Cenokel



-CAPÍTULO TRÊS-







Cenokel







Finalmente, algo além de Lord Voldemort preocupava a Harry: e se outra pessoa já tivesse visto Rony e Justino juntos? Eles foram imprudentes por se encontrarem na sala Comunal da Gryffindor. Mesmo se fossem surpreendidos sem estarem se tocando, sempre foi expressamente proibida a entrada de alunos de outras casas que não fossem a sua. As regras de Hogwarts eram claras a respeito disso, mas Harry não conseguia imaginar qual punição eles receberiam se Alvo Dumbledore soubesse da infração. Harry preocupou-se tanto com eles, que nem lembrava mais do Malfoy – até o momento que este entrou no grande salão para fazer seu desjejum.



Draco passou por entre as mesas sem fazer cerimônias. Calado, sentou-se entre Crabble e Goyle, e lançou um olhar fuzilante, exclusivo e cheio de rancor para Potter, então se voltou para seu prato de cereais regado a mel e mingau.



Rony chegou logo depois, acompanhado da Hermione. A menina trazia uns rolos de pergaminho e a mochila nas costas estava abarrotada de livros, forçando-a a curvar a coluna – como de costume desde o terceiro ano. Ela sentou-se ao lado de Harry, mostrando uma disposição tão motivada quanto de uma lesma. Rony, ao extremo, exibia um largo sorriso débil e os cabelos ruivos levemente inclinados sobre as sobrancelhas.



Mudou o visual? – Harry queria puxar um assunto.

Acordei disposto hoje, queria inovar – Rony respondeu, servindo-se de salsichas saltitantes e torradas com geléia de morango.

Nem parece que você passou a madrugada estudando – Harry comentou.

Hermione desviou sua atenção do seu suco de laranja e voltou-se para Harry – "Quem você disse que passou a noite estudando?" – ela Perguntou, fingindo incredulidade.



O Weasley – Rony respondeu referindo-se a ele mesmo – Porém, deixando minha vida escolar de lado, lembrei-me que Harry queria te dizer algo...

Tirando que a madrugada do Rony deve ter sido ótima – Harry disse atiçando, dando duplo sentido a frase – Eu lhe devo desculpas, Mione.

Esta perdoado – ela disse entre um bocejo e um gole de suco – Por Deus, estou exausta. Eu também passei a noite estudando. Estive na Biblioteca, procurando um novo decreto de proteção aos elfos. O Ministério da Magia esta trabalhando arduamente para conquistar as criaturas mágicas. – ela emendou – o estranho, é que por volta das quatro da madrugada, enquanto eu voltava para a torre da Gryffindor, topei com o Justino Finch-Fletchley da Hufflepuff. Depois que ele se recuperou do susto de chocar-se comigo entre os degraus do sexto e sétimo andar, disse que estava vindo da torre de astronomia. Jurou guardar segredo do meu assalto à biblioteca se eu ficasse calada quanto a ele estudar as estrelas para reforçar suas notas de astronomia.

O sinal tocou no momento em que Rony decidiu não comentar nada. Desconfiou da Hermione, mas não pode deixar de se intimidar com a piadinha lançada por Harry. Será que ele sabia algo?



Dois tempos de Herbologia, não? – Mione disse jogando a mochila nas costas – Harry, você me faria à gentileza de levar meus pergaminhos?

Claro – Harry disse de praxe. Esses pedidos da Hermione tornaram-se Clichês. Ela jamais conseguia dar conta de carregar todo o seu material.

No caminho para as estufas, Hermione entediou os garotos, falando sobre a nova dei de proteção aos elfos domésticos. Harry ficou satisfeito quando a professora Sprout pediu para os alunos formarem duplas. Ele não ficou admirado quando Justino Finch-Fletchley aproximou-se de Rony e formou par com ele. Sem opções, fez dupla com Mione, que já começava a preparar outro discurso sobre elfos, entretanto a professora disse que os alunos deveriam utilizar os abafadores de som que estavam sobre a mesa ao lado das ervilhas rosa-pink.



