Palavras que Ferem



CAP 8
Palavras que ferem





O vento soprava forte naquela manhã ensolarada de segunda feira. Uma coisa muito estranha, na opinião de Harry, que já estava acostumado com as longas semanas de nevoeiro por causa dos dementadores. Fazia muito tempo que aquela neblina forte sumira dos céus da Inglaterra, e Harry começava a pensar se isso não queria dizer que os dementadores estavam em menor número agora.

Mas isso já não era problema, quando se tem um triangulo amoroso para tentar acalmar.

A chegada á casa de William foi calma a princípio, mas parece que há coisas que nunca mudam. Rony resolveu ir direto dormir na noite passada sem sequer dar tchau a Lupin, e para piorar a situação, sem dar boa noite à Hermione, que ficou um bom tempo enumerando defeitos de Rony para Harry antes de ir dormir.

A esperança de que tudo aquilo tivesse acabado se esvaiu completamente ao Rony entrar no quarto de Hermione no dia seguinte. A melhor palavra para descrevê-lo era com certeza a palavra “grande”, bem grande! Tinha uma cama enorme de casal no meio do quarto e era cercado por janelinhas pequenas enfeitadas por cortinas cor creme.

- Não é lindo? – Ela perguntou sorrindo em frente a porta logo depois que o trio havia tomado o café da manhã e subira para ver o seu quarto, ao qual ela dizia ser o lugar mais gostoso que já havia dormido em toda a sua vida.

- O nosso quarto é um cubículo! – Rony exclamou apertando os olhos em direção à amiga.

- É só isso que você consegue dizer?

- Harry está dormindo em um colchão no chão!

- Ah Harry! – Hermione disse vencida. – Se você quiser pode dormir aqui um dia. - Rony fechou a cara diante da frase de Hermione, que escondia um sorriso vitorioso no rosto.

Não era inteiramente verdade o que Rony dissera. O quarto onde ele e Rony estavam dormindo era até melhor do que vinha esperando. Era um lugar arejado, cheio de janelas, como o de Hermione. O colchão não era tão ruim assim; Harry até descobrira que gostava de colchão duro. Não lembrava de ter acordado tão inteiro há tempos, levando em conta a longa caminhada da madrugada passada.

- Não precisa. – Harry não queria se meter no assunto. Quem estava discutindo era Rony e não ele.

- De qualquer forma se você quiser... eu durmo naquele sofazinho ali no canto e você pode dormir na cama se acordar com uma tremenda dor de coluna! – Disse debochada para Rony.

Rony deu uma risada debochando também.

- Você viu isso! Até sofá ela tem.

- Não venha com piadinhas viu Rony! Aonde você queria que eu dormisse? – disse gesticulando freneticamente as mãos. – Com vocês dois no seu cubículo? Ou quem sabe você conjura um quarto a mais na casa só pra mim! Isso! Problema resolvido!

- Não seja irônica!

- Não seja você tão teimoso Ronald!

- Ei!

- Você quer que eu vá dormir em outro lugar que não seja o antigo quarto dos pais do Will? – Rony ergueu uma sobrancelha esperando a resposta da garota. - Vou dormir com ele então!

Rony parecia ter tomado uma bofetada na cara ao ouvir aquelas palavras. Ficou lívido de raiva e começou a gesticular sem parar tentando soltar pela boca palavras que não saiam. Harry achou que aquilo tinha sido um tremendo golpe baixo da parte de Hermione, mas não achou que ela estivesse realmente falando sério.

- Você não pode fazer isso! – disse ele finalmente ao conseguir formar as palavras.

- Por que não? – Rony encarou o rosto lívido de fúria de Hermione.

- Faça o que você quiser então! Esse baba ovo metido fica plantado neste fim de mundo sem ninguém, deve estar precisando muito de mulher mesmo!

Harry teve vontade de enfiar a cabeça de baixo da terra ao ouvir aquilo sair da boca de Rony. Pode ter sido imaginação, mas Harry pensou ver os olhos de Hermione mudarem de castanhos para vermelhos e suas mãos se fecharem, pronta para dar um soco em Rony. Talvez se ele saísse de cantinho eles nem percebessem a sua falta.

- Para a sua informação Rony, o Will – e ela falou com fingida calma o nome dele, deixando Rony mais furioso ainda – não morava nesta casa. Esta é só a casa de verão dele. Ele mora na Austrália e só veio pra cá para nos ajudar.

- Pelo jeito você sabe muita coisa sobre o Willizinho!

- Sei sim, conversamos ontem à noite. E não me venha com essa de Willizinho, pois isso é patético!

- Patético é o jeito como ele trata você. Como se fosse uma rainha que precisasse de toda a atenção e mordomia do mundo! E você ainda aceita as coisas que ele faz, deve estar gostando, não é? – Rony falou dando um sorriso que misturava vitória e nervosismo.
- Eu não sou grossa como você a ponto de não aceitar as coisas que ele faz de bom grado pra mim! Seria totalmente desrespeitoso se eu não aceitasse essas coisas. Ele podia se ofender sabia?

