Estrelas de Merd...



CAP 6
Estrelas de merd...




Harry chega em casa, abre a porta e é recebido por Gina, Rony e Hermione, alegremente. Distribui beijos entre as garotas e dá um abraço em Rony. Pergunta o que há para jantar e dirigi-se ao seu quarto. Vai tomar um banho, troca de roupa e prepara-se para algumas horas de diversão com os amigos antes de dormir. Quando está abrindo a porta do seu quarto, ouve uma voz que grita:

- CORTA!

Harry olha em volta, atônito. Descobre que aquela casa não é sua casa, é um cenário. Vem alguém e tira a varinha de sua mão. Uma mulher vem ver se a sua maquiagem está bem e põe um pouco de pó no seu nariz.

- Você errou uma das falas.

Harry se vira imediatamente e se depara com um homem velho e cansado, com um script na mão.

- O que é isso? – ele pergunta aturdido. – Quem são vocês? O que estão fazendo dentro da minha casa? Que luzes são essa!?

- O que, enlouqueceu, é? – pergunta um homem que até pouco tempo estava sentado a um canto. – Vamos ter que repetir a cena. Eu sei que você está cansado, mas...

- Estou cansado, sim senhor! Saiam da minha casa agora! Vou lançar um feitiço em vocês! SAIAM!

O diretor fica parado de boca aberta. Toda a equipe fica em silêncio, olhando para Harry. Finalmente o diretor levanta a mão e diz:

- Tudo bem, pessoal. Deve ser estresse. Vamos parar um pouquinho e...

- Estresse coisa nenhuma! Estou na minha casa, com os meus amigos... Os meus amigos! O que vocês fizeram com eles? HERMIONE! GINA! RONYYYYY!

Harry sai correndo entre os refletores, à procura dos amigos. O tal diretor e mais um assistente tentam segura-lo. E então se ouve uma voz que grita:

- Corta!

Aproxima-se outro homem com um script na mão.

- Vocês só podem estar brincando. Ahhh! – Harry começa a olhar descontroladamente para os lados – Onde está a câmera? Haioahioahaio! Já vi isso uma vez na televisão... onde está, ein!?

- Muito bom, mas acho que você precisa ser mais convincente sabe.

- Que-quem é você?

- Como, que sou eu? Eu sou o diretor.

- Hã?

- Vamos refazer essa cena. Você tem que transmitir melhor o desespero do personagem. Ele chega em casa e descobre que a sua casa não é sua casa, e sim um cenário. Descobre que está no meio de um filme. Não entende absolutamente nada.

- Eu não entendo...

- Fica descontrolado...

- Cadê minha varinha!?

- Não sabe se ficou louco ou não.

- Eu devo estar louco mesmo! Isso não pode estar acontecendo. Eii! Largue isso! – Harry grita para um homem que com estranha facilidade desloca a parede do seu suposto quarto. – Como?

- Assim está melhor. Mas espere até começarmos a rodar. Volte para a sua marca. Atenção, luzes...

- Marca? Eu não sou personagem nenhum! Eu sou eu. Ninguém me dirige! Eu faço o que eu quiser ouviu!

- Boa, boa. Você está fugindo um pouco do script, mas está bom.

- Script outra vez! Não tem script nenhum! Eu digo o que quiser. Isso não é um filme. E mais uma coisa, se isso é um filme, é uma porcaria! Isso é coisa ultrapassada. Essa de que o mundo é um palco, que tudo foi predeterminado, que não somos mais do que atores... porcaria! Esse filme é uma MERDA!

- Está convincente. Mas espere começar a filmar. Não diga mais palavrões tudo bem? Ou teremos que cortar a cena. Atenção...

Harry agarra o diretor pela camisa.


- Você não vai filmar nada. Está ouvindo? Nada!

O diretor tenta livrar-se. Os dois rolam pelo chão. Nisso ouve-se um voz que grita:

-CORTA!




- Acorda Harry!

- HÃ!

- Tudo bem... foi só um pesadelo!

Gina estava parada a sua frente. Era de noite, e por um momento Harry não tinha a menor idéia de onde estava.

