Capítulo X



Capítulo X


I think about you all the time

Eu penso em você todo o tempo
But I don't need the same

Mas eu não preciso passar por tudo que passei



O Salão Principal estava se esvaziando aos poucos após o jantar. Jonathan assistia os alunos irem em direção às suas salas comunais, sentado na mesa da Grifinória. Estava sem pressa nenhuma para se levantar. Na verdade, o que lhe faltava era ânimo. Estava exausto psicologicamente. Não estava mais agüentando o fardo que carregava. Para piorar às coisas, recebera pela manhã uma carta de seu pai. Nela ele dizia que estava com saudades e que estava preocupado com a falta de noticias dele, já que Jonathan só lhe mandara uma carta (muito a contragosto) desde que fora à escola.

Jonathan havia chorado após ler a carta, pois Rony sempre fora o melhor pai do mundo. Tratava-o como um príncipe e Jona sabia o porquê disso: Rony nunca se conformara com a morte da esposa; Jonathan, mesmo não sabendo muito sobre o passado de seus pais, sabia disso! A solidão fazia Rony amá-lo mais que o normal, pois Jonathan era a única família que ele tinha... a única lembrança de Hermione.

Olhando para o Salão Principal Jona notava as expressões de felicidades dos outros estudantes e sentia inveja disso. Inveja da despreocupação deles. Inveja da alienação que eles viviam. Inveja de suas monotonias... enfim, inveja de suas vidas. Detestava o caminho pelo qual sua vida havia rumado. Nada era fácil para ele, sempre o caminho mais difícil era o que precisava seguir: primeiro fica órfão de mãe, depois descobre que alguém que odeia é seu pai e por último, e pior, descobre que possui uma maldição crônica que tira seus poderes gradativamente. Não era justo estar sofrendo assim!!! Não era justo ser o único garoto de 11 anos com tantas desgraças em sua vida.

- Oi, Jona. – Jonathan, absolto em seus pensamentos, nem havia notado que Alicia estava se aproximando.

- Ah... oi. – respondera sem emoção.

- Você não está legal, não é? – Alicia percebera que Jonathan estava ficando cada dia mais triste.

- Como poderia ser diferente? – respondeu ríspido.

- Tudo bem, não ligo mais para seu mau humor, pois já me acostumei. – Alice sentou-se ao lado do garoto – Cadê o Daniel?

- O professor Flitwick deu um dever de casa especial para ele.

- Ah, por causa da confusão que ele fez durante a aula de feitiço convocatório? É, eu lembro disso. – Alicia percebeu que Jona continuava com o olhar perdido.

- Eu só estou dando problemas para vocês...

- Pare de falar bobagens, Jona! – a garota repreendeu o amigo – Eu e o Daniel somos seus amigos. Estamos somente te ajudando a freqüentar as aulas sem que ninguém perceba seu problema.

- Nós estamos mentindo, McLean! – Jona falara em um tom de voz mais elevado – Mas, para você mentir é uma coisa banal, não é?

- Não estamos mentindo. – Alicia pareceu ignorar a última frase de Jonathan – Estamos somente contornando a situação até nós acharmos a cura.

- Essa cura é uma lenda e você sabe disso.

- Não sei nada! Jonathan, se você perder as esperanças mais ninguém poderá te ajudar. – Jona pensou em responder à última citação da loira, mas não encontrou palavra alguma em sua mente – Estava pensando em quê quando eu cheguei?

- No meu pai. – a resposta de Jonathan surpreendeu a garota que esperava ouvi-lo dizer algo grosseiro, mas, pelo contrário, ele lhe respondeu numa voz sem forças.

- No Malfoy? – perguntou abaixando o tom de voz como se não quisesse que ninguém ouvisse.

Jonathan olhou a garota de "rabo de olho" e depois revirou os olhos de impaciência.

- É claro que não! Eu sei que o Rony não é meu pai, mas era nele que eu estava pensando.

- Quem disse que o Rony não é seu pai, Jona?

- Alicia você é burra ou o quê? Vai me dizer que até agora você não entendeu que o Malfoy é meu pai?