- Na...

- Quer saber Rony? – ela o interrompeu – Fale o quanto você quiser, mas sozinho, porque eu não estou nem aqui mais! – Virou as costas e foi soltando frases soltas pelo corredor vazio. Harry até conseguiu ouvir o som de alguma coisa se quebrando ao longe. Nada que Hermione não pudesse concertar, certamente.

- Você viu isso? – Rony disse bufando na direção de Harry.

- Vi e acho que nós devemos sair daqui também. – Harry passou os olhos nervosos pelo quarto.

- Não sem antes eu inspecionar esse lugar.

Rony resolveu inspecionar o quarto de Hermione só para ter certeza de que não havia nada de suspeito lá. Era o que ele dizia, mas na verdade o seu medo era achar alguma coisa nos pertences de Hermione que tivessem algum vínculo com William. Harry podia imaginar o barraco que aconteceria se Hermione os pegassem xeretando em suas coisas.

Depois de um longo tempo em que Rony ficou amaldiçoando o Willizinho por ter perfumado os travesseiros de Hermione, eles, ou melhor, Rony, resolveu descer para ver o que estava se passando no andar de baixo; mais especificamente para vigiar Hermione e William.

- Pára com isso Rony, você só vai piorar as coisas pro o seu lado. – Harry disse depois que eles sentaram a um canto da sala para jogar xadrez bruxo.

- Mas ela é quem provoca! – ele sussurrou enquanto mandava olhares curiosos para o sofá onde Hermione e Will estavam sentados. Will estava tentando ler a mão de Hermione enquanto ela soltava gargalhadas e mais gargalhadas todas as vezes que ele fazia predições engraçadas e improváveis.

- Ela provoca? – Harry não podia acreditar no que os seus ouvidos escutavam. – Você disse na cara dela que o Will... quer dizer... William – Harry disse em resposta ao olhar fulminante do amigo – que ele só está dando em cima dela porque ela é mulher.

- E não está?

- Você sabe que não. Você realmente acha a Hermione desinteressante? – Ele perguntou em um tom debochado e irônico.

- Você acha? – Rony olhou curioso para o amigo. Harry sentiu que não estava melhorando as coisas. Só faltava agora o amigo brigar justo com ele por causa daquele ciúme doentio.

- Ei! Eu estou com a sua irmã lembra?

Rony soltou um grunhido e balançou a cabeça afirmando as palavras de Harry.

- Então cara! E sabe o que é aquilo ali? – ele balançou a cabeça na direção do sofá onde Hermione ria mais alto que o normal. Podia ser que Hermione provocasse um pouco, mas só depois daquela briga idiota que eles tiveram no quarto. – É só pra fazer ciúmes.

- Você acha mesmo?

- Depois da cena que eu vi no lago ontem à noite eu não tenho dúvidas.

Rony se largou na cadeira, derrotado e sem graça.

- Pode ser. Mas não adianta me pedir pra ir com a cara desse William porque não tem mais volta.

- Não estou pedindo nada. – Harry disse em seu favor.

- Então tudo bem.

E então voltaram ao xadrez, onde pela primeira vez Harry ganhou de lavada de Rony, que estava interessado demais em olhar para o casal no sofá para se importar com o jogo. No fim das contas, Will deixou Hermione sozinha no sofá da sala lendo um livro roxo e muito velho que Harry nunca tinha visto, devia ser de William.

Com o passar do tempo, onde só se ouviam o tilintar das peças do xadrez, Hermione resolveu se juntar aos garotos na mesa. Veio timidamente, com a maciez estudada de uma freira. Sentou em silêncio ao lado de Rony enquanto ele tentava se concentrar mais no jogo do que aonde colocariam suas mãos.

- Ta ganhando Harry? – Hermione quebrou o silêncio.

- É.

- Então, o que vocês vão querer para o almoço? Eu que vou fazer! – ela disse feliz abraçando o livro que guardava nas mãos. O mesmo roxo que ele havia visto antes.

- Qualquer coisa ta bom. – Rony disse com a voz triste. Harry achou que ele estava tentando provar para Hermione que estava arrependido com o que aconteceu.

- Ótimo! Vou fazer a receita que a mãe de William mais gostava de fazer. – Rony mordeu o lábio inferior visivelmente contrariado. – Will me deu esse livro de receitas da família. Ele disse que não precisava, que ele já morava a tempos demais sozinho para não saber cozinhar, mas eu insisti! – ela disse orgulhosa. – Nunca fiz algo mais complicado do que fritar ovo, mas acho que consigo só com as instruções desse livro.

Rony fez uma careta de medo e Harry começou a achar que aquilo não era uma boa idéia. Rezou para que Hermione fosse tão boa em aprender culinária quanto era em aprender poções e feitiços.

