Capítulo II



Após deixarem as malas nos aposentos de Snape, os dois foram até a sala do diretor.

- Como vai, Severo? E a senhorita... – Cumprimentava Dumbledore.

- D'Anjou, senhor... Dumbledore, não?

- Sim, sim, é um prazer. – Sorriu o bom velho, ao constatar que a jovem já sabia seu nome.

- O prazer é meu, senhor. – Sorriu a menina.

- Estamos muito bem, Alvo. Agora eu sou o tutor da senhorita D'Anjou, como já sabe. Ela ficará no castelo, como combinamos... Só vim aqui para apresenta-la. – Falou Snape.

- Senhor Dumbledore, em que casa eu irei ficar? – Perguntou Kanako, animada, tomando a atenção de Dumbledore.

- Não interrompa nossas conversas, senhorita! – Falou Snape, letalmente.

- Ora, mas o senhor mesmo disse que só veio me apresentar... E como eu e o senhor Dumbledore já fomos devidamente apresentados...

- Isso não lhe dá o direito! Seja no mínimo educada, por favor.

- Ora, Severo... Não se irrite... Estamos apenas conversando... – Falou Dumbledore, se intrometendo. Virou-se para Kanako: - Isto nós só saberemos quando os outros alunos voltarem, aí faremos a cerimônia de Seleção, senhorita. Por enquanto irá dividir os aposentos com Snape, depois irá ao dormitório da tua respectiva casa.

- Ah... Sim, senhor... – Kanako sorria.

- Bem, se já não tens mais nenhuma pergunta para fazer ao diretor, acho que deveríamos ir aos meus aposentos para ajeitar tuas coisas. – Falou Snape.

- Pois não...

Caminharam a passos rápidos até a masmorra, depois de se despedirem do diretor. Kanako olhava para as paredes, extasiada. Seu sorriso bobo desapareceu quando entraram nos aposentos de Snape e ele veio lhe falar:

- Escute bem, senhorita D'Anjou. – Começou, puxando Kanako pelo braço e a jogando na cama – Não quero que se meta nas conversas, nem, muito menos, que fiques à me questionar e a vir de encontro às minhas decisões.

- Senhor... Eu...

- Nada! Quero que me respeite. – Houve uma pausa, onde nem a respiração dos dois se ouvia – Ouviu bem?

- Sim... Sim, senhor.

Snape saiu do quarto, batendo a porta, deixando Kanako sozinha por alguns momentos. Ela aproveitou para olhar o quarto, havia apenas duas portas, a pela qual eles entraram e outra, que Kanako não sabia aonde ia. Além disso, havia um grande armário, a cama, e um criado-mudo.

- Dormirás aqui... Eu dormirei no sofá, como antes. Não precisa tirar nada do malão, logo as aulas começarão. – Falou Snape, quando voltou.

- Senhor... Eu não quero dormir sozinha.

- Acredito que a senhorita já tenha bastante idade para tanto.

- Eu não sinto isso... Poderia dormir comigo, senhor? – Implorou Kanako.

Snape não sabia o que dizer. Ficou olhando para a garota, perplexo.

- Não é meu tutor? Meus pais sempre dormiam comigo quando sentia medo...

- Senhorita. Vamos jantar. Quando formos nos deitar, resolveremos.

- Sim, senhor.

Depois de um jantar calmo, onde Kanako conheceu os outros professores da escola, os dois se encaminharam novamente às masmorras.

- Onde fica banheiro, senhor Snape? Gostaria de tomar banho... – Perguntou Kanako, quando chegaram nos aposentos de Snape novamente, estavam numa sala que havia antes do quarto.

- No quarto, senhorita. No quarto. A única porta que há no quarto. – Respondeu sarcástico. – Quer que lhe mostre o caminho? – Ofereceu seu braço.

- Não vai ser preciso, senhor. Muito obrigado, mas já estou me situando. – Falou, e retirou-se.

Uma hora depois, ela volta à sala, de camisola e robe negros. Seu tutor lia um livro, numa poltrona, na sala. Sentou-se no sofá que havia em frente à poltrona.

- Vai dormir agora, senhor Snape? – Perguntou, desejando que a resposta fosse positiva.

- Não, senhorita... – Respondeu, sem desgrudar os olhos do livro.

- Estou cansada... – Comentou mais pra si mesma, que pra Snape, apesar da voz alta.

- Então vá deitar-se.

- Não... Acho que vou ficar aqui por mais algum tempo. – Falou, abraçando seus próprios joelhos.

Snape olhou por cima do livro. O robe da menina estava entreaberto, na altura do colo, e uma das alças de sua camisola pendia, descontraidamente, em seu ombro.

Uma hora depois, Snape levantou-se e fechou o livro. Kanako imitou seu gesto. Ia fazer algum comentário maldoso sobre isto, mas desistiu quando viu as faces molhadas da menina. Ela havia chorado.

Encaminhou-se, então para o quarto. Kanako em seu encalço. Entrou no banheiro, e tomou um banho rápido. Quando voltou, Kanako já estava deitada sobre a cama.

- Senhorita, esta noite dormirei aqui, contigo. Mas não poderei fazer isto sempre.

- Por que, senhor Snape?

- Por que, senhorita D'Anjou, não convém um homem da minha idade dividir a cama por noites a fio com uma menina como a senhorita. Eu estaria lhe desrespeitando.

- Mas não acredito, meu senhor, que algum mal possa nos acontecer em simples noites de sono.

A ingenuidade de Kanako já estava irritando Snape. Mas não seria ele à explicar a menina o que poderia acontecer em "simples noites de sono", quando duas pessoas dividem a mesma cama. Afinal, ela já estava se tornando uma moça, a inocência começava a ser burrice. Respirou fundo e falou:

- Vamos dormir, senhorita D'Anjou.

Os dois, então, deitaram-se o mais afastado possível, tentando, cada um, respeitar o espaço próprio do outro.

No meio da noite, Snape acordou deveras sobressaltado. Havia tido um sonho com Kanako. Sentiu-se envergonhado por dentro por ter um sonho como aquele, com a bendita garota. Virou-se para encarar a mesma, e lá estava o rosto adormecido da bela jovem. A respiração ofegante da menina chamou a atenção de Snape. Então notou a expressão amedrontada que ostentava. Decidiu acorda-la.

- Senhorita D'Anjou. Estás bem?

A garota acordou do que parecia, um sonho ruim.

- Sim senhor... Foi só um pesadelo... Não queria acordar-lhe. Desculpe-me...

- Não me acordastes... Eu acordei por cau... Para ir ao banheiro. – Mentiu Snape.

- Ah... Sim.

Snape já estava se preparando para dormir novamente quando Kanako falou:

- E então?

- Sim?

- O senhor não vai ao banheiro?

- Senhorita, esta não é uma das mais convenientes perguntas. – Respondeu, chateado.

- Desculpe-me, senhor... – A menina virou-se e tentou adormecer.

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