O Guardião das Chaves



Capítulo 4 – O Guardião das Chaves


:: POV Gina ::


 


Sinceramente, o Harry tem que ser tão complicado?


Só de pensar naquilo que eu falei antes sobre “meu namorado” eu corava até a alma.


Mas não vou falar sobre meu ‘drama amoroso’ agora. Rony pegou o livro e começou a ler.


BUM! Bateram outra vez.


Duda acordou assustado.


— Onde está o canhão? — perguntou abobado.


– Ai que cara burro, meu! – Lene falou.


– Acredite – Harry a repreendeu –, parecia mesmo o barulho de um canhão.


Ouviram coisas cair atrás deles e Tio Válter entrou derrapando pela sala. Trazia um rifle nas mãos, agora sabiam o que era aquele pacote fino e comprido que ele carregava.


– O que diabos ele vai fazer com o rifle? – Mione perguntou meio assustada. – Ele vai atirar em você?


– É mais provável que ele tropece, caia em cima do rifle e entorte o cano. – Sirius riu e Harry deu um sorriso maroto, o que não era muito dele. Tive que conter um suspiro.


— Quem está aí? — gritou — Olha que estou armado!


– Óh, que meda dele! – Eu falei debochadamente e o povo riu.


Silêncio. E em seguida...


TRAM!


À porta levou uma pancada tão violenta que se soltou das dobradiças e, com um baque ensurdecedor, desabou no chão.


Um homem gigantesco estava parado ao portal. Tinha o rosto completamente oculto por uma juba muito peluda e uma barba selvagem e desgrenhada, mas dava para se ver seus olhos, luzindo como besouros negros debaixo de todo aquele cabelo. O gigante espremeu-se para entrar no casebre, curvando-se de modo que a cabeça apenas roçou o teto. Abaixou-se, apanhou a porta e tornou a encaixá-la sem esforço no portal. O ruído da tempestade lá fora diminuiu um pouco. Ele se virou para encarar todos.


– HAGRID! – Todos nós gritamos e sorrimos. (Menos o Snape, mas ele é um chato mesmo.)


— Não poderia preparar uma xícara de chá para nós, poderia? Não foi uma viagem fácil...


E dirigiu-se ao sofá onde Duda estava paralisado de medo.


— Chegue para lá, gordão — disse o estranho.


– Sempre gentil, o Hagrid – James disse sarcasticamente e Lily rolou os olhos. Mas eu notei que ela estava tentando esconder um sorriso. HÁ, futura-sogrinha! Você não me engana!


Epa! Futura-sogrinha? Que porra é essa consciência?, perguntei para mim mesma. Ou, para minha consciência, caso você prefira.


Duda soltou um guincho e correu a se esconder atrás da mãe, que parara encolhida, aterrorizada, atrás de Tio Válter.


– Covarde. – Remo bufou e Sirius assentiu.


— Ah, e aqui está o Harry! — disse o gigante.


Harry ergueu os olhos para a cara feroz e selvagem em sombras e viu que os olhos de besouro se enrugavam em um sorriso.


— A última vez que o vi, você era um bebê — disse o gigante — Você parece muito com o seu pai, mas tem os olhos da sua mãe.


Nessa hora Lily já tinha lágrimas nos olhos. Harry olhou para ela de um jeito tão carinhoso que eu quase senti ciúmes.


Máh que merda, consciência! Eu tô sentindo ciúme da mãe do meu possível-futuro-namorado!


Tio Válter fez um som estranho e rascante.


— Exijo que saia imediatamente! — disse — O senhor invadiu minha casa!


— Ah, cala a boca, Dursley, seu cara de passa — disse o gigante, e esticou o braço para trás do sofá, arrancando a arma das mãos de Tio Válter, vergou-a no meio como se fosse de borracha e atirou-a a um canto da sala.


Todos começaram a rir.


– Ai... meu... Merlin... – Sirius disse limpando uma lágrima imaginária. – Eu daria 50 galeões pra ver a cara do Dursley nessa hora!