- Olhem só este lugar! Não é lindo estar aqui? – ela disse tentando puxar conversa novamente.

- Tirando o motivo de que estamos aqui para ir atrás de Voldemort e que este vai ser o nosso último dia de descanso... pode até ser bonzinho. – Rony disse querendo desmerecer as palavras de Hermione. Harry achou que ele não deixaria por menos o acontecimento de antes, quando Hermione o deixou falando sozinho.

- Pára Rony! Podemos fazer uma fogueira ali fora hã! O que você acha? Ver as estrelas... ouvir os passarinhos cantarem pela manhã... tomar banho de lago. – nessa parte Rony pareceu mais interessado.

As pessoas que defendem o pastoral e a volta ao primitivo nunca se lembram, em seus devaneios da vida rústica, dos insetos! Sempre que Harry ouvia alguém descrever, extasiado, as delícias de um acampamento – ah, dormir no chão, fazer fogo com gravetos e ir ao banheiro atrás do arbusto – se espantava um pouco com a variedade humana. Somos todos da mesma espécie, mas o que encanta uns horroriza outros. Harry era um dos horrorizados. Já havia até pensado em viver no campo e tal. Mas tudo isso depois daquele dia de verão em que, na casa de Rony, a Sra. Weasley esquecera de comprar o repelente para mosquitos.

Muitas gerações contribuíram com seu sacrifício e seu engenho para que Harry não precisasse mais fazer nada atrás dos arbustos. Sentir-se-ia um ingrato fazendo! E a verdade é que, mesmo para quem não tinha os mesmos preconceitos de Harry, e Hermione parecia uma destas, as delícias do primitivo nunca são exatamente como se descrevem. Aquela legendária casa à beira de uma praia escondida aonde a civilização não chegou, ou chegou mais foi corrida pelo vento...

- Um paraíso! Não há nem armazém por perto. – Harry se pegou falando, para espanto de Hermione e Rony. Quer dizer, não há acesso à aspirina, da qual Harry já estava viciado, fósforos ou qualquer tipo de leitura a salvo, a não ser talvez, aquele monte de livros que Harry não leria e metade de uma revista Cigarra de 1948, deixada provavelmente pelos pais de William quando foram carregados pelos insetos.

- A gente dorme ouvindo o barulho do lago... – Hermione contrapôs, mas Rony interrompeu:

- E de animais terrestres e anfíbios tentando entrar na casa para morder o seu pé. E se morder, você morre! O antibiótico mais próximo fica a 100 quilômetros de distância e a validade está vencida!

Todos caíram na gargalhada. Até Hermione que num primeiro momento tentou segurar a risada e manter uma expressão dura no rosto, não conseguiu se conter diante a criatividade de Rony.

- Não se preocupe Rony, não vamos deixar outro animal abusar de você. – Harry disse para irritar o amigo e Hermione caiu na gargalhada outra vez.

- Você vai ver o que é abuso quando eu pegar aquele livro que a Hermione esta lendo e enfiar no seu...

- Opaaaaaaaa! – Hermione tapou a boca de Rony com as mãos. – Use outra coisa para fazer isso, não o meu livro! – Harry olhou cheio de surpresa e com fingida indignação para Hermione. Rony ofereceu um sorriso largo à Hermione, que com toda a certeza já havia deixado de lado a briga com Rony. A ofensa teve lá seus créditos, se fosse para estabelecer a paz entre os dois, que viessem mais uma chuva delas!

- Vocês vão receber o troco. – Harry mentiu com indignação na voz.

- Mas isso vai ficar pra depois. – Hermione levantou da cadeira. – Vou fazer o almoço.

- Você não quer que nós chamemos o Will? – era a última esperança.

- Não precisa – ela disse percebendo a urgência na fala de Harry e lhe lançando um olhar divertido.

Ela se dirigiu para a cozinha saltitando de felicidade. Ela não estava mais em Hogwarts, mas a felicidade que mostrava quando ia aprender uma matéria nova poderia facilmente ser transferida para a alegria de aprender a cozinhar.

Hermione hesitou e parou em frente à porta da cozinha, virou e pensou por alguns instantes até se pronunciar:

- Rony?

Ele virou o rosto tão rápido que Harry conseguiu ouvir um estralo.

- Você pode depois... se você quiser é claro... me levar pra treinar vôo? – ela ficou levemente vermelha.

- Cla-cla-claro! – Rony disse e Harry teve que pensar em coisas tristes para não rir da situação dos amigos. Coisas tipo Umbridge dando detenções e Snape voltando para Hogwarts. Essa era uma estratégia muito eficiente. – Posso sim.

- Depois do almoço então? – ela ajeitou um cacho de cabelo atrás da orelha num gesto que na opinião de Harry, fora ensaiado.

- Depois do almoço – ele repetiu com alegria contida.

Hermione saiu rebolando para dentro da cozinha deixando um Rony abobalhado na sala. Ele se ergueu ereto na cadeira e arrumou todas as peças do xadrez novamente e disse com a cara mais lavada do mundo:

- Duvido você me ganhar agora!

