Capítulo 07



CAPÍTULO SETE: Cumprindo a detenção


Hermione se acordou na varanda que dava de frente para o pequeno
jardim secreto de Draco. Sentia sua cabeça dolorida pela grande taxa
de álcool que havia consumido na noite anterior, e que ainda estava em seu sangue.

Apesar deste não ser uma coisa que uma Monitora-Chefe faria para dar
 exemplo para os alunos, ela sentira-se muito melhor na noite anteriorquando bebera para espantar todos os malditos pensamentos que a assolavam.


Seus olhos se acostumaram com a claridade do sol, e ela percebeu
que estava deitada no chão com as vestes compridas da noite
anterior, coberta com o casaco de Malfoy. Seus cabelos deveriam
estar desengonçados, entretanto não era isso que a preocupava. Seu
relógio de pulso que ganhara aos dezessete, indicava que já eram
dez horas da manhã de domingo, e que, certamente alguém estava
dando por sua falta, - fosse no café-da-manhã, ou na sala comunal
da grifinória.


Engoliu em seco ao pensar o que os outros estariam imaginando
a seu respeito. Dormir fora do quarto também não era um bom
exemplo de uma Monitora daquela escola. Mas o pior ainda estaria
por vir. Estivera ali com Draco na noite anterior. Apesar daquela vista
da entrada para o jardim ser linda, não podia encobrir o assombro de
seu rosto. O que Malfoy fizera com ela?


Como resposta à seus receios, a voz profunda a arrancou do
devaneio.


-Bom dia, sangue-ruim.


Ela virou o rosto na direção dele. Estava com a marca de seus dedos
mais fraca na pele branca. Lentamente, se sentou usando os braços
como apoio. A barra do vestido longo estava suja, assim como as
barras das diversas camadas da saia de armação que tinha por baixo.


Antes dela se levantar, Draco se sentou ao seu lado. Tinha nas mãos
uma xícara de onde um vapor saía, indicando que ali dentro havia
um líquido quente. Ele puxou de trás de si uma bandeja, e ofereceu o
objeto fumegante para ela.


-O que é isso? – ela perguntou olhando e fazendo uma careta para o
líquido que tinha as mesmas cores das bebidas alcoólicas que bebera
na noite anterior.


-Chá de hortelã com folhas de laranjeira. Sei que você bebeu muito
ontem e provavelmente não iria fazer bem de você esperar muito
mais para encher o estômago com algo a mais além de álcool, então
tomei a liberdade de preparar o chá e furtar dois sanduíches da
cozinha. – entregou-lhe a bandeja que trouxera enquanto Hermione
bebia o líquido quente, que acomodou sua garganta e caiu como uma
luva para seu estômago.


-Obrigada. – respondeu sem encará-lo. Não queria nem saber o
porquê do tratamento diferenciado. Enrubesceu pensando no que
poderiam ter feito. Nunca mais colocaria uma mísera gota de álcool
na boca!


-Não se preocupe – ele disse. Granger o encarou. Os olhos azuis
fitavam o infinito, e o corpo dele parecia um objeto sem vida
encarando o vazio, sem um ponto fixo, sem presença alguma. – Não
fizemos nada.


Ela percebeu que entre os dedos ele trazia uma folha de laranjeira,
e a picava um pouquinho a cada movimento que sua caixa torácica
fazia captando e liberando o ar.


Isso a confortou um pouco, mas não o bastante. Pedira para ele não
beijá-la na noite anterior, mas ele o fizera. Não tinha tanta confiança.


-Como é que eu posso ter certeza, se eu estava embriagada?


Um sorriso irônico se formou nos lábios do loiro.


-Acha que eu ia dormir aqui, no chão, no vento, e com você? Por
favor. Só me levantei mais cedo e vim pro meu canto, e te vi ainda
aqui, então resolvi ocupar a minha mente trazendo café para você,
por que talvez se eu for gentil, você esqueça que eu te trouxe para
esse lugar, e esqueça-se dele. É meu, e não quero você, Potter ou
Weasley por aqui.


-Não se preocupe Malfoy. Não tenho intenção nenhuma de voltar
para esse lugar, mas agradeço pelo café da manhã. – dizendo isso,
ela se pôs em pé, jogou o casaco dele no chão e saiu andando,
carregando um dos sanduíches que ainda não comera, e a xícara
contendo apenas metade do conteúdo inicial.


Andar pelos corredores vazios a deu uma sensação nostálgica.
Felizmente havia levado a varinha na manga do vestido, e se
escondeu atrás de uma estátua para transfigurar a roupa em suas
vestes trouxas.


Caminhou sozinha a passos lentos até que encontrou Parvati saindo
no fim do corredor, e foram juntas até a torre da Grifinória, onde
seu namorado, seu melhor amigo e a namorada dele a esperavam
ansiosos sentados frente à lareira.