- Você está bem? – Harry começava a lembrar de tudo agora, mas a tensão do pesadelo ainda o assombrava. Percorreu um olhar minucioso pelo quarto. Gina o imitou, pasma.

- O que você perdeu? – ela perguntou inocente.

- A razão.

- Deve ter perdido para dizer uma coisa dessas.

Harry apertou os olhos com as mãos pra tentar esquecer do sonho bizarro... Olhou para o contorno perfeito do corpo dela que era iluminado somente pela luz da lua que vinha da janela. Ele não conseguiu ver, mas Gina enrugava a testa à procura de explicações. Mas nem ele mesmo sabia o porquê de tanto desconforto.

- Estão todos bem? – Ele perguntou numa última tentativa de acabar logo com aquele assunto.

- Sim, mas...

- Tudo bem Gina. Foi só um pesadelo. – Ele sentou na sua cama novamente e abraçou Gina levemente. – Está na hora?

- Está.


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Está certo que as notícias que Lupin trouxera para ele eram muito boas. Até demais para o seu gosto, e ele começou a achar que tudo aquilo era um esquema para deixá-lo mais confiante.

Se foi isso... Não deu certo.

Só lhe deixaram mais atordoado do eu já estava. Sentia-se como se não fosse mais dono das próprias atitudes. A todos os momentos se pegava pensando se a tal cadeira tinha caído por acaso, ou se era porque as estrelas queriam!

“E se eu ficasse sentado no sofá a minha vida inteira vendo só a trilogia do Senhor dos Anéis? Não, esquece. Melhor: se eu resolvesse sair de casa agorinha mesmo. Sem Rony ou Hermione. Aventurasse-me despreocupadamente por aí à procura de Voldemort. E então eu o encontraria, e daí por diante... as estrelas que me guiem!”

Mas enfim o dia em que finalmente iria atrás de Voldemort chegou. Ele amanheceu nublado e sem chuva. Foram todos buscar Hermione no hospital. Logo que nos viu entrando no seu quarto, mudou a cor de sua face de branco para rosa em um segundo. “Como ela podia estar tão feliz, quando eu estava um caco? Como ela podia ter ansiado tanto pela nossa visita? Era ela que tinha dormido uma semana, não era? Sim! Foi ela quem ficou uma semana pra lá e pra cá preocupado com a saúde da melhor amiga? Não.” Por um momento Harry desejou estar no lugar dela. Que o veneno tivesse vindo para ele. Para que ele pudesse passar dias de tranqüilidade. Isso era extremamente idiota, ele sabia.

Saíram felizes do hospital. Rony mais do que todos, é verdade. Até que enfim Harry não precisaria mais vê-lo dando pulinhos incontidos de ansiedade.

Chegando em casa, por um minuto tudo pareceu triste. Iriam fugir novamente. Deixariam dezenas de pessoas preocupadas mais uma vez. Deixariam a segurança do lar, para cair no mundo literalmente. Só não foi mais doloroso do que deixar Hogwarts. Ah! Isso sim foi doloroso.

Harry havia estabelecido uma meta para o dia em que fosse embora: passaria todo o dia com Gina. Parecia infinitamente pouco a seu ver, mas seria melhor do que nada. Era a sua última noite juntos, por isso resolveram ficar juntos no quarto de Gina. Deitaram-se na cama de Gina, somente abraçados, naquele escuro onde nada podia se ver a não ser os raios de luz que vinham de debaixo da porta. Não houve beijos. Nem conversas tristes e choro. Simplesmente deitaram um ao lado do outro, sentindo a respiração triste e vagarosa que os impedia de falar.

Várias possibilidades lhe passaram pela cabeça, desde fugir outro dia à desistir no plano de vez, tudo pelo desejo de nunca mais sair daquela cama.

Fecharam-se os olhos, e então Harry se sentiu mais leve. Caiu em um sono profundo, onde mesmo dormindo, ainda sentia a presença de Gina ao seu lado.