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Já eram quase duas horas da tarde quando Hermione chamou todos para almoçar.

Ela havia feito uma comida simples, uma sopa da qual ela e Will não diziam de jeito nenhum do que era. Rony, como era de se esperar, comeu e repetiu 2 vezes o prato, sempre elogiando exageradamente Hermione pela ótima comida.

- Pronta pra casar, ein! – William soltou depois de provar uma colherada exagerada de sopa. Rony só fez lançar um olhar de incredulidade para o garoto.

- Quem tem que receber o crédito aqui é a sua mãe e não eu.

- Sua mãe está de parabéns mesmo. – Rony cortou com frieza a conversa e por um momento ninguém falou nada.

- Eu vi duas vassouras lá fora, vão voar hoje? – William perguntou.

Rony lançou um olhar de Hermione para Harry e disse não podendo se conter diante a pergunta:

- Não, vamos varrer a varanda depois do almoço para baixar a comida. Tenho a digestão lenta – disse calmamente para depois voltar a atenção para a comida. Rony tinha um modo diferente de agir conforme as situações. Na frente das pessoas que não gostava ele era frio e debochado, mas quando não estava... Podia fazer as coisas mais ridículas já pensadas. Harry riu lembrando do boneco espedaçado de Krum que fora abandonado embaixo da cama logo depois do baile no quarto ano.

- Na verdade nós vamos voar sim. – Hermione respondeu olhando de canto para Rony, que nem sequer desviou a atenção do prato. – Preciso aprender melhor a voar para que possamos ir voando cada um em sua vassoura para os lugares.

- Nossa que ótima notícia! Faz séculos que eu não vôo! – William falou alegremente e Rony finalmente desviou o olhar do prato. Ficou olhando com cara de nojo para William por um bom tempo. Hermione não sabia o que fazer a respeito. Ficou quieta por um tempo, provavelmente pensando o que poderia fazer para melhorar a situação, mas foi vencida, e assim, ficou brincando com as batatas que estavam em seu prato.

- Ah eu tinha me esquecido! – Harry tinha que fazer alguma coisa para mudar aquela situação. Não conseguia nem imaginar na tragédia que poderia se formar se William, Rony e Hermione saíssem juntos. Era provável que no mínimo seus amigos chegassem em casa mais uma vez brigados e descontassem tudo nele mais uma vez.

- O que? – Rony perguntou, mas Harry se dirigiu a William.

- Eu tenho que fazer poção polissuco hoje mesmo. – Hermione o olhou desconfiada.

- Nós já temos poção Harry – ela disse para frustração do garoto. Mas ele não ia desistir agora.

- Não o suficiente para daqui um mês – ela fez uma cara mais desconfiada ainda para Harry. Ele não ia agüentar mais brigas, disse para si mesmo.

Foi ai que veio a luz!

Harry meio que se deitou sobre a cadeira, esticou o pé ao máximo que conseguia em direção a Hermione, rezou para acertar nela, e chutou.

- AI!

Uma voz de homem. Harry tinha chutado Rony, que estava sentado ao lado de Hermione.

- Quem fez isso? – Rony lançou um olhar direto a William.

- Desculpa Rony, é aquele tique nervoso que eu tenho às vezes! – “Ai que coisa ridícula!” Hermione olhou para Harry com luz nos olhos de repente. Pelo menos alguém ali tinha que cooperar, não é! Harry esperou que ela tivesse entendido a mensagem.

- Nós não sabemos quanto tempo ficaremos aqui Will, por isso temos que ter poção extra nos nossos pertences. – Hermione disse e Harry teve vontade de levantar da cadeira e abraça-la. – Lupin disse que aqui na floresta há muitos ingredientes bons, será que você não podia pega-los pra gente hoje? – disse com o tom mais amável que Harry já vira.

- Eu vou junto. – Harry não ficaria sozinho em casa, é claro.

- Mais eu não vou poder voar? – Rony olhou mais uma vez para o garoto, louco para dar uma resposta mal educada.

- Outro dia nós vamos, eu juro. – Hermione disse aliviada.

- Tudo bem então. – William disse um pouco triste, ao contrário de Rony, que ficou mais elétrico que nunca.

- Quero mais um prato. A tarde vai ser longa! – disse sorrindo e se servindo de mais comida.


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- Onde nós vamos treinar? – Hermione perguntou enquanto ela e Rony caminhavam lado a lado na direção da floresta.

- Logo ali na frente.

- Ali na frente? Na floresta! Bebeu o que ein? – disse rindo da expressão de Rony.

- Como você fez o favor de demorar três horas pra preparar o almoço – ela deu um soquinho no ombro dele – eu aproveitei pra ver aonde nós iríamos. Então pequei a vassoura e voei por aí. E essa é a sua primeira tarefa: vamos voando daqui.

- Tudo bem – e Hermione montou na vassoura.

