De Volta a Velha Vida



Eram quatro horas da manhã quando Harry acabou de relatar os acontecimentos ocorridos no Cemitério da Colina. E sentados em circulo em frente à lareira da sala comunal da Grifinória Rony, Hermione, Gina e Neville ouviram tudo atentamente. Todos ficaram comovidos exceto Neville que ficou o tempo todo agarrado a uma almofada, com a certeza de que não conseguiria dormir naquela noite e se assustando com qualquer barulho que ouvia, como o vento forte na janela e os estalos do fogo na lenha da lareira. Hermione e Rony também explicaram a Harry que nunca o delataram para Dumbledore e que sabiam que algo estava errado mas em nenhum momento o diretor permitiu que alguém suspeitasse dele com relação ao desaparecimento do Livro Sagrado. Contaram também que tentaram ajudar Dumbledore a provar a inocência de Harry ao levar para ele tudo de estranho que ficavam sabendo. Explicaram que a pedido do diretor não poderam contar nada a Harry para não atrapalhar a investigação. Harry se lembrou das palavras de Emille sobre os grandes amigos que possuía e de como eles sempre tentavam protegê-lo e naquela madrugada o garoto foi domir mais feliz e grato por ter pessoas tão especiais ao seu redor.
Como dissera Emille certa vez, em uma de suas longas conversas com Harry, “o tempo passa muito rápido quando se está feliz” e assim, o resto do ano letivo passou rápido em Hogwarts pois, Harry estava feliz em voltar à sua vida normal. Com a constante ajuda de Hermione, Harry colocou em dia seus estudos e trabalhos que estavam atrasados devido à suas escapadas para encontrar Emille. Ele chegou a perder várias noites estudando e fazendo longos deveres principalmente passados por Snape porque seus dias estavam divididos entre as aulas e os treinos para o Campeonato de Quadribol. Tinha por fiel companheira sua coruja Edwiges, pois, até mesmo Hermione não resistia ao sono e ao cansaço e ia dormir antes que Harry terminasse suas leituras e anotações.

Graças à ajuda de Hermione e do Profº Quilmers, Harry conseguiu colocar os estudos em dia poucos dias antes do início do campeonato. Os jogos foram difíceis, o inverno era intenso com muita neve e vento e o jogo de abertura foi adiado duas vezes por causa do mau tempo. O time da Grifinória não começou o campeonato muito bem, empatou com a Corvinal e com a Lufa-Lufa logo nos primeiros jogos e perdeu para a Sensorina que no meio da disputa já havia se tornado o time favorito. Rony estava triste e inseguro e ficava pior cada vez que discutia com Hermione por causa de coisas banais. Harry não fazia outra coisa a não ser tentar conciliar os dois amigos que em um dia pareciam namorados e no outro discutiam como inimigos. Algumas vezes Harry até achava divertidas as brigas entre Rony e Hermione principalmente porque sabia que os dois se gostavam muito.
No dia da final do Campeonato de Quadribol o tempo pareceu querer colaborar, a neve caía muito levemente e o vento era gelado mas, bem mais calmo que nos outros dias. Harry pediu a Hermione que compreendesse o nervossismo de Rony e tivesse paciência com ele. As arquibancadas estavam lotadas o barulho dos estudantes era ensurdecedor e Hermione se dirigiu ao vestiário com uma bandeirinha da Grifinória nas mãos. Bateu á porta e pediu a um dos garotos que chamasse Harry e quando ele veio Rony estava com ele, então Hermione disse:
_ Olá Harry! Vim desejar boa sorte a você no jogo.
_ Obrigado, Mione. Rony foi se retirando quando Hermione o chamou:
_ Rony, vim desejar boa sorte a você também. Dito isso, a garota estendeu a mão para Rony que retribuiu um pouco sem graça.
_ Obrigado, respondeu Rony e foi quando Hermione o puxou para si e lhe deu um rápido abraço e saiu correndo sem olhar para trás. Rony ficou paralisado com uma cara meio de bobo, Harry e os outros abafavam risinhos quando o narrador Lino Jordan anunciou em alto som o início do jogo. Todos se reuniram entorno de Harry para ouvir as últimas instruções e suas palavras de insentivo.

