Poderosa



Hophe
- A estrela do poder -


Vocês não vão acreditar no que eu vou contar a vocês: eu consegui fazer algo pra melhorar minha auto-estima. E usar um pouquinho do meu poder de monitora-chefe. Uau. Sentiu, não é? Eu queria um óculos preto só pra parecer rock star.

Eu estava andando, no corredor do sexto andar, e encontrei um Lufa-Lufa do primeiro ano encurralado por um Sonserino do mesmo ano. Eu imediatamente fui lá, para controlar a situação. Acho que pelo menos isso eu posso fazer.

- Sai de perto dele, agora. Ou isso ou um mês de detenção.

O carinha saiu apressado de lá, com medo de mim. Todos temam a fúria de Lily Evans!

Amém.

- Obrigado. – Falou o garotinho, saindo correndo logo depois.

[...]

- Madame Berhalter, eu estou bem! – Gritei pela quinta vez, tentando tirar aquele paninho molhado da minha testa.

- Você está com febre, menina!

Eu tinha que ir à ala hospitalar. Sou uma burra! Assim nunca vou aprender japonês. Não se ficar reclamando pra enfermeira só porque estava com febre.

- Posso pelo menos andar pelos jardins?

- Você não pode pegar sol, Srta. Evans. E não vai a nenhuma aula hoje. Vai voltar aqui a tarde, certo?

Levantei-me da cama, bati o pé no chão, e falei, da porta da enfermaria:

- Uso meu guarda-chuva.

E saí andando, toda pomposa. Eu acho que foi engraçado.

Então, simplesmente saí andando por todo o castelo, segurando um guarda-chuva branco que ganhei da prima Mandy ano retrasado. Passei pelas mesas, onde todos tomavam café, e abri o guarda-chuva.

James estava lá, tomando café, parecendo muito abalado. Eu senti uma enooorme vontade de ir lá e abraçá-lo, pedir desculpas e falar que ele era o meu grande amor, mas a razão foi maior. Não que uma louca tenha razão... Mas pelo menos naquela hora eu pensei isso.

Eu vesti uma roupa tão legal hoje! Estou com uma blusa de meia manga branca, uma bermuda jeans cinza que vai até o joelho, uma meia calça roxa cheia de flores e um tênis branco com salto cinza. E saí andando pelos jardins, debaixo do maior sol, com o guarda-chuva acima da cabeça.

É legal andar com um guarda-chuva nos terrenos de Hogwarts. Eu estou doente e não vou pra aula hoje. Legal. Acho que isso vai me ajudar a aprender japonês. Já disse que esse é meu sonho? Cara... Eu sou estranha. Será?

...

FOGO! TACARAM FOGO NA GRAMA! MEEEEEERLIN!

Soltei o guarda-chuva no chão e puxei a varinha do bolso.

29 centímetros, flexível, fina, com um fio de coração de Dragão. É tão bonitinha! No dia em que eu a comprei, tinha acabado de descobrir que era bruxa, então vocês imaginam a surpresa que foi. Imaginam?

- Aguamenti. – Ordenei, em direção a um pequeno incêndio no meio do jardim.

Guardei a varinha, satisfeita, e peguei meu guarda-chuva de novo. Voltei a caminhar, procurando o responsável por aquele dano a natureza bruxa, e sabe quem eu vi atrás de uma árvore? Lúcius Malfoy e Rodolfus Lestrange. Os dois patetas. Cadê o Snape pra compeltar o trio mais besta de Hogwarts?

Oops, eles me viram. (Eu estou sendo irônica).

- Evans, Evans... Excêntrica como sempre, não é? – Falou aquele cara de peixe louro, rindo de um jeito MUITO feio pra mim.

Ele acha que é superior. Há há, você é tão engraçado, querido!

- Se não é a dupla mais besta de Hogwarts! – Falei, num fingido tom doce.

Aproximei-me devagar, com um sorriso maroto, e logo depois fiz uma cara de raiva, colocando a varinha bem na cara do Lestrange.

- Por que vocês jogaram fogo na grama, seus idiotas?

Lestrange, morrendo de medo, ficou meio que tremendo. Que engraçado. Malfoy apontou a varinha pra mim, querendo me botar medo. Idiota. Ninguém coloca medo em mim. Só as cobras, os jacarés e alguns insetos super nojentos que parecem vir de outro planeta. Ou outra galáxia. Sei lá, nunca fui muito amiga dos insetos.

- Vai nos dar detenção, Evans?

- Tente, sua sangue-ruim imunda.

Malfoy idiota. Você não me atinge. Mas eu te atinjo. Há há.

