Moves Like Who?



Just shoot for the stars if it feels right


Atire nas estrelas se achar que é o certo


Then aim for my heart if you feel like


E mire no meu coração se sentir vontade


Take me away and make it okay


Leve-me embora e faça tudo ficar bem


I swear I‘ll behave


Prometo que vou me comportar


 


A BMW negra estacionou na calçada da rua, ao lado do gramado do jardim do prédio. A figura do motorista olhou-se no espelho retrovisor interno e remodelou os cabelos negros, deixando-os cair de um modo displicente sobre o rosto. Mascou o chiclete de menta uma última vez, fazendo uma bolinha e o cuspiu no cestinho de lixo que colocara entre os bancos da frente do carro.


Desligou os faróis e o ar condicionado, tirou a chave da ignição e desceu do carro. Já era noite, bem tarde, mas a noite era uma criança.


Seu traje despojado e moderno com jeans e camisa vermelha de marca. A jaqueta de couro e os tênis adidas provavam o status daquele jovem adulto.


Logo no saguão de entrada, tirou os óculos escuros e fitou o segurança. Um senhor de quase dois metros de altura, musculoso e com um Black Tie elegante.


- Nome?


- Sirius Black. Festa de formatura do Westmingster High Institute. – Ele respondeu.


- Ok. Achei seu nome. Pode entrar, senhor Black. E tenha uma boa festa.


Adentrou a enorme casa de festas e admirou-se com a decoração elegante. Realmente Lily comandara bem a comissão de organização. Um ano e meio de preparação renderam uma festa elegantíssima em um prédio caríssimo e bem localizado no bairro de elite da cidade.


Não demorou e Sirius localizou Remo e James, seus melhores amigos, em uma mesa no centro do salão. Lily, Marlene e Catherine estavam junto olhando o bom trabalho que haviam feito.


A primeira, ruiva, parecia muito satisfeita. Seus olhos verdes brilhavam de contentamento. Trajava um longo vestido negro, na altura do tornozelo e sandálias de bico aberto e salto agulha n° 10, prateadas. A terceira, loira, vestira um traje verde-água realmente belo, modelo frente única, com montes de brilhantes por todo ele, saltos negros lhe tornavam muitos centímetros mais alta do que era.


Por fim Marlene, a morena. Um vestido vermelho-sangue que alcançava os joelhos, provocante. Um salto agulha, vermelho também. Era demais para Sirius. Aquela amizade colorida que possuía com Marlene estava saindo do controle, ela se divertia ao provocar-lhe com esses trajes extravagantes.


Ela realmente não fazia ideia do poder que tinha sobre ele. Cada vez que aparecia naquelas condições que favoreciam sua beleza corporal, Sirius sentia uma flecha no coração, incentivando-o a querer agarrá-la ali mesmo.


- Oi, pessoal.


- Sirius! – Remo e James o cumprimentaram com tapinhas amigáveis.


- Oi, Six. – Lily veio e abraçou-o, deixando espaço para Catherine, que o fez em seguida.


- Fala, Sirius. Beleza? – Marlene soou próxima ao ouvido dele, enquanto o abraçava.


- Você tá muito gata. – Sirius retrucou malicioso.


- Eu sei. Se você se comportar, quem sabe não te deixo tirar uma casquinha no fim da festa, hein? – Marlene brincava com fogo.


 


You wanted control, so we waited


Você queria ter controle, então esperamos


I put on a show, now I make it


Eu dei um show, agora eu faço


You say I‘m a kid, my ego is big


Você diz que eu sou infantil e que o meu ego é grande


I don‘t give a shit


Eu não estou nem aí


 


O discurso do orador da turma foi belíssimo. Todos aplaudiram de pé. A festa começou. A cerimônia restrita aos pais fora na noite anterior, no mesmo local. Hoje o espaço já estava redecorado. Sem tantas cadeiras, com a pista de dança liberada. Lindos balões dourados formavam um arco na entrada e panos brancos e azuis estavam pendurados ao teto, fazendo cortinas no espaço.


O jardim do salão podia ser acessado por uma porta de vidro que a comissão de organização fizera questão de deixar aberta. Na área da boate, havia em mesa repleta de pulseiras de neon, óculos exóticos, echarpes peludas, tiaras com anteninhas, variedades de besteiras decorativas.