Foi então que o seu subconsciente começou a trabalhar. Já era um costume para Harry ter sonhos sem parar. Já havia até se acostumado com isso, mas esse sonho parecia diferente. Tinha um quê de verdade, e ao mesmo tempo o fazia pensar em como tudo aquilo era idiota.

“Pensando um pouco agora eu até acho que ele foi um pouco engraçado. Foi sim. Como eu podia ter inventado uma coisa daquelas? Era um misto de raiva, medo e confusão. Mas quando eu acordei, só vi o medo a minha frente. Gina me sacudia assustada. Eu não consigo parar de pensar em como ela teve a má sorte de ter Harry Potter como seu namorado! Seria bom para ela que nós nunca tivéssemos nos apaixonado .”

“MERDA! Eu gosto de me torturar! Eu só posso ter um masoquista aqui dentro de mim! Só de pensar em não ter Gina eu já ficava entorpecido. Por que a minha cabeça me dizia aquelas coisas horríveis? Eu não queria deixá-la! Não queria!”

“Vou parar de pensar nisso. Vou ser frio nesse momento; em especial porque Gina está me olhando como se eu fosse para a forca. Eu não queria tornar aquilo mais difícil. Peguei minha mala que já estava pronta desde a tarde. Abri a porta lentamente para não acordar ninguém e Gina me seguiu silenciosamente.”

- Espere um pouco aí. – Harry parou no meio do corredor a caminho do sótão. – Tenho uma coisa pra você. – Pela primeira vez Harry percebia que sua calça tinha bolsos demais. Mas achou aquilo que procurava no último deles.

- O que é isso? – Gina sussurrou o mais baixo que conseguiu.

- Esse é um presente que Sirius me deu no quinto ano. Eu lancei um feitiço nele para que nós possamos nos falar. – Ela abriu um sorriso que mostrava mais do que tudo, agradecimento. – Somente conversar. – Disse tirando de vez todas as esperanças que ela poderia ter. Não houve um dia sequer que não trabalhasse naquele objeto. Sirius o dera na esperança de poderem se comunicar certa vez. Já havia cansado de chamar o seu nome e somente ver a sua imagem derrotada refletida naquele espelho idiota. Foi então que fez jus ao presente do seu padrinho. Ele poderia se comunicar com Gina! Isso! Faria de tudo para mudar o encanto daquele artefato. Ele seria de agora em diante um comunicador entre Harry e ela. Foi extremamente difícil. Mas no final conseguiu apenas fazer com que o espelho transmitisse a voz.

- Tudo bem. – ela disse firmemente. – Grande Sirius! Quem diria que ele nos ajudaria tanto?

“Será coincidência que Sirius tenha lhe dado aquele espelho? Será que não estava premeditado que um dia eu precisaria dele? NÃO! De novo não! Mais uma vez eu estava pensando naquilo.”

- Vou sentir saudades. Vou não, já sinto saudades.

- Eu também vou morrer de saudades de você. A cada dia que passar eu vou morrer um pouquinho de tanto sentir sua falta. Já me sinto fraca. – Ela disse deixando escorrer uma lágrima pelo seu rosto.

- Fique forte por mim então. – Ele disse levantando o rosto dela. – Eu me manterei forte para voltar pra você.

Gina agora começava a chora pra valer. Num primeiro momento Harry nem se deu conta, mas ela podia acordar alguém. Foi por impulso que ele calou o choro dela com um beijo. Ela se assustou. Continuou com os lábios imóveis: estava reunindo forças, parecia que não tinha forças para se mover. Ele tentou mais uma vez beija-la. Dessa vez ela abriu os lábios para que ele pudesse entrar. Ele brincou de mansinho com a língua dela, e ela sentiu seu peito murchar por causa disso. Aquilo ainda não era um beijo, era uma demonstração de carinho. Ele não fazia carinho com as mãos, fazia com os lábios... com a língua. Era impressionante como aquilo podia passar tanto sentimento, tanto amor.

