Separação



Cap. 2 – Separação

Já algum tempo que andava à procura de David, quando uma coruja posou no meu ombro e após eu tirar a mensagem que ela trazia, voltou a voar até à Torre das Corujas. Li o bilhete (que sabia que era de Ginny, pois reconheci a sua letra), a dizer-me que David se encontrava na sala das necessidades. Mentalmente agradecia Ginny, pois estava com muitas saudades dele e pensava que ele também sentia a minha falta, já que ele tinha ficado em Hogwarts e correspondiam-nos por coruja. Bem, continuando estava a chegar ao meu destino quando notei que Ginny estava à porta da sala das necessidades, como se tivesse à espera de alguém pois denotava nervosismo.
- Ginny! – chamei, fazendo-a olhar na minha direcção, mas a única coisa que vi no seu olhar foi pena, o que me confundiu. Porquê é que ela estava assim? – Obrigado pelo bilhete. Onde está David?
- De nada. Mas eu não sei onde está David, pensei que ele tinha vindo para aqui, mas enganei-me. – ela disse, mas eu notei que ela estava a mentir.
Por isso e após os esforços dela para me impedir, eu abri a porta da sala. Mas nada me tinha preparado com o que me deparei…
A sala das necessidades estava cheia de velas e notei uma cama no meio da sala. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o que estava na cama. Notei que sobressaíam dos lençóis duas cabeças: uma morena e uma loira, reconheci a morena como pertencendo ao meu namorado e a loira a uma rapariga que eu considerava minha amiga, Luna Lovegood. Comecei a entrar em pânico, era por isso que Ginny esta nervosa. Senti o meu rosto ficar marcado pelas lágrimas e senti que alguém me abraçava e me levava para fora da sala. Não resisti enquanto Ginny me conduziu para o salão comum dos Gryffindor e fez-me sentar ao lado dela, de Neville, de Cathy, de Draco e de Zabini (que tinham agora permissão de Tonks, que tinha-se tornado Director dos Gryffindor e também professora de DCAT, para lá estarem e tinham um quarto especial para os dois, quando eles mostraram desagrado em estarem nos aposentos pertencentes aos Slytherin). Lembro-me que chorei muito, tendo o conforto de Ginny e de Cathy. Quando me acalmei, lembrei de uma coisa.
- Ginny. – chamei, enquanto limpava as minhas lágrimas. Apesar de tudo, agradeço-te por teres enviado o bilhete. Sei que tu só me querias ajudar.
- Obrigado! – respondeu Ginny triste. – Eu também te agradeço por não te teres zangado comigo. Eu tinha visto a vaguear nos corredores e decidi segui-lo para ver aonde ele ia. Quando o vi entrar na sala das necessidades, fui à torre das corujas e onde chamado uma das corujas, mandei-te uma mensagem e voltei para o corredor da sala das necessidades, para esperar por ti. Mas assim, que lá cheguei, vi Luna Lovegood a entrar na sala e estranhei. Então abri uma fresta da porta e fiquei de boca aberta quando vi os dois aos beijos. Achei melhor ficar lá para te impedir que os visses, mas não consegui evitar que tu entrasses.
- Obrigado Ginny. – agradeci. Sabia que ela não tinha feito por mal. Apenas queria me ajudar. – Tu não tens culpa do que aconteceu. A culpa toda é do meu namorado, ou melhor ex-namorado, quando eu terminar tudo com ele, assim que o vir.
Abracei-a agradecendo o apoio que ela me deu. Nesse momento, o retrato da Dama Gorda afastou-se, revelando David. Cochichando com os cinco pedi que não dissessem nada, queria saber o que David tinha para me dizer. Na altura certa e se ele me mentisse, eu acabaria tudo com ele. David sentou-se ao meu lado e eu guardei o gesto de me sentar noutra parte da poltrona. Cumprimentou-me com um beijo, mas a única coisa que senti foi nojo (como ele se atrevia a me beijar após ter feito amor com Luna).
- Onde estavas? – perguntei, tentando com que a minha voz não saísse com dor e raiva. – Procurei-te por todo o lado e não te encontrei…
- Estava na torre de astronomia. – ele respondeu e eu fiquei admirada em como ele conseguia mentir tão bem. – Hoje recebi uma carta a dizer que Quem-Nós-Sabemos tinha assassinado uns tios meus.
Bem, bela forma de afastar o sofrimento. Transar com outra. Como se não bastasse o amor e a dedicação que eu lhe dava. Não aguentei mais e explodi, chamando a atenção de todos os que estavam no salão comum naquela altura.
- Mentiroso. – gritei eu, sentindo novamente as minhas lágrimas. – Como podes dizer que estavas na torre de astronomia, quando eu e Ginny te vimos na sala das necessidades…
Vi-o empalidecer. Senti que ele estava se sentindo encurralado e perdido. Acho que ele não esperava que eu descobrisse.
- Quando pensavas me contar que estavas a ter um relacionamento com Luna. – falei, com a voz a tremer. – Não acredito que fizeste isto comigo, David, ainda mais com uma das minhas amigas. Acabou. Acaba tudo aqui e agora. Não quero mais saber de ti. Magoaste-me muito.
E saí a correr para o dormitório das raparigas, sendo seguida e por Ginny e ouvido Cathy a ralhar com ele, devido ao que me tinha feito, antes de seguir Ginny até aos dormitórios para me consolar. Antes de entrar no meu dormitório, ainda ouvi uma parte da conversa entre Draco e David.
- Eh, amigo! – Draco falou. – Parece que te ferraste a sério.
- É… – ouvi David falar. – Eu não esperava que ela me encontrasse. Fui fraco demais, deveria ter resistido, mas agora é tarde demais…
E não ouvi mais nada, pois entrei no meu dormitório e deitando-me na minha cama, abracei o meu travesseiro e chorei, sentindo Ginny e Cathy sentarem-se na minha cama, tentando me consolar.