- Não é isso, eu só estou dizendo que pai é aquele que cria.

Jona também pensava assim. Rony nunca deixaria de ser seu pai, mesmo que ele não possuísse o sangue dos Weasleys. Sangue que, durante toda sua vida, tanto se orgulhou de ter. Sempre que ia a Toca ficava extremamente feliz em ver seus tios e avós juntos e felizes com pouco. Era esse tipo de felicidade que Jonathan sempre considerou como a maior de todas: a felicidade na necessidade, pois é fácil ser feliz quando se tem de tudo. Era esse um dos motivos que fazia Jonathan se orgulhar da família Weasley... a eterna família dos "cabelos rubros".

- E eu nem tenho cabelo ruivo... – Jona pensou alto.

- O que você disse?

- Nada, McLean. Eu só estava pensando em como é triste não fazer parte da família Weasley.

- Sabe do que você precisa, Jona?

- Isolamento? – perguntou sarcástico.

- Lógico que não! – Alicia o repreendeu novamente. Não gostava de ver o amigo "caído" assim – Você precisa ver seu pai. Quando digo "seu pai" me refiro ao Rony.

- O que você quer dizer com isso? – Jonathan começou a perceber que seu mau humor estava voltando.

- Daqui a duas semanas será natal, então, por que em vez de você ficar aqui em Hogwarts você não vai para casa? Tenho certeza que vai lhe fazer super bem rever seu pai.

Na verdade, Jonathan se lembrou, seu pai havia lhe perguntado se ele ia mesmo passar o natal em casa. Jona estava adiando ter que pensar nisso, mas a proposta de Alicia fizera ele voltar a pensar no assunto. Realmente iria lhe fazer bem rever seu pai, mas não saberia o que fazer quando o ouvisse chamá-lo de "filho". Seria doloroso demais engana-lo.

- Não, não é justo.

- Como assim?

- O Rony não sabe que Malfoy é meu pai.

- Então vá e conte a ele toda verdade. – Alicia disse cautelosa, pois não queria irritar o amigo.

- Não posso...

- É claro que pode! É preferível ele saber de toda a verdade do que viver em uma mentira, não acha?

- Talvez seja melhor nunca sabermos de algumas coisas. – Jonathan pensou em como seria mais fácil se ele próprio nunca tivesse descoberto de todo seu passado.

- Jonathan, me ouça. – Alicia encarou o amigo - Nada é melhor do que a verdade. Seu pai nunca vai te perdoar se descobrir, no futuro, que você sabia desta história toda e nunca contou para ele.

- Olha quem fala? – perguntou sarcástico – A maior mentirosa, falando sobre verdade... não me venha com sua piedade, McLean.

- Já disse que não vou me irritar mais com suas grosserias, Jona. Não estou com pena de você, estou só te dando um conselho de amiga. Vá passar o natal com seu pai e converse com ele. Você vai ver como uma dor dividida dói menos do que uma dor solitária.

Jonathan detestava admitir, mas Alicia estava certa novamente. Mesmo que não quisesse, sabia que precisava contar toda a verdade para Rony e vê-lo no natal talvez lhe trouxesse um mínimo de alegria da qual estava precisando.



Rony acabara de chegar do Ministério. Não suportava chegar em casa em dias como esse, pois a casa estava deserta. Com Jonathan em Hogwarts e Harry e Gina trabalhando, a casa costumava ficar vazia boa parte do dia. Já sabia que Gina não tinha horário para voltar e Harry, em épocas de campeonato, sempre ficava treinando até tarde, então, após um muxoxo de desgosto, Rony entrou na escura casa.

Era em momentos como esse que mais se sentia solitário. Lembrou-se com certa nostalgia dos momentos felizes que passara com Hermione e em como queria que ela estivesse ao seu lado. Mas esses anos todos sem a esposa lhe trouxera uma desesperança que o fazia cada dia menos acreditar no termo "felicidade pessoal". Sua felicidade seria eternamente viver na felicidade dos outros: felicidade de ver Jona formado, felicidade de ver Harry ganhar algum campeonato, felicidade de ver Gina se casando com seu melhor amigo, mas felicidade por algo seu... nunca mais. Não tinha essa vontade, pois "Que graça tem ser feliz, se não tenho a Mione para dividir comigo", pensava.