Ele parou por um breve momento. Beijou de leve a testa dela, depois suas bochechas, seu queixo, seu nariz, seus olhos que permaneciam fechados, e finalmente sua boca. Um selinho espantosamente maravilhoso. Sua mão direita correu para a cintura dela, enlaçando Gina para mais perto de si. Não era agressivo, era simplesmente mágico. O modo como ele a puxara para o seu encontro fazendo com que eles se encaixassem perfeitamente. A mão esquerda dele se aprofundou nos seus cabelos, fazendo um cafuné gostoso na sua cabeça. Ela abriu os olhos e viu que ele a encarava. Ele tinha um olhar suplicante. E ela entendeu na mesma hora o que deveria fazer. Aquele momento não podia ser adiado mais, os olhos dele pediam para que ela se entregasse de vez. Ah se eles tivessem mais tempo do que aquilo! Mas não tinham. Seus olhos só pediam um beijo. E ela sem hesitar o deu. Um beijo calmo e apaixonado, que não deixou de ter uma pontada de tristeza.


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- Até que enfim vocês chegaram! – Hermione olhava desaprovadora e aliviada para os amigos recém chegados.

Eles haviam marcado de se encontrarem no sótão, o lugar mais seguro e mais alto da casa. Seria mais fácil fugir com as vassouras por ali. Lupin estava de costas espiando pela pequena e única janela do cômodo. A noite estava agradável. Ventos violentos assolaram Londres naquela tarde. Harry já sentia a chegada de uma tempestade, quando percebeu que todo aquele vento estava levando embora, e não trazendo a chuva. Fazia uma grande lua minguante naquela noite. Isso só podia ser um bom sinal. Deu graças por ter escolhido um dia que não houvesse lua cheia. A última coisa que queria era um lobisomem transformado de uma hora para a outra.

- Quase descemos para ver se alguém tinha pegado vocês! – foi Rony quem falou dessa vez. – Ninguém os viu não é?

- Você acha que nós estaríamos aqui se tivessem visto? – Gina falou impaciente diante a reprovação do irmão.

- Eu acho que já está na hora. Ah Gina! – Lupin virou-se e ficou espantado ao ver a garota ali parada ao lado de Harry. Tinha uma expressão firme e decidida no rosto. Digna de quem estava fazendo uma grande coisa. Lupin não pensava que fosse o contrário. – Então você sabe? – ele perguntou mais a Harry do que a ela.

- Parece que sim. – Ela disse desanimada.

- Isso é bom. Realmente bom!

- Mas por quê? – Hermione interrompeu o acesso de felicidade de Lupin.

- Não vou permanecer aqui na sede da Ordem nas próximas semanas.

- O que você vai fazer? – Rony perguntou.

- Vou numa missão quase igual a de vocês – ele disse triste. – Mas uma missão de espionagem, como eu tenho feito há um ano. Ficarei no meio dos outros lobisomens. Em especial os que estão do lado de Voldemort.

- Então a Gina vai ser o nosso contato com a Ordem. – Hermione conclui.

- Isso mesmo. E se quiserem falar comigo, antes vão ter que falar com ela. – Gina parecia mais feliz. Provavelmente por saber que os amigos teriam mais uma razão para se comunicar com ela.

- E como eu vou falar com você? – Gina perguntou aturdida.

- Com isso. – Lupin tirou de seu bolso um espelho totalmente igual ao que Harry havia dado para Gina minutos atrás. – Você só precisará...

- Eu sei. Esse é o segundo que eu ganho hoje. – E olhou para Harry com todo o carinho que conseguiu reunir.

- Então vocês devem saber que seria bom que nós inventássemos uma senha. Para o caso de alguém rouba-lo. Seria um erro fatal se alguém pegasse o espelho e o usasse. Uma simples poção polissuco e tudo iria abaixo.

- O que poderia ser? – Gina disse varrendo aqueles pensamentos ruins da sua cabeça.

- Que tal Fênix? – Rony disse prontamente.

- Não. Muito óbvio. – Hermione falou na mesma hora.

- Amor? – Gina disse esperançosa.

- Não. – Lupin respondeu asperamente.