Semanas mais tarde…

Ginny e Cathy andavam preocupadas comigo. Eu mal tocava na comida, as minhas notas estavam a declinar e começava a notar sinais de fraqueza. Também estava a começar a preocupar os professores, que estranhavam o meu comportamento, já que eu era uma excelente aluna. Se não fosse pelos meus amigos que muito me apoiaram, eu teria entrado em depressão. Nas últimas semanas embora tenha emagrecido, pois mal tocava na comida e em redor dos meus olhos notavam-se as grandes olheiras que ganhei devido ao facto de ter chorado muito e de não ter dormir muito.
Ginny e Cathy fizeram de tudo para me alegrar, incluindo tentando arranjando-me encontros com outros rapazes, aos quais eu não ia, pois ainda gostava de David e tinha muitas feridas abertas para tentar um relacionamento com outro rapaz. Quanto a David, também notei que ele ficou triste, mas isso foi apenas durante duas semanas, pois Cathy disse-me que ele tinha começado a namorar com Luna (que tanto ela, como David tinha sido expulsos do grupo, o que levou a que os dois andassem sozinhos). Embora tenha ficado de rastos com a notícia do namoro de David, prometi a mim mesma que iria tentar me recompor e que o iria esquecer. Comecei por mudar um pouco o meu visual, e com alguns tratamentos, consegui que o meu cabelo ficasse mais forte e menos quebradiço, o que me permitiu deixá-lo cresce-lo até à altura dos ombros. Deixando os meus óculos de lado, fiz um esforço e comecei a usar lentes de contacto. E após algumas semanas numa dieta (não muito rigorosa, apenas tinha cortado nos doces, e em vez de deixar de comer, comecei a comer mais mas em pequenas quantidades e só vegetais e alguns tipos de carne e peixe) e fazer muito exercício, levando a que eu ficasse mais magra (mas sem muito exagero, pois eu apenas queria perder algumas gorduras localizadas), o que me permitiu mudar o meu armário substituindo as roupas largas por roupas mais justas e por saias por cima do joelho. Com a minha enorme mudança de visual, eu comecei a atrair as atenções dos rapazes, levando Ginny e Cathy e ficarem de boca aberta com a minha completa mudança de visual e de mentalidade. Sorri vitoriosa ao ver David de boca aberta com a minha repentina mudança de visual. Embora ainda amasse David, nunca mais iria voltar para ele e iria contar com a ajuda dos meus amigos para o esquecer. Comecei a ter alguns encontros com rapazes mas nenhum chamou a minha atenção. Excepto por Blaise (que soube por Draco que ele tinha se mostrado interessado por mim, muito antes de eu ter acabado com David e foi por isso que ele quis entrar para o nosso grupo de amigos: para me conhecer melhor), que chamou a minha atenção e embora tenhamos saído algumas vezes, não conseguimos ir além disso, o que fez com que Blaise ficasse um pouco triste por o nosso relacionamento não ter dado certo, mas mesmo assim ele disse que gostava muito de mim e se algum dia mudasse de opinião, saberia onde o encontrar. Embora Ginny, Neville, Cathy e Draco tivessem ficado um pouco desapontados por eu e Blaise terminarmos o relacionamento, eles sabiam que eu precisaria de tempo para pensar e avaliar os meus sentimentos. Eu e Blaise continuamos amigos e nunca falamos do nosso breve namoro. Blaise sabia que eu ainda não tinha esquecido David, mas que estava à trabalhar nesse sentido. Acho que ele sentiu que na altura certa, eu me daria de conta de quem eu realmente gostava, e foi por isso que ele me deu tempo para pensar.
