Revelações



Cap. 12 – Revelações



Lílian e Severo só tiveram chance de ser falar, depois, na hora da janta. Sentaram-se lado a lado.

- Olá, Sev.

- Oi, Lily.

- Sabe… sinto que nós somos o assunto do dia em toda a escola, graças a aquele garoto metido.

- Que coincidência, pois eu sinto o mesmo. – respondeu Snape com sarcasmo.

E estavam certos. Eles realmente eram o assunto até entre alguns professores E a essa altura, James também já sabia e até se sentia um pouco com raiva.

- É… eles se merecem.

- Sim, mas não sei como um consegue suportar o outro.

- Hahaha! Imaginem só um filho desses dois! Coisa boa não sai.

Era unânime, todos só faziam comentários maldosos. Ninguém não achou nem ao menos romântico. Harry já ficara sabendo de tudo antes por Dumbledore e só contara a Rony e Hermione. Não adiantou nada ele pedir segredo.

Lílian e Severo tinham todos os olhares dos alunos fixos neles, todos na esperança de perceber algo, um sorriso, um selinho, mas nada aconteceu. E é claro, eles ficaram assim tão indiferentes de propósito. Raramente durante o jantar trocavam palavras, não mostraram sinal de afeto nenhum, permaneceram na pose rígida e expressão fechada de sempre.

Porém logo os alunos tiveram suas esperanças realizadas; Severo e Lílian deixaram juntos a mesa de jantar e foram lado a lado a caminho das Masmorras.

- Bem, Lílian, acho que temos uma conversa a terminar, então. Eu ainda estou confuso com aquilo que você revelou mais cedo.

- Claro. Vamos aos meus aposentos, então?

- Pode ser.

Os dois entraram; Severo acendeu a lareira e os dois sentaram nas poltronas de frente para ela. Ficaram em silêncio. Nenhum deles sabia por onde começar. Severo pareceu encontrar as palavras primeiro.

- Há algo que me pergunto…

- O que, Sev?

- Como é que não via sua marca quando nós… fizemos amor, sendo ela tão visível, ainda mais na sua pele tão branca?

Ela sorriu e olhou para ele.

- Bem… é muito simples: eu não a tenho.

Severo olhou-a com uma olhar intrigante. Muitas perguntas se faziam em sua cabeça e queriam escapar pela sua boca. Mas resumiu-se a uma curta frase:

- Eu… não entendo…

- É exatamente o que ouviu, Severo. – falou ela séria.

- Mas como é possível?

- Eu uso um anel. – e estendeu a mão para mostrar um bonito anel prateado no dedo anelar da mão esquerda.

Ele olhou atentamente para o anel, mas ainda sentia-se confuso.

- Por favor, Lílian, explique melhor.

Ela deu um longo suspiro, então o olhou direto nos olhos e começou a falar.

- Severo, eu… eu era a esposa de Voldemort.

Ele arregalou os olhos, surpreso, mas ela continuou.

- Quando terminamos Hogwarts, saí da Inglaterra, fui para a Irlanda. Fiz minha faculdade lá. E lá conheci o homem com quem casei algum tempo depois. Mas, não muito tempo depois, ele morreu por causa de problemas no coração que não consegui curar a tempo com meus conhecimentos em poções. – ela pareceu um tanto deprimida ao falar isso.

“Eu estava viúva e sozinha, quando conheci Tom. Eu me apaixonei por ele sem saber quem ele era de verdade. Eu estava muito feliz, estava finalmente me esquecendo de você, Severo. E não demorou muito até eu ser pedida em casamento. Aceitei na hora. Voltamos para Londres, onde fica a sede dele. Só depois de já estarmos casados que Tom me disse que era o Lord Voldemort. Me assustei na hora, mas eu já o amava, e não achei nada ruim ser a Lady Voldemort”.

“Talvez agora você entenda porque nunca me viu lá, eu sempre estava usando uma máscara. E eu achava muito bom usar a máscara, eu não queria ter que me encontrar com você, e você estava sempre lá”.

- É, eu estava sempre lá. – falou ele meio deprimido.