- Estrelas... – Harry disse baixinho deixando todos curiosos. Ele passou a mão pelo rosto, impaciente, e quando voltou a ergue-lo, viu todos os presentes o encarando.

- O que você disse Harry? – Gina perguntou passando as mãos no cabelo de Harry.

- Eu não tenho certeza, mas poderia ser alguma coisa que fizesse algum sentido.

- E? – Hermione o interrompeu.

- Estrelas.

- Estrelas? – Rony disse sem entender nada. – Que sentido tem isso pra você? – ele procurou os olhos de Harry em busca de uma resposta. Ao contrário da expectativa de todos, foi Lupin quem respondeu:

- Eu e Harry temos falado muito sobre estrelas e predições ultimamente.

- E eu não consigo pensar em outra coisa nos últimos tempos – ele lançou um pequeno e imperceptível olhar de raiva para Lupin. Começou a pensar que não deveria ter dado a idéia. Agora teria que lembra sempre das malditas estrelas! Por mais que elas estivessem dando boas notícias, aquilo o deixava nauseado, impotente diante das coisas que aconteciam. Ele teria que se acostumar agora. Torceu com todas as forças para que os amigos não aprovassem o nome.

- Acho uma boa. – Rony respondeu com um olhar de esperteza. – Quem pegasse o espelho nunca adivinharia a senha!

“Tenho que me lembrar de matar Rony quando estivermos sozinhos!”

- Também acho uma boa idéia. – Hermione falou sorridente para Harry.

“Ela realmente achava que estava me agradando.”

- Então está resolvido. Estrelas será nossa senha. – Lupin disse radiante.

- Mas vocês não acham que Estrelas é muito sem graça? – “Gina finalmente resolveu abrir a boca. Como eu amo essa garota!” – Me parece incompleto. Sei lá.

“Incompleto?”

- Você quer dizer que temos que pensar em uma palavra para acompanhar Estrelas. – Hermione mais afirmou do que perguntou.

- Ééeéé! – Gina sorriu para a amiga agradecendo pela ajuda.

- Entramos em outro dilema então. – Lupin disse derrotado.

- Vocês não vão desistir de Estrelas, não é? – Todos negaram, para a infelicidade de Harry. O estrago já tinha sido feito de qualquer jeito. Talvez esse assunto sobre estrelas sumisse de sua cabeça logo, afinal, os perigos que eles enfrentariam depois dessa noite não chegariam nem perto dessa obsessão maluca por estrelas. Ele tinha que pensar em algo, todos estavam olhando para ele agora e só o que ele conseguia pensar era em mandar as estrelas pra puta que ... – Estrelas Tortas! – Todos o olharam sem entender. Era isso! Um nome melhor havia surgido na sua cabeça a poucos estantes. Mas “Estrelas de merda” definitivamente não iria dar certo! Uma pequena modificação viria a melhorar a situação. – O que vocês acham? - Desmerecer as estrelas conseguiu o efeito de deixá-lo mais feliz.

- Não vejo por que elas seriam tortas? – Lupin disse incrédulo. – Elas estão dando boas notícias!

- Mas continua morrendo gente. Por isso elas merecem esse nome! – Ele encerrou o assunto com um tom de raiva na voz. Sua pequena felicidade em descarregar um pouco a raiva se esvaíra novamente. Dessa vez fulminou Lupin com os olhos, fazendo questão que ele percebesse isso.

Todos ficaram quietos se olhando. O som de Harry bufando de raiva fez com que todos ficassem apreensivos. Ninguém fez objeção alguma ao assunto. Rony lançou um olhar preocupado para Hermione, que deu de ombros e fez sinal para que Rony não falasse.

- Estrelas Tortas. – Lupin quebrou o gelo após ver que ninguém se pronunciaria. – Será esse o nome então – disse tentando colocar um sorrido no rosto, o que saiu mais parecido com uma careta de nojo.

- Temos que ir. – Harry colocou a mochila nas costas e deu um selinho rápido em Gina. Estava bravo ainda.

