Escolas



Escolas
by surviana





Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas a JKR.

Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!





Amanhecia no típico bairro londrino, era o início do verão e os pássaros cantavam na calma rua onde a família Granger residia. Os raios de sol aqueciam os jardins bem cuidados das casas. Todas pareciam iguais, em estilo vitoriano, as fachadas assimétricas destacavam janelas de guilhotina em vãos salientes. Com pavimentos térreo e superior, as colunas do alpendre eram um charme por serem muito bem torneadas e balaústres. A casa do casal Granger ficava no fim da rua, o jardim muito bem cuidado e a pintura brilhante completavam a riqueza dos detalhes daquele modo de vida. Internamente a casa era muito aconchegante, móveis finos podiam ser vistos em qualquer um dos diversos ambientes. Na lareira com frontão de mármore, vários porta-retratos indicavam a felicidade que ali morava, junto com a simpática família. Os Granger eram um casal muito querido pelos vizinhos e amigos, tinham uma brilhante carreira de dentistas. Em algumas das fotografias dispostas viam-se em países diversos, para os quais o casal viajava a trabalho.

O casal Granger tinha uma única filhinha; ela era o maior bem que possuíam. Hermione Jane Granger agora estava com onze anos de idade, e em breve completaria doze anos. Era uma garota que todos diziam ser crescida demais para sua idade. Sempre atenta ao que se passava ao seu redor, Hermione destacava-se em tudo que fazia; nos locais que costumava freqüentar com seus pais, era observada por crianças que se espantavam com a sua inteligência e admirada por adultos que achavam seu Q.I. acima do normal. Hermione era o motivo pelo qual o Sr. e a Sra. Granger conversavam tão cedo na cozinha da casa, enquanto o café da manhã ainda estava sendo preparado pela própria Sra. Granger.

- O que você acha desta aqui Marie? É uma escola na suíça para crianças superdotadas.

- Superdotadas? Ah Allan, que exagero, a nossa filha só é um pouco estudiosa demais. Ela é inteligente e se esforça para demonstrar isso. E aqui no folheto diz que há testes a cada mês para saber se a criança continua apta para os estudos! Não, ela realmente não vai gostar.

- Ah, claro que ela vai gostar Marie. E nossa filha não é só inteligente, não sei como explicar, mas às vezes tenho a impressão que ela tem algo muito mais especial do que só inteligência.

- Claro que você acha ela especial, é a nossa filhinha.

- Não Marie, ela tem algo mais, algo como... Algo como... Uma pára-normalidade, é isso! Tenho certeza que já vi a Hermione fazer algo estranho... Não lembro bem, mas talvez tenha sido movimentar alguma coisa sem usar as mãos!

A senhora Granger não conseguiu abafar uma risadinha.

- Ah Allan, por favor, não me faça rir a essa hora da manhã. Nós já discutimos que isso deve ter sido apenas impressão sua. O assunto agora é a escola que vamos mandá-la e lá vem você falar em pára-normalidade. A nossa Hermione é perfeitamente normal.

- Como quiser querida, não vamos retornar à esse assunto, mas eu vou mostrar a proposta do colégio suíço para ela. Nossa filha sempre discutiu conosco suas decisões. E você, senhora Granger, vai aceitar o que a Hermione decidir, ouviu bem? Você tem a mania de tentar persuadi-la a mudar de opinião.

- E até parece que ela muda não é, senhor Granger? A nossa filha tem opinião própria, se você se esqueceu, e também tem a cabeça no lugar. Tenho certeza que vai escolher o que for melhor para ela.

A conversa dos dois continuou sobre as propostas de estudos que sua filha tinha, e sobre algumas banalidades do dia-a-dia deles como dentistas. Naquele mesmo instante, muito longe dali, algumas outras pessoas também conversavam sobre o futuro da garotinha Hermione Jane Granger, mas essas pessoas já sabiam para qual escola ela iria.

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Na sala dos professores da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts, o Diretor Alvo Dumbledore debatia com seus funcionários sobre o ano letivo que iria começar:

- Bem queridos professores, essas são as cartas para os alunos do primeiro ao sétimo ano da escola; a professora Minerva aprontou todas elas pessoalmente. Preciso informar aos senhores que irei me ausentar da escola durante todo o mês de Julho e metade do mês de Agosto. Tenho que resolver assuntos de extrema importância na Confederação Internacional dos Bruxos, que infelizmente não podem ser adiados. Durante minha ausência, a Diretora Substituta ficará encarregada dos encargos da escola. Esse é um ano especial. Todos sabem quem está vindo para a escola, e eu temo que a segurança de alguns de nós esteja ameaçada. As forças das Trevas que andam adormecidas podem querer voltar a agir diante da chegada do “menino que sobreviveu”. Eu cuidarei pessoalmente para que todos estejam seguros aqui, mas sugiro à todos vocês que redobrem os cuidados pessoais.