– Se a gente tivesse uma penseira eu poderia tirar essa memória para vocês verem. – Harry deu um sorriso deslumbrante e eu quase me derreti.


– Ah, onde se tem uma penseira quando a gente precisa?? – Sirius tava parecendo uma criancinha birrenta.


Rony deu de ombros e voltou a ler.


Tio Válter fez outro som esquisito, como um camundongo sendo pisado.


— Em todo caso, Harry — disse o gigante, dando as costas para os Dursley — Feliz Aniversário para você! Tenho uma coisa para você aqui, talvez tenha sentado nela sem querer, mas o gosto continua bom.


De um bolso interno do casaco preto ele tirou uma caixa meio amassada. Harry abriu, com os dedos trêmulos. Dentro havia um grande e pegajoso bolo de chocolate com a frase Feliz Aniversário escrita em glacê verde.


Lily deixou algumas lágrimas escaparem e depois deu um sorriso.


– Me lembrem de agradecer ao Hagrid depois, certo? – Nós assentimos e James a abraçou. Awww, eles são tão fofos! *-*


Alice e Lene abriram a boca para falar alguma coisa (que provavelmente seria muito parecido com o que eu disse acima), mas Lily mandou um olhar completamente do mal para elas, que se encolheram nos sofás.


Meu irmão pigarreou e continuou a leitura.


Harry olhou para o gigante. Quis dizer obrigado, mas as palavras se perderam a caminho da boca, e em lugar disso o que disse foi:


— Quem é você?


– Seja um pouco mais sutil, Harry – eu disse à ele, que sorriu pra mim. De novo, tive que conter um suspiro.


Ai, ai Harry... Por que você não deixa de ser tímido e faz alguma coisa? Nem que seja pra falar que não me quer e vai ficar com outra garota. Só aja!


O gigante deu uma risada abafada.


— É verdade, não me apresentei. Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts.


Estendeu uma mão enorme e sacudiu o braço inteiro de Harry.


– É um pouco ruim quando ele faz isso... – Fred disse. Ele e o Jorge estavam tão quietos que eu até tinha esquecido deles.


– Parece que ele vai arrancar nosso braço fora. – Jorge completou e nós rimos. Tá bom, às vezes o Hagrid exagerava nos cumprimentos.


— E que tal o chá, hein? — perguntou esfregando as mãos — Eu não diria não a uma pessoa mais forte, se é que você me entende.


Seus olhos bateram na lareira vazia em que ficara o pacote carbonizado de cereal e ele soltou uma risadinha desdenhosa. Curvou-se para a lareira, não viram o que ele estava fazendo, mas quando se afastou um segundo depois, havia dentro dela um clarão ribombante. O fogo estrondoso encheu todo o casebre úmido com sua luz tremeluzente e Harry sentiu o calor envolvê-lo como se tivesse mergulhado em um banho quente.


Essa última frase me lembrou do meu 4º ano de Hogwarts. Nessa época eu ia de vez em quando ao banheiro da Murta Que Geme (principalmente porque ela meio que me ajudou a superar o fato de o Harry e a Cho-Piranha terem ficado mais próximos naquele ano). E teve uma vez que ela me contou sobre a 2ª tarefa do Torneio Tribruxo, que eles tinham que mergulhar aquele ovo dourado na água para ouvir a voz dos sereianos. A Murta... haan... falou que o Harry tinha entrado na banheira e... Óh, melhor nem contar no que eu pensei...


O gigante se recostou no sofá, que afundou um pouco sob o seu peso, e começou a tirar coisas de todo gênero dos bolsos do casaco: uma chaleira de cobre, uma embalagem amassada de salsichas, um espeto, um bule de chá, várias xícaras lascadas e uma garrafa de um líquido âmbar de que ele tomou um gole antes de começar a preparar o chá. Logo o casebre se encheu com o ruído e o cheiro de salsichas fritas. Ninguém disse nada enquanto o gigante trabalhava, mas assim que ele empurrou as primeiras salsichas gordas e suculentas, ligeiramente queimadas, do espeto, Duda se mexeu.


