Capítulo V



Capitulo V

Abri, enfim, a porta do meu apartamento. E, colocando as sacolas para dentro, fechei a porta, logo depois as levei para a cozinha.
Estava um tanto molhada pela chuva fina que começara bem na hora em que a gasolina do carro resolveu acabar e tive de me deslocar até o posto mais próximo, a pé.

E antes que pudesse correr até meu quarto ou até mesmo ao banheiro, para me secar, o celular tocou.

-Granger – respondi o pegando.

-Hey, Hermione. Aqui é o Nicolas, desculpe-me ligar, mas é que não lhe encontrei em casa, espero não estar atrapalhando.

–Não. Algum problema?

-Não exatamente – falou com ar sem-graça. – Eu só gostaria de saber se, bom, se você não tiver algo mais interessante para fazer...

-Sim?

-Gostaria de ir comigo à casa de campo dos meus pais? – indagou quase a gaguejar. – Alguns amigos meus irão estar lá – disse depois, quase que rapidamente.

-Oh... Eu, bom, você me pegou de surpresa, não sei o que dizer.

-Então diga sim.

Eu sorri. – Bom, vejamos, certo? Depois falamos sobre isso, tenha uma boa noite Nicolas.

-Boa noite, Hermione.

Balancei a cabeça lentamente antes de voltar a sorrir.
Nicolas era realmente uma gracinha, mas não faz o meu tipo. De algum modo ele era, digamos que, estranho demais. Quero dizer, ele realmente é muito bonito, mas tem um complexo estranho de inferioridade... Eu não sei, não gosto dessa atitude em uma pessoa.
Acho que ele tem a minha idade, trabalha comigo há uns três anos e já saímos umas duas vezes... Ele me convidou outras tantas, mas recusei. Nicolas nunca me teria por completo. E, nesses oito anos, fiz questão que ninguém nunca chegasse perto disto.
De certo, depois de Rony, estive muito mais interessada em minha vida profissional do que em qualquer outro relacionamento. Assim como sempre dei privilégio ao profissional em detrimento do pessoal... Mas, nesses oito anos, ainda tive minha cota de relacionamentos efêmeros.

Tirando-me das divagações, a campainha soou, eram quase nove horas e não esperava ninguém.
Quando abri a porta, achando que deveria ser um engano, encontrei alguém que sorriu ao meu espanto.

-Mas você não está pronta? – perguntou beijando meu rosto. – Deveria ter imaginado.

-O que está fazendo aqui?

-Disse que iria lhe buscar – falou como se fosse óbvio.

-Como você chegou aqui, sem ser anunciado? – indaguei atordoada.

-Eu aparatei, Hermione – retrucou achando graça da minha confusão. – Você está toda molhada – disse balançando negativamente a cabeça, pondo as mãos no bolso. – Acho que pode dar resultado – falou enquanto apontava sua varinha em minha direção, antes que pudesse dar um passo para trás, senti a evaporação da água que se encontrava em minha roupa.

O meu sorriso tinha desaparecido quando encontrei Harry Potter, tamanha surpresa. Eu não lembrava que seus olhos eram tão vivazes...
O que ele estava fazendo aqui pra começar? Alguma coisa em minha cabeça poderia explodir a qualquer momento com essa indagação, mas acho que eu perdi um minuto, ou cinco, o observando. Harry não estava irreconhecível, estava, apenas, muito, muito atraente.
Ele já era alto quando eu o vi pela última vez, mas havia nele um “quê” de diferente. Talvez seus traços mais amadurecidos ou a falta dos óculos, ou ainda, seus mais que bagunçados e, ainda assim, lisos cabelos negros, caindo-lhe sobre os olhos verdes. Ou os seus trajes que lhe caiam bem sobre os ombros largos. Ou talvez aquele sorriso iluminado que ele tinha desde...

-Você tirou os óculos.

Ele sorriu mais uma vez. – Posso entrar? - cedi espaço para ele. Harry me mostrou o sobretudo que segurava.

-Dê-me aqui, deixe-me guardá-lo. Quer algo... – franzi a testa. – Quer beber alguma coisa?

-Não obrigado. Só vou ficar o tempo de você se arrumar, para sairmos.

-Harry, eu não vou – falei lhe encarando.

-Por que? Vim aqui, exclusivamente, para pegá-la – falou com ar surpreendido, que, tenho para mim, é completamente falso.

-Porque esse não é o que posso chamar de um bom programa para uma terça – contestei cruzando os braços enquanto me sentava.

-E o que você acha que é um bom programa para terça?

-Estar debaixo das cobertas, assistindo um bom filme, com, talvez, uma grande quantidade de pipoca como companhia.

-Meu Merlim, Hermione! Eu não posso acreditar – disse sentando no meu sofá, olhando-me como se alguma coisa estivesse errada.

-Como vocês fazem uma festa/comemoração numa terça-feira?