- Não não. Você já está fazendo errado. Coloque a perna assim. – Hermione estremeceu ao toque da mão dele em sua perna. – E fique meio inclinada. Não tanto! – Ela riu da exclamação dele. – Mais assim. – Rony botou uma das mãos nas costas de Hermione e a outra logo acima do seu peito para endireitá-la melhor. Ele pode sentir o coração dela batendo forte nessa hora. – Voe agora.

Hermione não teve dificuldade alguma nisso. Sua fraqueza vinha de voar muito alto.

- Isso não é problema Rony. O problema é lá encima – e apontou para o céu sem nuvens.

- Você consegue ir sozinha? – ela pensou por um instante.

- Não sem você.

- Tá vendo mais alguém aqui?

- Não seja idiota...

- Tudo bem tudo bem! Vem comigo e trás a vassoura na mão.

Hermione foi até Rony que já estava montado na vassoura e sentou com ele. Agarrou-se do mesmo jeito desesperado que da última vez, apertando as coxas nos quadris dele e apertando os braços em volta da sua cintura.

E então subiram. Hermione sentiu a comida voltando para a boca e logo depois retornando para o estômago. Era inquestionável que a idéia de vir voar logo depois do almoço não tinha sido uma boa idéia. Já era um martírio ter que voar naquelas alturas, mas de jeito nenhum queria decepcionar Rony. Tinha que perder esse medo bobo na marra.

Quando Rony finalmente parou de subir, para alegria de Hermione, ela fez um esforço tremendo para abrir os olhos, e antes de fazer isso mentalizou para si mesmo que mantivesse a calma.

Hermione abriu os olhos. Não era tão ruim assim olhar lá pra baixo, principalmente quando eles estavam imóveis.

- Agora escute Hermione: tente se soltar um pouco.

- SOLTAR?

- Sim, soltar! Já estou perdendo a circulação da cintura pra baixo – ele riu nervoso e ela aliviou a pressão nas pernas e nos braços. Sentiu como se estivesse solta no ar, como se fosse cair a qualquer momento. – Continue assim.

E começaram a voar. Nada comparado à noite que tinham passado vindo para aquele lugar. Falando em lugar, só agora Hermione tinha se dado conta de que não sabia nem sequer onde estavam. Não havia perguntado nada a Rony. Por alguma razão aquilo pareceu ter muita pouca importância naquela hora, em que estava ali, curtindo um momento sozinha com Rony. Tinha que lembrar de cobrir Harry de abraços quando chegasse em casa, isso se não estivesse de beijos com Rony até lá. Um sorriso travesso se formou em seus lábios e ela teve vontade de voltar ao chão para que pudesse pegar Rony de jeito e transformar aquilo tudo em realidade.

- Está se sentindo bem ai atrás? – Rony perguntou ao sentir que Hermione entrelaçava os braços um pouco mais forte ao redor dele, mais sem a pressão dos apertões de antes.

- Muito bem pra falar a verdade – ela disse pertinho da orelha dele e sentiu o garoto se arrepiar.

- Aha que bonitinho!

- O que é bonitinho?

- Quando eu falo aqui na sua orelha - e ela aproximou-se da nuca dele devagarzinho para chegar até sua orelha – DE NOVO! Você fica com os pelinhos da nuca arrepiados!

- Eu não sou de ferro oras.

- Que bom que não é – disse se erguendo um pouco para cima e depositando um beijo estalado no pescoço de Rony, que chegou a perder o controle da vassoura por um instante.

- Desculpe! – ele falou depois que Hermione soltou um grito de susto.

- Sabe que eu até gostei! – e traindo até as suas próprias expectativas, Hermione soltou os braços da cintura de Rony e abriu-os para os lados, sentindo o vento batendo violentamente contra seus dedos. Se sentiu ridiculamente como Leonardo DiCaprio no filme Titanic. Mas o que importa se ninguém estava olhando pra ela? Só faltava a música romântica ao fundo e um garoto que não estivesse sentado de costas para ela. Daí sim quem sabe... eles poderiam imitar essa cena linda.

- Viu como não é tão ruim assim? – Rony virou um pouco o rosto para contemplar Hermione.

- É maravilhoso! – ela disse depositando as mãos em seus ombros.

- Será que você já consegue voar sozinha?

- Acho que sim – ela disse desanimada. Queria ficar mais um tempinho agarrada ao corpo firme de Rony. – Dá a vassoura então.

Com extrema dificuldade Hermione conseguiu reunir coragem para subir na vassoura. O fato de que eles estavam a centenas de metros do chão não ajudava em nada. Rony teve que jurar incessantemente que não a deixaria cair, e por fim prometeu de pés juntos que não sairia de perto dela nem que o capeta aparece na frente deles.

Hermione voou razoavelmente bem para quem tinha tanto medo de altura. Depois de uns bons minutos de vôo, Rony até esquecera de que estava levando Hermione até um pequeno lugar onde poderiam treinar vôos baixos, e por causa disso, ela melhorara bastante no vôo, arriscando até umas corridas com Rony quando tinha acessos de coragem.

