O Velho Anuário



No caminho até o salão principal, Harry contou a Rony e Hermione os acontecimentos da noite passada e os amigos escutaram atentos trocando estranhos olhares que ele fingia não perceber para não ter que interromper o seu relato.

_ Mas como você vai à casa de Emille se estamos distantes do natal e mais ainda das férias? E por que ela tem autorização para ir para casa se ainda há aulas? Perguntou Hermione já à mesa do café da manhã.
_ Quando estivemos em Hogsmead, Emille disse que mora aqui perto no alto da colina próxima à floresta. Por isso foi transferida para cá, está mais perto de casa e eu acho que ela tem autorização porque é filha de professor.
_ E de onde ela veio transferida?
_ Não sei ao certo, Mione, ela nunca fala da antiga escola.
_ Você não acha estranho ela nunca ter dito que era filha de Quilmers?
_ Ela disse sim, quero dizer, disse que o pai dela era professor e que mãe morreu quando ela ainda era um bebê.
Já era hora de encerrar o café e os alimentos começaram a desaparecer de cima da mesa. Rony, que havia comido pouco por estar prestando a atenção à conversa entre Harry e Hermione, ficou chateado pois, queria mais biscoitos.
_ Você comerá mais no lanche da tarde, Ron, falou Hermione muito séria.
_ Vamos logo, temos aula com Snape agora.
_ Espere Ron, ainda temos 15 minutos. Venham comigo, quero mostrar uma coisa. Rony e Harry seguiram Hermione que andava apresada pelos corredores e escadas.
_ Venham rápido, conheço um atalho para a biblioteca, andem de pressa antes que as escadas se movam e mudem de lugar.
Finalmente chegaram à biblioteca, os garotos se sentaram enquanto Hermione sumiu entre as estantes. Dois minutos depois a garota retornou com um antigo livro de capa preta com escrita dourada nas mãos.
_ Vejam.
_ O que é isso?
_ É um antigo anuário de Hogwarts, Ron. Quero que dêem uma olhada nesta página. Na página amarelada se destacava a foto de jovem bruxo, magro e pálido com um sorriso tímido.
_ Quem é esse?
_ Veja o que diz abaixo da foto, Harry.
_ “Marck W. Quilmers”! Será o profº Quilmers?
_ Exatamente, Harry. Agora veja no final do livro o nome completo do professor.
_ “Marck Wells Quilmers”! O sobrenome de Emille e da mãe dela.
_ Da mãe dela?
_ É, Ron. Quando estávamos em Hosmead, Emille disse que a mãe dela se chamava Ellen Wells.
_ Bem, Mione, isso faz sentido. Se Quilmers é pai de Emille, é natural que ele tenha o mesmo sobrenome que ela.
_ Eu sei, Ron. Mas o que quero mesmo mostrar, é isto. Hermione tirou do bolso um antigo recorte retirado do Profeta Diário.
_ O que é isso? Perguntou Harry.
_ É um velho recorte do Profeta Diário que encontrei no arquivo de notícias da biblioteca. Aqui diz que Marck Wells Quilmers era um excelente aluno, um dos melhores de Hogwarts no seu tempo. Sabem em qual matéria ele mais se destacava?
_ Claro, Poções.
_ Não, Ron, DCAT. Quilmers era brilhante nessa matéria, o melhor da escola.
_ Mas, se Quilmers era o melhor em DCAT porque Dumbledore o colocou como professor de Poções?
_ Acho que é porque Snape deve ter pedido a vaga antes de Quilmers chegar, Harry.
_ Não é isso, Ron. Essa antiga reportagem também diz que Quilmers foi punido pelo Ministério da Magia por práticas indevidas de magia avançada próximo à trouxas. Ele passou 6 meses em Azkaban por causa disso.
_ Aí diz que tipo de magia ele tentou lançar nos trouxas.
_ Não, Harry, eu disse que ele usou magia perto dos trouxas e não contra eles. Segundo a notícia Quilmers estava em um cemitério praticando magia enquanto trouxas passavam por perto.
_ E que tipo de magia era, Mione? Perguntou Rony . Hermione respirou fundo e respondeu:
_ Ele foi pego lançando um poderoso feitiço de ressurreição sobre o túmulo da esposa que havia morrido há poucos meses e para piorar ele usava um livro roubado do próprio Ministério da Magia para tentar ressuscitar a mulher.
_ E que livro era esse?
_ Bem, Harry, era O Livro dos Mortos ou o Livro Sagrado. O trio ficou em silêncio, ninguém sabia bem o que dizer até que Harry resolveu quebrar o silêncio.
_ Será que foi ele... Harry olhou para os lados e diminuiu a voz. _ Será que foi ele que roubou o livro desta vez também? Rony e Hermione se entreolharam e a garota respondeu:
_ Bom, na verdade, Harry, segundo Dumbledore, o principal suspeito é você.
_ Eu? Claro que não. Rony e Hermione olharam novamente um paro o outro de forma estranha.
_ Chega! Eu sei que está acontecendo alguma coisa por aqui. Vocês dois andam muito estranhos e já faz tempo que eu estou observando isso. Desde aquele dia, na sala de Dumbledore, que vocês estão diferentes. E então, vão me dizer o que está havendo. Rony abaixou a cabeça e ficou folheando o velho anuário e Hermione então resolver falar:
_ É que... Bem, todas evidências estão contra você...Esse seu contato com Emille Wells e...Não que nós estejamos desconfiando de você mas...
_ Não, não, eu não acredito, Hermione. Harry se levantou bruscamente da cadeira. _ Que Minerva McGonagall e Snape desconfiem de mim, tudo bem mas, vocês, vocês são meus amigos, quero dizer, eu pensava que eram. Antes que eles pudessem responder, Harry virou as costas e saiu com lágrimas nos olhos, Hermione correu atrás do amigo pelo corredor mas, não conseguiu alcançá-lo.

