O caminho para Liverpool



Capítulo 3 – O caminho para Liverpool


 


 


Com uma agilidade incrível, Harry entrou no quarto e fechou a porta sem fazer barulho. Correu para o seu malão e com um chute certeiro o abriu. Atacando em outra frente, abriu o guarda-roupa. Edwiges examinava a cena com uma curiosidade típica de uma coruja, seus olhos cor de âmbar estavam ligeiramente arregalados, ela sempre identificava quando o garoto fazia algo errado.


Harry acabara de jogar alguns livros sobre a cama quando sua porta foi arremessada contra a parede. Sutileza era um hábito que sua tia Petúnia aparentemente não havia descoberto durante todos aqueles anos. Harry Potter nem mesmo considerou em olhar para ela. Calmamente se voltou para o guarda-roupa e de lá retirou a sua vassoura e o valioso Mapa do Maroto e os expôs sobre seu colchão, ignorando sua tia por completo.


– Você estava usando o telefone? – perguntou tia Petúnia com rispidez.


Procurando agir como se estivesse num bar discutindo o assunto mais apreciado, Harry apenas respondeu com calma.


– E se eu estivesse tia Petúnia? – retorquiu. – Que diferença faria para a senhora? Uma ligação a mais fica tão caro assim no fim do mês?


A boca de Petúnia espumou como um cão raivoso. Antes que pudesse gritar ainda mais com seu sobrinho, seus olhos percorreram todo quarto: a cama carregava uma bagunça de livros, um papel gasto e até mesmo a vassoura do garoto, no chão estavam aquelas roupas vagabundas espalhadas. Algo que lembrava restos mortais de um rato estavam na gaiola daquela coruja horrorosa. Seus lábios crisparam perigosamente.


– Espero que você arrume seu quarto antes de dar o fora daqui, - ameaçou Petúnia.


Os nervos de Harry ferveram.


– Se limpar meu quarto me desse uma garantia de segurança na minha jornada, eu arrumaria a casa inteira. Com gosto! – respondeu Harry categoricamente.


Tia Petúnia virou as costas para sair do quarto. Quando pôs o primeiro pé no corredor, ela se voltou para o sobrinho novamente. Seu olhar brilhava com um aspecto estranho.


– Nessas horas de discussão você lembra e muito a sua mãe. Ela era intransigente assim como você, Lílian raramente dava o braço a torcer em meio a suas brigas e se julgava certo em tudo.


Harry se voltou para a tia na mesma hora. Por que ela havia falado aquilo? Durante todo tempo na casa dos Dursley, esta era apenas a segunda vez que sua Tia Petúnia falava de sua mãe pelo nome. O que estava ocorrendo com ela?


Contudo, quando Harry se ergueu para bater de frente com Petúnia, ela já não estava mais presente.


 


 


Não demorou muito para Harry descer e almoçar. Esperava que durante a refeição, sua tia Petúnia voltasse a dizer algo, uma vez que tio Válter não se encontrava. Porém, a irmã de sua mãe o ignorou quase por completo. De garfada em garfada, Petúnia mantinha sua atenção na direção da TV, em apenas duas ocasiões ela olhou abertamente para o sobrinho, talvez aguardando que ele se manifestasse de alguma forma. Todavia, Harry permaneceu calado, era óbvio que ele gostaria de perguntar, queria saber. Contudo, tinha certeza que não teria suas dúvidas respondidas, a regra era nunca fazer perguntas. Então, foi uma refeição monótona, na qual só se escutava o barulho da televisão e os talheres batendo ao prato. E se Harry estendesse sua atenção, perceberia que nem mesmo Duda prestava sua costumeira atenção ao seu programa favorito.


Durante o jantar houve mais diálogo, não que Harry tenha sido envolvido ou mesmo tenha sido o motivo. Tio Válter anunciou animadamente que uma companhia solicitara um grande orçamento, o que daria para garantir o futuro da família por muitos anos.


Harry não prestou atenção ao resto da conversa. Estava ansioso para partir, sua mala já estava pronta, os livros, vassoura e inclusive o mapa do maroto estavam no interior de sua bagagem. Entretanto, algumas preocupações pipocavam em sua mente. Iriam em vassouras novamente? Quem viria com o sr. Weasley? E aquilo que mais o afligia era a (grande) possibilidade de sofrerem uma emboscada de Voldemort durante o percurso. Se realmente acontecesse, ele lutaria até o fim, daria tudo de si. E quanto ao destino, Harry já estava decidido, iria para o Largo Grimmauld e depois decidiria como agir, só desistiria se o sr. Weasley apresentasse uma alternativa melhor, o que era improvável.


Quando se deu conta, Harry percebeu ter finalizado sua última refeição na rua dos Alfeneiros. Nenhum lamento preencheu seu peito. Era chegada a hora do anúncio. Se ergueu e mirou os tios a sua frente.


– Amanhã pela manhã irei embora, uma pessoa virá me buscar. Boa noite a todos vocês.


Harry não pode deixar de perceber que sua tia ficou com um olhar estranho, indecifrável, o rosto de Duda também era um pouco diferente, não sorriu e permaneceu em silêncio, tinha uma aparência desanimada, seria tristeza? O que estava acontecendo ali? Apenas tio Valter parecia estar diferindo dos dois, carregava no rosto uma vontade louca de torcer o pescoço do sobrinho, queria muito gritar com ele por ter estragado o seu dia de sucesso. Harry sentiu um resto de raiva erguendo dentro de si, mas as expressões do primo e da irmã de sua mãe eram definitivamente algo inesperado.


Saiu da cozinha e não foi impedido por ninguém. Um vento vindo da janela lhe atingiu e lhe encheu de energia. O caminho não seria fácil, porém Harry não pode deixar de se sentir aliviado por saber que era sua última noite na casa dos Dursley, a casa que ele morava havia mais de quinze anos e que ele nunca se sentiu a vontade o bastante para chamar de lar.


 


 


O relógio da sala acabara de bater uma badalada, indicando a primeira hora da manhã e Harry ainda estava acordado, conferia pela enésima vez se tudo estava no devido local. Uma ansiedade esperada ia e voltava em seu peito, estava elétrico demais para dormir.


– Harry?


O garoto levou um susto e se virou imediatamente para a porta, era tia Petúnia. Vestia aquele robe amarelo ridículo e a aparência de quem tentara dormir mas não obteve sucesso.


– A senhora aqui a essa hora? Aconteceu alguma coisa?


A testa de Petúnia se enrugara discretamente, sempre acontecia quando Harry se atrevia a perguntar alguma coisa, no entanto ela queria lhe dar algo antes que arrependesse. O sobrinho, contudo, estava educadamente intrigado. O que a tia queria com ele aquela hora da madrugada?


– Eu preciso te falar uma coisa – disse tia Petúnia secamente, a impaciência se aflorando.


– Pois então diga.


– Tem certeza que quer mesmo partir?