Começaram a dançar. Sirius soltou-se imediatamente. Viu James arrastar, a força, Lily para a pista de dança e começar a girar com a ruiva. Remo acompanhava Catherine em um ou outro passo, envergonhado.


Não podia dar-se o luxo de ficar só nesta festa. Era a última a que iria com os amigos do ensino médio. Foi atrás de alguma menina com a qual poderia ficar. Procurou Marlene, mas a morena não estava à vista. Teve de se contentar com Helena. Uma loirinha com quem tivera um caso no começo do ano, o relacionamento não durara mais que três dias, mas para os padrões do rapaz, a garota não era de se jogar fora.


Dançava com ela de modo frenético, ao ritmo da música agitada. Beijava-a o pescoço pálido, divertia-se com os suspiros da menina. Parou de agarrá-la para observar o ambiente. Viu Lene roída de ciúmes perto dele.


- Algum problema, Lene? - Ele indagou quando viu a cara da morena ao vê-lo dançando com Helena.


- Nenhum, Six. Na verdade, fico feliz que tenha achado uma garota para se divertir. - Lene retrucou.


- Queria saber se viu o Nigel, estou procurando-o, sabe, deu uma recaída do nosso tempo de namoro. - Continuou com um sorriso repleto de malícia, ao que o moreno cerrou os olhos e trincou os dentes. A avoada Helena não notou, continuou encarando Lene com um sorriso divertido e amigável.


- Licença. Preciso achá-lo. Boa diversão, vocês dois. – Saiu triunfante ao ver que Sirius não conseguia mais se concentrar na dança e a seguia com o olhar.


 


And it goes like this


E é mais ou menos assim


Take me by the tongue and I‘ll know you


Leve-me pela língua e eu conhecerei você


Kiss me ‘til you‘re drunk and I‘ll show you


Beije-me até estar embriagada e eu te mostrarei


All the moves like Jagger


Todos os movimentos como de Jagger


I‘ve got the moves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


I‘ve got the mooves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


 


Não procurou Nigel. Tudo fora armado. Sentou-se a mesa e viu Lily suada sentada ao seu lado.


- Noite animada, não? – Provocou.


- Só um pouquinho. James foi pegar refrigerante, quer?


- Não. Não estou com sede. Ei! Viu Remo e Cath? Cadê a timidez dos nerds da sala, hein? – Lene devolveu rindo.


- Não é mesmo! Remo sempre surpreendendo. Mas eu também sou nerd e nem um pouco tímida. Não crie estereótipos, Lene. – Lily pediu sorrindo.


- Lição de moral, não, mamãe. – Marlene brincou. Lily riu e logo James chegou com a bebida.


Lene ficou “segurando vela” para o casal. Não demorou e os dois retornaram à pista. Sirius apareceu minutinhos depois, com um sorriso zombeteiro nos lábios.


- Ora! Cadê o Nigel, Lene?


- Disse que quer terminar a noite com chave de ouro, então só vai ficar comigo mais tarde. – Ela mentiu descaradamente.


- Sei... – Sirius comentou.


Um garçom passou com taças de refrigerantes e água. Sirius agarrou uma de coca-cola e bebeu de uma vez. Marlene o encarava, pensando em como continuar aquela brincadeira com água e fogo.


Uma música provocante soou pela pista e gritinhos histéricos vieram das alunas. Marlene não pode refrear a vontade de dançar aquele ritmo na frente de Sirius.


Rebolava até o chão, chamando a atenção do moreno que só conseguia olhá-la, hipnotizado pela sintonia dela com o ritmo, com o balanço das curvas da garota toda vez que subia e descia o corpo, descontraída.


O garçom passou outra vez. Sirius pôs a taça na bandeja e pegou outra, dessa vez de água gelada. Marlene continuava a dançar. O calor no corpo do garoto era inenarrável. Não pensou duas vezes e jogou toda a água do copo no rosto, causando um choque térmico que fez suas entranhas gritarem de frio.


- Sirius! O que foi isso? – Marlene fingiu-se de inocente.


Ele não respondeu. Passou a mão pelo rosto, retirando as últimas gotas de água dali.


- Eu sei, Six. Você está se remoendo de desejo por dentro. Nem adianta esconder. – Lene sussurrou felinamente no ouvido dele, perigosamente perto.