Mas eu sabia que era altura de definitivamente esquecer David, e eram muitas as vezes que eu ia para a beira do lago, para reflectir, de vez em quando tinha a companhia de Ginny e Neville ou de Cathy e Draco e às vezes de Blaise, (que eu sabia que ele ainda acalentava esperanças de voltar a namorar comigo). Mas foi uma conversa com Draco que me fez ver o que eu sentia. Lembro-me que foi mesmo no último dia em Hogwarts. Eu estava sentada na beira do lago, a pensar em tudo o que tinha vivido com David, recriminando-me por não o esquecer. Quando despertei dos meus pensamentos, vi que não estava sozinha, pois Draco estava sentado ao meu lado.
- Não achas que Cathy irá ficar com ciúmes de estarmos aqui os dois sozinhos? – eu perguntei, na brincadeira.
- Acho que não. – Draco respondeu, sorrindo. – Cathy confia em nós os dois, e ela sabe que éramos incapazes de a trair.
- Nesse aspecto, tens razão. – falei. – Mas o que estás aqui a fazer? Não deverias estar com Cathy?
- Cathy sabe que estou aqui. – ele respondeu. – E também sabe porquê.
- Então o que estás aqui a fazer? – perguntei curiosa.
- Para te ajudar. – ele respondeu, olhando para mim.
- E como me podes ajudar, Draco. – eu falei, sabendo ao que ele se estava a referir. – Se nem mesmo eu consigo esquecer David.
- Eu sei que não é fácil. – Draco afirmou. – Acho que também me iria sentir na mesma se fosse abandonado por Cathy. Mas já lá vão seis meses, Ana.
- Eu sei, Draco. – falei, olhando para o lago e soltando uma lágrima solitária. – Mas o que eu sentia por ele era tão forte, parecido com o que tu sentes por Cathy. Por isso é que é difícil para mim.
- E o que sentiste durante o teu relacionamento com Blaise? – ele perguntou, fazendo me olhar para ele.
- Não tenho a certeza do que sinto por Blaise. – afirmei, pensando no que sentia por Blaise. – Não é amor, parecido com aquele que senti com David, mas também não é só amizade. Nesse aspecto, eu estou muito confusa.
- É nesses sentimentos que tens por Blaise que tens a resposta para o teu problema, Ana. – Draco disse. – Pensa nisso.
E após isso, Draco levantou-se e deixou-me sozinha, confusa com os meus pensamentos.
Passei quase as férias todas a pensar na minha conversa com Draco e cheguei à conclusão que ele tinha razão e eu finalmente descobri os meus sentimentos: de quem eu realmente gostava era de Blaise e não de David. Finalmente estava pronta para namorar com Blaise. Finalmente iria corresponder ao que ele sentia por mim.
Quando as aulas começaram novamente, pude aproveitar para contar a Ginny e a Cathy o que eu realmente sentia. Elas ficaram muito felizes por mim, mas eu teria de esperar que Blaise regressasse, pois tanto ele como Draco iriam entrar no curso de preparação de aurors, que no ano passado tinha sido transferido para Hogwarts, após um ataque dos aliados do Lord das Trevas às anteriores instalações do curso. Embora, os alunos do curso de aurors, tivessem um edifício aparte do castelo, onde nós estudávamos, os aurors em formação teriam autorização para visitarem os alunos do castelo. Quando o curso finalmente começou, cerca de um mês depois das aulas em Hogwarts terem começado (mais propriamente em Outubro), eu aproveitei a ocasião da primeira visita de Draco e de Blaise a nós às três, para organizar um encontro com ele, de modo a me declarar.