O professor Snape estava sentado mais ao fundo da sala, sua expressão era de total desagrado por estar naquela reunião. Embora dedicasse sua vida a ensinar, não era segredo para ninguém que não estava ensinando a matéria que desejava. E agora tinha um motivo a mais para odiar aquele ambiente: seria forçado a reviver uma época da sua vida que gostaria de esquecer. O garoto estava vindo, o “menino que sobreviveu” , como todos o chamavam, viria para Hogwarts atormentá-lo, igual aos fantasmas do passado que o atormentavam em seus sonhos. Foi trazido novamente a realidade da reunião ao ouvir seu nome.

- Severo? – Dumbledore o fitava indagador, com seus atentos olhos azuis – Eu estava comunicando, aos presentes nesta sala, que temos que designar os professores que irão buscar os alunos nascidos trouxas.

Snape acenou com a cabeça e lançou um olhar de total desprezo à professora Trelawney que abafava um risinho por ter visto o professor ser repreendido.

- Como eu ia dizendo – continuou o Diretor –, eu designei cada professor para visitar as famílias dessas crianças. Temos, nesse ano, um total de quatro alunos totalmente nascidos trouxas, e todos sabem que eles precisam desse acompanhamento, por nunca terem tido contato com o mundo bruxo. Por motivos já esclarecidos, eu e a professora Minerva não participaremos dessas tarefas.

Severo espantou de vez os fantasmas que o perseguiam, e passou a dar muito mais importância ao que o Diretor falava a partir desse ponto. Já sabia o que o esperava.

- À frente de cada professor designado, estão as anotações sobre as famílias que visitarão.

O Diretor acenou levemente a varinha, e pergaminhos surgiram à frente dos professores Flitwick, Sprout, Vector e, para total desagrado do próprio, Snape.

- Aí estão descritos os endereços, nomes dos pais e das crianças e algumas características delas, assim como a relação de feitiços involuntários que realizaram. Peguem suas relações, e podem se retirar. Exceto você Hagrid. Espere-me no meu escritório; preciso conversar com você a sós.

Snape já se levantava e dirigia-se a porta. Aquilo era uma total perda de tempo para ele. Um aluno nascido trouxa nunca iria ser selecionado para sua casa. Estaria apenas prestando favor às outras casas da Escola, e essa idéia também não lhe agradava em nada.

Como se adivinhasse o que passava pela cabeça do seu mestre em Poções, o Diretor dirigiu-lhe a palavra:

- Severo? Só mais uma observação, por favor.

- Pois não, Diretor.

- Essa era a designação da professora Minerva, mas devido às circunstâncias, passei-a para você. Tenho plena confiança que conhece as regras.

- Claro que conheço, senhor Diretor.

- Assim espero Severo. Pode ir agora.

Acompanhou com o olhar seu professor de Poções ir embora. Soltou um suspiro e também saiu da sala dos professores. A missão de Hagrid era agora o que mais importava. A amargura do seu professor de Poções talvez já fosse um caso perdido.

Severo dirigiu-se aos seus aposentos com o pensamento de que aquela tinha sido mais uma reunião totalmente inútil. Só serviu para tomar-lhe um tempo em que poderia estar fazendo algo mais agradável do que conversar sobre trouxas. Gemeu por dentro. Um de seus fantasmas, com certeza um dos que mais lhe incomodavam, era trouxa. Não iria deixar assombrar-lhe agora, somente à noite ele tinha esse direito.

Durante o dia tinha trabalho a fazer. Desdobrou o pergaminho da reunião e passou os olhos por ele. Iria se encarregar da família trouxa. De novo essa palavra. Soltou uma praga em voz alta, recolheu sua capa e saiu batendo a porta.

Caminhou pelos corredores desertos e saiu pelo jardim. Odiava sair no sol; suas vestes esquentavam e o faziam sufocar, sem contar a claridade que ofuscava sua vista. Passou pelos portões da escola e seguiu pela estrada que levava a Hogsmeade, e dirigiu-se ao bar chamado Cabeça de Javali. Com um rápido aceno de cabeça, cumprimentou o dono do bar e dirigiu-se aos fundos do recinto, onde entrou numa salinha vazia, exceto por uma lareira de aparência mofada num canto. Ao lado dela havia um vaso cheio de um pó cinzento que mais parecia cimento moído. Apanhou um pouco dele na mão e entrou na lareira.

- Caldeirão Furado!

E sumiu em meio a chamas verde esmeralda.

Reapareceu em um outro bar, um pouco mais aconchegante que o anterior, mas com o mesmo aspecto sombrio. Um rápido aceno de varinha e um sussurro inaudível, e suas vestes não eram mais as mesmas. Agora estava vestido com um elegante terno. Os cabelos estavam bem penteados e presos num rabo de cavalo.