- Sei que sabe. Mas já que está jogando tão baixo, Lene, não vai se importar se eu me utilizar das mesmas armas, não é mesmo? - Sirius provocou, tirando a jaqueta de couro e colocando-a dobrada sobre o encosto da cadeira, deixando à vista a camisa marcada por seu peito definido devido à musculação e aos treinos de futebol.


Voltou-se para ela e, em um segundo, encurralou-a. Pressionou-a contra a pilastra. Os braços musculosos fechavam o cerco em torno da menina.


- Agora tem o que queria.  Eu sei o quanto você estava louca por isso, Lene. Não vou receber resto dos outros, nem casquinha. Você é minha por primeiro e por inteiro! – E selou seus lábios aos dela furiosamente em um beijo desesperado, faminto, quase indecente.


 


I don‘t need to try to control you


Eu não preciso tentar controlar você


Look into my eyes and I‘ll own you


Olhe nos meus olhos e você será minha


With them moves like Jagger


Com esse movimentos como os de Jagger


I‘ve got the moves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


I‘ve got the mooves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


 


Ela se entregou àquele beijo. Seus lábios brincavam com os de Sirius, em uma sensação já conhecida e muito apreciada. A urgência do unir de bocas era o que tornava aquele momento único e não havia uma vez que ficassem que fosse igual à outra.


Quando o fôlego já se extinguira, separaram-se em busca do ar que lhes faltava. Mas o desejo falou mais alto e, segundos depois, já se haviam grudado outra vez em um beijo voraz, sem pudores ou limites, apenas buscando saciar a carência de ambas as partes.


Foi Marlene que quebrou o beijo. Ofegante e com os lábios vermelhos, ela jogou os cabelos para trás, em um gesto metido.


- Já deu por agora, Sirius. Quem sabe mais tarde, hum? – Ela o provocou, passando pela nuca do menino suas unhas compridas e lixadas, cobertas de esmalte vermelho.


- Lene, não cutuque onça com vara curta...


- Onça não. Onça é felino... Você é canino, Sirius. Um cachorrinho, meu cachorrinho...  Ainda não se deu conta de que está se apaixonando por mim, Sirius? - Marlene provocou, sussurrando próxima ao ouvido dele. Sirius não respondeu.


- Lenta e perfeitamente estou fazendo com você o que nenhuma garota conseguiu e o que você nunca aceitou que aconteceria... Fazendo você cair de amores por alguém. 


Deixou Sirius ali, plantado em meio a pensamentos e foi andar pelo espaço. Riu sozinha por alguns momentos, crendo como estaria sendo difícil para Sirius cair na real. Uma realidade pouco acreditável, mas existente.


Ele ia, aos poucos, ficando cada vez mais amarrado a ela. Ao seu jeito levado e atraente, aos seus beijos profundos e extasiantes, ao seu perfume inebriante, ao seu corpo curvilíneo...


Marlene nem pode acreditar que tudo estava dando tão certo para si. Há muito desejava Sirius, mas não o queria por uma noite, por uma festa. Queria-o por mais tempo. Queria-o para um namoro, para ter alguém que lhe desse atenção. E, para conseguir isso, ela precisou fazê-lo crer que ela estava sendo manipulada e que ela era quem estava apaixonada na história, o que tinha um fundo de verdade.


Teve então a ideia de ser o que Sirius sempre quisera, uma amiga com quem pudesse se divertir e que não pedisse-lhe exclusividade de relacionamento. Uma garota com quem ele pudesse ficar sempre sem precisar namorá-la. Mas era nesse ponto que Lene se faria necessária. Faria com que Sirius notasse-a e sentisse sua falta, com que Sirius voltasse a ela por gostar e não por tê-la como reserva. Não seria a última, mas a primeira opção dele. 


Distanciou-se, embrenhando-se na pista de dança. A música já mudara e agora era menos dançante, mais para se escutar. Um momento de descanso aos formandos exausto de bailar. Viu um ou outro casal dançando agarradinho e sentiu seu coração em frangalhos.


