmos. Tomamos decisões que terão grandes efeitos em nossas vidas e escolhemos os nossos caminhos, uns para o bem e outros para o mal, segundo o nosso arbítrio pois temos o poder de decidir. Creio que não estou contando vantagem em citar meu caso pessoal e dizer que conheço os dois lados desta moeda e que consegui fazer a escolha certa, pois venho de uma família quase inteiramente trevosa, tendo estado a um pequeno passo de seguir irreversivelmente o rumo das Trevas e somente escapando de me tornar alguém tão perverso quanto meu pai, Lucius Malfoy, graças a duas coisas que os trevosos, em sua imensa maioria, desprezam: o amor e a amizade. Demorei muitos anos para amadurecer tal decisão mas, quando ela foi tomada, foi irreversível. Devo isso principalmente a duas pessoas, cuja interferência foi fundamental para que eu me afastasse das Trevas. A primeira é Janine Sandoval, minha noiva, com a qual conheci o amor. A outra é alguém que, por anos, considerei como um inimigo mas com o qual vim a travar uma solidíssima amizade. Refiro-me a Harry Potter, “O-Menino-Que-Sobreviveu”, o garoto da cicatriz, aquele que venceu Voldemort, não importa o nome que dêem a ele, para mim ele é Harry, meu amigo. Conseqüentemente, o sentimento de amizade estende-se a todos os outros Inseparáveis, grupo do qual tenho a felicidade de fazer parte, bem como a todos os outros colegas de Hogwarts, aos quais peço desculpas por anos de arrogância e comportamento inconveniente e preconceituoso que servia para disfarçar, esconder quem era o verdadeiro Draco, um rapaz que somente queria ser igual a todo o mundo. Concluindo, quero agradecer a Deus, causa primeira do Universo, a Merlin, o maior dos bruxos e fonte de inspiração e orgulho para todos nós, a nossos pais, aos quais devemos nossa existência neste mundo e que, se alguns deles não são tão bons e nobres quanto queríamos que fossem, são os que nós temos e digo isso com conhecimento de causa. Agradeço ao nosso Diretor, Alvo Dumbledore, pelos ideais e princípios que ele sempre procurou desenvolver em nós. Aos nossos professores que, com sua sabedoria, nos transmitiram o seu conhecimento e graças aos quais podemos nos considerar verdadeiros bruxos. Por último, porém não menos importante, aos nossos colegas, de todos os anos, os quais nos apoiaram quando necessário, às vezes sem perceber. A todos o nosso muito obrigado e a nossa promessa de lutarmos por um mundo melhor para a Bruxidade e pelo restabelecimento da harmonia entre bruxos e trouxas o que, com o fim de Lord Voldemort, será um objetivo cada vez mais fácil de se alcançar. Boa noite e muito obrigado.
Draco desceu do parlatório e retornou ao seu lugar, sob os aplausos da assistência. Sentou-se ao lado de Janine, de mãos dadas com sua noiva e todos aguardaram pelo discurso de encerramento de Dumbledore, o qual não foi prolongado e enalteceu a importância da verdadeira amizade e de tomar as decisões certas, utilizando o poder da escolha.
Antes, porém, do encerramento das solenidades, Dumbledore novamente fez uso da palavra:
_Antes de darmos prosseguimento às solenidades, gostaria de prestar o nosso reconhecimento a uma jovem que, em dois anos de convívio, tornou-se alguém muito importante e querida por todos nós, parecendo que sempre esteve conosco. Oriunda daquele maravilhoso país latino, jóia maior da América do Sul, ela nos deu mostras de suas qualidades mesmo antes de manifestar magia. Já sabem a quem eu me refiro. Janine Vargas Sandoval, “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa”. Não podemos homenageá-la com o Hino de seu país, pois ela não é uma representante oficial do seu governo. Mas isso nós podemos fazer:
O Coral de Hogwarts, sob a regência do Prof. Filius Flitwick, adentrou o palco, seus integrantes trajando vestes verdes, vermelhas e amarelas, acompanhados por uma pequena banda. Aos primeiros acordes da banda, Janine e sua mãe imediatamente levantaram-se, acompanhadas por Draco, Derek e Dumbledore. Vendo aquilo, toda a assistência também levantou-se, enquanto o coral começou a cantar:

_ “Como aurora precursora
Do farol da divindade,
Foi o Vinte de Setembro
O precursor da liberdade.”

_ “Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia, injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra,
De modelo a toda terra.
Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra.”

_ “Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo.
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo”

_ “Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia, injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra,
De modelo a toda terra.
Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra.”