Pendurou as chaves ao lado da porta e caminhou até a poltrona no centro da sala, colocando seu casaco em cima. Trabalhara muito durante o dia, pois, em época de campeonato Britânico de Quadribol, o Departamento de Eventos Esportivos ficava em polvorosa. Sentiu algo roçando suas pernas e viu Bichento, o velho gato alaranjado de Hermione, fazendo um mimo em seu dono. Rony costumava detestar o gato. Brigara diversas vezes com a esposa por causa dele, mas, depois que Mione se fora, Bichento se tornara mais uma companhia para sua eterna carência.

Foi até a cozinha e pegou uma latinha com comida para gato colocando-a no potinho azul que pertencia a Bichento. Rony ainda afagou a cabeça do gato antes de caminhar em direção à sala novamente. Jogou-se na poltrona, que há pouco pendurara seu casaco, mas, antes que pudesse colocar seus pés em cima da mesinha central, ouviu uma batida na porta. Não imaginava quem pudesse ser àquela hora, já que Gina e Harry tinham chave, mas foi abri-la.

Ouviu uma voz feminina falando com alguém no outro lado da porta, mas o mais estranho era que não ouvia respostas. Resolvera perguntar, então, quem era.

"O que eu respondo?", Rony pensou ter ouvido a mulher do lado de fora dizer.

- Sou uma funcionária da imobiliária... – Rony notou que a mulher vacilou por uns segundos antes de continuar – ... Monte Castelo e vim conversar com o senhor sobre sua antiga casa.

Rony teve uma certa dificuldade em processar o que acabara de ouvir, pois já havia se passado onze anos que não mexia com os trâmites da venda da casa onde morou com Hermione. Não gostava de ficar lembrando do assunto, por isso contratara os serviços de uma imobiliária.

- Oh... perdão. – disse Rony abrindo a porta – Perdão por deixa-la esperando, Srta... – Rony terminou a frase como se quisesse saber o nome da mulher a sua frente.

- ... Jaqueline.

- Jaqueline de quê? – Rony perguntou com uma careta.

- Jaqueline... ããrr... Jaqueline Dustriunchety... é, isso.

- Sobrenome diferente. É estrangeiro, não é? – Rony perguntou sem esconder sua cara de confusão.

- É russo... sim, minha família é russa... mas, na verdade eu sou brasileira, pois meus pais foram para o Brasil e se conheceram lá... e lógico, eu nasci lá. Mas vim para cá novinha, embora meu inglês pareça mais americano do que britânico e.... Aaaaiiiiii, Sabeeee!!!!!!! – Rony se assustou com o grito de dor repentino da bruxa a sua frente. – Sabe... sabe... sabe inglês americano, né? – Rony notou que a mulher parecia estar disfarçando alguma coisa, mas não entendia o porquê disso.

- Bom, mas você veio aqui para quê mesmo? – Rony perguntou ainda com um olhar confuso, pois achava que aquela bruxa era extremamente estranha.

- Ah, sim... claro. – Jaqueline falava alisando discretamente o braço esquerdo – Estou aqui para conversar sobre a casa localizada na Rua Francis Sheldon nº 52... – Rony se assustou novamente depois de um pulo repentino da bruxa - ... 56... perdão, Rua Francis Sheldon nº 56. Está correto?

- Está.

- Pois então, o senhor colocou minha imobiliária como responsável pela venda da propriedade, mas há uns probleminhas com ela.

- Probleminhas? Como assim? A casa está em perfeitas condições, presumo.

- Bem se vê que o senhor não freqüenta a casa há anos. – Jaqueline disse com um tom falsamente repressor – A casa está infestada de cupins.

- O quê? – Rony perguntou alarmado – Como assim "cupins"? A casa estava em perfeitas ordens quando eu deixei aos cuidados da imobiliária, Srta... qual é mesmo seu nome?

