A descoberta



 


                   "Três pessoas podem manter um segredo, se duas delas estiverem mortas."

                                                                                           - Benjamin Franklin


                         


       Londres estava geladíssima naquela manhã de quinta-feira. Hermione acordou com fortes dores na barriga. Não fazia ideia do que poderia ser.
       Arrastou-se para fora da cama e foi até o banheiro pegar um remédio. No espelho, viu seus cabelos cacheados e ruivos desarrumádos. Os olhos castanhos estavam cansados - a noite não havia sido boa.
       Voltou para a cama e quando fechou os olhos, lembrou-se de seu sonho.
       Estava caminhando por uma colina - o dia estava bonito e nada à atormentava. Andou por aquele abundante pedaço de terra por vários minutos, até que, ao longe, avistou ele - Draco Malfoy. O garoto por quem seu coração batia agora.
       Ele se aproximou lentamente, o sorriso torto de sempre, o olhar desviado já que não conseguia encará-la.
       Tocou uma mecha de cabelo de Hermione e depois beijou-lhe na face.
       - Como eu a amo Hermione... - sua voz rouca e a respiração quente provocaram arrepios nela...
       Ela não respondeu. Mas não era preciso. Amava Draco com a mesma intensidade.
       Se beijaram apaixonadamente e naquele momento, ela teve certeza de que não queria estar em nenhum outro lugar.
       De repente, notaram que não estavam sozinhos - de um lado, os comensais da morte e do outro, estavam Harry e seus seguidores.
       Olhavam para Hermione como se ela fosse uma traidora - amar um sonserino? Pior, um comensal da morte. Bom, Draco não era um comensal da morte... ainda.
       De um lado, a família Malfoy olhava com repulsa. Como pudera o herdeiro deles se apaixonar por uma "sangue ruim" ? Do outro lado, Rony olhava para Hermione - a decepção estampada em seu rosto. Ele amava Hermione, como ela podia tê-lo traído de tal forma?
       Hermione sentiu uma pontada de culpa... Rony era um bom rapaz, mas ela não o amava. A vida toda, sempre havia sido Draco, ela só não tinha se dado conta disso.
       - Não se preocupe... Não vou abandoná-la. Nunca - susssurou Draco em seu ouvido.
       Hermione segurou forte na sua mão. Estava tudo tão quieto. Ela podia ouvir a respiração dele - tensa e curta.
       - Eu a amo... - ele disse novamente em seu ouvido.
       Ela olhou para ele e viu que uma pequena lágrima escorrer no canto de seu olho - aqueles lindos olhos azuis acinzentados...
       - Eu também o amo Draco... mas por que... - foi interrompida.
       - Avada Kedavra - um comensal da morte lançou o feitiço.
       - DRACO! - Hermione gritou.
       


