Vinte segundos de coragem
Um sábio, uma vez disse: Tudo o que você precisa são 20 segundos de coragem absurda - bom, acho que ele não fazia ideia do quão difícil é tomar coragem para ter esses 20 segundos de coragem absurda.
Depois que Harry se foi, voltei a ficar mal. Não queria fazer nada, não tinha ânimo para fazer nada... Então decidi que devia tomar um banho quente e ir dormir.
Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo tenso, fiquei pensando em como diria a Draco que estava grávida.
Esperaria ele vir me visitar - disse que faria isso dali a dois dias - e então contaria. Quanto a Rony e os outros, bom, daria um jeito.
Pensei em pedir para Harry que não contasse nada, mas Harry era gentil demais para fazer isso.
Saí do banho, enrolei-me na toalha e fui para meu quarto. Lá vesti meu pijama e fui dormir. O dia estava sendo longo.
Acordei às 14:00 hs da tarde de Domingo. Havia um raio de Sol entrando por uma fresta da janela - olhei para aquilo e desejei voltar no tempo.
Novamente as lágrimas escorreram pelo meu rosto, eu não aguentava mais aquela angústica.
Tinha medo por mim, por Draco e por aquela criança - mas o que estava me matando era não poder desabafar com ninguém.
Abracei meu travesseiro e desejei que Draco estivesse ali. Não aguentava aquilo - me sentia sozinha e não aguentava aquele frio na barriga. Tinha que ver alguém, qualquer pessoa que fosse.
Levantei, lavei meu rosto e tomei um banho demorado.
Enquanto a água escorria pelos meus ombros, fiquei olhando para minha barriga - era engraçado pensar que tinha alguém ali dentro.
Embora fosse um momento difícil, era bom saber que eu sempre teria uma parte de Draco comigo.
Saí do banho um pouco mais calma. Coloquei o roupão e fui para meu quarto. Assim que entrei nele, dei de cara com o espelho - olhei para minha barriga e instintivamente minha mão foi até meu ventre.
Não era impossível imaginar meu ventre crescendo, acho que no fundo, eu sempre havia sonhado com isso.
Queria me casar com Draco e ter uma família com ele - mesmo sabendo dos riscos.
Comecei a sorrir.
Talvez eu estivesse vendo aquilo tudo da maneira errada - sim, haviam riscos, e não eram poucos. Mas eu e Draco nos amávamos, e tinhamos o direito de viver esse amor. Talvez essa criança não fosse um problema, talvez ela seja apenas uma maneira de fortalecer o nosso amor.
- Meu filho... - coloquei a mão no ventre.
(...)
A tarde de domingo demorou a passar, então passei o tempo lendo, para me distrair. À noite, fiz uma sopa quente e cedo fui para cama. Embora tivesse dormido até tarde, me sentia cansada. Além disso, Draco viria no início da tarde e eu queria estar bem para dar a notícia para ele.
(...)
Acordei e como sempre, levei a mão até o despertador - 11:30.
Levantei e fui tomar um banho, não queria estar desarrumada quando Draco chegasse.
Assim que saí do banho, fui até a cozinha preparar algo para comer - não estava me sentindo faminta mas eu estou grávida, isso é um fato, e mulheres grávidas precisam se alimentar.
Almocei e resolvi ficar deitada no sofá relaxando. Perdida em meus devaneios, fui surpreendida por um vento forte.
Alguns segundos depois, senti a respiração dele próxima ao meu ouvido:
- Olá Hermione - sua voz era rouca.
- Draco! - respondi contente.
Ele me beijou suavemente.
- E então, você foi ao médico?
Engoli em seco.
- Sim.
- E então, está tudo bem com você?
- Sim, está tudo bem com nós...
Ele me olhou sem entender nada.
- Nós?? "Nós" quem?
Vinte segundos de coragem absurda, era disso que eu precisava.
- Eu e o nosso filho - coloquei a mão sobre meu ventre.
- Do que está falando?
- Draco, eu estou grávida.
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