Passei quase o dia (que por acaso era um sábado e estávamos todos a aproveitar o fim-de-semana) todo a evitar Blaise. Acho que ele deve ter ficado a pensar o que tinha feito de errado para eu nem sequer o encarar. Mas enfim, eram perto das sete horas, quando me dirigi ao corujal com uma carta na mão. Rapidamente localizei Vénus (a coruja que os meus pais me tinham oferecido quando fui aceite em Hogwarts) e chamando-a, atei a carta a uma das suas patas e disse-lhe para entregar a carta a Blaise e levei-a até à janela e fiquei a observá-la a voar à procura do destinatário da carta. Achei melhor despachar-me pois tinha ficado de me encontrar com Blaise dali a uma hora na sala precisa (não tinha receio de depois ser apanhada por Filch, pois eu era Monitora-Chefe e poderia desculpar-me com a razão de andar a patrulhar os corredores e quanto a Blaise já não poderia perder pontos, pois já não era aluno de Hogwarts) e ainda tinha coisas para fazer antes de me dirigira para o local onde me iria encontrar com Blaise. Só esperava que a típica coragem Gryffindor não se dissipasse quando fosse altura de dizer o que sentia para Blaise.
Rapidamente dirigi-me até à cozinha e procurei por Dobby. Rapidamente o encontrei e perguntei-lhe se ele não me poderia fazer um pequeno favor. Dobby, claro ficou muito contente em me ajudar e usando um pouco da sua magia, Dobby levou alguma comida para a sala precisa. Chegando lá, eu segui à risca os passos que mostrariam a sala. Quando abri a porta, deparei-me com aquilo que eu mais queria: no meio da sala estava uma mesa redonda com duas velas; do lado direito da mesa estava uma pequena estante com uma aparelhagem; e do lado esquerdo da mesa e colocado de frente para a janela, estava um sofá. Dobby colocou comida na mesa, agradeci-lhe a ajuda e ele saiu. Enquanto esperava que Blaise chegasse, sentei-me no sofá e fiquei a olhar o pôr-do-sol. Estava tão perdida nos meus pensamentos, que nem dei pela porta abrir. Apanhei um enorme susto ao sentir uma pessoa a sentar-se no sofá ao meu lado, mas acalmei-me ao ver que quem lá estava era a pessoa que aos poucos tinha conquistado o meu coração. Dando-lhe um beijo na bochecha, peguei na mão de Blaise e arrastei-o comigo até à mesa, onde me sentei após acender as velas. Vi na expressão de Blaise, que ele estava um pouco confuso e não era para menos: primeiro eu passei o dia todo a ignorá-lo e depois ele recebe uma carta a marcar um encontro e ao chegar ao local combinado, depara-se com uma mesa com direito a velas. Suavemente ri-me da sua expressão, coisa que não lhe agradou, pois ficou um pouco emburrado.
- Ah, Blaise. – disse. – Deixa de ser assim. Peço desculpas por ter te ignorado, mas não queria estragar a surpresa.
- Hum. – foi o que tive como resposta, mas a expressão de Blaise suavizou-se.
Durante o jantar falamos de várias coisas: como iam os meus estudos, se ele estava a gostar do curso de Quidditch (embora eu gostasse, nunca tinha tentado entrar para a equipa dos Gryffindor). Quando acabamos de jantar (os pratos e mesa desapareceram, e eu sabia que o responsável era Dobby, que tinha colocado um feitiço na mesa, de modo a que assim que acabássemos de jantar a mesa fosse transportada directamente para a cozinha), Blaise fez menção de se sentar no sofá, mas eu cortei-lhe os planos, ao ligar a aparelhagem (que estava sintonizada numa estação muggle) e eu começar a ouvir os primeiros acordes de Incomplete dos Backstreet Boys.

