Introdução



Abriu os olhos e fitou o tecto branco por cima de si.


A sua mente encontrava-se agora igual aquele tecto: em branco.


Acabou por achar que se algum dia viria a conseguir dominar a Oclumância, esse dia seria este. Não sentia absolutamente nada, talvez por não querer, talvez por estas estarem a ser as suas piores férias de Verão desde há quatro anos.


Tinha finalizado o seu quinto ano em Hogwarts, mas não da melhor forma, pelo contrário.


Haviam já passado dois meses desde a morte do seu padrinho, Sirius Black, dois meses esses, que se igualavam a um único dia.


Parece que fora ontem que Harry estava no quarto a falar com os seus amigos quando Sirius passou, muito alegre e bem-disposto, com a cara parcialmente tapada pelos seus longos cabelos pretos, que lhe destabilizam a sua beleza, embora uma boa parte dela tivesse desaparecido em Azkaban. E nas suas mãos uma caixa, a passar pela porta do quarto que lhe fora destinado (ao Harry), a dirigir-se por sua vez, ao quarto de BuckBeak e a cantar alegremente, como nos tempos de escola, como nos tempos despreocupados e como em alguns tempos dos que outrora fora vivo:


"Deus te guarde querido Hipogrifo!"


Em tom de música de Natal.


Esse havia sido o seu último Natal…


Ao mesmo tempo, parece que havia sido ontem que vira Sirius cair dentro daquele arco com um manto negro suspenso…parece que ainda ouvia a gargalhada triunfante de Bellatrix e a mão de Lupin não permitindo que fosse ter com o padrinho.


Mas ele acreditava, que mesmo depois de não conseguir ver o Sirius no espelho que lhe oferecera, ou mesmo em fantasma, que ele estava vivo.


Não sabia ao certo se estava confiante nesta afirmação, mas acreditava nela e para ele, neste caso, a esperança era a última a morrer.


E Sirius morreu, não para ele, mas para os outros.


Os seus amigos e alguns membros da Ordem mandam-lhe cartas quase todos os dias, do tamanho quase de um relatório, mas Harry despreza e responde sempre com a mesma frase:



"Estou bem" ou "Tudo bem"


Harry Harry

Consoante o caso.


Ainda não recebera o resultado dos seus exames, o que nem se importava, porque nem sequer pensava neles.


Os seus tios haviam ganho um pouco mais de respeito para com ele desde que um dia, mais ou menos uma semana depois das férias começarem, terem recebido um gritador, pouco depois de terem servido um pequeno-almoço com meia salsicha, meio pão e meio copo de leite ao Harry enquanto que Duddley tinha 8 salsichas, 3 pães e 2 copos de leite, a dizer (desculpem), a gritar:



"QUEM É QUE TU PENSAS QUE O HARRY É? UM SAPO? TROCA-ME IMEDIATAMENTE O PRATO DO HARRY COM ESSE PORCO ANTES QUE SOFRAS AS CONSEQUÊNCIAS!!!"



Era óbvio que o gritador era de Tonks.


Se a Petúnia já a odiava pelo seu aspecto físico, agora que ela chamou "porco" ao seu bebé ainda foi pior.


Esfregou os olhos e sentou-se na cama.


Acordava em branco, mas pouco a pouco, ia voltando à realidade.
Os pensamentos dentro de si iam acordando com ele.


Mas Harry já nem ligava aos seus próprios pensamentos, às cartas dos amigos, a Hogwarts, a nada…


Para ele, já nem valia a pena pensar.


Estava triste, muito triste. Os seus pais haviam sido mortos quando era apenas um bebé e ficara reduzido apenas ao seu querido padrinho.


Mas agora perdera-o também. Graças ao Voldemort e aos seus estúpidos devoradores da morte.



«Voldemort…sim…talvez devesse pensar melhor nele…»



Mas outro pensamento passou-lhe pela cabeça:



«Mas para que é que eu me preocupo tanto? Voldemort já matou quem tinha a matar, já conseguiu destruir a minha vida, por isso não me faz diferença que acabe comigo agora»



A sua mente passou de branco para preto.



«Que é que eu estou para aqui a pensar? Eu não posso ser egoísta, não posso pensar só em mim! Não posso deixar o Dumbledore sozinho a lutar contra o Voldemort!»



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