Capítulo 4



N/A- Para as meninas do fórum Grimmauld Place que me deram ideias. ;)

----------------------------------------------------------------------------------



Outro dia, fui jantar fora. Aniversário da minha amiga Duda. Nos conhecemos há cerca de onze anos… Como o tempo passa… Éramos garotas em plena adolescência, na época…

É estranho escutar as minhas amigas falando dos namorados e eu me coçando para falar do Lupin, sem poder. No mínimo, uma delas iria correndo ligar para um hospício. Resolvi, então, contar, como se estivesse brincando:

- O meu amor é um personagem de ficção.

Catarina rolou os olhos, suspirando:

- Outra vez? – Eu não poderia esperar que a Catarina me entendesse. Ela não me conhecia tão bem quanto as outras… Nós não nos dávamos muito bem nos tempos da escola. Mas, pelo visto, ela sabia das minhas antigas paixões por personagens de ficção. Só que agora é diferente; agora, a ficção é real. Abri a boca para falar isso, mas me detive em tempo! Que horror, se eu dissesse que agora era diferente, era real, ninguém acreditaria. Muito menos a Catarina! Disse, então, apenas:

- Alguém aqui lê “Harry Potter”?

Duda abriu um enorme sorriso e replicou:

- Tenho todos os livros.

Vanessa também sorriu, acrescentando:

- E eu tenho um grupo de amigas fanáticas por “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis”. Sabem tudo sobre as duas sagas!

- Quem é ele? – Inquiriu Duda, curiosa, ao que eu respondi simplesmente:

- O Lupin.

- O lobisomem?! – Exclamou Duda, pasma, enquanto Vanessa arregalou os olhos e falou, com ar assustado, deixando cair no prato o garfo que tinha espetado um pedaço de lasanha:

- Mary, a tua paixão é um lobisomem?!

Sorri e pedi que não se preocupasse:

- É um lobisomem bonzinho. – acrescentei, enquanto Catarina, do meu lado, revirava os olhos de novo.





15 de Junho de 2004… Falta um mês para sair o livro 6. “Harry Potter And The Half-Blood Prince” está chegando aí… Quem sera o príncipe? O Lupin é “half-blood”, mas não creio que seja Príncipe… Aliás, se fosse, teria me dito… ou será que ele não sabe? Credo, mas o que é que eu estou dizendo? Quer dizer, escrevendo… Tenho certeza absoluta que o Lupin não é o Príncipe; aliás, para mim, o Príncipe é uma personagem nova! Aposto todos os meus galeões… ops, todas as minhas notas, eu quero dizer!

- Que eu saiba, eu não sou Príncipe! – Lupin acabou de me garantir. Já entende português direitinho e resolveu espiar o que eu estou escrevendo. Está me deixando até constrangida!

- Desculpe. – Pediu. – Não foi essa a minha intenção. Só estava curioso.

- Tudo bem. – Acabei de deixá-lo à vontade e presenteá-lo com um beijo no rosto. – Só estou partilhando com o pessoal da Internet as minhas teorias sobre o livro 6.

Lupin sorriu, me olhando com carinho e me dando um selinho nos lábios (que vergonha, escrever isso com ele do meu lado!! Precisa rir, Sr Lupin? Humpf!)

- Continua. – Ele me incentivou.

Bom… onde é que eu ia? Ah, certo, o Príncipe… Quem será, eu não sei, mas a verdade é que isso não me desperta grande curiosidade. O que me angustia é ficar sem saber quem morre, isso sim! Morro de medo de ficar viúva…

- Mas nós não somos casados! – Ele observou, só para me atazanar.

Acabou de acrescentar um doce: “Ainda!” Que fofo! Trocamos um beijo apaixonado. Não entendo como ele encara tão bem a hipótese de morrer em breve. Existe também a possibilidade de ele terminar nos braços da Tonks. Tem uma cena bem suspeita no capítulo 20 de “Harry Potter e a Ordem da Fénix”…

- Qual cena? – Ele inquiriu, com ar espantado.

- Espera, Remus, só vou terminar esse parágrafo e a gente já conversa.