Emocionadas, mãe e filha ouviam o coral de Hogwarts entoar, em português, o Hino da República Rio-Grandense, com letra de Francisco Pinto da Fontoura e música do Comendador Maestro Joaquim José de Mendanha, um dos símbolos do Rio Grande do Sul, compreendido por toda a assistência, graças a um Feitiço de Idioma Vernaculum Brasiliana, lançado por Dumbledore. Era a homenagem de Hogwarts à jovem Janine.
Dali passaram de volta para o Saguão, até que os elfos preparassem o Salão Principal para o jantar. Depois de jantarem, os convidados que ainda não conheciam Hogwarts foram guiados em um passeio pelo castelo. Os Dursley estavam maravilhados. O que eles viam ultrapassava a sua imaginação. Mesmo Petúnia, que ouvira as descrições de Hogwarts que Lílian lhe fizera quando eram crianças, via que a realidade era muito mais rica e detalhada.
Um show de fogos de artifício, cortesia da Gemialidades Weasley abrilhantou a noite, sendo o ponto alto da detonação um grande escudo circular tendo, no seu centro, um punho cerrado de encontro a uma mão espalmada, o símbolo do guerreiro, sobrepostos a duas varinhas cruzadas soltando faíscas, com a silhueta de uma Fênix ao fundo. Abaixo, um dístico, em brilhantes letras douradas, estampava a frase: “INSEPARÁVEIS, PARA SEMPRE”.
_Gostaram? _ Fred perguntou, abraçado a Alícia Spinnet _ Esta é a nossa contribuição para esse valoroso grupo...
_... Do qual dois de nossos irmãos fazem parte. _ completou Jorge, que estava junto ao irmão, abraçado a Angelina Johnson.
_É lindo. _ Hermione disse.
_Diz tudo em uma imagem. _ Draco Malfoy concordou com a amiga.
_Muito obrigado. _ Harry agradeceu, de mãos dadas com Gina.
_Será o nosso símbolo... _ Janine segurou a mão de Draco.
_... Para sempre, como vocês disseram e como deve ser, desde o início de nossa amizade. _ Luna e Neville completaram, abraçados e olhando para o céu.
Todos permaneceram nos jardins, até o final do show de fogos. Após o seu término, retornaram para o castelo. O Salão Principal já havia sido preparado para o Baile de Formatura.
A decoração do Salão Principal estava magnífica, com as cores e brasões de cada uma das quatro Casas. As mesas redondas, utilizadas nas solenidades, haviam sido afastadas para as laterais do Salão, deixando um grande espaço para a pista de dança. No palco, uma variedade de instrumentos e equipamentos já conhecidos dos alunos, indicava qual a banda que animaria aquele baile e que já era bastante conhecida de todos. No palco, o pequeno professor de Feitiços e Regente do Coral de Hogwarts, Filius Flitwick, tomou do megafone mágico e fez as apresentações.
_Senhoras e senhores, embora os músicos que abrilhantarão nosso baile já sejam bastante conhecidos na Bruxidade e mesmo no meio trouxa, é uma questão de honra e justiça apresentá-los aos seus fãs. _ e a cada nome anunciado, os convidados prorrompiam em gritos e aplausos.
_Na guitarra-ritmo, Heathcote Barbary! _ o músico saiu dos bastidores e ocupou seu lugar no palco, fazendo um solo, baixinho, como fundo para as palavras de Flitwick.
_Tocando a gaita-de-foles, Gideon Crumb! _ Gideon adentrou o palco, acenou para os convidados e foi para o seu lugar, fazendo uma última inspeção no seu instrumento.
_Na guitarra-base, Kirley McCormack Duke! _ ele soprou um beijo para as garotas e empunhou sua guitarra, iniciando um duo com Barbary.
_No violoncelo, Merton Graves! _ Graves sorriu para os fãs e fez uma última afinação no seu cello.
_Na bateria, Orsino Thruston! _ Barbary e Duke cessaram seu duo, enquanto Thruston fazia um pequeno solo de bateria. Depois que ele terminou, os dois continuaram.
_Tocando o baixo, Donaghan Tremlett! _ o duo tornou-se um trio, quando Tremlett começou a tocar, baixinho, junto a seus companheiros.
_No alaúde, Herman Wintringham! _ e o trio tornou-se um quarteto e, em seguida, um quinteto de cordas, quando Graves concluiu a afinação de seu instrumento.
_E nos vocais, Myron Wagtail! _ o cantor subiu ao palco, cumprimentou Flitwick, acenou e sorriu, indo ocupar seu lugar, com um megafone mágico em punho.