Boa parte da torcida nas arquibancadas estava em verde mas, a torcida da Grifinória não se deixou abater e apesar do favoritismo da Sensorina estava muita animada com bandeiras, apitos e gritos de guerra. Rony parecia outra pessoa no gol, estava seguro e muito atento, o ataque da Sensorina teve muito trabalho para conseguir marcar pontos. A pontuação do jogo empatava e desempatava constantemente, Grifinória e Sensorina se revesavam na liderança dos pontos e Lino Jordan levava a torcida à loucura a cada ponto conquistado. Draco Malfoy tentava derrubar Harry de sua vassoura toda vez que a Grifinória passava à frente no placar, os dois trocaram esbarrões durante toda a partida. Finalmente para a alegria da torcida da Sensorina, Draco Malfoy alcansou o Pomo de Ouro e encerrou a partida com apenas um ponto à frente da Grifinória. A torcida Sensorina ainda gritava e batia palmas quando foi abafada pelos aplausos das torcidas das outras casas que comemoravam o segundo lugar alcansado pelo time da Grifinória. Qualquer um que chegasse naquele momento pensaria que a Grifinória é que seria o time vencedor. No alto-falante a profª Minerva parabenizou o time da Sensorina pela vitória de uma maneira um pouco fria e ao cumprimentar o time da Grifinória pelo segundo lugar de uma maneira bem mais animada, porém, discreta, as torcidas explodiram em aplausos e assovios e até alunos da Corvinal e da Lula-Lufa que torciam pela Sensorina gritavam elogios para Harry e seus amigos. Aquele segundo lugar teve gosto de vitória, principalmente pelo fato de ver Malfoy se mordendo de inveja por Harry estar recebendo mais atenção do que ele, que era o campeão.

No mês seguinte, com o inverno mais brando, recomeçaram os passeios à Hogsmead. Harry sentiu falta de estar com Emille e do tempo em que pensava que ela era uma garota incrível que ele havia conhecido. Porém, mais uma vez se lembrou das palavras de Emille a respeito de seus amigos e em todos os passeios que se seguiram ele se sentiu feliz por estar tomando cerveja amantegada com Rony Weasley e Hermione Granger, conversando sobre os acontecimentos do ano em Hogwarts. A melhor parte dos passeios realmente era encontrar os gêmeos Weasley, Fred e Jorge em sua loja de logros e brincadeiras e ouvir suas histórias engraçadas sobre clientes que se deram mal com alguns de seus artigos.

Com a chegada do natal, Harry e Hermione foram convidados pela Sra. Wealey para a ceia na Toca junto com toda a família. As pessoas que mais gostaram do convite foram Rony, que estava feliz por passar o natal com Hermione, e Gina que aproveitou a oportunidade para se aproximar de Harry que passou a noite toda se esbaldando com os diversos pratos e doces que a garota levava para ele o tempo todo. Gina era uma companhia agradável e bem humorada e havia melhorado muito quando soube que Cho Chang não estava mais conversando com Harry e as amigas diziam pelos corredores que ela estava muito magoada e sempre repetia “Potter preferiu a companhia de um espírito à minha”.

Harry realmente estava em paz como lhe desejou Emille Wells e nem mesmo Draco e Snape conseguiram lhe tirar a serenidade e isso os irritava. Com a chegada dos N.O.M.s não se via mais alunos interessados em passeios. A biblioteca e as salas comunais das casas ficaram lotadas dia e noite. Como sempre Hermione estava muito tranqüila em relação aos exames enquanto Harry, Rony e Neville não sabiam por onde começar a estudar e sempre recorriam à amiga para tirar as dúvidas. Como era de se esperar o pior exame foi o de DCAT aplicado por Snape e mais uma vez para a alegria da Grifinória, Hermione Granger teve uma excelente pontuação, a melhor nota de Hogwarts no ano. Rony ficou na média e por dois pontos não foi reprovado. Neville se saiu um pouco melhor e Harry tirou uma de suas melhores notas, principalmente nos estudos sobre “o poder dos bruxos em relação à morte”, apesar de Snape procurar encontrar defeitos para colocar nos exames do garoto, não teve outra alternativa a não ser reconhecer que tinha de aprová-lo.

Os demais exames foram tranqüilos e o trio tirou excelentes notas principalmente em Trato das Criaturas Mágicas, aplicado pelo professor e amigo Hagrid que, apesar de dois ou três alunos terem ido parar na enfermaria, havia se saído muito bem como professor naquele ano. Em Poções, apesar de ter sido um exame complicado, todos se saíram bem, inclusive Neville que pela primeira vez no ano não esplodiu seu caldeirão na sala de aula para a alegria do Profº Quilmers.