Severo precisava respirar. Aquela história era difícil de se engolir. Sua Lílian, a mulher que ele tanto amou e ainda ama, esposa de Voldemort? Era realmente difícil de imaginar.

- Mas então chegou o dia em que ele caiu. Eu não tive tanta coragem quanto você e outros para fugir. Fiquei lá, junto dele, o amparando como a idiota que sempre fui.

- Você não é e nunca foi idiota, Lílian. Isso tem nome: fraqueza.

- Então fui fraca.

- É… mas eu também fui.

Seguiu-se um silêncio constrangedor. Faltavam as palavras aos dois. Mas ainda havia uma pergunta: então como e quando Lílian fugiu para poder estar ali? Severo fez essa pergunta.

- Foi num impulso. Ele me falou que ficou muito furioso quando você, o braço direito dele, fugiu, o deixou. Disse que te mataria… você e aos outros que o abandonaram. Eu não pude me conter. Falei que não permitiria. Brigou comigo, me ameaçou. Então na primeira deixa eu peguei minhas coisas e dei o fora.

- É… não sei porque não me matou, ainda.

- Ué, você está aqui bem protegido, e ele não sei se está forte o bastante. Você sabe de alguma coisa, Severo?

- Eu? Não, claro que não. Mas… e para onde foi?

- Bem… em Londres não podia ficar, do contrário ele me encontraria e certamente me mataria. Precisava de muita proteção, ir para um lugar onde ele não me alcançasse. E, bem, já está provado, você viu, que até hoje ele está atrás de mim, não existe um lugar totalmente seguro, Severo. Mas também não poderia voltar à Irlanda. Fui para a França, trabalhei em uma loja de Poções em Paris.

- Em Paris… quando éramos jovens você falava que queria ir para lá conhecer.

- É, eu me lembro. – falou ela sorrindo. – Pena que fui sem você.

- Uma pena, mesmo.

- Bem… você e Potter sentiram Voldemort, não é? Potter no subconsciente e você pela Marca Negra gravada no braço. Mas comigo ele fala, ouço a voz dele. Ele penetra em minha mente, mas não da forma tradicional… ele se comunica comigo por telepatia sem a minha permissão. E tudo isso por causa desse maldito anel que me prende a ele.

- Mas por que não o tira? – perguntou Severo já imaginando a resposta.

- Não posso, ele está preso a mim. Já tentei de tudo, muitos feitiços, maldições, mas não há o que o arranque do meu dedo. E confesso que certa vez fiquei tão nervosa com isso que tentei arrancar meu dedo fora, mas nem isso. Não tenho direito nem de arrancar meu dedo, Severo! – disse ela com um tom de sarcasmo.

- Sinceramente, Lílian, não consigo te imaginar tentando arrancar o próprio dedo.

- Pois é. Mas é que isso me enlouquece!

- Certo… E depois?

- Eu já não agüentava mais aquela vida parada de Paris, precisava fazer algo… algo contra Voldemort, aniquilá-lo, faze-lo se arrepender de ter nascido. Resolvi, então, procurar Dumbledore. Contei a ele toda a história. Felizmente ele me compreendeu.

- Que bom. E o Lord, no tempo em que estavam juntos, nunca lhe deu nenhum serviço?

- E você acha que ele me privaria do “prazer” de matar algum mortal idiota? Sim, Severo, eu já matei muita gente inocente por causa dessa cobra.

- Se eu bem te conheço, Lílian, não deve ter sido tão ruim assim, não é?

- Severo! Também não é assim! Ou você acha que eu gostava de ouvir aqueles trouxas e sangue-ruins berrando e implorando piedade? Severo, eu posso não ser a pessoa mais agradável e piedosa que existe, mas eu não achava divertido tirar a vida daquelas pessoas. Não via aquilo como um “esporte” como via ele.

- Claro, eu sei. Desculpe-me.