– Nunca foi uma questão de escolha, tia Petúnia. - falou Harry com simplicidade. – É uma questão de conveniência unida ao meu dever. Senão será tarde demais. Enquanto eu fico aqui olhando o tempo, ele fica mais forte, mais vítimas são atacadas.


– Você não pensou do perigo que sofrerá saindo daqui?


Agora foi a testa de Harry se franzir, desde quando tia Petúnia se preocupava com ele? Desde quando ela tinha noção do perigo que ele enfrentava?


– Minha vida nunca foi muito segura – começou Harry tentando manter a cordialidade, – e agora com essa guerra sangrenta acontecendo e principalmente com a chegada dos meus 17 anos... Só estou me adiantando do que pode vir a acontecer. Eu preciso, pelo menos arriscar, em ter algum tipo de vantagem sobre os meus inimigos.


– Muito bem, vejo que você está decidido. Assim fico mais tranqüila porque você vai por vontade própria,– ela enfiou a mão no bolso do robe amarelo – quero que fique com isso. Para o caso de você se esquecer de uma coisa ou outra...


Tirou uma coisa do bolso, parecia um papel embrulhado, tão amassado que aparentava ter ficado ao fundo de uma gaveta durante um bom tempo e entregou para Harry.


– Não significa mais nada para mim. Boa noite para você e ah... desejo que você tenha uma boa sorte na sua jornada, pode ser que o futuro de muitas pessoas esteja ligado ao seu sucesso, – finalizou Petúnia se retirando.


Encarando o pacote leve, Harry nem notou que sua tia havia despedido. Era um papel velho, estava quase desintegrando. Com todo cuidado, o garoto foi abrindo, alguma coisa lhe dizia que no interior daquele presente existia algo muito valioso e frágil.


Era uma foto trouxa um pouco antiga, colorida e bem preservada. Nela estava presente um casal de meia idade sentado num banco de uma praça com duas adolescentes, essas um pouco mais novas que Harry, estavam de pé, logo atrás daqueles que deveriam ser seus pais. Rapidamente Harry reconheceu sua mãe, simples e linda, como em todas fotos que possuía. Olhou na borda do porta retrato e pôde ler um letreiro: Família Evans.


 


 


Harry Potter teve uma noite muito mal dormida em sua última estadia na rua dos Alfeneiros. Mesmo praticando uma oclumência eficaz, sonhos envolvendo seus pais, Sirius, Dumbledore, Voldemort e até seus amigos Rony e Hermione sendo assassinados se misturavam durante seu sono. Acordou tanto em meio aos pesadelos que desistiu de voltar a dormir, descobriu sem dificuldades que faltava pouco para a sexta badalada matinal ser anunciada. Trocou de roupa em meio ao resíduo de sono, endireitou seus óculos e foi um pouco mais animado até a gaiola de Edwiges.


– Pronta para dar o fora? – perguntou acariciando os pêlos brancos da coruja.


Um pio cheio de dignidade foi a resposta que recebeu.


Menos de meia hora depois, Harry já se encontrava preparado. O malão com todos os seus pertences e sua coruja estavam a postos na sala. A ansiedade era uma grande inimiga da sua paciência em esperar o sr. Weasley e para apaziguar os batimentos do seu coração mais do que qualquer outra coisa, resolveu deixar um café pronto.


Quando viu seus tios e Duda finalizarem o café da manhã e ainda assim não receber um minúsculo sinal da chegada Arthur Weasley, Harry se perguntou se não havia acontecido o pior, ou se ele devia tentar entrar em contato com o pai de Rony novamente. Nem mesmo o noticiário matinal que trazia consigo mais mortes inesperadas e outros eventos estranhos que ocorreram na última noite atraiu a atenção de Harry, com o passar do tempo, os segundos se tornaram uma tortura como a maldição Cruciatus. E as badaladas do cuco da sala batiam na cabeça do garoto como badalas do Big Ben aumentado mil vezes. Por fim, quando já contemplava em sair dali sozinho e acabar de vez com as risadinhas de deboche de seu tio Válter, a campainha tocou. Até a própria casa parecia estar mais tensa.


Harry caminhou até a porta do hall, seu tio em sua cola. Através do olho mágico, o-menino-que-sobreviveu observou quatro pessoas que nunca vira na vida aguardando uma resposta. Sim, ele já esperava por algo. Não conseguiu entender o por que de quatro pessoas presentes. Harry achou que apenas o sr. Weasley viria, seria mais discreto. Que coisa mais estranha.


– Quem é garoto? – perguntou Válter Dursley logo atrás dele. – A Scotland Yard? – e depois riu da própria piada.


Mais uma vez Harry mirou as quatro pessoas, desconfiado, pelo olho-mágico.


– Sr. Weasley? – chamou Harry.


– Sim, Harry, você pode nos ver através desse buraquinho? Eu preciso ver isso! - respondeu com entusiasmo o homem mais próximo da porta, e depois passou um lenço sobre a testa. – Não fique tenso, estamos utilizando a poção polissuco.


Atrás do olho-mágico Harry sorriu. Observar o comportamento de uma pessoa era muito mais importante que uma pergunta besta.


– Eu sei. Mas quem está com o senhor?


O homem que fechava o grupo fez uma careta de desprazer.


– Teremos tempo para nos reapresentar, garoto! Faça essa pergunta estúpida logo ou Comensais chegarão por toda parte.


“Moody”, pensou Harry. Seu sorriso se alargou. Por um instante voltou seu olhar para trás e viu que seu tio Válter estava saindo em direção a cozinha, murmurando coisas, em que Harry pôde escutar apenas algumas como “gente da sua laia” e “loucos todos vocês”.


– Eu, Remo, Tonks e Alastor, agora por favor Harry, a pergunta. Não temos muito tempo, – solicitou Arthur Weasley.


Harry não precisava de pergunta alguma, já tinha sua certeza estabelecida, perguntas não adiantariam em nada, mas teve uma idéia repentina.


– Sr. Weasley, como a Sra. Weasley gosta que o senhor a chame quando vocês estão sozinhos?


Mesmo pelo olho mágico, Harry percebera que desconcertara o pai do melhor amigo, que ficara muito vermelho. Tonks se permitira um sorriso.


– Moliuóli – sussurrou o Sr. Weasley sem jeito.


Não existia mais motivos para deixar os quatro do lado de fora. O garoto abriu a porta para dar passagem ao bando.


– Pergunta interessante, Harry, - disse Tonks enquanto abraçava o garoto, hoje com cabelos roxos e nariz de porco. Era formidável o seu jeito polimorfa, ela não precisava de poção. "Queria ter esse poder também," pensou Harry.


– Vamos Tonks, - disse o rabugento Moody, - não temos o resto do dia, seus tios estão na cozinha, Harry?


– Creio que sim.


– Então nos acompanhe - respondeu o ex-auror sabendo onde ir, como se fosse o dono da casa.


Harry trancou a porta e seguiu os quatro. O que eles queriam com os Dursley? Boa coisa não deveria ser.