 


Maybe it‘s hard when you feel like you‘re broken and scarred


Talvez seja difícil quando você se sente ferida e machucada


Nothing feels right


Nada parece certo


But when you‘re with me, I‘ll make you believe


Mas quando você está comigo, eu a farei acreditar


That I‘ve got the key


Que eu tenho a chave


 


Era tão poderosa, tão fatalmente atraente perto de Sirius, mas longe dele... Longe dele ela era só a Marlene. A menina caladinha; nunca fora popular no colégio, tinha apenas a quantidade de amigos necessária para não ficar isolada. Em casa, só entre a família e as melhores amigas (Lily e Catherine), mostrava sua verdadeira personalidade, alegre e contagiante. Era míope e precisava de óculos. Os que possuía eram feios, com lentes grossas e grandes. Optara por lentes de contato para sair de casa e, na tranquilidade do lar, colocava a armação metálica, revelando seu verdadeiro eu.


Não se recordava mais, quanto tempo de sua infância passara indo à fonoaudióloga para corrigir um problema de fala. E também tinha uma leve dislexia, doença que a fazia confundir números com letras, que atrapalhava sua habilidade de leitura em público.


Talvez por isso, era tão mais fácil para ela interpretar o papel da Marlene provocativa e felina. Era a representação de tudo o que não era.


E então viu em Sirius a oportunidade de mudar a imagem que poderiam ter dela. Não seria a fofa e romântica, como Cath, nem a inteligente e apaixonada, como Lily, seria a chamativa e sensual Lene.


Ainda estava passeando pela pista, totalmente deprimida, quando viu Helena, a menina que Sirius estava agarrando antes, ao lado de Nigel.


- Marlene!! Marlene olha! Achei o Nigel para você. – Helena pronunciou-se animada, crente ter ajudado a menina.


Marlene quis estrangular a pobre Helena. Seria possível alguém ser tão burra de não notar ironia e provocação? Ela realmente tinha levado Lene a sério ou queria apenas irritá-la?


- Obrigada, Helena. É eu realmente estava procurando você, Nigel. – Ela bufou em resposta. O sarcasmo escorria de cada palavra sua.


- Vou deixar vocês sozinhos para se resolverem... – Helena murmurou afetada, soltando risadinhas histéricas.


Ela saiu e Marlene bufou outra vez, como que estressada.


- Lene... – Nigel a chamou. Ela gemeu algo inaudível em resposta. – Sei que não estava me procurando de verdade. Não precisa mentir.


O tom do menino era quase triste. Lene sentiu pena do coitado. Era realmente um rapaz fofo. Suspirou e piscou os olhos demoradamente.


 - Não, Nigel. Desculpe, eu não estava te procurando.


- Então por que disse à Sirius e Helena que estava? – Ele perguntou.


- Porque... Porque queria que ele sentisse ciúmes. Ciúmes como eu senti... – Confessou envergonhada.


- Lene... Lene você sabe que não é assim que as coisas funcionam. Eu te adoro, e você sabe, mas, sinto muito, não vou deixar você me usar para fazer ciúmes em Sirius Black. – Ele avisou com a feição rígida.


- Sei que não. É errado. Eu também não deixaria. Desculpe, Nigel. – Ela pediu com sinceridade. Ia sair dali, mas Nigel a segurou pelo punho.


- Lene escuta... Eu te adoro demais, não te quero ver mal pelo Black, ok? Você sabe que ele é um galinha, porque insistiu nele? Não estou perguntando isso porque você terminou comigo por ele, mas porque quero saber.


- Não sei, Nigel... Ele tem uma coisa... Um... Eu nem sei direito... É uma espécie de... Ai, Nigel... – Ela abraçou-o desesperadamente.


- Calma, calma, Lene... Se você realmente gosta dele, diga de uma vez. Provocá-lo do jeito que faz não é bom, ele te usa, brinca com você... E você não merece nada disso, Lene.  – Ele sussurrou doce no ouvido dela.


Aos poucos ela se acalmou e soltou-se dele.


- Obrigada, Nigel. – Sorriu.


- Nada... Lene? Será que, como amigos, você me concederia uma dança?


Ela o encarou com pena e compaixão.


- Claro!


Marlene colou-se a ele e descansou a cabeça em seu ombro. Davam passinhos lentos de um lado para o outro, no ritmo da música. O garoto a conduzia com maestria, deslizando gracioso pela pista. Seriam um belo casal. Mas o coração de Marlene já não batia pelo garoto que bailava com ela, batia em um ritmo desesperado, tal como seus sentimentos por Sirius Black.