-E por que não?

-Não sei se você tem, mas amanhã acordo cedo para trabalhar.

-E o que você faz? – perguntou demonstrando curiosidade. – Quero dizer, você estava se preparando para se tornar uma medi-bruxa...

-Sou médica, de trouxas. Cardiologista.

-Interessante.

-E você? Acho que deve ter se tornado um auror.

-Sim, eu sou.

-Não poderia ser diferente, certo?

-Acho que não – respondeu sorrindo. – As pessoas, às vezes, perguntam por você.

-Mesmo? Nossa. É realmente uma surpresa para mim – falei franzindo o cenho.

-Como tem passado? E a propósito, belo apartamento, parece muito com você. Se quer saber, tem todo seu jeito.

-Obrigado. E o que posso dizer? Estou bem, tenho um bom trabalho, minha vida está na mais perfeita paz.

-Pena que não posso dizer o mesmo – riu-se. – O mundo bruxo anda uma loucura, principalmente com o final da copa de quadribol, daqui a uma quinzena.

-Imagino como estão todos, as pessoas são meio fanáticas por esse jogo – falei revirando os olhos. Certas coisas nunca mudariam.

Ele sorriu novamente. – Havia esquecido da sua opinião sobre quadribol. E, Mione, acho que vou aceitar aquela bebida...

Levantei, indo ao encontro do bar. – E quem está, bom, nessa final?

-Bulgária – Harry torceu o nariz. – E Irlanda.

Vi-me sorrindo. – A Bulgária é uma seleção muito boa – repliquei sem me conter.

-É claro que é – ele resmungou. – Eu nunca disse o contrário – completou depois de aceitar a taça que lhe ofereci.

-Você ainda sofre com quadribol não é mesmo? - Harry me lançou um olhar absolutamente óbvio. – E você tem ingressos?

-Sim – respondeu me olhando. - Já decidiu se vai ao baile?

-Sinceramente? Não.

-Não é uma surpresa de fato – ele comentou, depois de beber um pouco. – É bom conversar com você normalmente - sorri sem saber o que dizer. – Quero dizer, depois de tantos anos... – ele começou a rir de repente.

-O que foi? – perguntei instintivamente passando a mão no cabelo.

-É que... bem, eu ensaiei um monte de coisas para te dizer quando encontrasse você... Eu simplesmente esqueci quando te vi – ele disse encolhendo os ombros, ainda sorrindo. – Eu só quis, por um momento, lhe dar um grande abraço e falar qualquer trivialidade, saber da sua vida, se você estava bem... - agora, de fato, estava sem palavras. – Em outro momento, quis ralhar com você, saber por que diabos não me mandou apenas uma carta. Eu senti tanto sua falta... – falou suavemente encontrando por um instante meus olhos. – Certa vez, me perguntei o que tinha me dado na cabeça para compactuar com aquela sua idéia... Sua idéia maluca.

-E qual foi a conclusão que chegou? – indaguei.

-Que tinha certeza que não seria por muito tempo, que sabia que você, minha amiga, voltaria pra mim... pra gente. Parece que estive enganado por todo esse tempo.

Desviei o olhar. - Está perdendo a sua festa – comentei algum tempo depois.

-A nossa festa, quer dizer – respondeu buscando algo em seu bolso.

-Hã. Eu preferiria que não fumasse aqui.

Harry me fitou sorrindo. – Eu parei. Alguém me disse que fazia mal – contrapôs. – E se quero continuar sendo o sorriso mais brilhante e belo do mundo bruxo - falou fazendo uma careta. - Tenho que fazer certos esforços.

-O sorriso mais brilhante?! Desbancando até mesmo Lockart?! Você é um herói – disse irônica.

-Sinto decepcioná-la. Eu sei que é fascinada por ele – respondeu mordaz. - Mas você sabe, a fila anda.

-Eu não sou...! – comecei quase indignada, mas alguma coisa me fez lembrar do segundo ano em Hogwarts... – Ah. Você não presta – contestei virando os olhos.

-Que tal, apenas meia hora?

Suspirei resignada. – Você não cansa?

-Tem certeza que não sabe a resposta para essa pergunta?

-Acho que lhe devo essa – ele confirmou. - Deixe-me apenas me arrumar, está bem?

-Certamente.
*
(Continua)
*
Desculpem algum erro. Queria agradecer a Pink_Potter, a sy_, a Lila_GraNgeR, a Mia Rolim, ao Daniel Black, a minha mamy Thaís Potter Malfoy, a ...*!MeL!*... e a *Mary*. Valeu mesmo gente, pelos comentários!
P.s.: Mamy, perdoe-me. Mas é que a Mione ainda tem aquele ar de “HPB” aqui... Ou parte dele. Além do mais, ela se feriu e uma pessoa ferida não mede muito bem as conseqüências.
Beijoks e até a próxima. Desculpem-me a demora.

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