Empty spaces fill me up with holes
Espaços vazios me enchem de buracos
Distant faces with no place left to go
Faces distantes sem um lugar para deixar e partir
Without you within me I can’t find no rest
Sem você dentro de mim não posso encontrar descanso
Where I’m going is anybody’s guess
Onde eu estou indo será que alguém pode adivinhar?

- Blaise. – chamei. – Anda dançar!
- Não sou muito bom dançarino. – ele afirmou, mas não resistiu quando viu que eu tinha uma cara de decepcionada. – Está bem, venceste.


I’ve tried to go on like I never knew you
Eu tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido
I’m awake but my world is half asleep
Estou acordado mas metade do meu mundo está adormecido
I pray for this heart to be unbroken
Eu rezo para este coração se curar
But without you all I’m going to be is incomplete
Mas sem você tudo o que eu vou vir a ser será incompleto


Fiquei muito contente. Quem sabe se não era altura de dizer que o amava. Ao contrário do que tinha dito, Blaise era um excelente dançarino e eu adorei muito dançar abraçada a ele, sentindo o seu calor. E enquanto dançávamos, eu fechei os meus olhos e pensei em como seria o meu futuro ao lado dele. Estava tão concentrada, que nem percebi que a música tinha terminado e que Blaise estava a contemplar-me.

Voices tell me I should carry on
Vozes distantes me dizem que eu deveria continuar
But I am swimming in an ocean all alone
Mas eu estou nadando em um oceano completamente sozinho
Baby, my baby
Amor, meu amor
It’s written on your face
Está escrito em sua face
You still wonder if we made a big mistake
Você ainda se pergunta se cometemos um grande erro


Só quando me comecei a incomodar com o facto de me sentir observada, é que abri os olhos deparando com uma imensidão de azul. Não resisti e acaricie-lhe a face, deixando um pouco surpreendido, mas rapidamente diminuiu a distância que nos separava e beijou-me. Como o beijo dele era tão bom: doce e quente. Nunca ninguém antes me tinha beijado assim, com tanta paixão.

I’ve tried to go on like I never knew you
Eu tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido
I’m awake but my world is half asleep
Estou acordado mas metade do meu mundo está adormecido
I pray for this heart to be unbroken
Eu rezo para este coração se curar
But without you all I’m going to be is incomplete
Mas sem você tudo o que eu vou vir a ser será incompleto