Os corredores de Hogwarts estavam lotados quando os últimos flocos de neve do inverno caíam sobre as torres do castelo. Todas notas já haviam sido anunciadas pelos professores, os estudantes estavam eufóricos e as filas no corujal eram enormes pois, todos queriam avisar às suas famílias que as férias estavam chegando e já era hora de voltarem para suas casas. Nos dormitórios, uma bagunça de roupas, malões e corujas marcava os últimos momentos daquele ano em Hogwarts. Harry colocou a última peça de roupa em seu malão, um cachecol vermelho com as iniciais “HP” bordadas em amarelo feito pela sra. Weasley no natal. Ele levava as mãos à tampa do malão quando se lembrou de algo, se ajoelhou no ch ão e enfiou a mão embaixo da cama e puxou um pequeno pacote onde estava um casaco verde, o mesmo que havia dado à Emille. Tirou o casaco do pacote e ficou alguns minutos olhando profundamente para ele, pensando na vida que a gorota poderia ter tido se não houvesse morrido e isso o fez lembrar de seus pais e Harry pensou como a morte estava próxima a ele nos últimos anos. Cheirou profundamente o casaco e lembrou o perfume de rosas no túmulo de Emille e uma imagem rápida do belo sorriso da garota passou em sua mente. Harry guardou o casaco no malão e foi o último a sair do dormitório, parecia se despedir de cada objeto daquele lugar. O diretor Dumbledore já aguardava a todos no salão principal para anunciar a casa vencedora do ano. O trio se dirigia para lá quando Harry resolveu mudar de direção.
_ Ron, Hermione, podem ir para o salão principal, eu preciso ver alguém antes. Encontro vocês lá. Harry andou por alguns corredores se desviando de alunos apressados que carregavam seus malões, conversavam alto e todos ao mesmo tempo. Enquanto caminhava, sem prestar atenção ao movimento à sua volta, pensava em quantas vezes naquele ano ele percorreu aqueles mesmos corredores à procura da companhia de Emille e de como tudo aquilo que aconteceu havia sido fantástico em sua vida. A confusão nos corredores diminui até que Harry chegou em um corredor vazio e silencioso. Aquele era o ponto onde custumava encontrar Emille mas, no lugar da garota que nunca mais veria, ele avistou o Profº Quilmers parado em frente ao velho quadro de paisagem do mesmo jeito que a filha sempre fazia.
_ Profº Quilmers, encomodo ?
_ Claro que não Harry, falou o professor enxugando as lágrimas.
_ Era aqui que eu sempre a encontrava, disse Harry.
_ Sim, é compreensível. Vê este velho quadro? É uma antiga paisagem que ficava próxima à nossa casa e nós costumávamos fazer pequiniques nesse lugar quando Emille ainda era um bebê, pouco antes de minha doce Ellen adoecer.
_ Então, é por isso que eu sempre a encontrava diante desse quadro. Quilmers continuava a olhar o quadro quando Harry perguntou:
_ Soube que o diretor Dumbledore convidou o senhor para continuar lencionando Poções em Hogwarts no próximo ano. O senhor estará aqui, não é?
_ Infelizmente não, Harry. Eu agradeci muito a confiança de Dumbledore mesmo depois de tudo que aconteceu mas, não posso aceitar. Preciso reconstruir a minha vida em paz e feliz como desejou minha querida filha. Quero um tempo para pôr minhas idéias em ordem.
_ Sentiremos sua falta.
_ Eu também sentirei falta de todos vocês, passei bons momentos neste lugar.
_ Agente se vê na entrega das taças das casas.
_ Sim, até mais. Harry deixou o professor ainda parado diante do velho quadro e seguiu para o salão principal.

O salão estava lotado e barulhento como nunca, o teto estava encantado com as cores de todas as casas e suas bandeiras. Os fantasmas voavam de um lado para outro em sinal de grande euforia e os professores tomavam seus lugares ao lado de Dumbledore. O diretor finalmente pediu silêncio, agradeceu a presença e o desempenho de todos e começou a ler um pergaminho que estava sobre sua mesa onde estavam relacionadas as notas das casas. Em quarto lugar estava a Lufa-Lufa com 92 pontos, em terceiro a Sensorina com 95 pontos, em segundo lugar a Corvinal com 97 pontos e em primeiro lugar a Grifinória com 100 pontos que explodiu em gritos, abraços, aplausos e lágrimas quando Dumbledore anunciou a vitória. Para o Sensorinos só restou debochar da Lufa-Lufa que ficou em último lugar e tentavam fingir que não estavam encomodados com a vitória da Grifinória. A professora McGonagall ergueu a taça da Grifinória e agradeceu com seu jeito sempre discreto a colaboração de todos os alunos da casa. Snape, depois de muita insistência por parte dos alunos, fez um pequeno discurso lembrando a garra dos sensorinos na vitória do Campeonato de Quadribol mas, suas palavras não foram suficientes para tirar o intusiasmo dos alunos da Grifinória e até mesmo os alunos da Corvinal estavam muito felizes com o seu segundo lugar e abraçavam colegas de outras casas.

