O cajado das trevas



Não demorou muito para que Dobby voltasse trazendo um pequeno frasquinho de vidro, com um liquido transparente, sem cor nem odor, a Veritasserum, a poção da verdade. Com cuidado para Gina nem o resto do grupo perceber sua saída, Harry, Hermione e Rony saíram silenciosamente da loja em que estavam, e como a rua estava deserta, não tiveram mais problemas para chegar a Travessa do Tranco.
Diante deles estava um portão de ferro escuro, enferrujado e com hastes pontiagudas, dentro dele estava a Travessa do Tranco, uma rua repleta de lojas das trevas, entre elas a Borgin & Burkes, antigo local de trabalho de Tom Riddle. Harry só havia estado naquele lugar duas vezes, e não trazia boas recordações, na primeira estava dentro de um armário se escondendo de Draco Malfoy e seu pai, Lúcio, na segunda, no ano passado estava perseguindo Malfoy. Harry imaginou qual seriam os castigos que Voldemort daria para o garoto, que falhara na missão dada á ele pelo mestre.
-Então, vamos? – Disse Harry, fazendo menção de abrir o portão.
-Vamos lá. – Disse Hermione, embora seus olhos demonstrassem um sentimento oposto.
Andaram pelo corredor estreito e mal-iluminado onde estavam as lojas,até chegarem a Borgin & Burkins, a maior de todas. Harry tirou a capa de invisibilidade da mochila e cobriou-os com ela, tiveram todo o cuidado para que seus pés não aparecessem, pois estavam cada vez maiores e mais difíceis de cobrir com a capa.
Harry levou a mão à maçaneta e girou-a, abrindo a porta, o vendedor estava entretido observando um escudo de bronze com um centauro de prata no centro, o que parecia ser sua mais recente aquisição, por isso não percebeu a entrada dos garotos.
-Impertuble! – Sussurrou Harry em direção á porta, pronto, agora ninguém que estivesse fora poderia ouvi-los.
-Estupefaça! – Sussurrou Hermione em direção ao Sr. Borgin, o feitiço acertou o bruxo em cheio no peito, errando por milímetros o escudo que ele segurava, o velho desabou no chão, duro, sem mudar a expressão que estava em seu rosto.
Os três garotos passaram por debaixo da portinhola do balcão, e arrastaram o velho para dentro do cômodo que ficava atrás do balcão. O cômodo parecia servir tanto de estoque para guardar as preciosidades que não cabiam nas prateleiras, como um pequeno quarto de descanso, pois nele havia uma pequena cama, uma cadeira e restos de comida. Rony conjurou cordas e amarrou firmemente o Sr. Borgin na cadeira. Depois de ele estar firmemente amarrado e sem varinha, eles o reanimaram.
-O que aconteceu? – Perguntou ele, ainda atordoado pelo feitiço.
-Queremos informações. – Falou Harry. – Sobre um antigo funcionário de vocês.
-E se eu não quiser dar? – Retrucou o Sr. Borgin ferozmente.
-Bem, nós já vimos a sua pequena coleção... – Falou Hermione – E se o Sr. Não quiser colaborar... – E apontou para o uma esfera de ouro cravejada de rubis que estava numa prateleira próxima.
-Vocês estão blefando! – Disse o Sr. Borgin – A esfera do sofrimento é um objeto histórico! Vocês não ousariam destruí-la!
-Objetos “históricos” das trevas não vão me fazer falta alguma. – Disse Harry – Mas essas informações vão.
-Que informações são essas garoto? – Perguntou o Sr. Borgin, que pelo semblante de seu rosto parecia ter cedido, gotas de suor escorriam de seu rosto, ele parecia extremamente nervoso com a possibilidade de perder uma de sua raridades, e parecia ainda mais nervoso em perder aquela esfera dourada, Hermione parecia ter escolhido o refém certo.
-Já falei, sobre um antigo funcionário de vocês. – Falou Harry nervoso
-Qual? – Perguntou o Sr. Borgin – Olhe aqui moleque, eu já tive muitos funcionários nessa loja,não sei se vou lembrar de um específico...