 


 


O efeito da poção Polissuco já havia passado (os Dursley berraram ao ver Olho-Tonto colocar sua perna de pau e seu olho giratório), porém a solução não chegava.


A batalha na sala de estar persistia, e Válter insistia em ficar. Intimamente Harry sabia que seu tio era um do contra nato, ele nunca aceitaria uma opinião de “pessoas da laia de Harry”.


– Deixa eu ver se eu entendi direito! - exclamou Válter Dursley, caminhando pela sala, e pelo que Harry contava era a sétima vez que voltava a repetir. - Vocês estão dizendo que eu tenho que abandonar a minha casa? A minha família corre perigo?


Quando Arthur Weasley ia abrir a boca para retrucar, Harry o interrompeu. As explicações de Lupin e de Moody não fazia efeito, era hora dele tentar.


– Tudo bem, Sr. Weasley, - disse Harry se erguendo da cadeira de balanço. – É minha vez de tentar. - O garoto olhou bem para os tios e o primo antes de começar, era agora ou nunca. – Eu não vou gastar saliva tentando convencer vocês (ele olhou diretamente para seu tio Válter) de algo que vocês não querem acreditar e creio que não explicarei melhor o que já foi dito.


Fez uma pausa pensando no que diria a seguir.


– Vejam bem, vocês precisam entender que Voldemort e seus lacaios vão vir atrás de vocês! E ele não vai desistir, ele sabe que isso vai me atingir, ele sabe que vocês podem ser usados como uma isca para me atrair, é isso que vocês querem? Vocês não sabem com quem estão lidando! Vocês querem morrer? Querem ser torturados até a insanidade? É isso que Voldemort faz com as pessoas que não são bruxas. Alguns dos seguidores conseguem ser bem piores.


Tio Válter abriu a boca, porém Harry ainda não finalizara o que tinha a dizer.


– Se vocês não entendem e acreditam que ficar aqui é a decisão certa, bem, eu não posso fazer mais nada. A decisão e o risco é de vocês. Só que seria difícil para mim, saber que vocês foram assassinados ou torturados... Apesar de tudo, - concluiu Harry Potter com certa dificuldade.


Tia Petúnia olhou o garoto com espanto, e quando Tio Válter se preparava para responder, Duda decidiu intervir, para a surpresa de Harry.


– Pai, como o senhor não pode ver o que todos estão dizendo? Eu não quero morrer! Vamos embora, por favor! E se o senhor não quer ir, me deixe ir com eles ao menos. Não quero ser vítima da sua insanidade e cegueira.


Válter se voltou para o filho, atônico demais para falar.


– Não é que o gordinho não é aquele palerma que pensávamos, - resmungou Moody.


– Eu não sei que água você andou bebendo durante as férias, Duda, - disse Harry abismado. – Só posso dizer que essa foi a frase mais inteligente que você já fez, desde que eu te conheço.


– Nós podemos garantir a segurança de vocês na mudança, Sr. Dursley, - disse Lupin. - Pense direito na nossa proposta. Nós vamos ajudar. Depois dessa guerra vocês podem voltar.


Os olhos de Válter Dursley se estreitaram com uma raiva que Harry jamais havia visto.


– Eu jamais sairei da minha casa assim.


– Válter - agora era a vez de Petúnia - Se você quiser ficar, fique! Eu vou embora, também não quero morrer.


Moody assobiou baixinho, Harry também fez cara de espanto. Tonks por sua vez deu uma risadinha silenciosa de deboche, agora ela queria ver.


Válter se voltou para esposa, mais uma vez estava perplexo demais para juntar duas palavras.


– Petúnia... – perguntou Válter. Fora a única coisa que conseguira dizer.


– Válter, eu não vou ficar aqui, fique se quiser, respeitarei sua decisão. Eu lamento muito, simplesmente não poderei te acompanhar. Uma guerra está acontecendo lá fora! Eu não quero ser uma vítima e não vou deixar meu filho ser atingido por um feitiço de um psicopata qualquer. Eu me recordo bem da última guerra dos bruxos, apesar de ser muito jovem e não ser uma bruxa. Ontem mesmo estávamos falando de nos mudar para América, você não se lembra?


Mais uma vez Harry foi surpreendido. Como sua tia sabia tanto da vida dos bruxos? Alguma coisa ali estava muito mal explicada. Ele queria respostas.


Harry observou o modo como Válter Dursley olhava da esposa para o filho e esporadicamente até mesmo Harry. Sua cor ia de esverdeado para cinzento em meros segundos. Para Válter apenas uma saída era o caminho. Ele não ia ver sua família partir e ficar por ali, só. Fora derrotado em sua implicância. Os olhos de Harry encontraram os de Tonks e eles riram silenciosamente. Não fosse a situação grave, cairiam na gargalhada.


– Sou voto vencido, - reconheceu Válter amargamente. – Não posso ver vocês partindo e ficar por aqui. Sendo assim... eu não posso... vamos embora.


Se alguém gritasse bingo, Harry não iria se surpreender.


Arthur Weasley então se adiantou.


– Isso resolve as coisas, como vocês sabem nós temos poucos dias até Harry completar 17 anos, quando os feitiços que Dumbledore jogou sobre a casa deixarão de fazer efeito. Até lá, não é só Harry que fica em segurança aqui. Vocês também estarão.


– Prestem bem atenção - disse Lupin, - Harry irá embora conosco hoje, mas amanhã, três bruxos virão buscar vocês, não levem muita coisa para não atrair atenção indevida. - ele fez uma pausa. - O Lord das Trevas anda sumido desde o assassinato de Fudge e achamos que ele não pensará em agir contra Harry até ele ter controle do Ministério...


– O que pode acontecer a qualquer momento - completou Moody. - Portanto mãos a obra. - e virou para Tonks e Lupin. - Vocês sabem o que fazer, agora vão.


Sem dizer uma palavra o casal se virou para a saída e foram aguardar na rua. O motivo, Harry ficou sem entender.


– O que exa...


– Agora não Harry - interrompeu o Sr. Weasley tão sério como Harry jamais o vira, - Você está pronto para se despedir?


Harry balançou a cabeça. Se ergueu de sua cadeira. Esquecendo os bons modos, seu tio Válter levantou também, virou as costas e foi em direção as escadas, sem dirigir sequer uma palavra a Harry.


“Como se eu esperasse outra coisa mais educada do que isso”, pensou Harry calmamente. Quando voltou a si, viu uma mão gorducha esticada pronto para cumprimentá-lo, Duda não cansava de surpreendê-lo, Harry acabou por apertá-la.


– Muito obrigado por salvar nossas vidas, - disse Duda sem graça.


– Eu ainda não salvei, Duda. Todos nós corremos perigo. Só acabando com essa guerra para esse risco acabar.


– Uma frase sábia, Potter - rosnou Moody preparando sua varinha para sair dali.