- Dustri... – Jaqueline começou a falar - ... errrhh... então, Sr Weasley, não fuja do assunto. A imobiliária Montes Verdes não pode ficar responsável de vender uma casa que está caindo aos pedaços.

- Você não tinha dito antes que o nome da imobiliária era Monte Castelo? – Rony perguntou confuso. Aquela bruxa estava deixando-o completamente louco.

- Desde o começo eu disse que o nome era Montes Verdes.

- Não, não disse.

- Disse siiimmm... – Jaqueline começou a alisar o braço esquerdo novamente antes de voltar a falar - ... mas isso não vem ao caso. O que importa, Sr Weasley, é que se o senhor não providenciar uma "descupinação" da sua antiga casa, nós da imobiliária Verdes Montes vamos nos demitir da venda.

- Mas vocês não podem fazer isso!

- Já estamos fazendo! Olhe, Sr Weasley, eu lhe procurarei daqui a uma semana para saber se o senhor resolveu o problema dos cupins em sua casa. – Jaqueline disse indo em direção à porta.

A última coisa que Rony queria naquele momento era ter que voltar àquela casa, na qual vivera ao lado de seu grande amor.

- Mas é que... – Rony ponderou antes de retornar a falar - ... é que aquela casa me trás recordações tristes, Srta Dustriunalgumacoisa. Eu não vou lá há mais de uma década.

- Eu sei... êrrh... quer dizer... eu entendo, mas infelizmente não podemos fazer nada.

- Mas... – Rony tentou 'negociar'.

- Nada de "mas", Sr. Weasley. Ou o senhor resolve o problema dos cupins, ou o senhor terá que cuidar pessoalmente da venda de sua casa. – Jaqueline estava parada à porta – O Sr. é quem decide.

A estranha bruxa saiu batendo a porta. Rony ainda ficou parado, estarrecido, olhando sem ver a porta. Era estranho pensar, assim de repente, em voltar a um lugar que não freqüenta há mais de uma década e que só lhe trás sentimento de nostalgia. Apesar de tudo, sabia que não podia se esconder do problema.. talvez enfrenta-lo fosse, realmente, a melhor opção. Ainda a contragosto, decidiu que iria a sua antiga casa e enfrentaria seu passado.



:.: A dor era insuportável! Sabia que iria doer, mas no exato momento, concluiu que não fazia noção nem da metade da real dor. Hermione sentiu ser carregada pelos braços familiares de seu esposo até uma confortável cama. Não conseguia raciocinar, tamanha dor. Seus olhos se enchiam de lágrimas a cada grito desesperado que dava. Ouvia vozes ao seu lado, mas não conseguia distingui-las.

"Saia daqui, Rony!"

"Mas e a Mione...???"

"Ela vai ficar bem. Saia, que senão você vai atrapalhar!"

Seu filho estava para nascer e isso lhe causava uma angustia muito forte, pois tinha medo do que pudesse acontecer. Jonathan, seu filhinho, poderia estar morto!!! Oh, não... não, não, não!!!

Gritos... dor... medo...!!! Hermione nunca estivera tão apavorada quanto agora. Não podia permitir a morte do ser mais importante de sua vida! Xingou-se mentalmente por não ter dito toda a história para Rony... quem sabe ele pudesse ajudar???

Uma força inconsciente surgia de dentro de Hermione e ela empurrava seu filho para fora, numa medida desesperada de dar a vida a seu filho.

"Força, Hermione!!! Empurre só mais um pouco, querida!!!", dizia uma voz.

Seu filho, algo errado estava acontecendo com seu filho. Sabia disso de uma forma tão inconsciente, como somente uma mãe pode saber. Seu filho não estava bem, talvez morto até. Nãoooo...!!! Não iria permitir!

Lágrimas escorriam pelo rosto de Hermione e se misturavam com o suor que brotava de suas têmporas. Mais força!!! Gritos de dor!!! Esperança de vida... um choro de criança.

Hermione sentiu como se estivesse sendo esvaziada. Ainda fraca, viu quando sua sogra, Molly, lhe trouxe uma pequena criança coberta de sangue. Jonathan Weasley, seu filho. Uma criança perfeita apesar de tudo. Serias forte, devido ao sofrimento e serias honesto como devias!!! Terias magia, por conta de sua mãe!