-E para garantir que o Sr. não se “esqueça”, vamos lhe dar essa poção... – Falou Harry, sacudindo o frasquinho da Veritasserum. O rosto do Sr. Borgin demonstrou um sentimento próximo ao pavor, ele parecia já ter preparado uma mentira para contar, e parecia não querer ficar sem contá-la.
Harry abriu o frasco da poção e apertou as bochechas do Sr. Borgin, fazendo-o abrir a boca, enquanto Harry começava a despejar a Veritasserum, Rony apontou para o rosto dele e disse:
-Engula. – O Sr. Borgin fez menção de cuspir, porém parou quando Rony pressionou a varinha em seu pescoço – Engula! – Repetiu Rony
O Sr. Bogin pareceu entrar num pequeno estado de transe ao terminar de engolir a poção.
-De que funcionário você quer saber moleque? – Urrou o velho, a poção pareceu não mudar sua tremenda falta de educação, e ele não parecia estar numa situação favorável a chamar qualquer uma ali de moleque, mas Harry não fez interferências.
-Eu quero saber sobre Tom Riddle – Falou Harry.
A mente do Sr. Borgin deveria estar revivendo momentos que não revivia a muito tempo,seu olhar estava sem foco e suas sobrancelhas arquearam-se de uma forma á demonstrar pensamento.
-Tom Riddle... – Falou o Sr. Borgin – Foi um dos meus melhores funcionários, sim, um jovem alto, forte, com um belo sorriso, extremamente competente em persuadir pessoas a venderem suas raridades. – Prosseguiu ele com seu olhar ainda perdido, Harry fez sinal para que prosseguisse. – Trabalhou pouco tempo aqui, embora trabalhasse muito bem, depois, simplesmente se demitiu e sumiu, nunca mais ouvi falar nele.
Harry estava nervoso, nada do que o Sr. Borgin havia dito até então fazia muita diferença, ele já conhecia o tipo físico de Voldemort e havia o visto trabalhando no ano anterior em uma lembrança.
-Mais nada?! – Perguntou Harry,já nervoso – Nem uma ambição estranha? Por nem um objeto da loja nem nada?
-Uhm... – Falou o Sr. Borgin,que parecia estar tentando relembrar. – Tinha sim...
-Qual? – Perguntou Harry – Diga logo!
-Nas poucas conversas que eu tive com ele, sobre raridades das trevas e esse tipo de coisa... – Começou o Sr. Borgin – Ele parecia ter um interesse muito intenso pelo cajado das trevas.
A menção do nome cajado das trevas não produziu nenhum efeito nem nenhuma lembrança em Harry, e parecia também não ter feito em Rony, Hermione, porém estava pensativa, tentando lembrar de algum livro sobre esse termo.
-E o que exatamente é isso? – Perguntou Harry, ao mesmo tempo ansioso e curioso.
-É um objeto das trevas muito antigo,procurado e valioso. – Falou o velho, que parecia também admirar o tal cajado – Foi usado por Merlin por algum tempo, antes dele perceber a grande quantidade de poderosa magia negra contida nele... – Harry escutava com atenção o Sr. Borgin, o tal cajado parecia mesmo o tipo de objeto que Voldemort usaria para guardar um pedaço da sua alma.
-Merlin sabia que o cajado, se caísse em mãos erradas certamente viraria uma poderosa arma mortal, e fez de tudo para protegê-la das mãos dos antigos bruxos das trevas. Dizem que ele construiu um templo para guardar muito bem guardado o cajado, não se sabe onde. – Disse o Sr. Borgin. – Porém, muitos acham que o cajado já foi destruído há muito tempo,outros que não passa de uma lenda, mas vários ainda acham que ele existe e continuam a procura-lo.
-Onde está esse cajado? Em que país? O que ele faz? – Perguntou Harry.
-Não sei mais de nada! – Gritou o Sr. Borgin – Sou só um comerciante aficionado por antigos objetos das trevas, não sei nada além disso.
-Bem se já terminou, para garantir que o Senhor não dê com a língua nos dentes – Falou Harry –Obviliate!
O pescoço do Sr. Borgin afrouxou e ele desmaiou, não se lembraria mais de nada que acontecera na última hora,o desamarraram e o deitaram na cama.
Os três se cobriram de volta com a capa e saíram da Borgin & Burkes, não havia sido uma total perda de tempo.

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