– Você podia ter ficado calado e ter nos deixado a mercê da sorte. Podia ter desistido de convencer meu pai e nos deixar estancados aqui. Você foi corajoso – disse Duda com a boca tremendo.


– Não seria de uma injustiça - comentou novamente Moody, o olho mágico rodando na órbita.


– Alastor! - censurou Arthur Weasley.


– Fiz o que meu coração mandou, Dudão, estou em paz e espero que vocês fiquem bem, - disse Harry ignorando Olho-Tonto.


– Nos veremos de novo, - falou Duda sorrindo timidamente.


Dando uma última olhada no primo, Duda se despediu e subiu as escadas. Só restava tia Petúnia. Seu olhar estava mais estranho que no dia anterior. Remorso, talvez? Ela parou em frente a Harry e aparentemente buscava as melhores palavras para expressar o que sentia.


– Acho que isso é um adeus, Harry. Mais uma vez lhe desejo sorte em sua jornada. Nunca se esqueça, você jamais estará sozinho. Na hora do desespero, lembre-se da foto.


– O quê? - indagou Harry. A cada vez ele fica confuso com as palavras de sua tia, afinal, o que estava acontecendo?


– Não faça perguntas - retrucou a tia com rispidez, a impaciência de sempre aflorando. - Agora vá.


O sr. Weasley se aproximou de Harry.


– Vamos, Harry, não podemos perder o pouco tempo que temos - disse ainda mais sério. – Temos um longo caminho pela frente, o risco é grande.


Antes de dar uma última olhada na tia, Harry se voltou para o sr. Weasley. Pelo modo como ele havia falado, Harry sentiu que seu destino depois da rua dos Alfeneiros já estava muito bem traçado. Resolveria isso depois. Seus olhos caíram sobre tia Petúnia, o olhar estranho permanecia em seu rosto. Uma dor sem precedentes debateu no peito de Harry, se tudo desse certo ele se encontraria com os Dursley de novo. Balançou a cabeça. Nunca imaginou que chegaria o dia que ficasse ansioso para rever seus tios e seu primo.


Dirigiu um último sorriso de adeus a sua tia Petúnia e se virou para ir embora. Mal deu o segundo passo e Harry sentiu uma varinha bater, sem qualquer sutileza, sobre sua cabeça, aquela sensação horrível de ovo quebrado escorrendo pelo seu corpo voltava a acontecer. Era o bom e velho feitiço da Desilusão de seu antigo professor.


Harry deu uma última olhada na sala, sua bagagem e Edwiges foram levadas por Lupin e Tonks. O-menino-que-sobreviveu conseguira sorrir, não tinha qualquer sensação de medo pelo que iria enfrentar, apesar de sentir um frio na barriga, subitamente uma frase que escutou nos corredores de Hogwarts perpassou a sua mente: "Quem vive temeroso nunca será livre".


Harry iria lutar e como tia Petúnia havia dito, ele jamais estaria só.


 


 


Não chegaram a descer as escadas da casa dos Dursley e Harry sentiu a mão forte de Olho-Tonto lhe segurando.


– Espere até o sinal, Harry, - rosnou Alastor.


Durante alguns segundos Harry, tentou, em vão, procurar por algum sinal de Lupin e Tonks. Nada. Pôde perceber que a rua estava mais estranha, uma calmaria que Harry nunca presenciara, não havia sequer uma alma viva fazendo uma caminhada, voltando das compras ou coisa parecida, o que era ótimo porque Olho-Tonto com sua aparência peculiar poderia atrair uma atenção indesejada.


Quando voltou a si, Harry percebeu que o Sr. Weasley estava a sua esquerda observando nervosamente Moody a sua direita, este fazia uma rotação total com seu olho mágico e Harry sabia que ele procurava bruxos escondidos sob feitiços da Desilusão e capas da invisibilidade. Qualquer que fosse o sinal de Tonks e Lupin, Harry não o enxergou, talvez fosse algo invisível ao seus olhos.


– Estranho, muito estranho  – disse Moody mais para si mesmo.


O antigo auror tirou algo que lembrava um pião de vidro em que Harry reconheceu como um bisbilhoscópio e um mini espelho, este Harry não sabia o que era. Talvez um espelho de duas faces?


– Eu ainda não sei por que você se preocupa, Olho-Tonto, - disse o Sr. Weasley gentilmente – Sabe que não há necessidade de nada disso, provavelmente foram chamados por Você-Sabe-Quem para algo grande.


– Não temos certeza se funciona, Arthur, mesmo sendo um artefato criado por Dumbledore – rosnou Olho Tonto decidido, – e em todo caso precaução nunca é demais.


– Professor Moody o que exata...


– Guarde suas perguntas, garoto, pelo menos até nossa segurança estar estabelecida. Logo você poderá perguntar o que bem entender.


Um ruído quase imperceptível veio se aproximando. Harry virou a cabeça para procurar. Não enxergou nada. Todavia, tinha certeza que alguma coisa ele tinha escutado.


– Podemos ir, - afirmou Arthur Weasley atento a sua volta.


– Podemos, - reafirmou Moody.


Harry ainda não entendeu nada. Deu uma olhada para o céu. A névoa era abundante, mal enxergou a luz do sol.


– Vamos em vasso...


– Espere Harry, e você verá – disse o Sr. Weasley.


Chegaram na divisa da rua com o jardim dos Dursley e Arthur Weasley pôs a mão a meia altura apoiando em algo que Harry não podia ver. Então, uma fumaça branca, como uma neblina encobriu tudo, somando a névoa já existente e quando Harry abriu os olhos sua boca caiu. O antigo Ford Anglia do Sr. Weasley estava a sua frente, mas não parecia nada com o Ford Anglia em que ele e Rony foram para Hogwarts há cinco anos. Sua pintura reluzia a um azul anil puro, antes sujo, cheio de raízes e com inúmeras de rachaduras, parecia renovado por uma mágica que Harry desconhecia. Tonks estava sentada ao volante com Lupin ao seu lado.


Estavam todos estranhamente calmos, apesar de estarem em posição para qualquer ataque, mesmo Moody, e isso incomodava Harry que acumulava perguntas e mais perguntas na cabeça para perguntar na hora certa. Qual o motivo daquela tranquilade aparente?


– Vamos – disse Moody, abrindo a porta – Se demorarmos mais, podemos soltar Fogos Espontâneos Weasley e esperar os Comensais nos acharem.


Os três se acomodaram no banco de trás e Harry foi reparando que estava mais retocado também. Havia dois bancos na parte de trás, como um vagão de trem, comportaria mais de uma dúzia de pessoas com facilidade, exceto se as pessoas fossem do porte de Hagrid e Grope. Impressionado, Harry observou que poderia ficar de pé ali tranquilamente. Era mesmo o antigo Ford Anglia do Sr. Weasley?


– Você sabe que nem assim mesmo nos achariam – disse Tonks rindo – E a varinha Harry, não está no bolso traseiro, está?


