Capítulo I



´¯`·.¸¸» Uma dor chamada saudade «¸¸.·´¯`



Continuação de: Na escuridão da sua ausência
(Música: Name do Goo Goo Dolls)





Sinopse: Após voltar à vida, sem nem se lembrar do que lhe aconteceu no Limbo, Rony vive uma vidinha comum com seu filho, Jonathan, até que segredos são revelados e suspeitas lhe invadem a mente. Enquanto isso, Hermione, sua Guardiã de Sonhos, tenta de todas as formas, proteger sua família de um mal já predestinado.



N/A: Esta fic é uma obra fictícia e sem fins lucrativos. É inspirada nos livros da série Harry Potter com alguns personagens criados por mim. Esta é uma continuação de fic, então, eu recomendo que leiam primeiro Na escuridão da sua ausência antes de iniciarem a leitura desta, embora seja completamente possível o entendimento mesmo não tendo lido a 1º fic. Beijinhos e boa leitura!!!



Capítulo I



*¨* And even though the moment passed me by

Apesar do momento ter passado por mim
I still can't turn away

Eu continuo não conseguindo me despedir *¨*



Um dia calmo e tranqüilo de julho. "Dia perfeito para dar um passeio", foi o que Jonathan disse antes de arrastar seu pai, Rony, para fora de casa. Passaram a tarde toda no Beco Diagonal, comprando livros e materiais para os primeiros dias de aula de Jonathan em Hogwarts. Na verdade ele ainda não havia recebido a carta da escola, mas Rony tinha certeza que isto iria acontecer. Só achava estranho a demora, já que, a esta altura, outros bruxos já tinham recebido uma coruja de Hogwarts.

Jonathan estava agora com onze anos. Mantinha os marcantes olhos castanhos, que continuavam idênticos aos de Hermione. Tinha uma facilidade em aprender coisas desde pequeno, por isso sempre fora um garoto muito inteligente.

Como não era de sair muito, tornou-se uma criança ligeiramente tímida e sem muitos amigos. Na verdade, não tinha amigos! Sua companhia, além de seu pai e seus tios, era Bichento, o gato que fora de sua mãe. Sentia falta de ter alguém para conversar, jogar xadrez bruxo (jogava muito bem, pois aprendera com seu pai), conversar sobre feitiços, ensinar e aprender coisas novas... enfim, queria ser um bruxo normal e sabia que, se fosse para Hogwarts, seria.

- Pai, você acha mesmo que eu vou ser chamado? – Jonathan perguntou, em um certo momento, a Rony.

- Você herdou a inteligência de sua mãe, Jonathan. É claro que você irá para Hogwarts e tenho certeza que você cairá na Grifinória. – Rony respondeu. Na verdade, eram poucos os momentos em que ele dizia algo sobre Hermione. Sempre que Jonathan tocava no assunto, seu pai se entristecia e não lhe dizia nada.

Passaram-se muitos anos desde a morte de Hermione e Jonathan não sabia ao certo como era sua mãe e nem como ela morreu. Geralmente, quem lhe contava algo era sua tia Gina, mas, mesmo assim, ela só contava o essencial. Às vezes tinha uma vontade de sair e investigar coisas sobre a vida de sua mãe, mas sempre tirava isto da cabeça, pois sabia que a única pessoa que podia lhe dizer algo sobre ela, era seu pai.

- Nossa, já são sete e meia? Jona, acho melhor voltarmos. – disse Rony após perceber que horas eram.

- Não, pai. Ainda está cedo e... ãrh... bem, temos tantas coisas para ver ainda. – disse Jonathan em um tom de voz que fez Rony suspeitar que algo estranho estava acontecendo.

- Por que você está dizendo isso? Posso saber por que você não quer voltar, Jonathan Weasley? – perguntou Rony com uma careta.

- Nada, pai. Eu só acho que ainda é cedo. – disfarçou Jonathan.

- Não senhor. Vamos voltar agora, pois não gosto de deixar Gina sozinha. – disse Rony enquanto quase arrastava Jonathan em direção ao Caldeirão Furado.

Depois de vender o apartamento que tinham, Rony e Jonathan foram morar com Harry e Gina. Os quatro se davam muito bem e Rony precisou muito da ajuda deles na criação de seu filho. Jonathan sempre dizia que era feliz por ter dois pais e duas mães.