– Eu sabia que o Porquinho Jr. não ia aguentar... – Lene desdenhou, mandando um sorrisinho para Lily, que estava com a cabeça encostada no ombro de James. E ele não parecia nem um pouco incomodado com isso.


Tio Válter disse com rispidez:


— Não toque em nada que ele lhe der, Duda.


O gigante deu uma risadinha ameaçadora.


— Esse pudim de banha do seu filho não precisa engordar mais Dursley, não se preocupe.


– TOOOOOOOMEEE!! – Todos nós gritamos menos Snape, Harry e Lily. Esses dois últimos só rolaram os olhos.


E passou as salsichas para Harry, que estava tão faminto e nunca provara nada tão maravilhoso, mas ainda assim não conseguia tirar os olhos do gigante. Finalmente, como ninguém parecia disposto a explicar nada, ele disse:


— Me desculpe, mas continuo sem saber realmente quem você é.


– Cara, que parte do “Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts” você não entendeu? – Rony olhou para Harry, como se ele fosse louco.


– Eu estava meio em choque. E ele não falou que era bruxo.


O gigante tomou um grande gole de chá e limpou a boca com as costas da mão.


— Chame-me de Hagrid, é como todos me chamam. E como lhe disse, sou o Guardião das Chaves de Hogwarts, você sabe tudo sobre Hogwarts, é claro.


— Ah, não — disse Harry.


– Malditos trouxas! – Quase todo mundo praguejou, o que ficou bem engraçado.


Hagrid pareceu chocado.


— Sinto muito — apressou-se Harry a dizer.


— Sente muito? — vociferou Hagrid, virando-se para encarar os Dursley, que tinham recuado para as sombras — Eles é que deviam sentir muito! Eu sabia que você não estava recebendo as cartas, mas nunca pensei que nem ao menos sabia da existência de Hogwarts, para apelar! Você nunca se perguntou onde foi que seus pais aprenderam tudo?


— Tudo o quê? — perguntou Harry.


— TUDO O QUÊ? — berrou Hagrid — Ora espere aí um segundo!


– HÁ! Se ferrou Dursley! – Jorge e Fred fizeram uma “dancinha da vitória”.


Ele se levantara de um salto. Na raiva parecia encher o casebre todo. Os Dursley se encolhiam contra a parede.


Todo mundo começou a garalhar muito alto imaginando a cena. Rony tentou se controlar e continuou.


— Vocês vão querer me dizer — rosnou para os Dursley — Que este menino, este menino! Não sabe nada, de NADA?


Harry achou que a coisa estava indo longe demais. Afinal tinha freqüentado a escola e suas notas não eram ruins.


— Eu sei alguma coisa — falou — Sei, sabe, matemática e outras coisas.


– Harry! – Lily tentou parecer séria, embora estisse rindo tanto quanto o resto de nós. – Ele tava falando sobre DCAT, Feitiços, Transfiguração e etc...


– Agora eu sei, mas antes...


Mas Hagrid dispensou-o com um abano de mão e disse:


— Do nosso mundo, quero dizer. Seu mundo. Meu mundo. O mundo dos seus pais.


— Que mundo?


– Harry – eu disse ainda rindo –, você queria matar os Dursley??


Ele ficou um pouquinho corado, o que eu achei fofo.


– Não, mas... Qualé, eu tava confuso!


Hagrid parecia preste a explodir.


— DURSLEY! — urrou ele.


Tio Válter, que ficara muito pálido, murmurou alguma coisa ininteligível.


Hagrid olhou alucinado para Harry.


— Mas você deve saber quem foram sua mãe e seu pai — disse — Quero dizer, eles são famosos. Você é famoso. 


– Viu? Eu serei muito famoso! – James deu um sorriso enorme para Lily, que apenas bufou de irritação.


– Sim. Sua fama será de “Garoto Mais Galinha de Hogwarts” e “Aluno que Mais Levou Detenção na História da Magia”.