Olho-Tonto aparentemente não notou a ironia.


– Dê a partida, vamos embora, – ordenou Moody. – Não podemos ser displicentes com a vida de Harry.


Rindo pelo pessimismo de Moody, Tonks apertou o botão no painel, que Harry já sabia que deixava o carro invisível, depois, a sobrinha de Belatriz Lestrange fez algo ainda mais estranho, deu uma pequena batida com a varinha no volante e sussurrou:


– Rua William Henry, Liverpool.


O que eles fariam em Liverpool? Seria lá a sede da ordem da Fênix? Mais uma perguntas reluziam em sua mente. Definitivamente não estavam indo para A Toca.


O carro aparentemente entendeu o recado, o motor ruiu sem Tonks usar a chave, e como um ser vivo próprio o Ford Anglia disparou pela rua. Em seguida, Lupin tirou aquele isqueiro de prata que pertencia a Dumbledore e o apertou três vezes consecutivas, o objeto zumbiu grotescamente, um borrão cinza envolveu o carro e desapareceu... O que estava acontecendo? Para completar o circuito das coisas aparentemente inexplicáveis, o Ford Anglia passava através de todos os carros, fosse caminhão, moto ou ônibus, assim como os carros do ministério.


– Então Harry, pode perguntar o que quiser agora, - disse Moody a sua frente e focando os dois olhos no rosto do garoto.


Todos olhavam pra ele, inclusive Tonks, que nem encostava no volante.


Por onde começar?


– O que aconteceu que vocês demoraram tanto para chegar? No fim, fiquei pensando no pior. Por que vocês estão nessa calmaria toda? – perguntou Harry franzindo a testa, - Até parece que ninguém pode nos achar! Não há uma guerra no mundo lá fora? Por que estamos indo a Liverpool? Eu pensei que vocês iam me deixar ir embora sozinho. Esse carro é o Ford Anglia de Hogwarts? Que poderes malucos são esses? O que está acontecendo? Não estou entendendo nada! Afinal o que aconteceu com Fudge?


Tonks encarou Harry achando graça.


– Você tem tantas perguntas quanto tesouros enterrados em Gringotes, Harry.


– Vamos responder cada pergunta, Harry. Uma a uma, – afirmou o Sr. Weasley bondosamente.


– Potter, - começou Moody – o que você precisa saber antes de qualquer coisa, é que todo esse plano foi arquitetado por Dumbledore.


– Como é que é? – indagou Harry, sem acreditar no que acabara de ouvir.


– Acalme-se garoto, - rosnou Moody com impaciência.


– Harry, no ano passado, Dumbledore nos chamou para uma conversa – disse Lupin – Não interrompa, escute-nos e depois faça suas perguntas, – completou quando o garoto tornou a abrir a boca.


– O plano de Dumbledore, - começou o Sr. Weasley – baseava-se na hipótese dele não estar em condições de te buscar – o canto da sua boca tremeu, todos desviaram o olhar – A primeira coisa que ele fez foi nos mostrar o carro, que segundo ele estava na Floreta Proibida.


Foi um momento em que Harry escondeu um sorriso, ele já sabia que o Ford Anglia habitou a floresta por todos aqueles anos.


– Dumbledore nos contou que pôs sobre ele uma série de feitiços que nos ajudaria a te buscar, que a magia era muito mais notável do que seu interior confortável – explicou Lupin sorrindo.  – Ele ainda acrescentou que não revelaria todos os feitiços. E um deles Harry, é expandir com mais força a invisibilidade do carro e torná-lo inutilizável se cair nas mãos de trouxas ou bruxos das trevas, o que é uma magia muito difícil de ser realizada. Foi realmente uma boa mágica, porque imagine se o Ford Anglia caísse em mãos inimigas? Nunca imaginei que presenciaria tal magia. Dumbledore realmente foi o maior de todos os bruxos. O outro encanto, como você viu, é dizer exatamente o local que você queira ir, o carro reconhece e o leva, porém o próprio Alvo explicou o tanto que o Anglia é imprestável debaixo d’água...


Sem conseguir se conter desta vez, Harry instintivamente sorriu, lembrando de outro veículo que era muito ruim quando se tratava de água.


– Contudo, isso ainda não resolvia tudo, Harry, – afirmou Tonks, Harry se voltou para a futura esposa de Lupin, – Então, Alvo nos deu aquilo, – disse apontando para o isqueiro de prata na mão de Remo Lupin. – O desiluminador é uma criação dele, sabe?


Harry confirmou com a cabeça.


– E segundo Dumbledore, – continuou Tonks, havia algumas tímidas lágrimas descendo pelo seu rosto, – quando apertado por três vezes seguidas, entraria em ação um feitiço paralisante, só que de forma muito mais poderosa, pois como você sabe, é um feitiço pelo próprio, junto do feitiço paralisante há o feitiço da inquietude... um feitiço que faz as pessoas num raio de quilômetros lembrarem de qualquer coisa importante e se esquecerem do que estão fazendo... – acrescentou ao olhar indagador de Harry.


– Um feitiço complexo – explicou o Sr. Weasley – E isso ajudaria afastar comensais que estivessem por perto, vigiando você e seus tios, ou esperando pela sua partida. Foi uma idéia genial.


Lupin pigarreou.


– O problema era que, por mais poderoso que Dumbledore fosse, há sempre a possibilidade dos comensais arrumarem saídas. Foi por isso que demoramos tanto a chegar na casa dos seus tios. Reviramos a região em busca de comensais, não encontramos um sequer. É óbvio que isso nos deixou ainda mais alarmados, - falou um confuso Lupin.


– Você-Sabe-Quem não deixaria você sem ser vigiado, a não ser que tenha certeza de algo ou tenha cometido um erro grotesco, o que é improvável. - comentou Moody pensativo. – Até por segurança, preferimos pensar que o motivo deve ser algo preocupante.


Harry balançou a cabeça afirmativamente. Definitivamente algo grande estava para acontecer. Ele se voltou para o sr. Weasley.


– Eu ainda não entendi. Se vocês estavam tão bem protegidos, por que utilizar a poção Polissuco? – perguntou Harry, sem conseguir se segurar.


– Mais perguntas! – rosnou Moody. – Estamos enfrentando uma guerra garoto! É sua vida que está em jogo.


– Digamos que foi uma conveniência a insistência – explicou o Sr. Weasley com simplicidade.Tonks, porém, lançou um olhar displicente sob Moody.


– Havia a possibilidade dos feitiços de Alvo dar errado, como Remo disse, – rebateu Moody – Por mais que os efeitos da magia criado por ele sejam grandiosos, não podemos deixar de ter a vigilância constante, como você pode ter certeza, há uma guerra sim lá fora, Potter. Mas voltando a suas perguntas anteriores...


– Estamos indo para Liverpool, Harry, embora lá tenha nada haver com a sede da Ordem – interrompeu Tonks, com um olhar de quem também não concordava em ir naquela direção – Estamos te levando à casa de Hermione.