Ela fechou os olhos por um segundo e logo depois se sentiu ser puxada para longe, pelos braços. Abriu os olhos, assustada. Deu-se conta de que Nigel ainda a segurava, tentando protegê-la do que fosse. Virou-se e viu os olhos azuis de Sirius. Sentiu uma raiva descomunal crescer em sua garganta.


- Larga a minha Lene! - Nigel amedrontou-se e tirou as mãos da cintura de Marlene, assustado com a feição rígida de Sirius.


- Sua? Poupe-me, Sirius! Você só me procura quando quer dar uns amassos e depois some. O máximo que temos é um affair. Agora cai na real, queridinho, e me deixa curtir um pouco? 


 Sirius ficou desconcertado por alguns minutinhos, chacoalhou a cabeça, ajeitando seus pensamentos e então virou-se para ela.


- É realmente o que pensa, Lene? Não me pareceu isso, dez minutos atrás. Cair na real... Você não me parecia muito “na real” quando ficamos nos agarrando na pilastra. Mas beleza, deixa você pensar que tem o controle das coisas. – E saiu.


 


So get in the car, we can ride it


Então entre no carro, podemos sair por aí


Wherever you want, get inside it


Para onde você quiser, só entre logo


And you wanna steer, but I‘m shifting gears


Você quer guiar, mas eu mudo as marchas


I‘ll take it from here


Eu assumo aqui


 


Marlene quedou-se quieta, refletindo. Nigel a encarava, não muito satisfeito.


- Era isso que eu não queria, Marlene. Você magoada e o Sirius posando de bonzão que fica com todas.


- Nigel, no melhor sentido... Me deixa em paz. Eu te adoro, mas meu humor não tá para lição de moral. – Marlene pediu estalando os dedos com fúria e inquietação.


- Ok! – Nigel pronunciou-se levantando as mãos em sinal de rendição. - Eu desisto, Lene. O seu problema é que você gosta de sofrer.


 Nigel distanciou-se a passos vagarosos, dando as costas para ela. Marlene quis gritar, extravasar a raiva, a frustração... Tudo dera errado para ela, outra vez. Saiu dali pisando fundo, desejando que uma bola de cristal aparecesse em sua frente, para que pudesse chutá-la até estraçalhá-la.


Voltou à sua mesa e viu todos os amigos sentados, à exceção do moreno cujo casaco estava pendurado no encosto da cadeira. Bufou irritada e teve vontade de rasgar cada pedacinho do tecido.


- Calma, Lene. A cadeira não tem culpa! – Lily brincou ao ver o olhar da amiga para o encosto do assento.


- Não, mas eu adoraria rasgar o casaco daquele infeliz!!


- O Almofadinhas pisou na bola outra vez? – Remo perguntou.


- É! Seu amigo é cheio de almofadinhas mesmo. Um cachorro sem vergonha, quero matá-lo.


- Na verdade... – James começou. – O Almofadinhas não tem tanta culpa, vocês não namoram nem coisa do tipo...


- Mas é muita cara de pau do Sirius, sabendo que a Lene gosta dele, ficar agarrando todas ao mesmo tempo. – Cath defendeu a amiga.


- Ele... Ele não sabe... – Marlene falou baixinho, mas ainda chateada.


- O QUE?? Marlene você é doente ou o que? Como quer que o menino te de atenção se nem conta que está a fim dele? – Lily fez um escândalo.


- Sei lá...


- Viu?! A culpa não é do meu amigo... Ele só curte a vida...


- Ah é? Ele “curte a vida” James Potter? Pois então vá curtir a vida com ele... Vá! Se acha que isso é vida, pode ir, ficar com todas... – Lily teve um ataque de ciúmes.


- Lils... Lils você sabe que eu só defendi o cara... Eu só tenho olhos para você... – Ele cantou-a. Lily fez-se de difícil.


- Não me convenceu...


- Ah é? E se eu te disse que minha carta de aceitação universitária chegou? – James falou com um sorriso, tentando fazê-la ceder.


- Chegou? – Lily virou-se para ele, surpresa, mas não feliz. – Que bom Jay... Você vai... – Suspirou quase que descrente. – Vai para Massachussets, Estados Unidos. Do outro lado do oceano.


Os amigos se apiedaram de Lily. James abriu o casaco de couro e tirou de lá um papel de carta, timbrado de vermelho. Estendeu-o para Lily.


- Leia.


- NÃO! Não quero tornar mais real o fato de que você vai embora e eu... E eu vou te perder...


