Vinho





POV James Potter
 


            - Você lembra que esse final de semana temos uma festa na vila né James?


- Festa? Que festa? – perguntei, seguindo Lily até a casa.


- A festa que a Lene fica insistindo toda hora pra eu ir e que o Sirius fala o tempo todo.


- Aquela festa pra encher a cara?


            - Chama Festa das Bebidas – ela me olhou enquanto andava – E não é pra encher a cara, mas acontece sempre, por isso não gosto de ir. Tem briga todo santo ano.


            - E do que se trata essa festa além de encher a cara e arrumar briga?


- Ela acontece anualmente, é uma tradição – ela viu minha cara de interrogação e continuou – É como um festival de bebidas, onde as famílias fazem as bebidas mais conhecidas, só que em casa. Minha família sempre leva o vinho, a família da Lene leva a cerveja, a do Sirius o whisky de fogo e assim por diante.


            - Então quer dizer que a gente vai fazer vinho na raça? Tipo, todas as partes do vinho?


            - É James, essa é a melhor parte, está com medo? – ela debochou.


            - Não, mas não faço ideia de como se faça vinho, ou qualquer outra bebida – passei a mão nos cabelos, preocupado.


            - Relaxa, eu sei, esqueceu que fazemos isso todo ano?


            Entramos na cozinha e os pais de Lily nos esperavam para o almoço. Sentamos a mesa e enquanto almoçávamos o Sr. Evans nos informou da primeira etapa do processo.


            - Então garotos, as uvas já estão na bacia lá no quintal, sua mãe já colheu.


            - Vamos das um jeito nelas depois de comer – ela respondeu, colocando comida na boca.


            Tentei disfarçar minha cara de preocupado, mas não consegui.


            - Relaxe James, vocês ficaram com a parte mais fácil, depois se quiser ver a fermentação eu te mostro – o pai dela me disse.


            Assenti e fiquei pensando no que teríamos que fazer afinal. Terminamos de comer e fomos para o quintal. Dei de cara com uma bacia enorme cheia de cachos de uva.


            - O que a gente tem que fazer exatamente? – perguntei.


            - James – Lily começou a rir – temos que pisar nelas, é claro.


            - Pisar? Como assim?


            - Assim James.


            Ela levantou o vestido com as mãos e entrou na bacia. Meus olhos se arregalaram e ela riu mais ainda, começando a pisotear as uvas com os pés descalços.


            - Mas... mas, os pés, quer dizer, aah, sei lá – gaguejei.


            - Tá dizendo que meus pés são sujos James?


            - Não, claro que não – fiquei completamente embaraçado, mas estava pensando exatamente na higiene dos pés.


            - James, você achava que os vinhos eram feitos como? – ela parou de pisar e me encarou.


            - Sei lá, na mão?


            - Ai Príncipe, você é uma piada – ela gargalhou alto – Nós temos que esmagar a uva pra ela virar vinho e usamos os pés por dois motivos. Primeiro que os pés não quebram as sementes, pois elas deixam o vinho amargo. Segundo que exatamente porque o pé não é a coisa mais higiênica do mundo que ele é ótimo para fermentar a uva.


            - Uau – fiquei pensando sobre o que ela disse, e fazia bastante sentido.


            - Agora fecha essa boca e vem me ajudar – disse, puxando meu braço.


            Retirei as botas e dobrei a barra da calça antes de me apoiar nela e entrar na bacia. Era bem escorregadio e tive que me acostumar com a instabilidade. Enquanto eu pisava timidamente nas uvas a Lily se divertia imensamente e até pegou uma uva em nossos pés e comeu.


            Ela dançava e dava giros enquanto pulava, seus cabelos ruivos e longos até a cintura saltavam, exalando seu perfume maravilhoso de lírios. Seu sorriso estava largamente aberto, destacando as sardas em seu nariz. E seus olhos... os olhos mais lindo que já vi, verdes como esmeraldas e tão profundos que eu não conseguia ver o fim.


Eu estava lá parado, encarando Lily Evans, a garota que me arrepiou desde a primeira vez que nos vimos, até que ela escorregou. Por um reflexo a segurei em meus braços e ela riu olhando para mim. Nossos olhares se cruzaram e seu sorriso desapareceu. Aquela hipnose, nossa velha conhecida, apareceu novamente, me colocando em transe.


A diferença é que agora eu tinha certeza do que eu queria fazer, e fiz. Coloquei minha mão em sua nuca, a puxei com toda a vontade que tinha dentro de mim e a beijei. Uma carga elétrica percorreu nossos corpos quando nossas bocas se tocaram e senti ela se arrepiar. Pensei que talvez ela fosse me empurrar, mas nada aconteceu, ela apenas estava correspondendo. Entreabri meus lábios e toquei minha língua na dela, experimentando seu gosto incrível de... vinho? Deve ter sido aquela uva que ela comeu. Eu já disse que amo vinho?


Suas mãos estavam no mesmo lugar de antes, sobre o meu peito. Aproveitei que minha outra mão estava em sua cintura para que não caísse e puxei-a mais pra perto, unindo meu corpo quente ao dela. Com isso ela colocou uma de suas mãos em meu pescoço e intensificou o beijo. Minha vontade era de abrir um enorme sorriso, mas minha boca estava ocupada.


Nos separamos, mas mantive nossos rostos próximos, abri os olhos e os dela ainda estavam fechados. Respirávamos com dificuldade e então ela abriu aqueles lindos olhos verdes.


- Lily – sussurrei seu nome, esperando que ela dissesse algo.


Ela abriu a boca para falar, mas uma voz vinda da casa chamou:


- James, Lily – gritou a mãe dela – Já acabaram?


Nos assustamos com o grito e eu a soltei. Ela olhou para os lados, preocupada, arrumou seu vestido e respondeu:


- Quase mãe.


Então ela me olhou, por um momento achei que ela ia dizer algo diferente daquilo, mas não.


- James, se apresse, precisamos terminar isso logo – Lily falou, ignorando tudo que havia acontecido antes.

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