Sua felicidade não era completa, pois sabia o que precisava fazer. Aproveitou o momento em que Molly se afastou e após beijar a face de seu filho, bebeu metade de um líquido que estava dentro de sua corrente prateada em forma de coração e, um pouco do que sobrou, molhou nos pequeninos lábios do bebê.

"Diga para seu pai que eu o amo muito, viu Jonathan? Eu amo o Rony demais, assim como eu amo você, meu filho!"

Abaixou a cabeça contra o peitinho do bebê no seu colo e um último pensamento lhe tomou: "Era feliz, apesar de tudo!".

Um derradeiro suspiro e seu adeus a vida. :.:



Uma brisa gélida entrava pela fresta da janela aberta, mas o que Jonathan mais queria era sentir aquele vento roçando sua face... fazia sentir-se vivo, por isso a mantinha aberta apesar dos protestos de Daniel. Conforme o Expresso de Hogwarts alcançava uma maior velocidade, maior era o vento que bagunçava delicadamente os cabelos castanho de Jonathan.

Não via a hora de chegar, mas, ao mesmo tempo, sentia seu estômago se comprimir só de pensar na conversa que teria com seu pai. Ensaiara durante duas semanas como seria o melhor jeito para contar a Rony que não era filho dele, mas agora parecia que seus pensamentos iam fugindo de sua mente. Sabia que precisava contar para seu pai a verdade e sabia que teria que fazer isso de improviso. Estava apavorado com a idéia.

A conversa que tivera com McLean, há duas semanas, havia lhe aberto a mente e, após isso, decidira passar o natal ao lado de sua família. Resolvera não avisar Rony sobre sua chegada, pois queria adiar este reencontro o máximo possível. Daniel mostrara-se extremamente prestativo quando Jona perguntou se poderia pegar uma carona com ele até sua casa. Daniel se animou com a idéia e Jonathan tinha quase certeza que isso não era por puro altruísmo... os motivos de Daniel era outro com certeza.

- Mas você tem certeza mesmo, Jona, que Harry Potter vai estar lá?

- Daniel, já disse um milhão de vezes que não tenho certeza, mas acho que sim. – Jonathan respondera menos irritado do que esperava. Ainda olhava a paisagem, que passava rapidamente pelo lado de fora e transformava um simples canteiro de jasmins em um belo risco rosa desfocado – Será que ainda vai demorar muito para chegar?

- Não, nós já estamos chegando.

O trem ainda andou veloz por mais meia hora, que para Jona fora um enorme martírio. Queria chegar logo e acabar com toda esta angústia, não adiantava mais ficar adiando o inevitável. O expresso de Hogwarts começou a parar lentamente e antes mesmo do derradeiro chacoalho, Jona já estava na porta de malas em mãos.

- Calma, Jona... – Daniel bufava pelo peso das duas enormes malas amarronzadas que carregava- Estes equipamentos de filmagem e fotografia que papai me deu no natal passado são muito pesados, mas vale a pena. – Daniel tinha um olhar sonhador enquanto falava – Não deixaria de registrar meu 1º encontro com Harry Potter por nada desse mundo.

Jonathan estava em tamanho torpor que não reagiu nem favorável, nem criticou o amigo pela sua devoção para com seu padrinho. Esta era no momento a última das últimas preocupações suas. O garoto estava com pressa e por isso começou a procurar por todos os lados o pai de Daniel, embora não o conhecesse.

- Cadê seu pai, hein Daniel? – Jona perguntava enquanto caminhava esbarrando na multidão de alunos e pais que estavam na estação King's Cross.

- Deve estar por aí... – Daniel quase berrava, pois a distância entre eles aumentava devido aos largos passos que Jona dava - ... oh, ali está, Jonathan.

Daniel correu em direção a um bruxo magro e loiro. Jona concluiu que Daniel era semelhante ao pai, embora, mesmo baixinho, ainda era mais alto que seu progenitor. Jonathan caminhou em direção aos dois, mas antes que chegasse completamente perto, ouviu o amigo dizer:

- Olhe, pai, este é o Jonathan. – Jona estava esperando o momento em que Daniel citaria quem era seu padrinho.