Estavam quase chegando em casa apesar das inúmeras paradas que Jonathan fazia para arrumar um cadarço solto e recolher livros que caíam de seus braços. Jonathan estava estranho e seu pai notou isso.

- Mas o que é, Jona? Por que você está enrolando para chegarmos em casa? – perguntou Rony depois do décimo livro caído.

- Nada, pai. Já lhe disse. – Jonathan falava com uma voz ligeiramente nervosa.

- Está tudo muito estranho. Primeiro você quase me arrasta para fora de casa, agora fica com esta cara estranha e não quer voltar... Jonathan, Jonathan, eu te conheço. O que você andou aprontando? Espero que você e seus tios não tenham aprontado nenhuma surpresa para mim.

"Surpresa o senhor terá se chegarmos mais cedo em casa”, pensou Jona. "Tia Gina vai me matar se eu voltar antes do combinado".

Após mais alguns minutos, chegaram em casa. A casa era grande, mas simples. Tinha um enorme jardim atrás de um muro de, aproximadamente, meio metro de altura, com um portãozinho marrom. A casa era branca com janelas de madeira bem conservada. Tinha a aparência de uma construção antiga, mas, na verdade, havia sido construída pouco antes de Harry e Gina decidirem dividir o aluguel.

- Ai, graças a Deus chegamos. Eu estava exausto de tanto andar pelo Beco Diagonal. – disse Rony assim que abriu a porta – Pena que não encontramos aquele livro que...

- Chegamos, tia Gina! – disse Jonathan aos berros quando entrou apressado pela porta – Estamos em casa, tia! – Jonathan berrava enquanto olhava para os lados, como se tivesse procurando algo.

- O que foi filho? Por que você está gritando deste jeito? – perguntou Rony, em um tom de preocupação.

Jonathan procurava pela casa toda. Não podia deixar seu pai achar primeiro, senão... ele ficaria furioso!!! Rony sempre fora uma pessoa calma, mas Jonathan sabia que quando o assunto era a sua tia Gina, Rony virava uma fera.

- Jonathan, pare de andar pela casa feito um tonto. – disse Rony enquanto tirava sua capa.

Rony foi em direção ao seu quarto, que ficava entre o quarto de Gina e o do Jona. Deixou sua capa no quarto e, quando estava saindo, ouviu um barulho vindo do quarto de seu amigo Harry, que ficava logo à frente.

Aproximou-se e abriu a porta, que já estava entreaberta. Gina e Harry estavam beijando-se despreocupadamente. Os dois estavam abraçados, de pé, perto da porta. Rony ainda ficou parado por alguns instantes observando a cena. Então, juntando forças para falar, ele conseguiu pronunciar algo:

- O que está acontecendo aqui??? – disse no mesmo instante em que Jonathan chegou.

O casal se separou com o susto que tomaram. Ambos ficaram olhando Rony, que estava com uma expressão de poucos amigos no rosto. Harry ficou sem palavras e se afastou mais ainda de Gina, pois não queria confusão com o amigo (embora já tivesse conseguido).

- Eu fiz uma pergunta! – disse Rony novamente, só que agora com um tom mais raivoso na voz.

- Ah... bem... eu e Harry estamos... bem... namorando. – disse Gina pausadamente. E completou mais rápido agora – Não contamos antes, pois sabíamos que ficaria bravo.

- Vocês o quê? – perguntou Rony com uma de suas típicas caretas.

- Desculpa, tia Gi. – disse Jonathan para sua tia – Eu tentei atrasá-lo, mas não consegui.

- Tudo bem, meu anjo.- disse Gina amavelmente ao sobrinho.

- Você... você sabia disso tudo e nunca me contou? – perguntou Rony ao seu filho.

- Sabia, mas não te contei, pois tinha certeza que o senhor ficaria com a cara que está agora.

- Há quanto... ãrh... há quanto tempo vocês dois estão juntos, Gina? – perguntou Rony ainda alterado.

- Seis meses. – quem respondera foi Harry, mas se arrependeu amargamente disso, pois Rony lançou a ele um olhar fuzilante.

- SEIS MESES!?!? SEIS MESES ME ESCONDENDO ISSO? DEBAIXO DO MEU NARIZ??? – Rony estava furioso agora.

"Ainda bem que eu não falei que na verdade eu e Gina estamos juntos a um ano e meio”, pensou Harry neste momento.

- Rony, você está fazendo tempestade em um copo d'água. – disse Gina, ligeiramente brava.