Caminhou em direção a saída. Já na porta, alguém pôs a mão sobre seu ombro e o fez estancar.

- Severo! Como está elegante. Vai a um encontro romântico?

Respirou fundo ao ouvir aquela voz, e virou-se para encarar o homem de face pálida e cabelos tão louros que ofuscavam a vista. Sua expressão se fechou mais ainda e a voz saiu mais dura do que de costume:

- Lúcio Malfoy, não esperava encontrá-lo por aqui hoje. Imagino que estava tratando de negócios. Na Borgin e Burkes?

O homem louro deu um sorriso sarcástico.

- Meus negócios, Severo, mesmo na Borgin e Burkes – Lúcio mirou por um instante a roupa do outro e ampliou ainda mais o sorriso –, não me rebaixam a certos níveis.

Foi a vez de Severo rir sarcasticamente.

- Ah claro, meu bom e velho amigo Lúcio Malfoy nunca se vestiria como um trouxa, mas adora um contrabando de artefatos das Trevas. Realmente você não se rebaixa a certos níveis, por já estar muito abaixo deles, descer mais seria impossível.

- Cuidado com o que anda fazendo Severo. Acha mesmo que esse “bom tempo” vai durar? Quando o Lorde das Trevas voltar ao poder, você não vai estar com essa arrogância toda. Afinal, estando do lado daquele amante de trouxas, sua reputação no nosso meio estará como essa escória que está vestido.

- O Lorde das Trevas não precisa que ninguém o diga quem é a escória do mundo bruxo, Lucius. Quando, e se, ele retornar, veremos quem fez o seu trabalho com competência. E eu não tenho mais tempo para perder com você.

Os olhos do loiro refletiam o sentimento que fervilhava dentro de si. Observou o bruxo se afastar, ainda com a raiva explodindo dentro dele. Aquele homem que se afastava era uma pedra no seu caminho, e tudo era incerto ao redor dele. Nenhum dos que ainda restavam no círculo dos seguidores do Lorde sabia o que se passava dentro da cabeça daquele bruxo, e Lúcio tinha absoluta certeza que do outro lado, ninguém sabia também, exceto talvez um único bruxo.

Snape pegou o metrô trouxa e seguiu para o bairro que estava escrito no pergaminho. Não era longe do centro, mas quanto mais rápido acabasse com aquela idiotice, melhor. Pegou novamente o pergaminho de Hogwarts e leu as informações que continha abaixo do endereço:

Aluna: Hermione Jane Granger.

Responsáveis: Sr. Allan Scott Granger e Srª. Marie Jane Granger.

Mágicas involuntárias: Registros do Ministério da Magia indicam que o feitiço Lumus foi acionado em duas ocasiões distintas, quando tinha seis e oito anos de idade, respectivamente. Mais recentemente, aos nove anos, foi identificado o feitiço Accio.


Soltou um muxoxo de impaciência. Não suportava a idéia do Ministério da Magia ter a mania de vigiar a vida dos outros. Um bando de desocupados que, ao invés de procurarem o bem estar do mundo bruxo, se preocupavam com feitiços involuntários feitos por crianças. Era demais para o seu entendimento.

Desceu na estação indicada e andou a passos largos pela rua. Se não fosse tão arredio com o que dizia respeito aos trouxas, Snape teria admirado a caminhada; Notting Hill é um bairro de charme incomparável. Ao mesmo tempo que é um bairro central, inspira tranqüilidade e segurança. O burburinho dos bares, feiras ao ar livre e das inúmeras lojas de discos, faziam qualquer um se encantar, exceto claro, o mestre de Poções de Hogwarts.

Encontrou a rua e se direcionou para o que, a seu ver, era a casa mais bonita. Viu movimento no interior dela, verificou a varinha dentro do paletó e se encaminhou para a entrada. Tentou pôr no rosto uma expressão de simpatia, que simplesmente não existia, percebeu que não adiantaria muita coisa, e decidiu usar sua própria expressão, aquela que todos ao seu redor conheciam. Tocou a campainha.

O Sr. e a Sra. Granger estavam tão entretidos no café da manhã que se assustaram com o barulho.

- Está esperando alguém Allan?

- Não, hoje não.

- Então eu mesma vou atender. Continue com o seu café.

A senhora Granger abriu a porta, e encarou o homem a sua frente com uma expressão curiosa.

- Deseja alguma coisa?

- Sim, sou o professor Severo Snape e estou aqui para conversar com o Sr. e a Sra. Granger.

- E sobre o quê deseja falar, por favor?

- Sobre a filha deles, senhorita Hermione Jane Granger.




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