Durante a aula de DCAT Harry sentou-se distante de Rony e Hermione. Snape deu a sua pior aula, até o momento, na opinião da maioria dos alunos. O professor entrou muito sério na sala de aula e mandou que os alunos lessem, por quase uma hora, um capítulo do Livro de Magia das Trevas que informava todas as punições que um bruxo poderia sofrer em caso de praticar magias muito poderosas sem autorização. Snape se manteve o tempo todo sentado em sua mesa com a pena na mão e às vezes levantava a cabeça para olhar para Harry e voltava a escrever novamente. O garoto fingia não perceber mas, não se importava, estava mesmo chateado com seus amigos que achavam que ele era um ladrão de livros. Harry não entendia o motivo da desconfiança, o que ele iria fazer com um livro daqueles, usado apenas por bruxos muito poderosos para ressuscitar mortos? Não fazia sentido para ele e sua vontade era de sumir e ir para um lugar onde só houvesse Emille que parecia ser a única pessoa que tinha confiança nele. O final de semana estava chegando e Harry mal podia esperar para estar com ela fora de Hogwarts.

Harry não falou mais com os amigos, nas aulas sentou-se distante deles e não respondia a nenhum comprimento de Rony e Hermione. Finalmente chegou o fim de semana, o tempo estava muito frio e o vento era intenso. Harry havia combinado com o profº Quilmers que se encontraria com ele no final do treino de quadribol para irem ao encontro de Emille. Infelizmente Harry não conseguiu encontrar a garota antes que o fim de semana chegasse e o medo de que ela não gostasse de sua presença na casa dela o deixou ainda mais apreensivo. O treino foi tenso, Harry estava muito nervoso e impaciente com os erros de Rony no gol, ele evitava falar com o amigo dizendo apenas o necessário como se fossem dois estranhos. O vento estava muito forte e isso estava atrapalhando a maioria dos jogadores e tudo piorou quando começou a nevar. Uma garota da Lufa-Lufa, que assistia ao treino na arquibancada, levou um golpe de balaço na cabeça por causa do vento forte e caiu desmaiada. Por isso, Snape e Minerva encerraram os treinos 20 minutos mais cedo e Harry correu para a torre da Grifinória para se arrumar para o encontro com Quilmers. Quando já estava saindo da sala comunal da Grifinória Harry topo com Hermione e foi passando direto quando a amiga chamou:
_ Harry! Você já está indo ver Emille?
_ Não se preocupe, Hermione, prometo que no caminho não roubarei nenhum livro. E saiu sem dar chance de resposta a Hermione. Desceu as escadas pisando firme quando ouviu um estalo bastante familiar e quando olhou para traz se deparou com Dolby.
_ Olá Harry Potter, meu senhor.
_ Dolby !
_ Sim, Dolby quer saber se Harry Potter precisa de alguma coisa, parece um pouco aborrecido.
_ Não preciso de nada e quanto aquele dia na casa dos meus tios eu...
_ Oh, por favor, Harry Potter, perdoe Dolby, eu não queria que o garoto gordo machucasse o meu senhor. Qual castigo Harry Potter quer que Dolby cumpra? Dolby pode queimar as mãos se quiser...
_ Dolby, não. Pare. Não quero que você cumpra nenhum castigo, quero apenas lhe agradecer pelo que vez, o Duda mereceu. Obrigado!
_ Harry Potter está agradecendo a Dolby? Dolby começou a chorar de alegria e a soar o seu nariz em sua velha roupa de trapos que insistia em usar apesar de em Hogwarts sempre ter roupas novas para os elfos domésticos.
_ Dolby, não precisa chorar. De repente as escadas começaram a se mover e Dolby disse:
_ Dolby queria ficar mais com seu senhor, Harry Potter, mas precisa voltar para cozinha agora.
_ Pode voltar Dolby e eu não sou o seu senhor, agora você é livre. Dolby agradeceu, pediu licença e desapatou deixando Harry parado na escada esperando ela parar de se mover.