- Vamos então. – Hermione olhou desconsolada para Gina, e fez questão de mostra um olhar desaprovador para Harry. Deu um abraço forte na amiga, que respirava fundo para não cair em lágrimas novamente. – Fica bem, viu? – E deu mais um beijo na amiga.

- Tchau maninha. Se cuida. – Rony abraçou forte a irmã. Ela soltou um soluço quase inaudível. Não fosse pela aproximação de Rony, ele nem teria ouvido. – Não se preocupe. Ele está em boas mãos – disse abraçando ainda mais forte a irmã para depois solta-la.

Lupin entregou as vassouras ao trio. Harry montou a vassoura prontamente, deixando Gina ainda mais cabisbaixa por não receber uma despedida melhor. Rony olhava para a vassoura na mão de Lupin como se alguém lhe estivesse oferecendo uma arma. Hesitou antes de pega-la firme com as mãos, e dessa vez parecia orgulhoso por sua coragem.

- Não tenho certeza se sei voar tão alto com a vassoura. – Hermione falou baixinho ao pé do ouvido de Lupin. Parecia que havia lembrado disso só agora, quando estavam preparados pra partir. – O que eu faço agora?

- Hermione, é muito importante que você aprenda a manejar bem uma vassoura. – Lupin disse asperamente. – Pensei que já tivesse aprendido em todos esses anos.

- Eu aprendi! – Hermione disse aparentemente revoltada. Harry achou que nunca havia visto alguém fazer uma reprovação daquelas a Hermione. Falar a Hermione que ela não conseguia aprender uma tarefa era a mesma coisa que dizer a uma mulher que ela estava gorda. Mesmo no escuro do quarto Harry conseguiu distinguir o vermelho no rosto de Hermione. Por um momento ele visualizou Sibila dizendo a Hermione que ela não tinha o poder da clarividência! – Só não sou muito boa nisso! Você quer que um erro meu bote tudo a perder agora? – Ela tinha razão. Mesmo furiosa ela tinha razão.

- Você vem comigo então. – Lupin falou com a autoridade de um professor. – Mas terá que aprender a voar direito quando chegarmos à casa do meu amigo.

- Certamente que vou! – disse com as mãos na cintura com um tom de superioridade.

- Vamos lá então? – Rony disse visivelmente tentando quebrar a tensão da cena. Era no mínimo esquisito ver uma situação como aquela acontecendo. Hermione e Lupin brigando. Imagino como estão as cabeças de todos eles, Harry disse a si mesmo ao dar uma olhada nos amigos. Se a sua própria cabeça estava explodindo em medo, expectativa, saudades antecipadas de Gina e mais um monte de outras coisas, porque os amigos não estariam sentindo a mesma coisa?

Lupin devia estar realmente mal por tudo isso. Pelo menos Harry teria os seus dois melhores amigos ao seu lado nessa busca aos horcruxes. Lupin estaria sozinho em meio a centenas de lobisomens. Sua raiva era idiota, só agora ele pode perceber. Ele teria que sentir era pena de Lupin. Teria que sentir orgulho dele.

- Vamos. - Hermione disse ainda perturbada.

Hermione se dirigiu com passos largos até Lupin e montou na vassoura com ele. Era perceptível que ela não estava gostando nem um pouco de estar ali. Fez uma careta para Lupin quando já estava sentada atrás dele.

- Tente não me apertar muito. – Lupin jogou uma piadinha. Harry percebeu que ele queria desfazer o mal entendido, mas a única coisa que conseguiu fazer foi deixar Hermione mais brava ainda. Mulheres! Ela bufou alto e se desprendeu repentinamente de Lupin. Desmontou da vassoura e ajeitou a blusa numa desesperada tentativa de se acalmar.

- Sei quem não vai se importar se eu apertar muito ele – disse Hermione secamente enquanto se dirigia ao encontro de Rony e sua vassoura. Não se sabia quem estava mais estático com a reação de Hermione. Lupin ou Rony. Hermione sorriu sedutoramente para Rony antes de se agarrar a ele encima da vassoura. Ela pareceu extremamente feliz com a sua escolha, pois não conseguia esconder um sorriso de prazer e vitória no rosto. Era incrível como Hermione conseguia transferir tudo a seu favor.