- Você é muito inocente, Gina. Não compreende a malícia masculina.

- Eu tenho 27 anos!!! Sou uma mulher e já namorei antes. Não sei porque diabos você tem tanto ciúmes assim. – dizia Gina em um tom de voz alto – E você, falando deste jeito, está ofendendo a mim e ao Harry.

- Ofendendo, ofendendo... francamente! – dizia Rony mais calmo agora – Eu preciso tomar um ar. – disse saindo.

Gina fez menção de segui-lo, mas Jonathan fez um sinal com as mãos e disse que ele mesmo iria conversar com o pai. Jona foi, então, em direção à sala que seu pai havia ido. Ao chegar, o encontrou sentado, em uma das poltronas, com as mãos ao rosto.

- O senhor sabe que fez uma coisa horrível, não é mesmo? – perguntou Jonathan sentando-se ao lado de seu pai.

- Ela é minha irmã, Jona. – disse Rony com uma voz cabisbaixa.

- E daí? A tia Gi nunca foi de ter muitos namorados e desta vez é pra valer.

- Eu não quero perdê-la. Eu sabia que um dia chegaria a hora em que a Gina iria arrumar sua vida, mas eu só não quero que ela e o Harry saiam daqui.

- Tenho certeza, papai, que ela não vai sair daqui. – disse Jona aproximando-se de seu pai e segurando delicadamente sua mão – Eu, você, tia Gina e tio Harry somos uma família. E eu tenho que admitir que fiquei muito feliz dos dois estarem namorando.

- Mas tinha que ser justo com o Harry? Ele é meu amigo. Como ele pôde fazer isso comigo? – pela maneira que Rony falava, até parecia que ele era o filho e Jonathan o pai.

- Pare de bobeira. Melhor tio Harry do que outra pessoa. – Jonathan falava firmemente – E eles se amam.

Rony olhou de uma maneira curiosa para o filho antes de perguntar:

- E o que você sabe sobre o amor, por acaso?

- Não sei muita coisa. – Jonathan levantou-se, neste momento - O senhor vai parar de dizer asneiras e vai até lá pedir desculpas a eles pelo que falou. – disse com as mãos na cintura – Ande logo: vá!

Rony não pôde deixar de notar que seu filho era realmente mais maduro do que muitas crianças da mesma idade que ele.

- Você parece muito com sua mãe. – Rony deixou escapar.

- Com minha mãe? – os olhos de Jonathan brilharam ao ouvir esta frase. Adorava saber mais sobre sua mãe, principalmente quando era seu próprio pai quem contava – Por que me pareço com ela?

- Ela sempre sabia como resolver as coisas nos momentos mais difíceis. Era sempre ela que fazia eu e o Harry ficarmos de bem, quando brigávamos. – disse com um olhar perdido.

Jonathan sabia muito pouco sobre sua mãe, mas, do pouco que sabia, ele se orgulhava dela. Sempre lhe diziam que ela era uma grande bruxa, muito inteligente e amiga. Queria muito que ela estivesse viva, só para não sentir este vazio que sentia por não conhecê-la.

Neste instante, Jonathan fora "acordado" de seus pensamentos com o estrondo de um vaso caindo ao seu lado.



:.: Rony e Hermione haviam acabado de sair do armário, no qual ficaram presos por horas. Colin Creevey, quem os libertou, já tinha voltado para o baile, fazendo assim, com que os dois ficassem sozinhos no salão comunal. Ambos ficaram em silêncio, pois não sabiam o que dizer após aquele beijo. Estavam assustados e felizes ao mesmo tempo, mas, e agora? O que aconteceria com a amizade deles depois daquele beijo? Depois daquele maravilhoso e tão esperado beijo?

- O que você acha, Rony? – perguntou Hermione, cortando o silêncio.

- Muito bom. Nada mal para nosso primeiro beijo.

- Não estou falando do beijo, seu tonto, estou falando da nossa situação. – disse Hermione brava, mas, ao mesmo tempo, constrangida.

- Ah... desculpa. – agora foi a vez de Rony ficar da cor de seus cabelos – Não sei, Mione. – e após mais alguns minutos de silêncio, concluiu – Fale algo, por favor!

- Falar o quê?

- Qualquer coisa. Afinal, fui eu que tomei uma atitude ao dizer que gostava de você e ao te dar aquele beijo. – sua face começou a corar novamente – Agora eu também quero saber o que você sente por mim.