– O QUÊ? – berrou Harry, se levantando.


– Harry, sente-se e acalme-se – disse Lupin com suavidade, embora uma ruga de preocupação estivesse em sua testa bastante visível. – Nós também não concordamos, simples assim, isso faz parte do plano que Dumbledore nos passou. Ele disse que seria um ótimo blefe.


– Dumbledore confiou em Snape! – argumentou Harry. – Ele não era imune a erros.


– Nós sabemos, Harry, - respondeu Tonks em solidariedade.


– Tampouco concordamos com o plano, Harry. Porém estamos em falta de um plano melhor, - disse Arthur.


O garoto balançou a cabeça negativamente, não concordava mesmo. Lembrou do blefe de Sirius e que custou a morte de seus pais. Blefes no geral podiam sair pela culatra. Como Dumbledore podia colocar Hermione e os pais em um perigo ainda maior que já se encontravam? Dumbledore era louco? E por que Hermione não havia dito nada no telefone?


– E quanto a Mione? Ela já está sabendo dessa loucura? Como ela pôde concordar? E o Rony? Ele já está lá na casa dela? – questionou Harry.


– Quando conversarmos com Hermione, ela concordou que você fosse para lá sem fazer qualquer objeção ou pergunta, ficamos com a impressão que ela já sabia do plano – respondeu Tonks, franzindo a testa e colocando a mão no queixo.


– Quanto ao Rony – disse o Sr. Weasley – Vocês o encontrão logo, o casamento de Tonks e Lupin (o lobisomem corou e desviou o olhar, Tonks por outro lado abriu um largo sorriso) e Gui e Fleur será um dia após o seu aniversário, n’A Toca, mais uma vez foi uma solicitação de Dumbledore. Vejo que assim como Rony, você também não ficou muito satisfeito – observou. – Não podemos fazer nada quanto a isso, Harry. Devemos seguir o plano.


Harry abriu a boca para retorquir, acabou sendo interrompido no ato.


– Dumbledore apenas disse, e devo dizer que concordo com ele nesse ponto, que três bruxos juntos poderiam atrair atenção indevida. Mais alguma pergunta, Harry? – indagou Moody com impaciência, a cabeça apoiada sobre seu cajado.


Alguma coisa ali estava definitivamente estranha. Por que nem Dumbledore e muito menos Mione haviam lhe dito nada sobre este plano? E por que estava tendo a forte impressão que pelas ações e ordens de Dumbledore, havia uma nítida sensação que o antigo de diretor de Hogwarts sabia que a morte lhe rondava? Por que Rony não podia se juntar a eles? Ele queria respostas, entretanto, achava que ali dentro do carro ninguém saberia explicar. Hermione lhe devia explicações.


A imagem de Cornélio Fudge apareceu em sua mente e Harry se lembrou de algo.


– Sim, tenho mais uma pergunta.


– E desde quando isso é uma novidade, Harry? Despeje suas dúvidas, temos muito tempo! – comentou Tonks com uma piscadela, achando graça.


Harry não deu atenção a auror e virou-se para Arthur.


– Ontem, quando conversamos através do espelho, o senhor disse que o corpo de Cornélio Fudge quase não foi reconhecido. Afinal o que aconteceu?


Um instante de silêncio aconteceu. Harry percebeu que os quatro membros da Ordem trocaram olhares significativos. Não havia como fugir de uma pergunta tão direta.


– Eu gostaria de poder te responder, Harry, - respondeu o Sr. Weasley visivelmente tenso. – A verdade é que ninguém sabe, exceto por Você-Sabe-Quem e seus comensais.


– Por quê?


Houve mais uma troca de olhares.


– A questão Harry, - começou um zeloso Lupin ao escolher melhor as palavras, - é que nem mesmo o ministério sabe o que atacou Cornélio Fudge. Ele estava em casa, todos sabiam disso, tinha aurores fazendo sua segurança. E o corpo dele foi encontrado em pedaços, junto com os restos da Fonte dos Irmãos Mágicos.


Harry fez menção de perguntar algo, porém nada saiu.


– Você escutou direito, o corpo dele foi esquartejado, - confirmou Tonks.


– O ministro não deixou que a notícia fosse divulgada para não alarmar ainda mais as pessoas, como se elas já não estivessem com medo, - rosnou Moody. – O que nós podemos te dizer, Harry, é que não havia vestígios de magia negra no corpo de Fudge. Isso podemos garantir. Tentamos de todas as formas, infelizmente não temos idéia do que aconteceu. Foi inédito, exceto por Beijo Fenwick que fez parte da antiga Ordem, mas nele nós encontramos resíduos de magia das trevas.


Harry balançou a cabeça aterrorizado, como alguém poderia ser capaz de fazer algo tão gritante como esquartejar o corpo de alguém? Seu olhar se concentrou na paisagem lá fora, estavam a uma velocidade incrível, não deveriam demorar a chegar.


– Só mais uma coisa, - pediu Harry ainda consternado com a informação. – Como está o ministério com todas essas coisas acontecendo?


– Fico feliz que você tenha perguntado Harry, - disse o Sr. Weasley,. – o momento atual está muito parecido com a situação pela qual nós passamos há 20 anos. Aliás – acrescentou, - creio que esteja até pior, uma vez que não temos mais Dumbledore.


– Como você deve imaginar, Potter, a situação crítica. Não temos idéia quem é a favor de Scrimgeour e quem está debandando para o lado de Você-Sabe-Quem, todos são suspeitos. - falou Moody. – É de se imaginar que a qualquer hora o Lord das Trevas pode tomar o poder. Na atual circunstância será difícil detê-lo.


Tonks olhou para frente desolada.


– Por isso não pedimos auxílio para lhe trazer aqui. Poderia ser um desastre, não sabemos quem é confiável e quem não é. Esse é o cenário, Harry. Nada animador, eu sei.


 


 


Talvez uma ou duas horas se passaram, Harry não se lembrava direito. Foi a voz distante do Sr. Weasley que o trouxe de volta.


– Falta pouco agora Olho-Tonto, melhor avisar a Hermione que a nossa chegada não vai demorar.


Moody fez sim com a cabeça, abriu a janela do Ford Anglia e empunhando a varinha deu um leve toque em sua lateral, um animal grande, uma águia, saiu da sua dela e desapareceu. Harry desviou o olhar da cidade que chegava e se concentrou em Moody.


– Não precisa dizer o que você quer para que o patrono leve o seu recado?


– Só porque eu não disse nada audível, não quer dizer que eu não falado nada como recado ao patrono, – explicou ele num rosnado. – Basta você usar sua mente, funciona com um feitiço não verbal, o que você precisa é de concentração.


Harry olhou mais uma vez de lado, desta vez com o sorriso amarelo, feitiços mudos nunca foram uma especialidade dele, a não ser que se contasse o levicorpus. Lupin pareceu perceber a preocupação do garoto.


