Capítulo XI



Capítulo XI

A primeira vez que a encontrei novamente foi estranha.
Hermione estava, no mínimo, chocada por me ter a sua frente, a sua porta, naquela noite. Mas, de algum modo, nós retornamos a conversar como há anos atrás... Talvez não com a mesma intimidade, depois de oito anos não se pode ter o mesmo comportamento não é?

“Será que ela havia esquecido de mim? Do meu jeito?” Foi o que me veio à cabeça quando o olhar dela, abismado, encontrou o meu. Quero dizer, eu sempre cumpro uma promessa e eu havia lhe escrito, dizendo que iria ao seu encontro se não comparecesse na comemoração.

Deixando todo e qualquer assunto sobre nossa amizade de lado, a estudei atentamente. Hermione não estava irreconhecível, nem chegava perto disso. Eu poderia observar os mesmos traços, tão familiares...
Ela tinha um ar mais amadurecido, apesar de tudo. E até um tanto quanto duro. Mas ainda era ela. Seus olhos, preenchidos pela surpresa, brilhavam tanto ou mais que há oito anos atrás.

Suspiro fechando os olhos um instante: E eu não pude deixar de achá-la mais bela...

Quando consegui convencê-la a me acompanhar até Hosgmead, a morena não estava nem um pouco animada. E, naquele lugar, creio que Hermione nunca esteve tão perdida. Se ela, pelo menos por um segundo, conseguiu se divertir, já estarei feliz.

Hoje, mais cedo, lá estava eu, em sua sala. No trabalho dela. Querendo, mais uma vez, convencê-la a sair comigo. Não de um modo romântico, não... Eu apenas queria Hermione de volta, no lugar certo. Antes que pudesse persuadi-la, no entanto, aquele homem apareceu.
Um loiro, de olhos claros, com um ar responsável que me deu nos nervos. Como se não bastasse, ele me fitou de cima a baixo, mas eu não o culpo por isso. Pelo modo como ele entrou no consultório de Hermione – sem bater. –, deve ter alguma intimidade com ela. E se não me engano – e tenho certeza que não –, pelo olhar que ele lançou a morena e a mim, ele estava com ciúmes.

Ele fez questão de frisar “paciente”. Senti pena quando ele o fez. E daí que eu estava a abraçando? Que eu estava falando em seu ouvido? Como se nós estivéssemos fazendo algo completamente fora do pudor... Francamente.

Ainda acompanhei a reação de Hermione, que, para mim, foi completamente natural – não deveria ser diferente, não havia nada de absurdo ali... – o que me indica que entre eles não há nada. Ou que Hermione estava completamente ciente que eu não faria absolutamente nada.


Então, como combinado estou agora a sua porta.
O que tinha na cabeça?
Até parece que Hermione aceitará o convite... Ela, antes de tudo, odeia quadribol.
“Além do que, Potter, se ela estiver com aquele ‘amigo’ dela, você não precisará cumprir sua promessa. Porque ela, simplesmente, já terá quem possa lhe servir de apoio, lembre-se”.

Suspirei antes de tocar a campainha, tinha a cabeça em um redemoinho de pensamentos repetitivos e cansativos. Então, segundos depois, ela estava a minha frente e, como sempre, magnífica.
Eu não posso deixar de reparar... Os cabelos cacheados, caindo por seus ombros como cascata. Os olhos cor de chocolate sorrindo quando encontraram os meus. Sinto sua pele suave e perfumada quando meus lábios roçam levemente em sua bochecha.

Como se pode deixar de estar hipnotizar por Hermione Granger? Seu encanto – ao menos em mim. – é mais forte do que o de qualquer Vella. – isso, no entanto, não significa nada, porque, tenho certeza, com aquele seu olhar... Ela pode ter qualquer um a seus pés.

-Venha. Seja bem vindo – disse educadamente, depois de nos afastarmos.

-Obrigado.

Depois que Hermione fez um gesto amplo, oferecendo-me qualquer lugar da sala, nós nos acomodados e eu pude observá-la melhor.