Hermione era louca por Rony, mas, como dizer isso sem parecer forte demais?

- Eu sou louca por você, Rony. – "Droga! Não era assim que eu queria falar! Droga, droga! Pareceu forte demais!", pensou Hermione.

Rony ficou parado por alguns momentos, tentando absorver o que acabara de ouvir. "Mione louca por mim?", pensou com um sorriso besta na cara.

- Rony, acho melhor nós não falarmos para ninguém o que houve hoje até que tenhamos certeza do que acontecerá conosco. Não quero que os outros fiquem comentando e fazendo gracinhas por aí senão eu vou ter... – Hermione parou de falar após perceber o olhar perdido de Rony – Rony, o que foi?

- Louca por mim? Mas, como assim “Louca”? É louca louca ou é só louca, sabe... de louca mesmo? – perguntou desajeitadamente.

- Do que você está falando?

- Você! Você falou que era louca por mim. Então, qual é o grau?

- Grau de quê? – perguntou Hermione já irritada.

- De loucura.

"Sabia que tinha sido forte demais!", pensou Hermione.

- Ah, Rony. Você não é bobo. Você sabe que eu sempre gostei de você desde o nosso primeiro ano e que sempre fiquei imaginando como você me daria o primeiro beijo. – "MEU DEUS!!! FOI FORTE DEMAIS DE NOVO!!!", pensou Hermione desesperadamente. "POR QUE NÃO CONSIGO SER RACIONAL JUSTO AGORA???".

- Hermione, talvez devêssemos tentar. Podemos ficar juntos sem que ninguém saiba por enquanto, o que acha? – perguntou Rony.

Na verdade, o que Rony mais queria era estar beijando aqueles lábios macios novamente, mas sabia que precisavam ajeitar a situação primeiro.

- Ninguém ficar sabendo inclui o Harry também? – perguntou Hermione.

- Talvez seja melhor.

Hermione ficou imaginando o clima desagradável que ficaria se o seu relacionamento com Rony não desse certo. É, realmente era melhor ficarem juntos em segredo até decidissem o que iria acontecer.

- Certo. Vamos tentar então.

Ambos sabiam que este era o momento de mais um beijo. Aproximaram-se desajeitadamente um do outro e bateram o rosto umas duas vezes antes de encontrar uma posição certa. Apesar de um começo conturbado, o beijo foi tão bom quanto o primeiro. Era suave no inicio e depois se tornava um furacão. Um furacão agradável e, ao mesmo tempo, inocente.

As mãos de Rony passavam desde os cabelos de Mione até a metade de suas costas. Enquanto isso, Hermione acariciava o rosto de Rony com uma das mãos e, com a outra, passava pelo braço dele.

Rony se separou de Hermione assim que o beijo foi diminuindo. Ficou olhando nos olhos dela e apreciando a beleza que ela possuía. Realmente gostava muito dela!

Antes de tudo, precisava tirar um peso de sua consciência:

- Mione, você me desculpa? – perguntou com um tom de voz muito manhoso.

- Desculpar pelo quê? – Hermione ficou preocupada.

- Por eu ter te chamado de pesadelo no nosso primeiro ano. – Rony falou com uma careta.

Mione olhou aliviada para Rony, pois havia imaginado coisas horríveis. Não pôde deixar de soltar um risinho.

- Rony, cala a boca. – disse enquanto segurava o rosto do garoto. Hermione, então, tascou-lhe um outro longo e delicioso beijo. :.:



Hermione, sentada no braço da poltrona de Rony, assistia muito quieta a cena. Realmente fazia muito tempo que seu marido não comentava algo sobre ela. Ela sempre estava em seus pensamentos, mas ele raramente dizia algo sobre a esposa. Dizer o nome de Hermione fazia Rony se sentir solitário. Apesar de ter Jonathan, Harry e Gina ao seu lado, Rony se sentia a mais solitária das criaturas.

Ela podia ouvir os pensamentos de Rony. Os dele e de todos que quisesse. Para ela, esse dom não era em nada proveitoso, pois não podia tocar os vivos e isso a frustrava.

- O senhor vai parar de dizer asneiras e vai até lá pedir desculpas pelo que falou. – disse Jonathan, de pé e com as mãos na cintura – Ande logo: vá!

"Como parece com ela", Mione pôde ouvir Rony pensar.

- Com minha mãe? Por que me pareço com ela?