Lupin foi de encontro a pequena janela do cômodo. Abriu-a com o cuidado de quem tem muito a perder e olhou para fora. Todos ficaram em silêncio contido nessa hora, até que Lupin voltou a cabeça para dentro novamente.

- Gina – ele chamou para o espanto da garota.

- Hã?

- Se eu não responder em cinco minutos... – e entregou o pequeno espelho a ela – não saiam daqui até que eu volte. – Disse apontando para os demais na sala. Ninguém fez objeção alguma ao que fora mandado. Com certeza não seria tão fácil sair dali em segurança. O coração de Harry gelou quando Lupin saiu voando na vassoura para fora da casa. Gina fechou a janela no mesmo instante em que ele desapareceu na escuridão da noite, e Harry pode ver pela luz que vinha da janela, que Gina estava digna de pena. Estava pálida. Não do mesmo jeito que Hermione ficara ao cair desfalecida no casamento. Era como se ela tivesse tomado um susto repentino. Sua boca tremia numa tentativa de mantê-la fechada para não cair num choro de repente. Mas ao mesmo tempo em que tentava manter semblante firme, tinha o olhar preocupado e triste. Harry viu como estava sendo injusto em fazer isso com ela. Era obvio que não sairia daquela casa antes de dar um longo e apaixonado beijo na namorada. Era óbvio que ele não sairia dali sabendo que ela estava magoada. Era mais óbvio ainda que ele não suportasse sair dali sem antes dizer a ela o quanto ele a amava e o quanto sentiria sua falta. Era quase uma dor física ver ela assim. Era definitivamente uma dor física. Como se um elefante estivessem pisando com toda a força em seu peito.

- Gina.

Ela virou o rosto na direção de Harry. A luz que vinha da janela já não iluminava mais o seu lindo rosto. Talvez isso fosse melhor. Talvez aqueles olhos cheios de tristeza ainda estivessem em sua face, e aí sim ele não conseguiria reagir normalmente na frente dela.

- Eu sou uma anta por te fazer isso. – Gina foi puxada pela mão de Harry. - Um completo ignorante por descontar as minhas frustrações em você.

- Você é um bobo mesmo! – ela disse baixinho para depois se atirar nos braços de Harry. Ele alisou com carinho o cabelo de Gina.

- Desculpa?

- Você não precisa me pedir desculpas quando já está desculpado – ela disse brincalhona se soltando daquele abraço apertado. No breu daquele sótão Harry conseguiu distinguir um sorriso travesso na boca de Gina. Era como se o elefante tivesse ido dar uma passeada. Ah como é bom ver você sorrir, ele disse para de si mesmo.

- Eu amo você – ele disse repentinamente.

- Eu também amo você. Mais do que o meu coração poderia suportar – ela chegou mais pertinho de Harry e encostou de leve em seus lábios, mas sem beijá-lo. Juntou o seu corpo no dele com carinho, sem nenhuma pressão. Manteve aquele abraço folgado e gostoso, suas testas se encostando de leve, suas bocas roçando uma na outra.

Foi então que ela continuou:

- Amo você Harry Potter – e ele estremeceu ao ouvir o seu nome. – Amo tudo em você. Amo o seu cabelo, - e passou as mãos delicadamente nos cabelos dele – amo seus olhos, - tentou achar naquele escurinho do sótão os olhos verdes dele – amo a sua boca, - e dessa vez depositou um beijo ardente e rápido na boca de Harry. Amo o seu corpo, - disse fazendo carinho nas costas dele – principalmente quando está juntinho do meu – e apertou Harry contra si. A possibilidade de levá-la junto nessa viajem pareceu muito convidativa a partir daquele momento. – Amo a sua teimosia e a sua generosidade. Adoro o jeito como você dá importância às pessoas ao seu redor. Eu amo mais do que tudo o seu caráter. – Nunca ninguém tinha dito a Harry coisas tão... tão... lindas. Era impressionante como Gina conseguia listar tudo aquilo de um jeito tão bom. Tão reconfortante. – Amo você sabendo que você vai me deixar agora. E sabendo que você vai voltar, mais dia ou menos dia, você vai voltar. Vitorioso! Sabe por quê? – ele só ficou em silêncio esperando a resposta dela:

- Porque isso é o mínimo que você merece.