– Você não precisa se preocupar, Harry, – disse, o garoto o encarou. – Dumbledore dizia que você poderia fazer o que quisesse desde que se concentrasse e colocasse seus pensamentos em ordem.


Lupin tornou a olhar pra frente, e Harry mais uma vez virou para a janela, Liverpool era uma cidade interessante, talvez até um bom lugar para se viver no futuro, embora ele tivesse uma boa casa em Londres...


Por que todos ficavam esperando todas as coisas espetaculares dele? Ele nunca fizera nada demais... Como é? Questionou uma vozinha no fundo do seu cérebro. Tudo bem, ele fez algumas coisas espetaculares, no entanto sempre foram situações entre a vida e a morte e na maioria das vezes foi resultado combinado de pura sorte com decisões tomadas no último instante. Perdido em seus pensamentos distantes, Harry não havia visto que Lupin já guardava o desiluminador depois de pressioná-lo três vezes.


– Quando você voltar a Terra, Harry – disse Tonks sorrindo, - vai perceber que chegamos.


O garoto observou que o Ford Anglia havia parado em frente a um prédio elegante totalmente cinzento, com varandas em cada apartamento. Era ali que Hermione morava? Lupin e Tonks já saiam pelas suas portas. Ele rapidamente se levantou.


– Vá com calma, Harry – disse Moody.


Ele ergueu a varinha e bateu sob o cucuruto e Harry sentiu aquele banho frio descendo pelo seu corpo. Não podia usar sua capa que nunca o deixara na mão?


– É aqui que despedimos de você – continuou Moody estendendo a mão em que Harry apertou, - Ir até lá poderia atrair atenção demasiada; (Arthur Weasley estalou o lábio com impaciência) tome cuidado e se precisar é só nos chamar, evite corujas.


O Sr. Weasley oferecia a mão agora.


– Gostaria de acompanhar você até o prédio... Você me entende não é? – disse ironicamente. – Sei que você não concorda Harry, vejo pelo seu olhar. Eu também gostaria que fosse diferente. Contudo, se Dumbledore achou melhor você vir pra cá, é porque ele tinha os motivos ou...


Alguém abriu a porta.


– Vamos Harry, - chamou Lupin. – Mesmo estando seguro não devemos demorar.


– Antes que Olho-Tonto nos dê uma poção Polissuco – disse Tonks animada. Olho-Tonto fechou a cara.


Harry se virou para os dois bruxos que agora o miravam.


– Muito obrigado por tudo, Sr. Weasley, Prof. Moody, - falou o garoto sorrindo. – Nos veremos em breve.


– Mande lembranças a Hermione – disse o Sr. Weasley.


– Eu ainda vou entender o porque dele ainda me chamar de professor, - comentou Moody mal humorado.


Rindo, Harry acompanhou Lupin e Tonks. Estava animado por ver Hermione, entretanto ele buscava respostas acima de qualquer coisa.



 
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Cena do próximo capítulo (sujeito a modificações):


Hermione estudou a íris esverdeada de Harry, uma dor intensa parecia residir ali.


(...)


– Vejo que você não entendeu a minha pergunta, Mione.


(...)


– As pessoas julgam a minha cicatriz de forma errada, - disse Harry com um certo desabafo. – A maioria acha que essa é a marca que me distingue, que me torna especial. Não é bem assim...


(...)


–...a maior e verdadeira cicatriz se encontra aqui dentro, - afirmou apontando para o próprio peito. – É a minha cicatriz pela perda das pessoas que eu amo. Primeiro meus pais, depois Sirius e agora Dumbledore. E ela só vai crescendo. Parece não ter limites.


Uma lágrima escorreu dos olhos de Harry. Seus olhos encontraram os de Hermione, os olhos da amiga já estavam marejados de pranto.



– Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?


 



-----------------------------------


Boa noite a todos! Puxa, mais um capítulo enorme, me perdoem se vocês ficaram com preguiça de ler tudo, foi necessário!


Para quem tem uma boa memória, houve poucas mudanças... algumas cenas foram retiradas inclusive, elas aparecerão futuramente ou serão definitivamente excluídas da história.


Vou pedir desculpas antecipadas em relação a erros de português, concordância, acentos e vírgulas em locais inadequados. Pela vontade imensa de atualizar eu sacrifiquei a revisão do capítulo. Se tudo der certo o farei amanhã a noite.


Quero agradecer ao apoio de todos que comentaram! Vocês vem me passando uma força incrível para continuar escrevendo!


Então, respondendo:


Pamy Malfoy: Nossa Pamy, como te agradecer o suficiente? Você me ajuda com idéias, sempre fala dos erros de português que tem nos capítulos e me dá uma força incrível para escrever. Se essa fic não foi largada de vez, eu devo isso a você! A Hermione é incrível, né? Acho um saco, que em muitas situações, as pessoas acham que ela é uma bruxa que só fica nos livros. Eu considero a Hermione um fenômeno em estratégia, inteligência e até coragem. Uma vez a JK disse que o Rony era o ponto de união do trio, eu não concordo sabe? Acho que a Hermione segura muito a barra e une o Harry e o Rony. Ela terá um papel importante no decorrer da fic...


Jade Moreira: Seja bem-vinda! É muito legal quando novos leitores aparecem. Me dá uma vontade de não deixar a fic de lado, me faz concentrar atrás de novas idéias. Continue comentando, por favor! Faz uma grande diferença para quem está escrevendo.


Rosana Franco: sempre acompanhando, sempre opinando! Muito obrigado, viu? A Hermione é essencial para a união do Harry e do Rony! Fico imaginando o que seria do Harry sem a Hermione? Provavelmente um homem morto, creio eu... continue deixando seu comentário, ok? E mais uma vez, obrigado pela participação contínua!


Luiza Potter: Você voltou! Que ótimo! Me perdoa!! A fic tava seguindo um caminho sem saída e eu já não me sentia estimulado a escrever. A culpa foi minha, eu não escrevi muita coisa que devia ter escrito e pus muitas coisas que deviam ter sido descartadas. Espero compensar você com bons capítulos!


Em relação ao novo amigo do Voldie, posso dizer que ele já deu as caras na história anteriormente... você saberá quem é futuramente. Não deixe de opinar, adoro seus comentários!!!


Isis Brito: Antes de qualquer coisa, parabéns pela sua fic! Está belíssima!! Você está de parabéns. Pela falta de tempo não li o ultimo capítulo, devo faze-lo amanha ou depois, tudo bem? É uma pena que você já está finalizando (pelo que eu pude perceber), mas cada capítulo que leio... é realmente envolvente. Deixarei um comentário!! Sempre!!


Sobre o cara que o ministério e até os comensais considera morto e que o Voldemort reconvocou... bem, eu não posso dizer muita coisa senão você saberá quem é... ele foi aprisionado pelo próprio Voldemort! Meio que um castigo para ver se era digno de uma segunda chance.