Bati com toda a minha força o guarda chuva na cabeça de Malfoy e empurrei o Lestrange pelo peito murcho e velho. Sonserinos só podem ser assim, ou não seriam Sonserinos.

Acredita que os dois panacas voltaram correndo pro castelo?

Um a zero Lily.

E um a zero guarda-chuva.

[...]

- Professor Flitwick? – Perguntei, entrando na sala de feitiços, durante o intervalo para o almoço.

Ele me olhou, meio surpreso, e fez sinal para que eu fosse para a frente da mesa dele. Coitado, é tão baixinho! Não tem altura pra ser professor, embora seja bom. Ele ficaria melhor de Alpinista de Formigueiro. Ou surfista de privada. Ou pintor de rodapé. Ou quem sabe, um Porteiro de Maquete.

Eu sou cômica, não sou? Ele deveria ter achado isso, pois eu estava com o guarda-chuva aberto e acima da cabeça, como se estivesse no sol.

- Sim, Srta. Evans.

- O senhor conhece algum feitiço para melhorar a voz? Digo, minha voz é horrenda e desafinada, e se eu pudesse mudar...

- Existe um modo. Quer que eu lhe ensine agora?

Claro que quero! Dãã.

- Sim senhor, se for possível.

- Repita comigo: Voce afinate

- Voce afinate.

- Agora, tente com a varinha. Garanto que funcionará. Agora, se me dá licença, vou almoçar.

Saí da sala, ainda carregando o guarda-chuva branco. Apontei a varinha para minha garganta, um pouco hesitante, e ordenei:

- Voce afinate.

Eu senti alguma coisa na garganta. Não foi muito bom. Pareciam duas asinhas no meio do meu pescoço. Coloquei as duas mãos lá, tentando alcançar as asinhas ou o barato que for, e coloquei a língua pra fora. Com o guarda-chuva acima da cabeça.

Uma cena realmente linda de se ver, se me perguntassem.

- Aaaaah. – É mentira.

- Aaaaaah. – Eu acho que estou surda.

- AAAAAH.

ESTOU ROUCA!

Eu mato aquele nanico. Vou mandar ele pra escalar o formigueiro mais próximo. Fazer rapel, quem sabe. Ou então congelar ele e colocar no jardim da minha mãe. Ou dar pra mãe do James pra agradar a sogrinha.

É uma boa, não é? Mais uma idéia da Lily Evans’ Imagination Corporation.

Soa MUITO bem!

Bom, saí correndo para o salão principal e entrei lá, de guarda-chuva e meia roxa florida, em direção a mesa dos professores. Parei em frente do professor Flitwick, e falei, com a voz mais rouca que já tinha ouvido:

- Olha o que aconteceu com a minha voz!

Imediatamente, o salão todo ficou em silêncio. Olhando pra mim, claro. E eu lá, olhando furiosa para o nano-professor Flitwick. De guarda-chuva, é claro.

- Srta. Evans, creio que essa não seja a hora apropriada.

- Ou o senhor me diz como arrumar isso ou eu... Eu... Transformo-te em gnomo de jardim!

Eu estou realmente encrencada. Acabei de ameaçar um professor a transformá-lo em gnomo de jardim. McGonagall olhou pra mim horrorizada, mas eu nem dei bola. O importante é minha voz! Como pode um professor fazer isso comigo sem avisar?

- Você precisa tomar uma poção para curar a garganta. – Falou ele, parecendo se encolher.

Uau! Ele levou minha ameaça a sério!

Nota mental: dois a zero para a Lily.

- Muito obrigada. – E saí apressada de lá, com o guarda chuva ainda acima da cabeça.

Acho que esse dia vai ficar pra história. Bom, pelo menos é melhor ser a menina de guarda-chuva que ameaçou transformar o professor em gnomo de jardim do que a ruiva que se engasgou com uma azeitona, de pijama e do lado de Dumbledore.

Fui em direção a cozinha; Queria almoçar sem ninguém olhando e apontando pra minha meia calça roxa florida. E quem sabe fazer uma visitinha pros elfos.





Acabei de almoçar e saí em direção a ala hospitalar, para pegar a poção e voltar lá como a Madame Berhalter pediu. Ou mandou, mas ninguém manda em Lily Evans. Só meus pais.

Posso perguntar uma coisa?

Por que temos que chamar a mulher de “madame”? Ela por acaso é uma perua de novela? É uma francesa ricaça que tem salão de beleza? Não, ela é uma enfermeira que não queria deixar você sair da Ala Hospitalar. Mas coitada, ela nos ajuda quando estamos doentes. Deixe-a ser madame mesmo.

