O homem da capa vermelha





POV O homem da capa vermelha


 


            Aquele garoto. Eu vou encontrar ele. Não só por ter me machucado, mas por outros motivos. Algo nele não me cheira bem. Primeiro: aquela espada não era qualquer coisa. Ela era de aço nobre, toda trabalhada. Segundo: ele não a roubou porque sabia usá-la perfeitamente. Aquele garoto sabia lidar com o peso e o equilíbrio de uma espada dessas, com certeza ele não é um camponês qualquer.


            E essa é outra questão muito importante. Ele não é um camponês, isso eu tenho certeza, então quem ele é? Decidi ir procurar algo sobre ele alguns dias depois na vila próxima, de onde provavelmente ele estava vindo aquele dia. Claro que troquei de roupa, aquela capa vermelha realmente chama muita à atenção e ele me reconheceria. Vesti-me como qualquer outra pessoa e entrei em um bar chamado Três Vassouras.


            Ele estava bem cheio, mas achei uma mesa próxima e me sentei. Logo um homem barbudo apareceu perguntando o que eu gostaria.


            - Uma cerveja – limpei a garganta – Qual o seu nome?


            - George – ele respondeu – Precisa de algo mais senhor?


            - Na verdade eu queria um informação – ele fez sinal para eu prosseguir – Você sabe quem é um garoto alto, com um cabelo escuro e bagunçado – procurei uma informação que o distinguisse do resto das outras pessoas – e que anda com uma garota ruiva?


            Deduzi que como ele a defendeu aquele dia, com unhas e dentes, provavelmente eles se conhecem e andam juntos. E parece que eu estava certo, pois seu rosto mudou de em dúvida pra certeza em poucos segundos.


            - Ah claro, aquele garoto é primo da menina Evans. Ele está aqui há pouco tempo, veio passar uma temporada na casa dos Evans. Não me lembro do nome dele.


            - Ah, tudo bem, já ajudou bastante.


            O tal George assentiu e saiu em direção à cozinha. Então ele não é daqui, e eu duvido que ele realmente seja primo dessa garota. Isso está ficando cada vez melhor.


            - Ãnh, oi – falou uma voz feminina.


            Levantei o olhar e uma garota loira estava parada em frente à mesa me encarando.


            - Pois não?


            - Eu ouvi você perguntando ao George sobre o garoto que anda com a Evans – ela apoiou as mãos na cintura e eu fiz sinal pra que ela sentasse.


            - Você sabe alguma coisa sobre ele? – perguntei curioso.


            - Claro que sei – ela revirou os olhos – O nome dele é James, e eu tenho minhas dúvidas sobre essa história de eles serem primos.


            Essa é das minhas.


            - E por que você acha isso?


            - Porque eles são estranhos. O James é diferente das pessoas daqui, ele tem essa postura diferente, não sei. E eles não agem como primos, às vezes são bem íntimos.


            Eu já desconfiava. Eu sabia que tinha algo nele, e agora que sei o nome tudo se encaixa. James. James Potter, claro. Então é aqui que o pai tá escondendo ele. No meio de camponeses fedidos.


            - E você é quem? – perguntei a garota loira.


            - Marjorie, muito prazer.


            - O prazer é todo meu Marjorie, muito obrigada pelas informações.


            Levantei abruptamente e saí do bar sem tomar minha cerveja. Muitas coisas estão passando na minha cabeça agora. Eu achei o filho do rei.


           


[...]


 


            Depois de alguns dias armando um plano, decidi colocá-lo em prática logo. Fiquei observando a vila, atrás de uma carroça, aguardando a chegada do garoto príncipe. Pelo jeito ele vem sempre pra cá, então vai ser fácil pegá-lo.


            Logo avistei um cavalo chegando com o garoto e a menina ruiva. Essa é a hora. Esperei a tal Evans entrar no bar e deixar o príncipe sozinho. Ele foi levando o cavalo até uma entrada onde poderia guarda-lo. Fui atrás dele e quando cheguei perto ele terminava de amarrar o cavalo.


            Peguei um pedaço de pau que havia deixado ali pra me ajudar e bati forte em sua cabeça. Ele caiu no chão inconsciente e eu olhei ao redor pra ver se ninguém estava olhando. Agarrei suas pernas e comecei a arrastá-lo até a carroça que eu havia trazido. Que garoto pesado.


            Assim que o coloquei sobre a carroça eu o cobri com um pano e subi. Com um movimento da rédea os cavalos começaram a andar. Finalmente eu havia conseguido. Finalmente essa guerra está vencida.

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