- Acho melhor voltarmos Rony. – Hermione disse quando se deu conta de que já estavam a mais de duas horas voando por cima da floresta. – Agora que nós já sabemos onde é a casa, nós podemos tentar aparatar até lá, o que acha?

- Será mesmo verdade que o ministério não consegue mais controlar o fluxo de aparatações?

- Se o Lupin disse que é... afinal de contas, há muitos bruxos do lado de Voldemort aparatando a toda hora. Eles sobrecarregam o sistema do ministério, por isso não se dão conta quando um bruxo menor de idade faz magia fora da escola.

- Não é porque o Lupin falou, mas porque eu acredito em você ein!

- Vamos pra que ponto?

- Não pra muito perto da casa. – Hermione sorriu ao ouvir a indireta de Rony.

- Perto da figueira?

- Ótima idéia!

- Quando eu disser três... um... dois... TRÊS.

Nem um segundo se passou e Hermione já se encontrava de pé embaixo da figueira onde haviam marcado de aparatar. Mas por algum motivo a qual ela sentiu um frio no estômago desgraçado, estava sozinha.

- Ronyyyy! RONYY! Eu não acredito nisso! Merda! #*&&@! – disse para depois chutar com força o tronco da árvore ao seu lado.

- BUUU!

- AHHHHHHHH!

Rony caiu de um salto de cima da árvore bem atrás de Hermione.

- Você quer me matar de susto seu infeliz! – ela disse se apoiando na árvore com uma das mãos para pegar ar.

- Não sabia que eu fazia tanta falta assim!

- Porque você acha que faz falta? – Hermione perguntou ainda puxando ar.

- Pela quantidade de palavrões que eu ouvi eu não tenho mais dúvida.

- Você se acha demais Rony Weasley! – Hermione disse se afastando da árvore e empurrando Rony com pequenos tapas na barriga.

- Eu só falo porque eu sei. Admita que sente a minha falta – disse tentando pegar os braços de Hermione, mas não obtendo sucesso.

- Você sabe é? - ela provocou ignorando o pedido dele.

- Sei.

- E você sabe o que está passando na minha cabeça agora? – ela disse maliciosa.

- Você pode me ajudar a descobrir se quiser – Rony rebateu.

Hermione se aproximou rápido dele, abraçando-o pela cintura com força. Rony ficou chocado com a reação da garota, mas se deixou levar para trás com a força que ela fazia contra ele.

- Você tem absoluta certeza do que está passando na minha cabeça agora? – ela disse se colocando na ponta dos dedos dos pés. Aproximou sua boca da dele e então disse com a voz rouca que fez Rony se arrepiar por inteiro. Ele só mexeu a cabeça afirmando à Hermione que sabia. – Tem certeza de que quer fazer isso?

- Sim. – Ele respondeu.

- Se você quer...

Hermione se soltou do abraço de Rony repentinamente. Reuniu toda a força que conseguiu e empurrou o garoto com força para trás.

Caindo na gargalhada, Hermione teve que se sentar no chão para não cair pro lado de tanto rir. Ela tinha planejado tudo aquilo desde o momento em que ele a desafiara dizendo que sabia tudo o que ela pensava. Ta certo que ela perderia mais uma oportunidade de beijar Rony. Mas olhando para aquela cena, ela via que tinha valido a pena.

Rony caíra de costas numa poça de lama enooooorme. Estava coberto por completo de lama e tentava sem sucesso se limpar. Apesar de tudo ele ria da situação.

- Não pensei que você fosse gostar tanto de cair na lama Rony! Pelo jeito cair só uma vez lá na floresta não era o suficiente pra você! – Hermione tentava falar enquanto caia na risada.

- Você fez isso por fazer?! – ele disse entre uma pausa para se levantar.

- Eu perguntei se você queria – ela disse divertida – Você disse que sim... então eu fiz. Vai dizer que você estava pensando em outra coisa?

Ele baixou a cabeça e riu.

- Nããããooooo! – Ela debochou – Você estava tão certo do que eu estava pensando!

- E sabe o que eu estou pensando agora? – ele rebateu.

- Acho que eu vou acabar sabendo não é.

Rony pegou uma mão cheia de lama e arremessou na direção de Hermione. Pegou em cheio nas suas costas enquanto ela começava a correr na direção contrária.

- Nem que você jogue trezentas bolas de lama eu vou ficar assim que nem você! – ela ralhou, o que percebeu depois, foi um grande erro. Rony saiu correndo atrás dela pelo meio das árvores.

Não foi difícil pegar Hermione, pois Rony fazia jus ao tamanho das suas pernas.

Pegou a garota pela cintura e depois a ergueu até os ombros e colocou-a ali em cima. Hermione dava leves batidas nas costas de Rony enquanto ele a levava de encontro a poça. Não havia mais escapatória agora. O jeito era se deixar levar por bem se não quisesse se machucar.