Ele não agüentou mais. Abraçou Gina forte contra o seu corpo e lhe deu o beijo mais apaixonado que conseguia dar. Um beijo que não era nem lento nem rápido. Era simplesmente perfeito.

- Gina! Gina!

Eles se soltaram com dificuldade. Estavam com o coração na boca e não queriam de jeito nenhum parar com aquele momento.

- O Lupin! – Harry disse assuntado. – O Lupin Gina!

Gina parecia ter acordado só agora. Era a voz de Lupin que chamava o nome dela. Ai Merlin! Que nada tenha acontecido!

Gina pegou o espelho rápido do seu bolso. A cabecinha de Lupin flutuava no meio do espelho e estava visivelmente preocupado.

- Ufa! Pensei que alguma coisa tivesse acontecido! – ele disse aliviado.

- E aconteceu! – Rony e Hermione vinham na direção de Harry e Gina com sorrisos alegres e envergonhados nos rostos. Por um momento Harry nem lembrou que os amigos estavam naquele mesmo lugar. Na verdade ele esquecera até mesmo onde estava!

- A coisa mais linda! – Hermione disse pegando na mão de Gina. – Eu sabia que só era pirraça dele – e apontou na direção de Harry.

- Tão doce que eu cheguei a ficar enjoado. – Rony disse, para a desaprovação de Hermione, que só fez lançar um olhar reprovador para o amigo.

- Bem que você queria fazer o mesmo, não é amigão?! – Harry disse alterando a voz alegremente e dando um tapinha no ombro de Rony. Hermione pareceu encolher o próprio corpo, e Harry podia apostar que estava vermelha como um pimentão. Rony olhou incrédulo para Harry, como se pedisse explicação pela sacanagem do amigo. Não obteve resposta, por isso resolveu ficar quieto.

- Vocês já podem vir então. – Lupin quebrou o gelo. – Uma vassoura de cada vez.

- Vão vocês primeiro. – Harry pediu aos amigos.

Rony montou na vassoura mais uma vez. Hermione se sentou atrás dele e entrelaçou seus braços na cintura de Rony.

- Se segura bem forte nessa subida.

- Não vou soltar você. – Hermione disse deitando a cabeça nas costas de Rony e apertando ele contra ela um pouco mais forte. Rony soltou um suspiro longo. Não se sabe se foi por causa de Hermione ou por causa da expectativa de sair finalmente por aquela janela.

- Tchau Gina. – Rony disse para a irmã.

- Tchau Gi. – Hermione fez o mesmo.

- Até logo – ela respondeu com um sorriso.

E os dois saíram para a noite.

- Acho que é a minha vez agora.

- Parece que sim. – ela pegou na mão de Harry.

Harry precisa sair dali o quanto antes. Antes que eles começassem a se beijar de novo e eles não saíssem mais dali. Montou na vassoura, ainda segurando a mão de Gina.

- Voltarei o mais rápido possível.

- Vou esperar – ela disse para depois dar um beijo desesperado no namorado. Para a surpresa de Harry, Gina não chorou como muito já havia feito. Quando se soltaram, tinha um sorriso grande de satisfação no rosto. – Tenho orgulho de você.

- Obrigado por ser minha. – Depois que disse isso se deu conta de que ela poderia não gostar daquela conversa de minha.

- Sempre serei sua. Agora vai – disse soltando a mão de Harry e se afastando aos poucos dele, até que o braço dele não pudesse mais alcançá-la.

Harry abriu a janela do sótão. Deu uma última olhada em Gina, aquele lindo contorno do corpo dela no escuro. Reuniu coragem e deu impulso para fora da janela.

Ela estava segura e ele estava indo atrás do seu destino... Nada poderia lhe trazer mais orgulho do que isso.




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