– Poxa Lírio, assim magoa... – Ele fez uma carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança.


Sirius resolveu se meter no meio da conversa.


– Vish James... E eu achei que você tinha feito progressos com a Ruiva...


– Agora nós somos “amigos”. Acho que é um progresso.


Remo riu.


– Pelo menos vocês passaram da fase de estrangulamento. Quer dizer, a fase em que a Lily tentava te estrangular.


A estranguladora em questão rolou os olhos e olhou para meu irmão.


– Rony, continue a ler, antes que eu coloque uma mordaça nesses trastes!


— Quê? Meu pai e minha mãe eram famosos?


— Você não sabe... você não sabe...


Hagrid correu os dedos pelos cabelos, fixando em Harry um olhar perplexo.


— Você não sabe quem é? — perguntou finalmente.


Tio Válter de repente encontrou a voz.


— Pare! — ordenou — Pare agora mesmo! Eu o proíbo de contar qualquer coisa ao menino!


Ninguém falou nada. Todos estavam ansiosos para saber o que iria acontecer. Quer dizer... todos menos o Harry, que tinha vivido aquilo.


Um homem mais corajoso do que Dursley teria se intimidado com o olhar furioso que Hagrid lhe deu. Quando Hagrid falou, cada sílaba tremia de raiva.


— VOCÊ NUNCA CONTOU? NUNCA CONTOU O QUE DUMBLEDORE DEIXOU ESCRITO NAQUELA CARTA PARA ELE? EU ESTAVA LÁ! EU VI DUMBLEDORE DEIXAR A CARTA, DURSLEY! E VOCÊ ESCONDEU DELE TODOS ESSES ANOS?


— Escondeu o que de mim? — perguntou Harry ansioso.


— PARE! EU O PROÍBO! — gritou Tio Válter em pânico.


Tia Petúnia deixou escapar um grito sufocado de horror.


— Ah, vão tomar banho, vocês dois — disse Hagrid — Harry, você é um bruxo.


Foi Neville que quebrou o silêncio.


–Bela maneira de contar que ele não é ‘normal’, Hagrid!


Nós rimos, quebrando todo o clima de ansiedade da sala.


O casebre mergulhou em silêncio. Ouviam-se apenas o mar e o assobio do vento.


— Eu sou o quê? — ofegou Harry.


– Porra, Harry, tá difícil hein? – Lene reclamou com ele.


— Um bruxo, é claro — repetiu Hagrid, recostando-se no sofá, que gemeu e afundou ainda mais — E um bruxo de primeira, eu diria, depois que receber um pequeno treino. Com uma mãe e um pai como os seus, o que mais você poderia ser? E acho que já está na hora de ler a sua carta.


– Eu falei! Eu sou foda, Lírio! – James começou a se gabar, mas Lily o conteve.


– Hagrid falou “com uma mãe e um pai como os seus”, seu exibido!


Harry estendeu a mão finalmente para receber o envelope meio amarelo, endereçado em tinta verde para: Sr. H. Potter, O Assoalho, Casebre sobre Rochedo, O Mar.


Ele puxou a carta e leu: 


 


ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS


 


Diretor: Alvo Dumbledore


 


(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos).


 


Prezado Sr. Potter,


 


Temos o prazer de informar que V.S.a tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários. O ano letivo começa em 1º de Setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de Julho, no mais tardar.


 


Atenciosamente,



Minerva McGonagall
 


Diretora Substituta.


 


– Eu queria fazer parte da Ordem de Merlin – Luna comentou meio... “distraída”. Como sempre.


As perguntas explodiam na cabeça de Harry como fogos de artifício, e ele não conseguia decidir o que perguntar primeiro. Passados alguns minutos, gaguejou:


— O que querem dizer com “estão aguardando a minha coruja”?