Para completa surpresa da garota, Rony a atirou dentro da poça levemente, como para não ter o risco de machucá-la. Depois disso deu dois passos para trás e se atirou ao lado dela. A sensação de estar deitada na lama não era a mesma de estar flutuando na lagoa, mas o prazer de ter ele ao seu lado devia ser bom em qualquer momento mesmo!

Agora mais do que nunca ela queria estar mais e mais próxima dele. Tão próxima que os seus corpos se tornassem um. Ela podia sentir a vontade que ele tinha de fazer o mesmo. Ele hesitava por algum motivo. Hermione começou a pensar se tê-lo feito acreditar que ela queria beijá-lo e depois o atirado na lama tinha sido uma boa idéia. Provavelmente ele estava com medo de ser rejeitado de novo.

Foi aí que o mundo de Hermione caiu. Pela primeira vez ela pode ver como era compartilhar com Rony o ódio que ele sentia por William. Eles tinham perdido mais uma oportunidade de ficar juntos, e ela começava a pensar se aquilo era mesmo para acontecer. Estava tudo indo tão bem! Era sim para acontecer. Ela tinha certeza de que ele também gostava dela. E também tinha certeza absoluta de que só não tinha acontecido ainda por extrema falta de sorte e por medo de estragar a amizade. Mas com certeza a falta de sorte era bemmmmmmm maior!

- Hermione! – William gritou ao vê-la deitada na poça de lama ao lado de Rony.

Ela resolveu não responder ao chamado. Era ele quem ela tinha visto ao longe quando decidira tomar a iniciativa de chegar em Rony.

Ficou o encarando, pensando seriamente se aquilo não fora planejado.

- O que esse cara ta fazendo aqui!? – Rony disse furioso e Hermione não teve vontade alguma de repreendê-lo.

- O que vocês estão fazendo ai? – Ele veio correndo dessa vez e Hermione desejou com todas as forças que ele tropeçasse e caísse de cara no chão.

- Tomando banho de lama. – Hermione disse o encarando no fundo dos olhos.

- Eu ouvi alguém gritando.

- Provavelmente nós – ela estremeceu diante a palavra nós. Rony sabia como tocar Hermione com simples palavras, tanto para ferir quanto para alegrar, isso era verdade. Por outro lado parecia no mínimo indecente falar que nós estávamos gritando.

- Uma garota chamada Gina acabou de falar com Harry. Ele tem uma coisa muito importante para dizer a vocês. – Hermione deu um salto para fora da poça ao ouvir o comunicado.

- Ah eu sabia que tudo estava calmo demais... vamos Rony!

- Eu te ajudo. – E William ofereceu a mão para que Rony levantasse, mais ao contrário disso, Rony pegou na mão de William e o puxou de encontro a lama ao seu lado.

William olhou para Rony como raiva nos olhos.

- Eu acabei de tomar banho! – William disse como uma criança mimada, mas desta vez foi Hermione quem não gostou muito da história.

- Eu não acredito que você fez isso numa hora dessas Rony. Harry está esperando agente com notícias da Gina!

- Eu só pensei que...

- Seja qual for a coisa que você pensou eu tenho certeza de que não era tão importante – ela disse para depois se arrepender do que tinha dito. – Sinto muito Rony.

- Não sinta, já estou acostumado a ser empurrado na lama e a ser destratado.

Hermione tentou ser amável em meio a palavras duras:

- Você me deixa nervosa com essas brincadeiras idiotas!

- E você me deixa louco com essa sua mania de levar tudo tão a sério Hermione!

- Eu já pedi desculpas Rony – ela disse abaixando a cabeça e encarando os pés – Você me disse que não iríamos mais brigar.

Ela disse com um triste fiapo de voz, que fez as entranhas de Rony murcharem dentro dele.

- Nós ainda temos tempo pra esquecer isso, não temos? – Rony disse cheio de esperanças.

- Não seja tão cego Rony... eu honestamente não sei...

- Me disseram uma vez que...

- Disseram-me. – William interrompeu o reconciliamento.

- Hein? – Rony perguntou bufando de raiva. Já tinha até esquecido que o garoto estava ali.

- O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.

- Eu falo como quero. E te digo mais...

- O quê?

- Digo-te que você...

- O “te” e o “você” não combinam. – William disse lançando um sorriso divertido para Hermione, que não fez nada a não ser assistir calada.

- Eu vou te partir a cara ao meio se você não parar com isso agora! Lhe partir a cara... partir sua cara. AHHHH!

- Partir-te a cara.

- É... isso que você falou!

Rony disse aturdido enquanto William se encaminhava lentamente até Hermione.

- É para o seu bem... – ele disse colocando um dos braços enlameados ao redor de Hermione. A vontade de partir para cima de William parecia a coisa mais certa a se fazer no mundo naquele momento, mas a visão de Hermione se esquivando valeu um ponto para que ele se segurasse.