Agora sobre a Hermione, como eu disse para Rosana Franco e Pamy Malfoy, ela terá um papel que vai além de ser uma pesquisadora. Ela será essencial para unir o trio, ajudará o Harry a manter a calma em momentos difíceis e... você verá! Continue comentando e se tiver alguma crítica ou ver algo fora do lugar me avise!! Muito obrigadooooo!!


Pedro Fattore: cara, muito obrigado mesmo! Diferente do último capítulo esse aqui nem teve muito mistério, você concorda? Só algumas revelações que vão colocar muitas minhocas na cabeça do Harry!


Agora me diga, quais são as suas suposições?


Sobre a fic antiga, eu estou esperando dar uns cinco capítulos para que tenha um material de comparação pertinente. Para você ter uma idéia, esse capítulo aqui foi uma mistura de três capítulos antigos, com acréscimos e decréscimos. Continue a comentar, por favor!!


Hillary J. S. Lestrange: muito obrigado por comentar mais uma vez. Fico feliz pra c****** quando vejo avisos de comentários!! Infelizmente não posso responder a sua pergunta, qualquer dica seria suficiente para você saber!! Hehehe... cedo ou tarde ele aparecerá por aqui novamente! Aguarde!


Acho que você pode ter ficado frustrada com as revelações do Sr. Weasley, ele contou muitas coisas que todo mundo sabia... As revelações da Hermione no próximo capítulo e umas do Rony mais para frente serão mais legais... interessante que em ambos os casos envolve o Dumbledore! Não deixe de postar um comentário!!! Please!!


Márcio Black: cara, sua fic é fantástica! Espero que você atualize rápido, eu não me lembro de ler uma fic de universo alternativo que me gerasse ansiedade pela espera de um capítulo. Ta muito bem escrita. Parabéns!


Sobre o Harry, eu concordo com você. Muitas vezes falta pulso a ele, por mais que ele não se veja como um líder ou não curta se ver como o salvador da pátria, eu acho que faltou ele se impor nos livros. Tudo bem que ele não chega a ser um gênio como a Hermione ou Dumbledore. Mas eu acho que ele tem todas as condições de aliar ao lado instintivo que ele tem a um pulso mais forte e uma personalidade mais forte, que no geral só aparece quando o Harry está em perigo. Faltou ele ser mais contínuo, entende?


E não tenho dúvida que o Harry deveria ter morrido... agora ter matado o Fred, que decepção!


Bethany Jane Potter: seja bem-vinda! Muito obrigado por comentar, espero que você curta o capítulo e continue opinando!!


Bom galera, espero ter surpreendido alguns! Se tudo der certo o próximo capítulo sairá em uma semana!! Revisarei a fic o quanto antes!! Por favor, COMENTEM!! =***

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Comentários (8)

  • luiza potter

    Dudoca... Quem diria hein, existe um cerebro dentro dessa cabeça do porco \õ/ Tia Petty sempre tensa e me deixando com uma pulga atras da orelha pfffEu me raxo com o Moody e a Tonks, ele retruca todo mundo mas quando a Tonks tira uma com a cara dele ele fica quetinho.OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOKPAROU. PAROU DE GRAÇA. PAROU, PAROU AI.– Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você?  – Agora eu lhe pergunto Hermione, como você acha que ficaria essa cicatriz, se eu perdesse você? VOCE TEM NOÇÃO DO QUANTO EU SOFRI COM ESSA FRASE? COM ESSA MINIMA FRASE? I'M FREAKING OUT!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 

    2012-08-05
  • Prado Soares

    eeiii... qu capitulo terrivel! so serviu pra me deixar ainda mais curiosa! kkkkkkkk ok, ok, tá otimo! ahhh esses planos de dumbledore tks tks tks quero nem ver!!! mas o harry vai reagir bem quando souber que todo mundo sabe de planos e ele não? ou será q ele vai ficar bnravo que nem no ordem da fenix??? ahhh vc me mata assim, tito!!! sem contar que eu quero saber cade detalhezinho desse plano... prevejo um ataque no dia dos casamentos? hum... tenho a impressão que nem voce e nem voldiezinho vai deixar passar essa... ok, to tentando lembrar da fic toda, mas nao da x.x  mas tenho q adimitir que é otimo reler uma fic q eu sei q é boa, e que nao lembro de nada xD continue assim!!! beijo imenso!!!

    2012-08-05
  • Bethany Jane Potter

    Ameiiii....qual sera o plano de Dumbledore???curiosaaaaaaaaaaa...Harry indo para casa da Mione...o proximo capitulo promete mttt...to esperando ansiosamente...mt legal sua fic.bjaum..

    2012-08-03
  • Márcio Black

    Ótimo capítulo, gostei bastante! E fiquei muito curioso também, creio que você já sabe quais são(Dumbledore, planos, Hermione). Ta prometendo bastante coisa a fic, espero que você não demore pra atualizar rs.Que bom que você entende o meu lado, quero um Harry mais no comando hein?! kkkkk.Po então... Eu estou escrevendo o capítulo 3 sempre quando posso, infelizmente o tempo está muito curto pra mim, mas espero nao demorar pra att.Abraços 

    2012-08-03
  • Pedro Fattore

    aaah sem duvidas..a cabeça do Harry deve estar fervendo agora ahaha entaaao, primeir eu achei q fosse o Grindelwald, mas agora tenho qse ctz que é outra pessoa (posso falar nomes? ahah) quanto a ir pra casa da mione, mas posso esperar pra ver qual o plano do Dumbledore..é minha memoria me falando que vai ter um feitiço muito bacana ae, ou tou confundindo com outra fiic?? uhashuashuas e como sempre vc mantendo um otimo nivel na fic..aguardo mais capitulos..e por favor, tente por um pouco de treinamento/lutas o mais rapido possivel

    2012-08-03
  • Isis Brito

    Eu lembro "desse" capítulo na versão anterior... Era um dos melhores! xDE sem problema com o tamanho do capítulo! Capítulos grandes geralmente guardam uma surpresa no meio ou no final, e você não decepcionou! Harry se surpreendendo quando contaram que ele ia pra casa da Mione... Ainda lembro da antiga história, que eles se aproximaram muito nesse período... Ok, é melhor parar, antes que eu dê spoiler pra quem tiver lendo, rsrsr... ^^"Mais um capítulo maravilhoso!! A prévia, então!! rsrsrs... Já ansiosa pelo próximo capítulo!! xDQuanto à minha fic... Obrigada mais uma vez por acompanhar! É importante demais pra mim!! *-* Espero que acompanhe a parte 2... ^^"Abraços! =D 

    2012-08-02
  • rosana franco

    Esperando para saber como a Hermione vai explicar tudo para o Harry e como ele vai reagir.Só não  se esqueça de uma coisa ser sempre o último a saber das coisas noa faz sentir frustrados e principalmente que somos incapazes.

    2012-08-02
  • Jade Moreira

    OOOOOOOOOOOOOOi eu adorei o capitulo tchau ate o proximo =))))

    2012-08-02
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