Em meio a algazarra dos alunos , sobre as grandes mesas do salão, surgiram os mais variados pratos de deliciosas comidas preparadas pelos elfos e todos saborearam com alegria a última refeição do ano em Hogwarts. Mesmo com toda a confusão Harry percebeu que o profº Quilmers não estava à mesa dos professores. Hagrid ascenou para Harry que retribuiu em seguida e ele comentou com Rony e Hermione a ausência do profº de Poções.
_ Talves ele não goste de despedidas, disse Rony que, ao contrário do ano inteiro, comia educadamente diante de Hermione embora estivesse louco para atacar uma enorme coxa de frango que estava na bandeija a sua frente. Harry lamentou não ter se despedido de Quilmers no corredor e algo lhe dizia que dificilmente tornaria a ver seu ex-professor de Poções novamente.

Na estação de Hogsmead, Harry e seus amigos já se preparavam para o embarque de volta para casa. Ao seu redor ele ouvia os colegas relatarem seus planos para as férias de verão e ficou pensando como seria novamente a estadia na casa dos Dursley. Sabia que passaria as férias lavando louça e aparando a grama e esse pensamento o aborrecia e o fazia desejar estar novamente em Hogwarts o mais depressa possível. Enquanto pensava em tudo isso, em meio à multidão que se preparava para embarcar, Harry sentiu alguém lhe trocar o ombro, certamente o bom e velho amigo Hagrid querendo se despedir na estação como sempre fazia. Sua surpresa foi grande quando se virou e deparou-se com o profº Marck Quilmers.
_ Professor! Pensei que o senhor já tivesse ido embora.
_ Não podia partir sem me despedir e te dar isso. Quilmers tirou de dentro de sua maleta um pequeno porta-retrato de moldura dourada e envelhecida e entregou a Harry. O garoto observou a foto e seu coração bateu mais forte, no retrato Emille Wells sorria, ajeitava seu uniforme da Corvinal e fazia acenos com as mãos.
_ Ela está linda. Professor, Emille me disse que veio para Hogwarts transferida de outra escola...
_ Sim, enterrompeu o professor, ela chegou a estudar um mês em Beauxbatons quando foi chamada por Hogwarts e eu achei melhor trazê-la para cá. O chapéu seletor não teve dúvidas ao indicá-la para a nobre Casa Corvinal e eu fiquei muito feliz por ela. O trem apitou e Harry pôde ouvir Hagrid chamando todos para entrarem depressa nos vagões.
_ Agora tenho que ir, adeus professor.
_ Adeus, Harry Potter, e estendeu a mão para o garoto que retribuiu.
_ Obrigado pela ajuda com os N.O.M.s.
_ Não há o que agradecer, você é muito talentoso. Quilmers deu um último aceno para Harry antes de virar as costas e ir embora. Harry abraçou Hagrid que lhe desejou boas férias e pediu para que o garoto não se importasse com as provocações de seu primo Duda Dursley. Das janelas dos vagões muitos ascenavam para Hagrid e Harry viu o amigo enorme ficando cada vez menor com o afastamento do trem até sumir completamente, naquele momento ele sentiu um leve aperto no peito, era como se estivesse abandonando sua casa.

Durante a viagem, à frente de Harry, sentada com Bichento no colo, Hermione lia o Profeta Diário e Rony esperimentava um pacote de feijões de todos os sabores e fazia cara feia quando sentia um gosto ruim, isso fazia Harry dar leves sorrisos pois, sabia que não adiantava deixar a tristeza o abater, tinha de suportar o verão na casa dos tios até que o momento de voltar a Hogwarts chegasse novamente. Pela janela ele observou a paisagem verde escurecer, no céu as primeiras estrelas da noite despontavam e o movimento dos alunos nas cabines anunciava que a estação King Cross estava perto, Hogwarts havia ficado para trás.

No velho castelo da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts salas e corredores estavam sombrios e silenciosos. As chamas nas antigas paredes iluminavam apenas os quadros onde seus personagens mal se mechiam. Apenas Madame Nor-r-ra passeava pelos corredores com seus olhos sempre atentos e vigilantes e até os fantasmas que viviam na escola se recolheram como que abatidos pela tristeza que a ausência dos alunos trazia ao antigo castelo. Dentro da biblioteca, Alvo Dumbledore se certificou de que o Livro Sagrado estava realmente seguro antes de se recolher a seus aponsentos. Lá fora os últimos ventos do inverno varriam os jardins de Hogwarts e a horta ao fundo da cabana de Hagrid. Ao longe, bem ao fundo da Floresta Proibida, podia se ouvir o som de uivos e bater de asas ecoando na escuridão, anunciando que apesar da noite, os seres da floresta estavam atentos e à espera de algo que inevitavelmente estaria por vir.

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