- Leia, Lily. – Ela desdobrou o papel com chateação. Leu com voz monótona. – Caro Sr. Potter, temos o prazer de anunciar que o senhor foi aprovado com louvor no teste de admissão da Universidade de... AI MEU DEUS!! OXFORD!!! JAMES!! Nunca me disse nada que pretendia ir para Oxford! Eu não acredito! Vamos para a mesma universidade!!!


Lily surtava e James ria. Cath e Remo estavam alheios à conversa, beijavam-se apaixonadamente de seu canto da mesa. Marlene sentiu-se deslocada. Levantou-se e voltou a caminhar sem rumo pelo salão. Uma pequena quantidade de pessoas aglomeradas na pista atiçou sua curiosidade. Foi até lá para ver o que passava.


Seus olhos se encheram de lágrimas ao ver Sirius agarrado a outra menina. A terceira da noite. Ou talvez quarta, quinta... Ela não saberia dizer, mas não podia agüentar crer que amava um verdadeiro cafajeste, a conclusão levou seus pensamentos à loucura.


Correu para longe dali e só então percebeu, ela nunca guiara verdadeiramente seus joguinhos de fogo com Sirius, ele sempre comandara tudo e ela comia em sua mão sem notar...


 


And it goes like this


E é mais ou menos assim      


Take me by the tongue and I‘ll know you


Leve-me pela língua e eu conhecerei você


Kiss me ‘til you‘re drunk and I‘ll show you


Beije-me até estar embriagada e eu te mostrarei


All the moves like Jagger


Todos os movimentos como de Jagger


I‘ve got the moves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


I‘ve got the mooves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


 


Alcançou o jardim em uma rapidez que a surpreendeu. Sentou-se na grama molhada de orvalho e admirou o céu. As estrelas brilhavam cintilantes e a lua cheia iluminava tudo por ali. Após a chuva da tarde, viera esse céu estrelado; após a tempestade sempre vinha a bonança... Sempre com os outros, nunca com ela...


Pensou em beber para livrar-se da sensação ruim, mas o bom-senso falou mais alto. Se meteria em grandes problemas com o pai se chegasse em casa de qualquer modo diferente de sóbria. Ela sabia como ficava quando bebia, uma vez experimentando álcool lhe fora suficiente para perceber que essa não era uma prática que adotaria para sua vida adulta.


Futuro...


O seu parecia brilhante. Vaga em duas universidades renomadas, uma na Inglaterra e outra na França. Um currículo lotado de trabalhos voluntários. Os remédios que tomava para a dislexia estavam finalmente fazendo algum efeito... Teria sucesso... Teria...


De que lhe valia tudo aquilo se não teria amor? Era bem verdade que era jovem e que o amor de um jovem é mais volúvel do que programas de TV a cabo, mas sentia que seu amor por Sirius jamais mudaria. Sentia que o conhecia por toda a vida e muito mais, sentia que ele fora feito para si, que era seu par perfeito...


E chorou.


Chorou por seu coração bobo que a fizera amar alguém tão imperfeito. Contudo, ninguém é perfeito, nem ela o era... Sentiu-se vulnerável e presa, impotente... Nada podia fazer para amenizar o que sentia... Aquela dor latente no peito, a dor da realidade, a dor de se sentir traída... Nem aquele amor tão grande, tão puro, tão irreal e fantasioso, tão perfeito e, ao mesmo tempo, tão falho...


Somente o tempo curaria aquela ferida. Não tornaria a se apaixonar, faria como sempre fez, se trancaria para aquele sentimento que lhe causara dor. Quando pequena, caíra de bicicleta e quebrara a perna, nunca mais tornara a usar o objeto. O mesmo faria com esse amor todo. O mataria dentro de si, não importando o quanto doesse e faria o possível para não mais se apaixonar.


Ouviu passos abafados pela grama fria do jardim e pode sentir uma presença a seu lado.


 


I don‘t need to try to control you


Eu não preciso tentar controlar você


Look into my eyes and I‘ll own you


Olhe nos meus olhos e você será minha


With them moves like Jagger


Com esse movimentos como os de Jagger


I‘ve got the moves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


I‘ve got the mooves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


 


- Lily me disse que estava com raiva e queria me matar, espero que não seja verdade... – O tom de Sirius era brincalhão.