        Hermione levantou assustada novamente. A respiração acelerada, o coração parecia que ia explodir.
       Sentiu novamente uma pontada na barriga. O que seria essa dor?
       Levantou e começou a andar pelo pequeno apartamento que havia alugado. Nunca sentira tanta falta dos pais, era horrível lembrar deles e saber que jamais poderia voltar a vê-los.
       Olhou para os porta-retratos e viu uma foto sua com Draco - havia sido tirada assim que os dois começaram a namorar.
       Pegou a foto e sentou-se no sofá. Ficou olhando para Draco e passando a mão por sobre sua figura.
       - Ah Draco... - colocou a foto contra o peito - Se ao menos estivesse aqui...
       Dito isso, um vento forte abriu uma das janelas. Hermione se assustou e pegou a varinha. Depois de 2 segundos constatou que havia sido apenas o vento, então foi até a janela para fechá-la.
       Atrás de Hermione, surgiu Draco, sorria maliciosamente e fez questão de respirar próximo ao pescoço de Hermione, provocando-lhe um arrepio.
       - Não devia se distrair tanto... - ele colocou a varinha nas costas de Hermione.
       - Você é que não devia se distrair tanto - ela se virou e caiu sobre Draco no sofá - Como... ?
       - Dei um fugida - sorriu maliciosamente.
       - Não toma jeito, não é mesmo? - perguntou revirando os olhos - Draco, eu também estava com saudades mas... Não é seguro. Poderiam tê-lo seguido e descoberto a respeito de nós.
       - Isso seria ótimo - ele se ajeitou e a colocou em seu colo.
       - Draco, são comensais da morte... Não acho que vão aceitar isso.
       - Eles vão ter que aceitar.
       - Está sendo otimista, você convive com eles, sabe do que são capazes...
       - Eu a amo Hermione... Nada do que façam vai mudar isso...
       Ele me olhou profundamente e eu me perdi naquele olhar.
       - Eu também o amo Draco... Só não quero correr riscos.
       A fitou por alguns segundos e disse:
       - Está linda com este pijama Granger.
       Hermione começou a rir.
       - Você também está apresentável... Malfoy - sorriu maliciosamente.
       - Puxa, essa foi boa, mas suas implicâncias não me atingem mais.
       - Ah é? E o que lhe atinge, posso saber?
       - Para começar, esse seu narizinho empinado me atinge, esse seu cabelo ruivo me atinge, esses olhos me atingem... - ele afundou o rosto no cabelo dela- Você não faz ideia do quanto isso me atinge, mas não vou dizer que não gosto - riu maliciosamente.
       Draco me beijou. Seu beijo era terno e doce - desejei que aquele momento durasse para sempre.
       - Ai! - gritei e em seguida coloquei a mão na barriga.
       - O que foi Hermione? - ele ficou preocupado.
       - Acordei com uma dor na barriga, não sei o que é... Pensei que fosse algo que eu havia comido, mas não é. Estou sem comer a dois dias, porque qualquer coisa que eu coma me faz vomitar.
       - Precisa ir a um médico - ele me encarou - Pode ser bobagem mas... - ele hesitou.
       - O que Draco? O que você acha que é?
       - Nada. Apenas um pensamente estranho.
       - Draco, conte. O que foi que você pensou?
       Ele hestiou por mais dois segundos.
       - Bom, você pode estar grá... - não deixei ele terminar de falar.
       - Shhh! - coloquei a mão sobre sua boca exaltada - Não diga besteira, eu não posso estar grávida.
       Ele ficou apreensivo. Mordeu os lábios e fitou o chão.
       - Tem certeza Hermione?
       - Absoluta - disse com medo. Não tinha certeza absoluta, só teria depois que fosse a um médico.
       - Tudo bem - ele me abraçou - Não se preocupe, deve ser só um mal estar... Mas ainda assim, quero que marque um médico.
       - Draco ... - ia protestar, mas ele me interrompeu.
       - Por mim Hermione - pediu segurando minhas mãos.
       Suspirei.
       - Tudo bem - sorri torto - Tudo por você.
       Ele voltou a sorrir, jogou-me no sofá e me beijou.
       - Eu a amo. Mais do que tudo e mais do que todos.
       Não consegui responder pois ele me beijou logo em seguida.


       Sábado, exatamente às 10:30, Hermione entrou no consultório do Dr. Monroe. Foi até a recepcionista e esta pediu que ela aguardasse dois instantes.
       Hermione sentou-se em uma poltrona e observou a sala - tinha as paredes amarelas, e alguns quadros com paisagens. As poltronas eram cor de creme e havia um carpete gostoso no chão.
       Perdida em seus devaneios, quase não percebeu quando a chamaram.


       - Você deve ser a Srta. Granger, não é? - perguntou estendendo a mão.
       Ela não podia mais ir no médico da família. Era arriscado demais.
       - Sim - respondeu ao aperto de mãos sorrindo.
       - Sente-se - ele pediu - Então, me diga, o que a trouxe aqui?
       - Bom, há alguns dias estou sentindo dores na minha barriga, por isso achei que fosse algo que comi, mas não era. Fiquei um dia sem comer e a dor continuou. Me alimentei e comecei a vomitar, e isso não foi um dia ou dois, já faz mais de uma semana.


        - Certo - ele parou de anotar - Tomou algum remédio?
       - Sim, mas fiquei com dor de cabeça por isso parei de tomar.
       - Ok - ele voltou a escrever.
       - Estou cansada e me sinto enjoada por qualquer coisa... Doutor, o que pode ser?
       - Sua menstruação está atrasada? - ele perguntou.
       - Acho que... Umas duas semanas, mas... - de repente, Hermione entrou em choque.


        A última vez em que ela e Draco tinham se relacionado já passava de duas semanas.
        - Bom Srta. Granger... Não tenho muito o que dizer - o médico começou a sorrir - Vou pedir alguns exames, para confirmar, mas não tenho dúvidas. Você está grávida.


 


 


 


      


 


 


 

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