- Desculpa – disse Blaise, com a voz denotado receio e com uma expressão amedrontada. – Foi um impulso. Espero que me perdoes. Não consegui…
Calei-o com um beijo e senti os braços dele a envolverem-me a cintura e correspondendo ao beijo. Nunca antes me tinha sentido tão bem. Parecia que estava nas nuvens.
- Obrigado. – agradeci.
- Porquê? – Blaise perguntou, confuso.
- Por teres esperado por mim. – respondi. – Por teres continuado a amar-me mesmo sabendo que eu não correspondia.
- Não faz mal – ele disse. – Tu és uma pessoa especial, Ana. Por ti, esperaria mil anos.
- Eu agradeço-te novamente por teres esperado. – agradeci. – E por teres me dado o espaço que eu necessitava para pensar. Só tenho pena de não ter-te amado mais cedo, mas não queria magoar-te. Naquela altura em que te apaixonaste por mim, eu ainda gostava de David, embora ele não merecesse.
- Mas os teus sentimentos mudaram, certo. – Blaise perguntou, um pouco receoso.
- Sim, mudaram. – afirmei. – Finalmente, esqueci-o e fiquei livre para amar novamente. E foi graças a uma conversa com Draco que eu me dei conta do que sentia.
- Isso quer dizer que aceitas o meu pedido de namoro? – ele perguntou esperançoso.
- Sim, aceito. – respondi, abrindo um grande sorriso e largando um pequeno grito ao sentir-me levantada do chão.
- Tenho realmente de agradecer a Draco. – exclamou Blaise.
Blaise pegou-me ao colo e concentrando-se, mudou o sofá para uma cama e deitou-me lá. Fiquei um pouco nervosa, mas ele acalmou-me dizendo-me que não faria nada que eu não quisesse. Ficamos ali um bocado a beijarmo-nos e trocar carícias, que nem demos pelo tempo passar. Quando olhamos no relógio, vimos que era quase meia-noite e decidimos que era melhor dormirmos ali, pois eu poderia apanhar uma detenção se fosse apanhada, mesmo sendo Monitora-Chefe. Senti-me muito confortável e segura ao ser abraçada por Blaise e foi assim que adormecemos. Na manhã seguinte, acordei sentindo umas pequenas cócegas no meu rosto. Abri os olhos e deparei com Blaise a acariciar-me o rosto.
- Bom dia, amor. – cumprimentei, ainda sonolenta. – Estás acordado há muito tempo?
- Bom dia, querida. – cumprimentou ele, beijando-me levemente nos lábios. – Não, mas como estavas tão bem a dormir, decidi não te acordar. Mas não resisti a acariciar-te a face. És tão linda quando estás a dormir.
- Oh que atencioso. – ri, corando com o comentário dele. – Que horas são?
- Nove horas. – ele respondeu, após olhar para o relógio.
- Já?! – exclamei. – A esta hora, acho que Ginny, Cathy e Draco já devem ter montando uma equipa para nos encontrar.
- Bem então é melhor comermos qualquer coisa e descermos para os encontrar. – Blaise disse, com um sorriso. – Pelo menos, esperemos que ainda não tenho montado a tal equipa de resgate.
Saímos da sala das necessidades e antes de irmos para a sala comum dos Gryffindor, passamos primeiro pela cozinha para comermos alguma coisa, já que o pequeno-almoço já deveria ter sido servido há muito tempo. Assim que a Dama Gorda se afastou dando-nos passagem, eu quase fui derrubada para o chão por Ginny e Cathy, que mostravam sinais de terem chorado. Bem, pelo menos eu sabia que elas tinham ficado preocupadas e que me esperava um ralhete.
- Ana Catarina Simmons – gritaram em simultâneo Ginny e Cathy. – Onde estavas? Passamos uma noite inteira em branco e a chorar com medo que te tivesse acontecido algo.
- Hei, meninas! Acalme-se, a Ana está bem. – falou Blaise, surpreendendo Ginny e Cathy, que só naquela altura é que repararam que eu não estava sozinha. – E se aqui há um culpado, sou eu.
- Não tanto, Blaise. – argumentei. – Fui eu que marquei o encontro, mas esqueci-me de avisar Ginny e Cathy.
- Calma aí! – exclamou Draco, assustando-me, pois eu não tinha reparado nele. – Querem me explicar porque é que vocês os dois sumiram sem avisarem ninguém?
- Hei, Draco! Acalma-te amigo! – tranquilizou Blaise. – Nós não estávamos muito longe. Só que nós distraímos e acabamos por perder a hora.
- É verdade, Draco! – disse, apoiando o meu namorado. – Finalmente nos acertamos e com tanta confusão, perdemos a hora e ficamos a dormir na sala precisa
- Pêra aí?! – exclamou Ginny. – Vocês se acertaram? Isso quer dizer que…
- Sim, Ginny. – interrompi-a. – Nós estamos a namorar.
- Já não era sem tempo. – exclamou Draco.
- Hei, não reclames Draco. – ironizei. – Também tu demoraste muito tempo a dizeres o que sentias por Cathy…
Draco corou e nós os quatro caímos na gargalhada. Sentámo-nos nos sofás a conversar, eu estava sentada no sofá ao lado de Blaise, sendo abraçada por ele e apoiando a minha cabeça no seu ombro; Cathy e Draco estavam sentados um ao lado do outro e Draco tinha posto um dos braços em cima dos ombros da namorada e Cathy apoiava a sua cabeça no ombro de Draco e Ginny estava sentada numa poltrona sozinha (Neville já tinha terminado Hogwarts e estava a estudar Herbologia numa faculdade bruxa). Foi nessa completa alegria que David me viu e mostrando tristeza e derrota saiu da sala. Ele ainda namorava Luna, mas corriam rumores de que ainda gostava de mim. Mas eu não ia ligar mais a isso, pois agora era feliz ao lado de Blaise.