- Não, não é... Não vou arrumar um motivo para ir à cadeia só por você, não vale a pena.


- Ei! Calma! Falei brincando. – Ele retrucou surpreso. Marlene se levantava.


- Eu sei. Eu também só estava brincando. – Ela falou com um sorriso cínico nos lábios.


- O que há, Marlene? Está tão estranha...


- Nada, Sirius, nada. – Bufou.


- Está treinado para virar touro? Ultimamente só sabe bufar para mim...


- É, talvez eu esteja! – Ela berrou furiosa.


- Ei! Não grite comigo! Não fiz nada! – Defendeu-se


- Fez! Fez sim! Nasceu!


- Não pedi para que isso ocorresse! – Ambos já estavam gritando um com o outro. – Já disse que não fiz nada! – Tentou acalmar-se, falando controladamente.


- Ah, claro. Ficar com um milhão de meninas em uma noite, me usar... Não é nada! – A voz de Lene gotejava sarcasmo.


- Não vejo sentido... – O peito de Sirius subia e descia com velocidade, enquanto ele tentava recuperar o fôlego.


- Quer uma cela e um arreio? Se faz de burro fabulosamente bem!


- Me respeite, Lene! Nem estou te reconhecendo, o que há? – Sirius pediu


- Sabe, Sirius, eu também não estou te reconhecendo. – Tentou sair dali, mas ele a impediu.


- Do que está falando?


- De você! Não é mais o Sirius que conheci. Agarrando todas? Me usando?


- Isso é ciúme? Só porque não tem exclusividade? – Ele provocou.


- PODE SER! NÃO AGUENTO MAIS QUE VOCÊ LEVE TUDO NA BRINCADEIRA, SIRIUS!


 


You wanna know how to make me smile


Você quer saber como me fazer sorrir


Take control, own me just for the night


Assuma o controle, me possua só por essa noite


And if I share my secret


E se eu compartilhar o meu segredo


You‘re gonna have to keep it


Você vai ter que guardar


Nobody else can see this


Ninguém mais pode ver


 


- Eu não te entendo. Para que esse drama todo? Essa ceninha? Eu nunca te prometi nada...


- É POR ISSO!


- POR ISSO O QUE? – A paciência dele se esgotou.


- VOCÊ É UM IDIOTA! ME SOLTA DE UMA VEZ QUE EU JÁ NÃO TE AGUENTO, SIRIUS!


- Vai me falar o que antes!


- O QUE O QUÊ?


- “Por isso o que?” Qual é a dessa ceninha ridícula?


- A MESMA DA SUA CENINHA QUANDO DANCEI COM O NIGEL!


- Não grite!


- GRITO! GRITO, GRITO E GRITO! – Ela estava com raiva e seus olhos escorriam lágrimas.


Era uma cena triste. Ele agarrava os punhos dela, atrás de respostas e ela só queria ficar só e sentir sua dor em paz. Ficar sem a presença dele e se recompor para uma nova vida. Uma vida sem paixões.


- Marlene, eu sou seu amigo. Estou te pedindo, não grite. – Sirius clamou quase sem paciência. – Me diga de uma vez o porquê disso.


- QUER SABER A VERDADE, SIRIUS? - Ela berrou, tentando extravasar a raiva que sentia e, ao mesmo tempo, sobrepor sua voz à música alta que vinha do salão.


- QUERO!!


- TÁ! – Marlene soltou. Suspirou, cansada dos berros.


 


So watch and learn, I won‘t show you twice


Então veja e aprenda, não vou mostrar duas vezes


Head to toe, ooh baby rub me right


Da cabeça aos pés, uuh baby, esfregue-me direito


If I share my secret, you‘re gonna have to keep it


Se eu compartilhar o meu segredo, você vai ter que guardar


Nobody else can see this                             


Ninguém mais pode ver


 


Ela enrolou um pouco, alternando respiradas profundas e suspiros preocupados. Tentou pensar em uma mentira convincente, mas queria dizer a verdade.


A verdade...


A tão dolorida e difícil verdade. Nunca pedira para se apaixonar por seu melhor amigo, apenas acontecera e agora ela sofria.


- Fale, Lene. Não temos a noite inteira. – Sirius apressou-a


- Ah, é! Quantas garotas mais você vai agarrar hoje? – Ironia era o jeito de Marlene de retardar o inevitável.