_Com vocês, AS ESQUISITONAS!!! _ Flitwick anunciou e retirou-se do palco, enquanto o grupo executava um pequeno número musical de abertura, dando uma mostra das habilidades que os haviam tornado famosos entre os bruxos e depois entre os trouxas, sendo que o fato de Donaghan Tremlett ter nascido trouxa e seus pais terem contatos no mercado fonográfico ajudava. Harry lembrou-se da primeira vez em que havia visto o grupo, no Baile de Inverno do ano do Torneio Tribruxo, cantando o “Rock do Hipogrifo”, seu mais recente sucesso na época. Quanta diferença desde aquele ano. Ele era mais tímido que agora, não sabia dançar, era apaixonado por Cho Chang e não tivera o menor tato com Parvati Patil. Bem, pelo menos já se desculpara. E ainda por cima aprendera a dançar, juntamente com seus amigos, graças às lições dos fantasmas de Fred Astaire e Gene Kelly. Realmente, haviam coisas que somente eram possíveis sendo um bruxo.
A banda concluiu seu número de abertura e Myron Wagtail dirigiu-se ao público:
_Muito obrigado. Vocês são a razão da nossa existência. O que é um artista sem o seu público? Nada, absolutamente nada. Adoramos vocês e adoramos Hogwarts. Somos todos oriundos desta escola, a consideramos como um segundo lar e a vocês todos como nossos irmãos. Trabalhamos à nossa maneira pela harmonia entre bruxos e trouxas, utilizando o dom que recebemos de Deus e Merlin, o de entreter com a música. No decorrer deste baile tocaremos, pela primeira vez, uma canção que estivemos compondo em segredo, especialmente para esta noite. Agora, provando que não somos apenas roqueiros, aí vão duas valsas, em homenagem a esse digno grupo de formandos. A primeira é só para eles e seus pares. A segunda, livre para todos. Boa noite, Hogwarts e vamos nos divertir!
Executaram a primeira valsa, para os formandos e seus pares. Ao seu término, estrondosos aplausos. Em seguida, executaram a segunda valsa, com a participação de todos os presentes. Durante a dança, Draco trocou um olhar com Dumbledore, que dançava com Minerva McGonnagall e disse algo ao ouvido de Janine. A bruxinha estranhou um pouco, mas concordou, sabendo que o noivo tinha algo em mente. Aproximaram-se de Blasius e Valérie, que valsavam ali perto e Draco pediu:
_Blasius, meu caro, eu não danço com minha prima há vários anos. Permitiria que eu terminasse esta valsa com ela?
_Tudo bem, Draco. Janine não se importa?
_Em absoluto, Blasius. _ disse Janine _ Inclusive, Valérie chegou a me dizer que você dança muito bem, como pudemos comprovar vendo vocês dois.
Trocaram de pares. Janine começou a dançar com Blasius Zabini e Valérie com Draco. No decorrer da valsa, começou a ocorrer uma coisa curiosa. Os pares começaram a se dispor de modo a deixarem Draco e Valérie no centro de um círculo, sem perceberem que seguiam uma orientação mental de Dumbledore. Harry e Gina, Rony e Hermione, Neville e Luna, Janine e Blasius, Milly e Daniel, Marino e Blaise, Dumbledore e Minerva, Hagrid e Madame Maxime, Jorge e Angelina, Fred e Alícia, Percy e Penélope, Sirius e Ayesha, Derek e Marilise, Pansy e Sheldrake, além de vários outros. Certo momento, a um sinal de Dumbledore, o conjunto parou de tocar e então Valérie e Draco viram-se parados, no centro do círculo que havia sido formado pelos outros pares. Ele soltou-se de sua prima e afastou-se uns dois ou três passos, olhando fixamente para ela, que achou aquilo muito estranho:
_Draco, o que houve, “Mon Petit Dragon”? Por que está me olhando desse jeito?
_Tenho algo a lhe dizer, “Ma Petite Valchérie”, algo muito importante.
_Então diga, ora! Não me mate de curiosidade, primo.
Draco olhou para todos em volta e novamente para ela. Então disse:
_Diante de Deus, diante dos homens e em nome de Merlin eu, Draco Black Malfoy, formalmente acuso você, minha prima-irmã, Valérie St. Clair Malfoy, de ser a responsável pela tentativa de envenenamento do Ministro da Magia, Arthur Weasley e da Vice-Ministra, Amélia Bones, durante o brinde oficial após a Cerimônia de Posse, tentativa essa que foi frustrada pela intervenção dos Inseparáveis e de membros da Ordem da Fênix.

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