Eu poderia dizer que ela estava “normal”, com uma roupa que pegara casualmente em seu guarda-roupa. Eu até queria dizer isso, mas... Bom, tudo bem, tem um comentariozinho que eu não posso deixar de acrescentar... A morena a minha frente estava com uma blusa branca de gola olímpica; blusa esta, indo até seu pulso. Até esse momento eu não me importei, a blusa era muito elegante e eu acho que dificilmente algo possa cair mal às curvas da minha melhor – ou quase - amiga...
Mas por alguma razão que sinto que sempre irei desconhecer, ela não estava usando uma calça jeans, de brim, ou seja lá os tipos de tecido que uma calça pode ter... Ela não estava usando uma calça.
A saia, vermelho-café, que escolhera era básica. Mas, ainda assim, era o meu martírio. Quero dizer, Hermione sabe – ou deveria saber ou lembrar – que eu tenho uma pequena grande atração por suas pernas. Quero dizer, elas me fascinam...

-Então – digo tentando apenas olhar para seus olhos. – Já tem uma resposta?

Ela pareceu ponderar. – Indo a este evento, significa que estarei fora da cidade por um final de semana? – indagou erguendo a sobrancelha.

-Exatamente.

-Sem contato com ninguém do mundo trouxa?

Assenti. - E devo advertir, raramente você conseguirá qualquer sinal para fazer uma ligação telefônica.

Sorrindo, ela respondeu apenas. – Isso é ótimo.

-Desculpe-me, o que pode significar um “isso é ótimo”?

-Eu adoraria acompanhá-lo, Harry Potter – retrucou sorrindo mansamente.

Retribui seu sorriso. – Não vai se arrepender. A Gina estará conosco, assim como Neville e Beatriz.

A morena arqueou a sobrancelha – Beatriz estará lá? – lhe lancei um olhar confuso. – Quero dizer, a Gina sabe disso?

Sorri. – Sim. Na verdade, ela que sugeriu.

Hermione pareceu incrédula. – Estou impressionada. Realmente impressionada...

-Desculpe-me se estou sendo indiscreto, mas o que fará em relação ao seu “amigo”?

Talvez meu tom de voz tenha se tornado diferente em algum ponto, porque, nesse momento, Hermione me lançava um olhar enviesado. – O que está sugerindo quando diz “amigo” desse modo? – averiguou, mas não esperou uma resposta. – Eu apenas lhe direi que estarei ocupada. O que, de fato, é verdade.

-Bom... Tenho que ir.

-Já? Não quer beber alguma coisa?

-Não, muito obrigado. Vim aqui para saber sua resposta.

Hermione se levantou arrumando a saia. Desviei o olhar para a porta. – Até parece que está fugindo, Harry – ela disse sarcástica, me observando cuidadosamente.

Corei levemente sob sua insinuação. - Não seja tola – respondi buscando não fitá-la. – Por que fugiria de você?

-Na verdade, eu não mencionei que estivesse fugindo de mim, exatamente - continuou no mesmo tom. – Agora, entretanto, creio que esteja o fazendo.

-Por que fugiria de você? – repeti forçando-me a fitá-la nos olhos. Minha mente trabalhando contra o tempo para conseguir usar oclumência antes de Mione conseguir infiltrá-la. Ainda assim, não tenho idéia do porquê estou tão constrangido.

-Como eu poderia saber, senhor oclumência? – ela riu quando a olhei desconcertado. – Vamos lá, Harry. O que está escondendo? – inquiriu. – E não aceito um “não é nada” ou “Não sei do que está falando” – completou cruzando os braços.

Eu tive de sorrir. Ela nem deve saber o quanto fica imponente nesta posição... Sua cabeça para lado oposto de onde eu estava, enquanto seus olhos me espreitavam.

Suspirei derrotado. – Apenas a estava admirando – disse cuidadosamente. – Você sabe... Eu admiro muito... – Hermione me olhou, esperando que continuasse. Ergui a sobrancelha. – Bela saia – ela corou, como eu sabia que faria. A morena finalmente entendeu o que quis dizer.

-Obrigada – disse ela descruzando os braços, colocando uma mexa inexistente para trás da orelha.

-Agora, eu vou.

Havia dado três passos quando minha amiga chamou. – Não combinamos nada. Onde deverei estar? A que horas? O que tenho que levar?

E antes que pudesse perceber, estava novamente sentado de fronte a Hermione, conversando. O que ela deveria ou não levar, a que horas eu iria aparatar aqui, na sua casa, amanhã à noite. Não sei quando o assunto mudou ou quando passamos a estar acompanhados de uísque.
A vi sorrindo novamente e acompanhei seus gestos e postura, eu não posso acreditar – não conseguia entender - que estivesse sozinha...
*
(Continua)
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Espero que gostem e que comentem, claro! XD
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