- Você, então, é o afilhado de Harry Potter? – Jonathan entendera que Daniel devia ter avisado isso há muito tempo para seu pai.

- Sou...

- Daniel sempre fala muito de você nas cartas que ele me manda. – o bruxo falava com um sorriso no rosto que o deixava com, pelo menos, dez anos mais jovem – Sou Colin Creevey.

- Prazer. – Jona estava começando a ficar constrangido e isso o transmitia uma irritabilidade costumeira, mas desagradável – Jonathan Weasley.

- Seus pais eram fantásticos!!! Quando estavam junto de Harry Potter, os dois salvavam o dia. – em outra situação Jona até gostaria de ficar ouvindo as antigas histórias sobre seus pais, mas, no momento, o que ele mais queria era chegar logo em casa - Como está seu padrinho?

- Deve estar ótimo.... será que podemos andar logo?

- Oh, claro.- Colin falara um tanto sem graça - Daniel, me ajude a colocar as malas no carro, ok?

Os três caminharam mais alguns poucos passos até chegarem a um carro trouxa escuro. Jona olhava o carinho pelo qual Colin tratava Daniel e sentia uma costumeira inveja. Como sentia falta de um carinho paterno!

Ajudou Daniel e Colin a colocar suas malas no carro, não por simples boa vontade, mas sim para que o trabalho andasse mais rápido. Queria acabar logo com aquela "perda de tempo". Jona estava a um ponto que se irritava com tudo e todos. Coisas simples o deixava imensamente fora do controle. Alicia e Daniel eram os únicos que pareciam suportar sua companhia por mais de cinco minutos em Hogwarts. Pensara em como iria passar semanas em casa deste jeito. Será que Rony e seus tios iriam agüentar seu mau-humor? Nem ele próprio estava suportando suas atitudes.

Sentou-se no banco traseiro do carro sem dizer uma só palavra, mas sentiu-se tão bem confortável que até estranhou. "Cadê aquele estorvo imprestável???", perguntou-se.

- Você viu minha varinha, Daniel?

- Não estava no seu bolso, Jona? – Daniel perguntou enquanto colocava o cinto de segurança.

- Aquele estúpido pedaço de madeira que não serve para nada!!! – Jona explodiu em raiva – Droga, deve ter caído na cabine do trem!!!

- Quer que eu vá buscar? – Colin perguntou docemente.

- Não. Deixa que eu mesmo vou. – Jonathan quase enforcou Daniel com o cinto de segurança do carro, assim que saiu do banco traseiro.

Jonathan sentia como se o universo estivesse conspirando contra ele. Por que para ele tudo dava errado? Odiava aquele ar de reencontro que a estação emanava... a felicidade dos outros começava a irritá-lo. Por que sorriem tanto??? Por que são tão felizes, se o mundo é injusto e cruel??? Por que eles e não eu??? Por quê???

Entrou correndo na portinha do trem e procurou como um louco a cabine que estivera há minutos atrás. Os corredores claros estavam completamente desertos e Jona enfiava a cabeça em cada salinha que passava. Estava se irritando cada segundo mais, não queria se irritar, mas sua "burrice" era o cúmulo. Sabia o porquê havia esquecido a varinha, era porque aquele estúpido objeto não lhe servia mais. Não tinha função! Carregava-o somente por carregar.

Jonathan colocou sua cabeça dentro de uma cabine, que de súbito lhe pareceu familiar. Era a cabine que viajara, juntamente com Daniel, há algumas horas atrás. Entrou se xingando mentalmente por ter deixado sua inútil varinha em cima do banco a esquerda. Pegou o objeto, depois de dar um sonoro muxoxo de desgosto. Jona girou o calcanhar, mas antes que pudesse se virar completamente, sentiu uma forte mão forçando contra sua boca.

Tentou gritar, tentou morder, tentou escapar... mas, de repente, sentiu sua visão ficar turva e no instante seguinte, já não estava mais consciente.

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