- Dispenso as suas correções. Você acha que eu não percebo o que você quer fazer me corrigindo desse jeito? Mais uma correção e eu...

- E você o que? – William se aproximou encarando Rony de baixo.

- O mato.

- Que mato? – William perguntou debochado e Hermione teve ímpetos de cair na risada.

Foi nessa hora que Rony saltou encima de William. Jogou-se encima do coitado como se William fosse uma coisa que precisasse ser esmagada. Rony socava cada centímetro do garoto como se ele fosse um boneco de pano. William já estava jorrando sangue pelas narinas quando Hermione tomou a decisão de apartar a briga.

Hermione não podia acreditar no que estava vendo. Rony nem sequer ouviu um grito de misericórdia dela. Parecia um animal, era isso que parecia.

Gina tinha dado sinal de vida e eles estavam ali, rolando no chão como completos idiotas que brigam por um pedaço de comida.

- Não toque mais em Hermione! – ela ouviu Rony esbravejando.

Hermione de repente se pegou morrendo de raiva dos garotos.

Era isso o que ela era? Um pedaço de alguma coisa que eles queriam muito, e não sejamos hipócritas quanto a isso, pois eles já tinham dado a entender desde o começo que tudo aquilo começou por causa dela.

Não entendia como depois de tudo que eles tinham passado, Rony estava mais uma vez bancando o legume sem sentimentos. É tão difícil assim acreditar que eu gosto dele?, Hermione disse a si mesma enquanto olhava os dois rolando no chão. Por um momento ela torceu para que eles se machucassem bastante, e que por um milagre, William começasse a se impor na briga e desse finalmente um soco bem dado em Rony.

Não havia mais o que se fazer ali. Deste momento em diante ela largaria de mão. Não correria atrás, não daria indireta e nem sequer pensaria em tentar se aproximar de Rony (o que seria extremamente difícil!). Dessa vez era ele quem lutaria por ela, não daquele jeito ali, é claro.

- Ele vai ter que aprender a me ganhar!

Continuaram se socando sem ouvir o que Hermione dissera. Era óbvio que estavam concentrados. Se Rony canalizasse toda aquela determinação de ferir William para se dar bem com Hermione, com certeza obteria sucesso.

- Até garotos.

Aquelas duas palavrinhas surtiram o efeito esperado. Rony ficou imóvel por um momento e dirigiu um olhar confuso a Hermione. Foi bem nessa hora que William agarrou a sua melhor oportunidade. Pegou a mão que tentava estrangular Rony e soltou do pescoço do ruivo, impulsionou a mão fechada em um punho para trás, e com toda a força que conseguiu reunir, mirou o punho no meio da cara de Rony.

O efeito foi realmente estrondoso. Rony voou para trás num pulo desesperado onde ele agarrava o nariz com as mãos banhadas em sangue. William ainda por cima se deu ao luxo de sorrir, o que Hermione achou uma coisa muito estranha, pois ela também sentiu um pinguinho de felicidade naquilo. Ver William ser massacrado enquanto Rony praticava socos em seu rosto não era uma coisa nada agradável, era até covarde por um lado. William parecia uma criança de 10 anos sendo agredida por um gigante enraivecido.

- Bem feito – ela disse baixinho para que ninguém a ouvisse e se sentiu estranhamente aliviada.

Rony finalmente se levantou ainda segurando o nariz, obviamente quebrado, e se encaminhou a Hermione.

- Hermione...

Ela caminhou de costas tentando conseguir a maior distância que conseguia dele.

- Não se dê ao trabalho de explicar nada, eu entendi muito bem o que aconteceu aqui e... – sua voz falhou e ela olhou ao redor buscando uma ajuda divina para que a maldita voz voltasse.

Continuou caminhando para longe quando tropeçou em alguma coisa. A vassoura! Nunca pensou que gostaria tanto delas! Deu uma última olhada em Rony, que parecia realmente triste com a situação, e deu impulso na vassoura em direção aos céus.

Rony pelo menos havia feito um bom trabalho, pois Hermione arrancou tão bem com a vassoura que por um momento, em meio aquela sensação horrível de ter perdido algo extremamente valioso, Rony se sentiu orgulhoso da amiga. Ela voou para longe, e Rony lutou contra a vontade de ir atrás dela. Certamente seria pior correr atrás agora, pelo menos em sua percepção. Deixaria a poeira baixar...

- Disseram-me uma vez que tudo pode ser concertado – ele disse olhando triste para William que ainda estava sentado no chão com machucados e arranhões por todo o rosto, e pela primeira vez não sentiu raiva daquele surfistinha metido.

- Certo – ele respondeu, e Rony não sabia ao certo do que ele se referia, se ao sentido da frase ou se à forma certa de tê-la falado.

Por fim disse com um suspiro longo e triste.

- Eu quero acreditar nisso com todas as minhas forças.


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