I don’t mean to drag it on, but I can’t seem to let you go
Não é que eu queira arrastar isso, mas parece que eu não consigo te deixar partir
I don’t wanna make you face this world alone
Eu não quero fazer você enfrentar esse mundo sozinha
I wanna let you go (alone)
Eu quero deixar você partir (sozinha)


Os meses passaram e finalmente tinham chegado as férias de Natal e mais uma vez eu tive de permissão de ir visitar os meus pais, mas desta vez levei Blaise comigo. Queria que os meus pais conhecessem o meu novo namorado. Senti-me extremamente aliviada, quando os meus pais aprovaram o nosso namoro e a minha mãe me confidenciou que me desejava muita sorte no namoro. Também aproveitamos para comunicar aos meus pais que quando que terminasse Hogwarts eu iria com Blaise para a casa dele, de modo a poder conhecer os pais dele. Quando as férias terminaram, voltamos para Hogwarts e tanto eu como Ginny e Cathy começamos a pensar no que iríamos seguir quando saíssemos de Hogwarts. Acabamos por chegar ao mesmo consenso: iríamos entrar para o curso de aurors. Para mim e para Cathy iria ser bom, pois iríamos ficar mais perto dos nossos namorados. Transmitimos as nossas opiniões a Draco e a Blaise, que embora no início tenham ficado um pouco relutantes, acabaram por aceitar que o que realmente queríamos ser era aurors. Cerca de fins de Fevereiro, nós as três dedicamos absolutamente aos estudos, pois queríamos ter notas suficientes para sermos admitidas no curso de preparação de aurors. Embora Draco e Blaise se tenham sentido abandonados, não se queixaram, pois sabiam que os NIEMS eram muito importantes para nós. Mas de vez em quando, parávamos um pouco para descansar e aproveitamos esses pequenos tempos para os dedicarmos a Blaise e a Draco.
Quando finalmente os exames terminaram, eu e Blaise aproveitamos os últimos dias para namorar, antes de irmos para casa dos pais de Blaise.

I’ve tried to go on like I never knew you
Eu tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido
I’m awake but my world is half asleep
Estou acordado mas metade do meu mundo está adormecido
I pray for this heart to be unbroken
Eu rezo para este coração se curar
But without you all I’m going to be is incomplete
Mas sem você tudo o que eu vou vir a ser será incompleto


N/A: Esta música é a Incomplete dos Backstreet Boys e uma das que eu mais gosto de ouvir. Espero que gostem deste capitulo e que comentem…

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