Capítulo 3



Capítulo III



A partir daquele dia, já se passaram cinco meses, eu me tornei a Mary Hallow das minhas fics, no mundo da fantasia e Remus passou a me visitar a toda a hora no meu mundo real. Hoje, não são mais só sonhos. Por vezes, ele aparece quando eu menos espero e só eu consigo vê-lo.

Resolvi escrever a história de amor de Mary Hallow numa trilogia de fics chamada “Esperando a Lua Nova” e até hoje ainda não consegui terminar a última parte, de tão dedicada que estou às provas da faculdade e à minha própria história de amor com Lupin.

Em público, ele e eu nos comunicamos por pensamento. Não que algum de nós possua qualquer tipo de poderes de legilimência, mas a verdade é que, quando tem alguém por perto e nós queremos nos comunicar, basta um pensar o que quer dizer para o outro ouvir as suas palavras, como se o outro estivesse realmente falando. No começo, era estranho, mas acabei me acostumando. A explicação dele para tudo o que estava acontecendo parecia tão simples e normais quando ditas naquela voz rouca, suave e quente:

– O que eu sei – dissera ele – é que a sua imaginação foi tão forte que abriu esse portal que separa os nossos dois mundos… Mas no seu mundo, as pessoas esqueceram de sonhar, acham que a imaginação é coisa de doidos e, por isso, não vêm o que pode estar bem na frente de seus olhos.

Sabem o que eu acho? Tolos são aqueles que deixam de acreditar na fantasia, que não se permitem sonhar… Não sabem o que estão perdendo. Ficam vivendo numa mesmice sem-graça e recusam essas viagens magníficas, por medo de se perder num mundo de fantasia e serem taxados de loucos. No fundo, é medo da felicidade.

Aos poucos, eu fui aprendendo o quanto a felicidade poderia estar inclusa nos sonhos e como seria impossível viver a minha felicidade na frente dos outros, no meu mundo. Quem acreditaria em mim? Ninguém podia vê-lo…

Hoje, ele estava comigo, quando eu fiz a minha prova de Tradução Especializada de Inglês. Sendo ele um nativo da língua, não preciso dizer que a sua ajuda foi preciosa… Se não fosse a existência de termos técnicos Trouxas para traduzir, eu com certeza tiraria nota máxima!

Como estava sem carro (na verdade, odeio dirigir, por isso nem me incomodo), peguei dois metrôs e um trem para chegar em casa. Depois, vinte minutos a pé, com um saco bem pesado, graças a dois gordíssimos dicionários: um de Inglês/Português e o outro de Português/Inglês.

– Por favor, me deixe te ajudar! – Lupin pediu, pegando o saco, sem me dar tempo para que eu pudesse replicar.

– Remus! – Exclamei, deixando escapar uma pequena gargalhada nervosa e puxando o saco para mim. – Você já imaginou o que seria se alguém visse esse saco voando do meu lado? No mínimo iam achar que tinham pegado sol demais na cabeça.

Foi a vez dele rir, divertido. Aquela gargalhada rouca e franca que me arrepia cada vez que escuto.

– É que às vezes eu me esqueço que fico invisível no seu mundo. Essa situação é tão nova para mim quanto para você. É tão estranho ficar invisível sem feitiço nem capa da invisibilidade… Muito mais estranho do que seria ver um saco pesado voando atrás de uma mulher com ar tão frágil. No meu mundo, bastaria dizer “accio saco”, ele viria e ninguém estranharia.

Eu ri de novo e ele segurou a minha mão com carinho, comentando, com um brilho ligeiramente trocista nos olhos:

– Isso, eu posso fazer. Ninguém vai estar reparando em que posição estão os seus dedos.

Remus sabe como me fazer ficar mais apaixonada a cada momento. A vontade que me deu foi de me jogar nos braços dele e beijá-lo com todo o amor e ternura que me inundaram naquele instante… Mas não podia fazer isso. E se alguém visse? O que diriam de uma mulher abraçando o vazio, esticada na ponta dos pés? Sorri, ao pensar na reação das pessoas que observassem uma cena tão insólita… e nesse momento senti o braço fraquejar, com o peso do saco. Remus percebeu e pegou a minha mão que segurava o saco, ajudando-me a pegar nele. Que alívio!

– Pronto. – Disse ele. – Assim está melhor.

Ele é tão mais alto do que eu que eu não pude deixar de sorrir quando o vi todo curvado para me ajudar a carregar o saco.

– Deixa, Remus! – Pedi. – Desse jeito você vai acabar ficando com problemas de coluna. Olha só para você, todo curvado, quase corcunda!

Mas ele se limitou a fazer aquele sorriso maroto e replicar, com aquele jeito calmo e de bem com a vida que só ele tem:

– Por você, eu não me importo de ser corcunda!

Naquele momento, eu me senti a mulher mais sortuda e mais feliz do mundo… E eu sei que seria, se não fosse a sombra da incerteza: o sexto livro de “Harry Potter” vai sair dentro de pouco mais de um mês e eu não tenho certeza se o meu Remus sobreviverá…

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