Harry ficou aguardando Quilmers na entrada do castelo, o vento intenso que havia durante o treino havia diminuído. O garoto ouviu então um barulho passos na escada atrás de si e quando se virou esperando ver Quilmers, deu de cara com Filch e Madame Nor-r-ra. O zelador o encarou de cima a baixo e perguntou:
_ O que está fazendo aqui de vassoura mão, Potter?
_ Estou de saída, sr. Filch.
_ E com autorização de quem você pensa que vai sair?
_ Com minha e do diretor, Filch, respondeu Quilmers descendo as escadas. _ Aqui está a autorização de Dumbledore e eu sou o responsável por ele até voltarmos. Filch pegou o pedaço de pergaminho da mão de Quilmers, olhou-o por uns segundos e falou:
_ Está certo professor, se Dumbledore quer assim. Devolvendo o pergaminho Filch se virou e foi embora seguido por Madame Nor-r-ra. Quilmers e Harry caminharam em direção à saída principal do castelo de Hogwarts.
Na sala comunal da Grifinória, Rony encontrou Hermione sozinha e pensativa em frente à lareira e ele se sentou ao lado dela.
_ E então, como foi o treino?
_ Foi péssimo, Harry mal falou comigo. Acho que perdi o amigo.
_ Não perdeu, Ron. Quando tudo isso passar ele vai entender agente.
_ Ele já foi ao encontro de Quilmers?
_ Já, acabou de sair.
_ Sabe, Mione? Estive pensando, por que será que Dumbledore contratou Quilmers se ele já esteve até preso?
_ Quilmers foi preso tentando ressuscitar a mulher em um ato de desespero. Ele não roubou o livro para ter lucro e nem fazer o mal, só queria a mulher amada de volta.
_ Incrível como ele conseguiu roubar o Livro Sagrado de dentro do Ministério da Magia.
_ Quilmers foi um dos melhores alunos daqui como dizia aquela velha notícia. Foi fácil para ele conseguir um cargo de confiança no Ministério.
_ Poxa! Ele deveria amar muito a esposa para tentar uma magia tão poderosa dessas. Já ouvi meu pai falar que só Aquele-que-não-deve-ser-nomeado tentou essa façanha. Mas ele quis ressuscitar a si mesmo.
_ É, as pessoas fazem coisas incríveis quando amam, como os pais de Harry, por exemplo. Você também faria o mesmo, Ron, se perdesse alguém que realmente ama.
_ Com certeza faria. Respondeu Rony olhando profundamente nos olhos da amiga que se sentiu um pouco intimidada pois, ele nunca havia olhado para ela daquela maneira. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos até que Rony resolveu quebrar o gelo da situação.
_ Como será que o livro veio parar em Hogwarts depois da prisão de Quilmers?
_ A bibliotecária me disse que o Livro Sagrado veio para cá porque na época não era seguro que ele continuasse no Ministério. Acreditava-se que aqui o livro estaria protegido por uma magia forte que poucos bruxos poderiam quebrar, afinal não é qualquer um que consegue atravessar os portões de Hogwarts.
_ Eu sei como atravessar os portões de Hogwarts sem precisar quebrar a magia antiga que protege o castelo.
_ Ah é? E como você faria isso?
_ Aceitando um convite para dar aulas. Hermione fixou seu olhar no fogo da lareira e voltou a ficar pensativa.

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