— Gárgulas galopantes! Isto me lembra uma coisa — disse Hagrid, batendo a mão na testa com força suficiente para derrubar um cavalo, e de outro bolso interno do casaco tirou uma coruja, uma coruja de verdade, viva, meio arrepiada, uma longa pena e um rolo de pergaminho. Com a língua entre os dentes, ele rabiscou um bilhete que Harry pôde ler de cabeça para baixo:


– Não, não... Peraí... – Mione segurou o riso – Tinha uma coruja viva dentro do casaco do Hagrid? Sério isso?


 


Prezado Sr. Dumbledore,


 


Entreguei a carta a Harry. Vou levá-lo amanhã para comprar o material. O tempo está horrível. Espero que o senhor esteja bem.


 


Hagrid.


 


Hagrid enrolou o pergaminho, entregou-o à coruja, que o prendeu no bico, depois ele foi até a porta e lançou a ave na tempestade. Quando voltou, sentou-se como se aquilo fosse tão normal quanto pegar o telefone.


– E é. – Alice rolou os olhos. Isso é injusto! Ela é de família bruxa, o Harry não! Náh, espera um pouco... O Harry é de família bruxa, mas foi criado por trouxas! Não tinha como ele saber tantas coisas sobre o mundo bruxo!


Harry percebeu que sua boca se abrira e fechou-a rapidamente.


— Onde é que eu estava? — disse Hagrid, mas naquele momento, Tio Válter, ainda cor de cera, mas parecendo muito furioso, adiantou-se até a luz da lareira.


— Ele não vai — falou.


– Aham, senta lá, Válter. – Dorcas zombou dele e nós rimos.


Hagrid resmungou.


— Eu gostaria de ver um grande trouxa como você impedi-lo — respondeu.


— Um o quê? — perguntou Harry interessado.


— Um trouxa — disse Hagrid — É como chamamos gente que não é mágica como nós. E você teve o azar de ser criado na família dos maiores trouxas que já vi na vida.


Nisso eu não posso discordar do Hagrid...


— Juramos quando o aceitamos que poríamos um fim nessa bobagem — disse Tio Válter — Juramos que erradicaríamos isso nele. Bruxo, francamente!


— Você sabia? — perguntou Harry — Você sabia que sou um... bruxo?


— Sabia! — guinchou Tia Petúnia de repente — Sabia! Claro que sabíamos! Como poderia não ser, a maldita da minha irmã sendo o que era? Ah, ela recebeu uma carta igual a essa e desapareceu, foi para aquela... aquela escola, e voltava para casa nas férias com os bolsos cheios de ovas de sapo, transformando xícaras em ratos. Eu era a única que a via como ela era. Um aborto da natureza! Mas para minha mãe e meu pai, ah não, era Lílian isso e Lílian aquilo, tinham orgulho de ter uma bruxa na família!


– Invejosa mal amada! – Eu e Lene gritamos juntas.


Ela parou para suspirar profundamente e aí continuou seu discurso. Parecia que estava querendo dizer aquilo havia anos.


— Então ela conheceu Potter na escola e eles saíram de casa, casaram e tiveram você, e é claro que eu sabia que você ia ser igual, esquisito, anormal e então ela vai e me faz o favor de se explodir e nos deixar entalados com você!


Harry abaixou a cabeça. Deve ser difícil ser rejeitado pela própria família. Mesmo que eles te tratem mal.


Eu fui até ele e o abracei. Ele levantou a cabeça e me encarou com um olhar agradecido.


Então o estraga-prazeres do Rony pigarreou bem alto para chamar nossa atenção. Rolei os olhos, mas continuei abraçando o Harry.


Harry ficara muito branco. Assim que encontrou a voz, disse:


— Se explodir? Você me disse que eles morreram num acidente de carro!


— ACIDENTE DE CARRO! — rugiu Hagrid erguendo-se com tanta raiva que os Dursley voltaram correndo para o canto da sala — Como é que um acidente de carro poderia matar Lílian e Tiago Potter! Isto é um absurdo! Um escândalo! E Harry Potter não conhecer a própria história, quando qualquer garoto no nosso mundo conhece o nome dele!


