Capítulo IX



Capítulo IX

Gina andou até Harry em passos largos. – Harry. Eu-preciso-falar-contigo – disse empurrando-o novamente para sua sala.

-Está me deixando preocupado – falou sentando-se e oferecendo um lugar a ela. – O que houve?

-Neville está me deixando preocupada.

-O que houve? – indagou franzindo a testa. Até onde sabia, o amigo estava bem.

-Esse é o problema, eu não sei. Mas sinto que ele não está bem.

Virando os olhos, o homem cruzou os braços. - Você e seus ciúmes.

Ela o olhou indignada. – Não estou com ciúmes do casal vinte.

-Para começar, quem falou aqui sobre esse tal “casal vinte”? – motejou. Gina o fuzilou com o olhar.

-Você não leva a sério mesmo não é?

-Até agora não me disse nada que eu possa levar a sério – retrucou suspirando impaciente. – Você não disse nada - bufando, a ruiva saiu do escritório.

Harry se levantou e se dirigiu novamente para fora do escritório, ia para casa, seu expediente já havia terminado.
Enquanto entrava no elevador, lembrou da amiga. Estava se segurando para não ligar diariamente para Hermione... O que era bem complicado, mas ainda assim, o fazia...

Ele suspirou. Por que as coisas não podiam ser como antes?

Harry acordou irrequieto naquela manhã. Definitivamente, os estudos dirigidos de Hermione não estavam lhe fazendo bem...
Sonolento, ele se dirigiu ao banheiro, seus olhos com, ainda quase imperceptíveis, marcas de noites mal dormidas.

Com um suspiro pesaroso, o senhor dos olhos verdes estava com os dentes escovados, banho tomado, e ainda assim, totalmente irritado. Sua cabeça totalmente anuviada, enquanto descia as escadas para encontrar uma sala de estar vazia.
Chiando, ele sentou-se em sua poltrona favorita, de fronte para a lareira – que ainda se encontrava acesa. – O que ele tinha?

O moreno respirou fundo, não deveria se preocupar com besteiras, mas se preocupava. Aquele sonho, por Merlim, aquele sonho não saia de sua cabeça... E ele se desesperava em saber que se dormisse, poderia vir a sonhá-lo outra vez. Seria o caos. Ah. Merlim, aquela coisa tinha de parar.

“Talvez seja apenas cansaço” pensou consigo mesmo. E fitou o fogo, como se dali pudesse sair a cabeça de Sirius e este pudesse lhe explicar o que, por Deus, estava acontecendo. O rapaz tentou ser racional, ser conciso, frio, calculista... e resignou-se.

“Tudo bem, era apenas um sonho. Eu posso conviver com isso” ele se mexeu desconfortável na cadeira. “Tenho certeza que logo esquecerei, não dou nem dois dias”.
“Não seja idiota! Você não tem condições psicológicas para tanto!” Reprovou uma vozinha irritante que lhe lembrava Rony. “Além do mais, você não quer esquecer...”
“É apenas um sonho!”
“Quer mesmo que lhe relembre o detalhe sórdido?” Perguntou a voz quase sarcástica, porém mais maldosa.

Harry soltou uma exclamação de incredulidade. Mais essa! Uma voz que só lhe colocava para trás.
O jovem gemeu pondo as mãos no rosto e esfregando-as nele com exasperação. Ele, às vezes, odiava ser Harry Potter.

-Harry? – tocou seu ombro. - Está tudo bem com você? – indagou com sua voz preocupada.

E antes que pudesse se refrear estava corando. – Tudo bem, Mione - ela franziu a testa, como se inquirisse a verdade. – Sem sono – murmurou dando de ombros.

-Você também? – ela perguntou suspirando. E antes que Harry reclamasse, ela o estava “empurrando”, desse modo sentando-se ao seu lado.

Ele a olhou de lado. – Você poderia ter sentado em outra poltrona.

-Essa é a minha favorita, se se sente incomodado, pode sair – ela retrucou impassível.

Harry revirou os olhos, mas não se móvel. Não daria o braço a torcer. A poltrona não era tão grande, mas deixava ficar sem aperto (ou quase) aqueles dois.