Como eu ia dizendo, tem uma cena bem suspeita no capítulo 20 de “Harry Potter e a Ordem da Fénix”, em que o Harry entra na cozinha e pega os dois sozinhos, conversando sobre algo que devia ser bem pessoal, ou então não teriam parado de falar quando o garoto entrou. Bom, se a alternativa a esse casal é a morte dele, então prefiro que ele case com a tal da Ninfadora e tenham um monte de filhotes coloridos! Não sei porque nunca perguntei para ele qual o teor daquela conversa. Olho para ele em busca de uma resposta e recebo em troca uma gargalhada:

- Mas será que “História Sem Fim” não te ensinou nada?

Continuo a fitá-lo, interrogativa. Ah, certo, agora parece que ele resolveu se explicar!

- “Tudo aquilo que você imaginar, assim será a Fantasia” – Ele disse, citando uma personagem do meu filme preferido, que eu fizera questão de mostrar para ele. – Existem vários universos paralelos, nascidos da imaginação de seres-humanos de outros mundos. O que quer que aconteça nos livros pode ser alterado ou até mesmo evitado pela sua imaginação. Basta escrever uma fic e pronto, o que você imaginar está lá. É real, no meu mundo, entendeu?

Anuí com a cabeça. Inquirindo, curiosa:

- Então é por isso que, quando eu leio e escrevo as minhas fics e entro na pele da minha Personagem Original, a Mary Hallow… é por isso que, nesses momentos, é aquela Mary que você vê, é ela que você conhece e não a mim?

- Isso mesmo. – Ele replicou. – É outro universo, é o mesmo Remus Lupin, mas com outra história. É uma das minhas realidades alternativas, assim como os livros da J.K. Rowling. Tem outras pessoas do fórum que você freqüenta aparecendo no meu universo. Uma tal de Renatxinha já conquistou o coração do Fred Weasley, impediu até que ele casasse com a Angelina Johnson.

Olhei-o, mais pasma do que nunca:

- Eu… eu achei que tinha sonhado isso! – Gaguejei.

Ele sorriu.

- Cada vez que você sonha com o meu mundo, é a sua ligação com ele que está funcionando, através do portal que aquele fórum abriu.

Estou fascinada. Remus explica as coisas com um brilho no olho, de uma forma realmente fascinante. Só não entendo porque foi que ele nunca me explicou aquilo antes…

- Você nunca me perguntou. – Foi a resposta.

Claro. Eu nunca perguntei…

- Tem mais alguém do fórum por lá? – Indaguei.

Ele acenou com a cabeça:

- Uma Zoe Magnus e uma tal de S-R-T-A Akira apareceram por lá uma vez, meio confusas, sem saber como aquilo tinha acontecido, achando que estava sonhando.

Sorri do soletrar dele e expliquei:

- Esse “S-R-T-A” é abreviatura de “senhorita”. O mesmo que miss, em Português do Brasil.

Ele levantou uma sobrancelha e comentou:

- Ótimo, já estou até aprendendo abrevisturas brasileiras.

Soltei uma gargalhada e não resisti a beijá-lo de novo, antes de perguntar:

- Não tem mais ninguém do fórum lá?

Ele deixou escapar um sorriso maroto e redarguiu, sem conseguir disfarçar muito bem a gargalhada teimosa que estava presa na sua garganta:

- Tem mais uma… - Começou. – Uma tal de Regina McGonagall, que vive azucrinando a vida do Snape. Nunca vi o Ranhoso assim, todo apaixonado e querendo disfarçar.

Levei as mãos para a boca. Como era possível que ela não tivesse me contado nada?

- Ela acha que é só sonho. – Lupin explicou. - Não entende que são viagens na imaginação.

Estou encantada. Afinal, não sou a única. Já posso falar do que estou vivendo, sem ser taxada de louca! Bom… não completamente. Tenho que escolher bem o interlocutor.

- Mas porque é que só nós fomos levadas para o seu universo? Se o fórum que a gente freqüenta é o caminho para o portal que separa o meu mundo do seu, como é que ninguém mais do fórum foi parar lá nem achou ninguém do seu mundo?

Lupin me olhou. Ai, aqueles olhos… Estou até arrepiada! Acariciando o meu rosto, murmurou:

- Porque só o amor de vocês por nós e pelo nosso mundo foi forte o suficiente para vocês acreditarem na gente.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.