-Mione!- gritou Gina e saiu correndo em sua direção, abraçando a
amiga com um daqueles abraços iguais ao de sua sogra, Molly. –
Onde estava? Nós ficamos preocupados.


-Eu fui dar uma volta – pensou rápido – Não consegui dormir, então
fui para perto do lago para pensar sobre o ano passado, e todos os
que nos deixaram infelizmente, e acabei pegando no sono por lá
mesmo. Eu devia ter avisado, desculpem.


-Gina disse que você não foi para o quarto. Ninguém mais te viu
desde que saiu com o Zabini do salão principal. - insistiu Rony- Não
minta para nós, Mi.


-Não estou mentindo, Rony!- falou com a voz mais exaltada. Malfoy
maldito que só a colocava em confusões com o namorado. – Eu não
consegui dormir, já disse, e fui para um lugar mais calmo antes que
todos saíssem do salão principal. O resto vocês já sabem, agora é
uma opção acreditar.


Saiu andando em direção a escadaria, entrou no quarto da monitoria,
ligou a banheira e foi tirando as vestes transfiguradas. Fez com que
estas voltassem ao formato normal antes de colocá-las no cesto de
roupa suja, improvisou um coque nos cabelos e se jogou na água quente para que os sais de que adicionara na água a ajudasse a relaxar e fugir desses problemas que a incomodavam.


Sentiu uma leve dormência nas costas, culpa do chão duro onde
passara a noite. Jogou a cabeça para trás, encontrando a borda da
pequena piscina, e fechou os olhos. A espuma escondia quase todo
seu corpo, deixando apenas os cabelos e o rosto para fora da água.


Quando terminou, secou seu corpo com uma das toalhas macias e
perfumadas, e voltou para o quarto vestindo um pijama de shortinho
e regata, coberta por um roupão vermelho-rubi.


Jogou-se para baixo das cobertas, sentindo a maciez do lençol
abraçar e confortar suas costas, e sentiu-se mais calma. Seu estômago ainda tinha leves vestígios de que iria se comportar inadequadamente, mas agora que estava parada, sentia o alívio do mal-estar provocado pela bebida, abandoná-la lentamente.


******************************************
-Como é que foi ontem, Draco? – perguntou Blaise quando o loiro
entrou no dormitório masculino em conjunto dos alunos sonserinos. O
sorriso do rosto do moreno ia de um lado a outro.


-Péssimo Blaise. Péssimo. Está vendo isso? – apontou o rosto inchado –
Foi o que aconteceu. Granger tem a mão pesada.


Blaise não se agüentou e começou a rir, levando uma almofadada no
estômago pelo amigo.


-Desculpa, mas é que é meio cômico. Ver você apaixonado por uma
pessoa que não te corresponde é como se a justiça estivesse sendo
feita no mundo. Principalmente pela Granger. É como ver todos os
anos que você falou mal da Granger, voltando contra você.


Ficaram conversando até o horário do almoço. Andaram pelos
corredores indo em direção ao salão principal. Almoçaram e voltaram
para o salão comunal da Sonserina, onde permaneceram fazendo
algumas tarefas de casa atrasadas, e falando sobre suas conquistas
pessoais com o lado feminino de Hogwarts.


Apesar de estar doido pela Granger, Draco ainda mantinha um bom relacionamento com as garotas do castelo, tendo inclusive saído com muitas delas na noite anterior logo depois de deixar Granger em seu jardim. Mesmo assim, todas eram sem conteúdo. Não aproveitou muito a noite, nem mesmo se empolgou como antigamente por ter muitas mulheres aos seus pés, uma vez que aquela que ele queria, pertencia a outro.


Eventualmente ouvia-se algum grito vindo dos dormitórios, ou Pansy se metia no meio da conversa vinda de algum lugar do além.


As oito horas da noite chegaram rapidamente, e ele teve que se dirigir à sala de DCAT pra cumprir a detenção com a outra monitora. Estava receoso pelo o que ela iria fazer com ele, ou falar, mas ao mesmo tempo muito feliz porque seria ele que estaria lá com ela.


Chegou na sala cinco minutos atrasado. A professora nem estava mais lá.


Hermione estava de joelhos no chão, bufando. Tinha em mãos a varinha e murmurava feitiços de limpeza. Seus cabelos estavam armados e desalinhados, seu rosto suado, e os dedos vermelhos; de raiva ou de impaciência... ele não saberia dizer.


- Está atrasado - ela disse entre dentes.


- Não estou me importando - disse sentando no canto oposto da sala, e mantendo os joelhos próximos ao rosto.