Na aula de hoje vamos trabalhar com os legumes Cenokel. – Sprout dizia - São cenouras cantoras de Blues. Acontece que as oitavas que elas cantam são acima de B+ (bê maior), o que é suficiente para fritar o cérebro de qualquer um. Poucos sabem, mas estas cenokels são parte dos ingredientes utilizados no preparo da poção da verdade. Alguém tem algo a acrescentar?

Religiosamente, Hermione ergueu a mão.



Srta. Granger? – Sprout pediu.

Há bruxos que afirmam que a Cenokel é uma raiz resultante da cruza de mandrágoras com visgo do diabo... – Mione respondeu.

Puro boato – Luna Lovegood disse lunaticamente – uma tia minha planta Cenokel há séculos! Ela as obteve cruzando urtigas de catapora com abóboras esqueléticas. É só cultivá-las com bosta de vampiro...

Obrigado por seu comentário construtivo – Sprout cortou Luna educadamente – Bem, pessoal, cada dupla tem um vaso com sua Cenokel. Vocês devem apenas espremer os ramos do Cenokel. O líquido leitoso extraído, devem ser depositado nestes frascos (ela mostrou pequenos frascos de vidro para a turma) . Retirem apenas 5ml da Cenokel. Etiquetem com os seus nomes e me devolvam.

O que a professora não explicou é que cada ml da Cenokel levava quase dez minutos para ser extraído, o que deu tempo de sobra para Harry observar o comportamento de Rony e Justino Finch-Fletchley. Hermione não dizia nada por causa dos pompons que abafavam o som. Apenas gesticulava ordens para Harry desenvasar a Cenokel. O que saiu da terra fofa era uma cenoura com expressões faciais bem humanas, tinham boca, orelhas, um corte no lugar do nariz e nada de olhos. Dava para notar que elas cantavam a plenos pulmões, e Harry não arriscou tirar os protetores de som. Aquela aula de herbologia causava a Harry um Dejavú – Provavelmente porque as Cenokel são parecidíssimas com as Mandrágoras. No fim da aula, Harry retirou uma ml a mais da Cenokel e guardou num frasco extra que estava na sua mesa. Sem que ninguém percebesse, guardou o frasco no bolso da calça. Rony e Justino ainda voltaram conversando para o castelo. Almoçaram juntos, o que não levantou suspeita nenhuma, já que a Gryffindor e a Hufflepuff carregam um histórico de boa amizade de longa-data, permitindo que alunos das duas casas almoçarem juntos, na mesma mesa. Harry sentiu dor de cotovelo. Adoraria que Draco pudesse almoçar e jantar ao seu lado...



Harry engoliu a comida e saiu apressado em direção a biblioteca. Já tinha um plano em mente: prepararia uma pequena porção de Veritassendium e daria um jeito de Draco Tomá-la. O surpreenderia e faria a pergunta que tanto o aflige em saber a resposta. Será que Harry estava indo longe demais? Sentir desejos por Malfoy era até conceptível, mas forçá-lo ao mesmo era correto? "Entretanto – Harry pensou com seus botões – eu não estou forçando-o a sentir o mesmo que eu. Quero apenas saber o que ele pensa depois do que aconteceu na biblioteca".Depois de conseguir a receita na área reservada, Harry começou a trabalhar secretamente na poção. Arduamente, durante um mês, procurou todos os ingredientes. Alguns, ele comprou em catálogos, outros foram entregues por correio-coruja. Por fim, a poção estava pronta. Iria testá-la naquela tarde, véspera do dia das bruxas. Bolou um plano para atrair Draco e faria com que ele tomasse a poção. Seria um pouco difícil, já que Draco, sendo um bruxo criado em contato com a Magia, aprendera a não aceitar nada dos outros, principalmente tratando-se de inimigos.



Sentiu em todos aqueles dias, que estava cada vez mais apaixonado por Draco. Não suportaria carregar o fardo, e Draco se distanciou o máximo de Harry naquelas últimas semanas, reduzindo suas expectativas. O garoto nem fazia mais piadinhas sobre Harry. Milagrosamente, Rony também parou de ser amolado. Harry sentiu que Draco estava-o desprezando – isto era péssimo.



Ele acertou os últimos preparativos e torceu para que tudo saísse como o planejado.

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