- Mas eu vou te dar um exemplo. Os Potter é um. Quando aconteceu tudo aquilo com eles, quando Harry sobreviveu… o Lord me ordenou que eu pegasse o bebê rápido, antes que Dumbledore aparecesse. Eu fui depressa e cheguei em tempo, mas não tive coragem. Sei lá… não que eu estivesse com pena de um Potter, mas não me achei no direito de fazer aquilo. É claro que eu sabia o que poderia acontecer caso Voldemort tivesse aquele bebê em mãos, então preferi sofrer as conseqüências de um serviço sem êxito do que ver aquela cobra obtendo sucesso. Então fiquei ali velando o garoto até Hagrid chegar e levá-lo embora consigo.

- Muito bem de sua parte, querida.

- E é claro que quando voltei e dei a notícia de que o bebê já havia sido levado, meu “querido Mestre” ficou com muita raiva. Não só por mim, mas porque naquela mesma noite perdeu muitos Comensais, incluindo seu braço direito.

- Eu…

- Você, meu amor. Fiquei aliviada com isso. Mas… que droga, eu deveria ter ido junto! Deveria ter ido quando tive chance!

- Não fique se martirizando por causa disso, Lílian, já foi. Agora você está aqui e comigo, está tudo bem.

- Eu sei… na verdade está tudo bem aparentemente, Severo. Não sabemos o que ele está planejando.

- Mas, por favor, pare de sofrer com antecedência. Temos que deixar rolar. Saberemos o que fazer quando chegar a hora certa. Agora é só esperar.

- É, você está certo. Eu só queria poder… modificar o passado.

- Mas não pode, Lílian. Vamos… temos que viver o presente.

Ela sorriu e olhou para o lado.

- A essa hora Potter deve saber de toda a verdade, ou ao menos parte dela.

- Queria ver a cara que ele fez ao saber que só está vivo por sua causa. – falou Snape com um sorriso malicioso no canto da boca.

Nesse momento eles ouviram batidas à porta. Talvez por mera coincidência, era Harry Potter.

- Er… desculpe incomodá-la a essa hora, professora, mas eu precisava lhe falar.

- Entre. – respondeu ela simplesmente.

Lílian abriu passagem para Harry entrar e fechou a porta atrás dele. Ofereceu-lhe uma cadeira e voltou à sua poltrona.

Harry não gostou muito de ter que falar na presença de Snape, mas se era verdade o boato que corria pela escola e eles estavam juntos, não poderia simplesmente pedir para ele se retirar.

- Vai ficar olhando ou vai falar logo, Potter? – perguntou Lílian com um leve tom de impaciência na voz.

- É que, bem… o Prof. Dumbledore me contou algumas coisas e…

- E…?

- Acho que devo desculpas por meu pai e seus amigos… e agradecer-lhe por ter salvo minha vida. E ao senhor também, Prof. Snape.

- Não há necessidade. O que está feito está feito. O passado deve ser, não esquecido, mas mantido lá, que é o lugar dele. E pode ter certeza de que nada o que eu ou Severo fizemos foi pensando em você e em seu bem estar, mas sim em geral e nas pessoas que poderiam ser prejudicadas com todo o acontecimento.

Harry até estava sentindo um pouco de culpa pelo seu pai, Sirius e Lupin, e até um tanto agradecido por estar vivo graças à sua professora, mas isso não fazia sua repulsa por eles diminuir, afinal era notório que aqueles dois o odiavam… e era recíproco.

- Sim, senhora. Agora irei dormir. Boa noite Profª. Roberts, Prof. Snape.

Snape deu um mero aceno com a cabeça; Lílian respondeu. Então Harry dirigiu-se até seu Salão Comunal.

- O que a fez ser tão boazinha com Potter, querida?

- Devo admitir que ele não tem culpa dos pais e padrinho que tem… ou teve.

- Isso não o torna menos irritante e insuportável. E deve-se admitir, também, Lílian, que ele é igualzinho ao pai: arrogante e metido, acha que sabe tudo e que é o bom.

Ela sorriu.

- Tem razão, querido. Agora vamos esquecer tudo isso. Já estou sentindo saudades de você.

Ele olhou-a com um olhar maroto. Levantou-se e foi até ela, a puxou pelas mãos, passou um braço por sua cintura e a apertou contra si, beijando-a ardentemente.

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