Diversos minutos se passaram dessa forma. Granger limpava com afinco, concentrada na tarefa que lhe fora dada, enquanto Draco observava os movimentos dela. Estava encantado como se Hermione fosse uma veela: todos os seus movimentos lhe pareciam graciosos, e as vezes até um tanto sexy.


-Quer um pote para a baba? - ela perguntou sentindo o olhar dele a queimando indelicadamente.


-Estou bem.


-Não perguntei se está bem. Aliás, sua saúde não me interessa nem um pouco.


-Posso fazer uma pergunta? - ele pediu.


-Você já fez. - ela deu de ombros.


-Engraçadinha - ele deu de ombros.


-Mamãe também acha.


-Granger, eu já não falei que ironia não combina com seu jeito de sabe-tudo?


Ela fingiu vasculhar em sua memória.


-Não.


-Estou falando agora.


-O que você quer saber?


Ele hesitou por um momento.


-Você ama o Weasley?


Ela largou o troféu que limpava, e o objeto batendo no chão fez um baque no chão. Assustada, ela voltou-se para o loiro, com os olhos arregalados.


-Isso é particular - ela articulou depois de alguns momentos sem conseguir falar. - Mas é claro que amo. Seria ilógico namorar com ele, sem amá-lo.


Bufando, ele virou o rosto para outra direção.


-Minha vez de perguntar.


-Não lhe dei permissão para isso.


-Acontece, Malfoy, que você não tem que permitir. - respirando fundo, ela perguntou: - Você gosta de mim?


-Não.


-Então por quê me beijou?


-Porque eu quis. E se eu quisesse, agora estaria te beijando de novo.


-Não estaria não. Eu não quero.


-O que um não quer o outro obriga.


-Não no meu caso. Não sou como as outras garotas dessa escola.


-É o que você diz, mas eu ainda assim te beijei.


- Ah, esquece. É impossível ter uma conversa madura com você.


Ficaram mais algum tempo sem se falar. Draco resolveu inspecionar mais de perto o trabalho da grifinória, e andou por entre os troféus de diversos tamanhos que ela havia espalhado pelo chão, com cuidado para não pisar ou extraviar qualquer um deles. Ele tinha que admitir que o trabalho que ela estava fazendo estava impecável. As taças e medalhas de ouro quase que refletiam sua personalidade.


Até que ele se abaixou ao lado dela. Hermione encarou-o desconfiada. Ele apenas sorriu, colocando o cabelo dela para trás. Acariciou-lhe as bochechas rosadas. E foi se aproximando.


-Não se atreva. - ela alertou.


-Tarde demais. - ele estava a poucos centímetros de seus lábios. Os olhos dela estavam vesgos olhando para a boca dele tão próxima da sua. Eles podiam sentir a respiração um do outro. - Eu estou perdido em seus encantos, Granger.


- Eu tenho algum atrativo para você? - ele fez que sim com a cabeça, e passou a mão por trás da nuca dela - Não me beije.


-Só Merlin vai conseguir me parar agora.


Ele tocou seus lábios com ternura, em um beijo que tinha tudo para ser inesquecível e de tirar o fôlego, mas que nunca aconteceu, pois naquele instante, a professora abriu a porta da sala de troféus, fazendo com que os dois se soltassem rapidamente, como se ambos emanassem eletrecidade de seus corpos.


Muito corados, eles fingiram que Draco examinava de perto uma taça que Hermione lhe mostrava.


-Srta. Granger! - disse a professora. Seus olhos aumentados pelas lentes dos óculos pareciam ainda mais assustadores dentro da sala escura. Então ela viu Draco. - Oh, Sr. Malfoy, que honra tê-lo no lugar certo. Diga-me: quer manter o distintivo de Monitor, não? - perguntou, e sem esperar por uma resposta, prosseguiu: - Então mantenha a pontualidade. Estão livres para ir.


Hermione não esperou um segundo convite. Atordoada, saiu correndo pela porta sem olhar para trás. Draco ficou, e foi colocando os prêmios em seus devidos lugares, intimamente a vontade de azarar a bruxa mais velha lhe parecendo cada vez mais tentadora.


Ela chegou atrás dele, e colocou a mão sobre o ombro direito dele. Sua pele pálida e ossuda fazendo contraste com as vestes pomposamente novas que ele exibia.


- Não vale a pena ficar sofrendo tanto, Sr. Malfoy. O senhor sabe que ela ama outro.


A primeira coisa que ele gostaria de ter respondido era: "Então por que ela me beijou?", mas ele virou-se para a prateleira e recomeçou sua tarefa.


- Não sei do que a senhora está falando, professora.


- É claro que sabe, meu jovem rapaz. Mas entenda que o coração de uma jovem é tão cheio de segredos e de decisões difíceis. A Srta. Granger passou muito mais tempo com os amigos, em aventuras que lhes aproximava ainda mais, e tão pouco com você, que ela está confusa por seus sentimentos mudarem tão drasticamente. Acredite em mim: ela não trocará o Sr. Weasley para ficar com o senhor.