O jovem podia sentir o braço dela tocar o seu, poderia também ver seu perfil, mais que bem. E, mais atrevidamente, poderia apreciar aquele seu perfume... Sua mente ficando turva. Seus pensamentos, incoerentes, pareciam não chegar ao lugar certo, não chegavam a lugar algum...
Harry Potter, quem?
Estava perdido.


Mas daquele sonho não esquecera... “Já estava completamente fascinado por ela naquela época...” pensou com um pequeno sorriso triste.
**

Havia mais de uma semana que Harry e eu havíamos visitado os gêmeos Weasley. E até aqui, recebera dois telefonemas dele. O que, para nós, é quase um recorde. Porque, sendo franca, há anos atrás, nós quase não sobreviveríamos sem o telefone. Eram horas a fio por dia, isto quando não estávamos enfurnados – isto mesmo enfurnados – na casa um do outro. E, naquele tempo, eu não me importava de ligar - ou atender um telefonema seu - bem de madrugada. Não que me importe agora de atender, mas ligar... Ah, eu não tenho coragem.

Mas, para ser sincera, eu não tenho o número do telefone dele... E nem entro em detalhes sobre coisas pessoais. Estranho. Nós vivíamos juntos. Até naquela busca pela partes da alma de Voldemort... – mesmo quando Harry não admitia isso. - Quando ainda éramos jovens.
Quando o casamento de Gui e Fleur ainda não havia ocorrido e nós estávamos ainda na casa dos Weasley...

-Mione, me diz uma coisa – murmurou fitando novamente o fogo.

-Sim?

-Acha que isso tudo pode acabar? Quero dizer, você e Rony estão se sacrificando um monte para estarem aqui – ele suspirou. - Eu sei que seu sonho era terminar Hogwarts... E que, para estar aqui, você brigou com seus pais e-

A jovem o calou, seu dedo nos lábios dele. – Shii Harry... O lugar certo para eu estar é aqui e sempre será. Nunca me perdoaria se estivesse em minha casa, com meus pais, enquanto você estivesse aqui, com os outros, lutando para o bem estar de todos nós... Quando me tornei tua amiga eu soube, soube que não poderia te deixar mais – ela disse lentamente. – E que, onde quer que essa amizade me levasse, eu iria estar. Eu prometi pra ti que não te deixaria. Não sei se reparou, não sou alguém que quebra promessas... Eu quero estar ao teu lado quando tudo piorar, quando estiver mais fraco ou mais forte, quando estiver alegre ou sofrendo, assim como quero estar ao seu lado quando você vencer – disse seriamente enquanto seus olhos fitavam os dele. – Entende? Confio demais em ti, Harry. Montes, montes.

Ele sorriu fracamente enquanto lhe abraçava. Forte. – Muito obrigado por estar aqui – sussurrou roucamente. – Eu não sei o que seria de mim sem você... Sem o Rony.

-Certamente teria muito mais caraminholas na cabeça – retrucou divertida, se afastando. – Pára de pensar nisso está bem? – disse tocando levemente seu rosto. – Agora, me diga, por que está sem sono? Algum pesadelo?

-Antes fosse – resmungou desviando o olhar.

-Não entendi.

-Besteira... Não se preocupe, nada de pesadelos – o rapaz lhe olhou de lado. – E você?

Hermione deu um sorriso fraco. – Quis repassar alguns feitiços que aprendemos ontem.

-As pessoas também precisam dar um descanso, senhorita Granger.


Fora um dos poucos momentos em que reconhecera meu melhor amigo em meio àquela guerra. Fora essa lembrança que me fazia acreditar que Harry voltaria ao “normal” quando tudo acabasse. E ele voltou.

Retornando ao presente, me pego pensando na promessa que havia feito. Será que Harry está aqui para cumpri-la?
*
(Continua)
*
Obs.: as lembranças que tiveram, são do mesmo dia Ok? Uma (da Mione) é o complemento da outra (do Harry).

Obrigada pelos comentários! Eu sei que o capítulo anterior foi muito pequeno, mas era só o bônus. E, fizem relaxadas, é o menor capítulo da fic.^^
Beijo!

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