- Srta. Evans, você já está bem. Quanto a poção, aqui está. – Deu-me um copinho com uma poção laranja, que cheirava a camarão.

Como sou alérgica a camarão, tampei o nariz e virei tudo de uma vez. As asinhas voltaram a bater na minha garganta, mas minha voz...

- Voltou ao normal! – Gritei, feliz.

E saí saltitando pelos corredores de Hogwarts, sem fazer nada, até que... Passei na frente da sala da McGonagall e ela me chamou.

Duas palavras: estou ferrada.

- Srta. Evans, já está melhor?

Eu acho que estou com a alergia a camarão. É só coçar um lugar que eu fico toda vermelha. Discretamente, cocei o braço esquerdo, e logo estava vermelha da ponta do pé até o último fio de cabelo (também vermelho).

- Só com alergia a... Atchin!... Camarão... < I>Atchin! – Comecei a espirrar, na porta da classe.

E ainda com o guarda-chuva sobre a cabeça.

Eu realmente, mereço ficar marcada na história.

[...]

Será que meu plano vai dar certo? Não sei se levar James para ver o pôr-do-sol nos terrenos de Hogwarts vai fazer ele gostar de mim. Ou voltar a gostar. Ou quem sabe... Gostar mais! Porque sempre que nós ficamos decepcionados com alguém, não deixamos de gostar. Pelo menos foi assim comigo.

Seja como for, entrei no salão comunal e lá estavam os quatro marotos, sentados em poltronas, aparentemente fazendo lição. James estava lá! Go, Lily, go...

- James? Posso falar com você um minuto? – Perguntei, parando exatamente na frente de Peter e olhando pra ele.

Ele me encarou com aqueles olhos acinzentados perfeitos e cativantes... Não sorriu, mas concordou com a cabeça.

- Lá nos jardins?

Dói-me marcar um encontro com ele. Ainda mais nos jardins de Hogwarts. Mas, eu preciso fazer isso... É pelo James, e por ele eu faço qualquer coisa.

- Tudo bem. – Ele colocou o material dentro da mochila, colocou-a nas costas e eu fiz sinal pra ele me seguir.

Será que ele acha meu guarda-chuva estranho?

Fomos andando em direção aos jardins, com o pôr-do-sol atrás. Eu estava bem nervosa; sentia minhas mãos suarem frio, e minha boca tremer ligeiramente.

Chegamos a uma grande árvore, de frente para o lago e para o sol. Respirei fundo, e comecei:

- James, eu preciso conversar com você... – Não, imagina! Trouxe você aqui pra ver como você se parece com a raiz da árvore!

Ele assentiu e levantou as sobrancelhas, esperando que eu falasse. Apressado, não?

- Você não tem idéia do quanto é difícil pra mim... Falar isso. É extremamente complicado, na verdade.

- Tá.

Respirei fundo. Inspirei. Respira, inspira, respira, inspira... Meu peito subia e descia rapidamente, coisa que acontecia sempre que eu estava muito nervosa. Olhei bem fundo dentro daqueles olhos maravilhosos, e comecei a falar:

- Eu não queria ter dito aquelas coisas pra você.

Ele piscou.

- Não sei de onde vieram, nem porquê...

Ele piscou de novo.

- Mas nada daquilo é verdade. Na verdade – essa é a verdade, juro – a verdade passa longe daquilo. Olha, não foi com intenção de magoar você, nem de sei lá... Caramba! Eu não sabia que você ia ficar daquele jeito, tão mal... Eu não pensei em você, pois pensei em mim! E tudo isso é tão complicado, e confuso, e doloroso... Ai... Eu não sei! Eu nunca soube! EU NÃO ENTENDO! E... – Aí, desatei a chorar.

Sabe o que o insensível do POTTER me disse?

- Você não está se expressando bem.

Parei de chorar na hora, e olhei pra ele com raiva. Empurrei ele pra trás, de modo que ele ficou encostado na árvore, e comecei a falar:

- Eu POSSO retribuir seu sentimento sim, mas não agora, eu não consigo! Não consegue entender? Será que você não pode esperar até Hogsmeade, James? Eu gosto de você! E muito! Só que eu não estou preparada... Entende?

Começava a escurecer... E estávamos lá.

Ele é demente?

- Não, não entendo.

Bufei de raiva, e apertei ele contra a árvore com mais força. Soltei uns três suspiros, e depois do que me pareceram três minutos, exclamei:

- O QUE VOCÊ NÃO ENTENDE?

- Tudo.

Um, dois três. Respira e solta. Quatro, cinco, seis. Perdi a paciência!