E com essas palavras, ela se foi, deixando um Draco enraivecido para trás. Ele socou a prateleira mais próxima, e o resultado foi um tremendo estardalhaço no chão dos objetos que caíram com seu acesso de fúria.


Draco se jogou no chão, e olhou para cima, tentando não pensar onde seu coração o havia metido. Não sabia mais o que sentia. Tantos anos de desprezo pelo o que Hermione era, tornaram-se muito mais que isso. Ela era uma peça fundamental de seu presente, sem a qual ele não teria muita certeza de que sua vida faria sentido. Aliás, nada em sua vida fazia sentido. Agora ele tinha certeza do que já sabia há meses: estava amando.


Com essa aceitação, e a proliferação dessas palavras em seu coração, ele se assustou. Nunca amara ninguém antes em sua vida, e não tinha certeza se o conseguiria fazer um dia. Sua família o criara para ser um boneco social, um herdeiro que daria continuação à linhagem. Apenas isso. Seu pai sempre o tratara com indiferença, de modo que ele só recebera algum afeto de Narcisa. Ele nunca sentira necessidade de demontrar seus sentimentos para o pai, por saber que era errado. Mas para sua mãe, ele se abria completamente. Apenas até seus onze anos, quando foi para Hogwarts. E então ele falou tudo para Lucius sobre o trio de ouro, e ganhou alguma adimiração de seu pai. A partir daí, ele não sabia mais o que era amor.


Nesse momento, ele só conseguia pensar na morena com quem dividira tanto tempo, e com quem dançara no baile. A mesma que ele chamara de sangue-ruim diversas vezes, e a pessoa que o socara quando ele agiu como um completo idiota. A mesma garota para quem ele mostrara seu jardim secreto. Quem lhe apresentara a neve. E a garota que o fazia trincar os dentes.


Seus olhos arderam à deriva de um sentimento totalmente desconhecido pelo jovem. Seus lábios tremeram levemente, enquanto a dor que sondava seu coração transformava-se em um líquido maldito e salgado e escorria por seus olhos, desfilando nas bochechas pálidas, fazendo uma linha até o fim do rosto. E pela primeira vez na vida, Draco Malfoy estava chorando por amor.


******************************
N/A: Cap. curto. Não tenho muito o que falar sobre ele. Achei tão fofo o Draco se perdendo em pensamentos. Awn :3


 
N/A²: Estou imensamente feliz por vocês estarem gostando. Mas acho que falta um pouco mais de apoio... Eu estou postando quase todos os dias. Não cai a mão de ninguém que veio ver a fic, de deixar um comentário. Ou cai? Façam uma pessoa feliz, okay? Esse capítulo foi dedicado para todas as girls que estão lendo e comentando. Adoro vocês. Beijinhos, até o próximo capítulo. 

N/A³: Eu estava relendo a fanfic, e percebi diversos erros de ortografia despropositais. Irei corrigí-los. Quando vocês encontrarem algo que não faça sentido, ou errado, me avisem. Eu escrevo no WordPad, e não tenho o corretor ortográfico. Me ajudem para que eu possa ajudá-los.  

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Comentários (3)

  • M R C

    to adorando essa fic. =] de verdade... e olha que já vi vários enredos parecidos pra ser sincera, mas o fato de que esta fic é suuuper bem escrita faz ela se destacar...!!!pode ir postando que to acompanhando aqui. Lentamente , mas to acompanhando !beijos   

    2013-02-14
  • Lizzy Black Salvatore

    Olivia Kaily Malfoy nossa, que querida você. Ah, eu não consigo pensar em algo melhor que isso também, adoro ler fanfics, principalmente Dramione... É mesmo, pobre Draco, acha que é a última bolacha do pacote mas esquece que a última vem sempre quebrada. E em relação ao Rony, ele é lerdo demais para descobrir alguma coisa, ele sabe (ou pensa) que a Hermione não o trairía jamais. Bem, ele está errado, não é? Continue acompanhando a fanfic. Beijos.  

    2013-02-07
  • Olivia Kaily Malfoy

    Quer felicidade maior do que ligar o computador, entrar no site e ver que uma de suas fics favoritas teve atualização? "-Só Merlin vai conseguir me parar agora." só Merlin e a professora, né não? aushaush, coitado do Draco. Não sei o que gosto mais, se a ideia de o Draco assumir para si mesmo que ama a Hermione, ou a ideia da possibilidade do Rony descobrir sobre a traição e deixá-la livre pro Draco. (tá que é do mal ser malvada com o Rony desse jeito, mas quem se importa, não é mesmo?)   Esperando a continuação. Beijos

    2013-02-07
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