- Ela sempre sabia como resolver as coisas nos momentos mais difíceis. Era sempre ela que fazia eu e o Harry ficarmos de bem, quando brigávamos.

Nem precisava ler os pensamentos dos dois para saber o quanto aquele assunto era doloroso para ambos. Hermione sabia do orgulho que seu filho sentia dela, na verdade ela ficaria muito feliz se Rony se abrisse mais com Jonathan.

Sabia também que o marido havia se isolado interiormente, dentro de si ele guardava a dor da ausência de Hermione. Lia nos pensamentos dele que ele preferia se calar a ter que falar sobre Mione e sofrer com isso.

"Como sinto sua falta", era o pensamento de Rony.

- Também sinto sua falta, meu amor. – dizia Hermione tocando as mãos de Rony, mas sem senti-la.

Era terrível a sensação de proximidade e ao mesmo tempo de distância. Estava ao lado de seu amor, mas não podia senti-lo, tocá-lo, sentir seu perfume... nada. Uma sensação dolorosa demais para quem ama.

Neste instante, uma outra pessoa apareceu, do nada, ao lado de Hermione. Era como se ela tivesse acabado de aparatar ao seu lado. Um outro bruxo, que estava o tempo todo junto de Hermione, ao se assustar com a chegada surpresa, derrubou um vaso ao lado de Jonathan.

- Sabe, cuidado. – Hermione disse ao tentar segurar o vaso, mas foi em vão, pois o vaso passou por suas mãos como se ela fosse um fantasma.

- O que foi isso, Jonathan? – perguntou Rony ao ver o vaso recém quebrado.

- Não sei, pai. Nem encostei nele. – Jonathan agora já estava abaixado, tentando juntar os cacos do vaso no chão.

A bruxa, recém chegada, olhava Sabe e Hermione com um ar de preocupação. Hermione já começara a se acostumar com aqueles dois Guardiões de Sonhos atrapalhados, cada um com seu poder, que sempre a acompanhava.

- Jaqueline, não sei se você viu, mas por culpa sua eu usei meu poder na frente dos vivos. – disse Sabe – Você não pode aparecer de repente assim, sabe?

- Me desculpem, mas é urgente. – disse a bruxa com um sotaque que misturava diversas línguas e estava longe de ser o inglês britânico.

O tom de voz de Jaqueline fez com que Hermione chegasse a conclusão de que algo realmente importante estava acontecendo.

- Diga logo, então.

- Elaine Fielding pediu para comparecermos no gabinete dela agora mesmo. – Jaqueline dizia com uma voz apressada e enrolada – Acho que ela descobriu o que fizemos. Ai ai, vamos ser castigados por isso. – dizia agora andando freneticamente pela sala – O que vai acontecer conosco? Eles nunca vão entender os nossos motivos...

- Calma, Jack! – disse Hermione quase sacudindo a bruxa ao seu lado – Acredito que ela já deve ter descoberto que extraviamos de propósito a carta de Hogwarts, mas a culpa foi minha. Nada irá acontecer a vocês dois.

- Não amiga, - disse Sabe – somos uma equipe, sabe?

- Não. Eu pedi para vocês me ajudarem a não deixar o Jonathan ir para Hogwarts, vocês não tem nada haver com isso tudo.

- Como não, Mione? Foi o Sabe que rasgou a carta e fui eu que peguei quando a coruja a trouxe. – disse Jaqueline.

- É claro que nós temos parcelas nisso, amiga. Você só tem o poder de ler pensamentos, sozinha não iria conseguir fazer tudo isso, sabe?

- Se você levar a culpa, nós também levaremos.

Aqueles dois Guardiões de Sonhos, que, junto com Hermione, formavam a 14º Legião Aprendiz, eram sua felicidade. Mione sabia que o dia-a-dia no Limbo seria muito maçante se não fosse aqueles dois atrapalhados ao seu lado.

- Obrigada, gente. – disse Hermione para os dois amigos.

- Bom, então, vamos logo ver o que a chefinha quer desta vez, sabe.

Neste momento, Rony já consertara o vaso com um movimento de varinha. Ele e Jonathan já conversavam mais calmos.

- E então, - dizia Jona – o senhor vai ou não vai pedir desculpas para eles?

Rony pareceu vacilar um pouco.

- Está bem. – disse finalmente – É melhor mesmo que seja o Harry e não um bruxo qualquer, não é?




"Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento étero, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou."

(Luís de Camões)


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