Será que ele é tão burro ao ponto de não entender? Que ÓDIO – ódio mesmo. Temporário, mas é ódio.

- Eu. Gosto. De. Você. E-não-me-sinto-preparada-pra-ficar-com-você-ao-mesmo-tempo!

Eu gostaria que ele falasse “ok” e fosse embora. Mas não. Ele continuava ali, parado, me olhando como se eu estivesse mentindo ou algo assim.

Heey, eu não estou mentido! O que é um milagre. Eu nunca falo a verdade pro James... A verdade em relação aos meus sentimentos, quero dizer. Eu sou insegura, e daí? Não podia sair por aí e entregar meu coração do nada. Não MESMO.

- Hoje é segunda-feira. Eu não posso esperar até sábado, Lily.

Minha boca se abriu de indignação; de verdade. Isso é raro.

Parabéns, James, você bate recordes!

- Não conseguiria!

Soltei James e me afastei um pouco. Fui até a beira do lago e olhei para o pôr-do-sol...

Por que é tudo tão complicado? Por que a vida da pobre Lily tem que ter tantos problemas, tantas idiotices, tantas coisas inúteis? Eu queria ser que nem o Sol. Brilhar sozinha, sabe? Mas acho que mesmo sendo a Sol Evans, eu não brilharia de jeito nenhum.

Meninas que usam guarda-chuvas e descobrem constelações e uma nova estrela a cada noite não podem ser normais.

- Lily... – Ele chegou por trás de mim, e me virou lentamente. Colocou as mãos na minha cintura e me encarou, sério.

Se fosse uma novela, teria começado a tocar uma música de amor.

Meu coração não para de bater!

- Eu te amo. E, agora que sei que você gosta pelo menos um pouco de mim, sei que posso continuar com minhas esperanças. Só não posso ficar perto de você sem querer te abraçar, te beijar... Entenda, por favor, Lily. Eu me contento com um beijo... Um só...

Ele foi chegando mais perto, abaixou-se (sim, eu sou BEM baixinha), e encostou no meu nariz com o dele. Puxou-me para mais perto, mas parou ali, com o nariz grudado ao meu e os olhos fechados.

O que eu faço agora? HEY, AJUDA! EU NÃO SEI O QUE FAZER!

Lily desesperada?

Não, querida (o), é sua impressão.

De qualquer forma, coloquei minhas duas mãos no rosto dele, uma de cada lado. Cheguei mais perto, tocando os lábios dele... Meu coração pirou de vez. Senti meus lábios contra os lábios dele, quentes, macios... Fiquei um tempinho assim, mas logo me separei, totalmente vermelha.

Pelo rabo do olho, vi que ele sorria.

E QUE sorriso!

Uau.

[...]

- DI, KATH! – Entrei no dormitório batendo a porta, e encontrei as duas amigas lá. Alice estava pelo castelo... Ah, depois conto a ela.

- Que aconteceu? – Diana perguntou, levantando-se da cama, vindo em minha direção.

Será que minha cara está muito feliz?

- Lily... Pode contar! – Katheryn apoiou, vindo ao lado de Di.

Eu dei um grito bem agudo e pulei no pescoço delas. Eu estou feliz! MUITO feliz! FELIZ! Eu posso voaaaaar!

Kath e Di começaram a rir, e logo se sentaram na minha cama. Sentei-me de frente pra elas e comecei:

- James!

- Conta logo, Lily!

- Ele é simplesmente maravilhoso! Ele é doce, meigo, gentil... Ele é tão perfeito, tão lindo, tão... Não sei, ele é demais! O jeito como ele sorri... O jeito como ele fala... O jeito como ele anda, como ele bagunça o cabelo, como ele diz que me AMA! Eu não sei... – Eu falei isso num tom TÃO sonhador que acho que as meninas acreditaram mesmo.

Pois, afinal de contas, a que não acredita em milagres da história sou eu.

- Apaixonada! Que bonitinhooo!

Não é incrível como sempre tem alguém pra ser sem-graça? Parabéns, Kath!

[...]

Depois que as meninas dormiram, eu fui pra minha janela. Será que as estrelas aparecem aqui?

Sentei no parapeito da janela e... Ahá! Lá está a Hophe, minha estrela do poder! A Hayley e a Hallie estão do lado, mais apagadas.

Por que o poder hoje?

James Potter amar você é ter poder.

Azarar dois sonserinos sozinha é ter poder.

Andar com um guarda-chuva é ter poder.

Mas por que eu não posso voar sem vassoura?

Wait, don't go away
Espere, não vá embora
Just not yet
Apenas não agora

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