- Não desvie do assunto. Explique-se de uma vez, Marlene Mckinon!


- A VERDADE é que eu te amo! Sim, te amo e não quero deixar de amar! E eu não agüento mais essa droga dessa "amizade colorida". Se decida, amiga, namorada ou mais nada. - A voz dela foi morrendo durante a confissão.


Sirius estagnou-se no lugar. Seus olhos se arregalaram. Não era nem de longe o que esperava ouvir. Seus dedos, involuntariamente soltaram o punho da amiga. Lene o olhou uma última vez e murmurou:


- Desculpe, já não dava para evitar.


 


And it goes like this


E é mais ou menos assim


Take me by the tongue and I‘ll know you (take me by the tongue)


Leve-me pela língua e eu conhecerei você (leve-me pela língua)


Kiss me ‘til you‘re drunk and I‘ll show you


Beije-me até estar embriagada e eu te mostrarei


All the moves like Jagger


Todos os movimentos como de Jagger


I‘ve got the moves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


I‘ve got the mooves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


 


Correu. Correu salão adentro e foi até a mesa. Agarrou sua bolsinha de contas e saiu pela outra porta, em direção a rua. Sirius levou esse período de tempo para compreender a frase de Marlene e percebeu que não podia ficar sem dizer nada. Disparou para a saída do prédio. Marlene estava na calçada, seu vestido vermelho brilhando no escuro da noite.


- MARLENE!!! MARLENE!!! – Ele berrou, ainda dentro do corredor.


Lene sabia que era ele. Viu um táxi passar pela rua e fez sinal com as mãos. O taxista fazia a volta no canteiro central e Sirius corria em direção a ela.  Era uma corrida contra o tempo.


Quando o carro parou na rua, Sirius passava pelo segurança, veloz. Lene precipitou-se para dentro do veículo com lágrimas correndo pelos olhos.


- MARLENE!!! MARLENE, ESPERA!!


Ela virou-se para o motorista.


- Abbey Road, a sete ruas daqui, por favor, senhor. – O senhor assentiu.


Sirius finalmente alcançara a porta de vidro e ainda berrava por ela.


- Ahn... Acho que estão lhe chamando, senhorita. – O motorista notou, ao ver Sirius vindo em direção ao táxi.


- Não... Não estão. Não me chamo Marlene. – Ela mentiu por entre o choro. – Pode ir.


O carro acelerou quando Sirius estava o alcançando. Ele perseguiu o veículo até o fim da quadra, quando o táxi virou a esquerda e ele não viu mais os faróis brilhando na escuridão.


- Marlene... – Sirius murmurou sozinho na rua ao passar a mão pelo rosto suado.


 


I don‘t need to try to control you


Eu não preciso tentar controlar você


Look into my eyes and I‘ll own you


Olhe nos meus olhos e você será minha


With them moves like Jagger


Com esse movimentos como os de Jagger


I‘ve got the moves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger


I‘ve got the mooves like Jagger


Eu tenho movimentos como os de Jagger
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N/A: Ai, ai, ai... Essa fanfic ficou enorme e meio ruim. Tipo, eu só postei porque a minha leitora pediu muuuuito mesmo!
Então tá, se vocês puderem comentar mesmo que seja para dizer "Depois dessa fic, te enterra porque futuro como escritora você não tem".
Talvez eu faça um epílogo só porque gosto de finais felizes e esse me fez sentir falta de um romance meloso e fofo... Mas só talvez...
Comentários vão influenciar minha decisão.
Morgana Pontas Potter.
P.S: Cara Bru Mckinnon Black, você pôs no perfil que curte fanfics James/Lily, estou escrevendo uma long-fic para eles. Se chama De um jeito especial, se estiver com tempo e paciência (e vontade, né? Onde já se viu, autora mais chata essa, né?!) para lê-la, vale a pena. Comentaram que é boazinha...
Bejios a todos!! 

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Comentários (1)

  • Bru Mckinnon Black

    Oieee!Sério isso já está ficando repetitivo, mas lá vai..... POSTA O PROXIMO!!! HahahahaA fic está incrivel, estou realmente apaixonada por ela!Como você eu também amooooo finais felizes, então escreva um pra esses dois, okay??Quero muito ler a sua outra fic, assim que der eu começo a ler e comento lá!!Bjsss 

    2014-04-23
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