Harry abaixou a cabeça novamente. Os outros lançaram olhares de pena para ele.


Quando olhei para os pais de Harry, eu vi Lily à beira das lágrimas e James tentando confortá-la.


— Mas por quê? O que aconteceu? — perguntou Harry ansioso.


A raiva desapareceu do rosto de Hagrid. Ele pareceu repentinamente aflito.


— Eu nunca esperei isso — disse numa voz contida e preocupada — Eu não fazia idéia do quanto você desconhecia, quando Dumbledore me disse que eu poderia ter problemas para encontrá-lo. Ah, Harry, não sei se sou a pessoa certa para lhe contar, mas alguém tem de contar, você não pode viajar para Hogwarts sem saber.


Ele lançou um olhar feio aos Dursley.


— Bom, é melhor você saber o que eu puder lhe contar, mas não posso lhe contar tudo, é um grande mistério, algumas partes.


– Grande mistério. – Ouvi o Harry resmungar baixinho.


Ele se sentou, fitou o fogo durante alguns segundos e então falou:


— Começa, eu acho, com.. com uma pessoa chamada, mas é incrível você não saber o nome dele, todo o mundo no nosso mundo sabe...


— Quem?


— Bom... não gosto de dizer o nome dele se puder evitar. Ninguém gosta.


— Por que não?


— Gárgulas vorazes, Harry, as pessoas ainda estão apavoradas. Droga, como é difícil. Olha, havia um bruxo que virou... mau. Tão mau quanto alguém pode virar. Pior. Pior do que o pior. O nome dele era...


– Fala logo! VOLDEMORT! – Harry gritou ainda de cabeça baixa, o que me surpreendeu um pouco.


Hagrid engoliu em seco, mas não conseguiu dizer nada.


— E se você escrevesse? — sugeriu Harry.


— Não, não sei soletrar o nome dele. Está bem, Voldemort — Hagrid estremeceu — Não me faça repetir. Em todo o caso, esse... esse bruxo, faz uns vinte anos agora, começou a procurar seguidores. E conseguiu alguns por medo, outros porque queriam ter um pouco do poder dele, sim, porque ele estava ficando poderoso. Dias funestos Harry, ninguém sabia em quem confiar, ninguém se atrevia, a ficar amigo de bruxas ou bruxos desconhecidos. Coisas horríveis aconteciam. Ele estava tomando o poder. É claro que algumas pessoas se opuseram a ele, e ele as matou. Terrível. Um dos únicos lugares seguros que restaram foi Hogwarts. Acho que Dumbledore era o único de quem Você-Sabe-Quem tinha medo. Não ousou se apoderar da escola, não no começo, pelo menos. Ora, sua mãe e seu pai eram os melhores bruxos que eu já conheci. Primeiros alunos em Hogwarts no seu tempo! Suponho que o mistério era por que Você-Sabe-Quem nunca tentou convencer os dois a se aliar a ele antes... provavelmente sabia que eram muito chegados a Dumbledore para querer alguma coisa com o lado das Trevas. Talvez ele achasse que podia convencê-los... talvez quisesse tirar os dois do caminho. Só o que sabemos é que ele apareceu na vila em que vocês estavam morando, num Dia das Bruxas, faz dez anos. Na época você só tinha um ano de idade. Ele foi à sua casa e... e...


– Os Comensais que estudavam conosco na época tentaram nos recrutar...


– Mas nós recusamos – Lily completou a fala de James, com sua voz falhando no final.


Alice tremeu nos braços de Frank.


– Eles também tentaram me recrutar... – ela disse baixinho. – Eles ameaçaram matar Frank...


Neville olhou surpreso para os pais.


– Como você recusou?


– Contei à Dumbledore. Ele pediu para os professores e os fantasmas ficarem de olho nos Comensais, já que eles também estavam ameaçando outras pessoas – Alice terminou e eu juro pelas meias rosa-choque de Merlin que ela lançou um olhar rápido para Lene, que ficou incomumente quieta.


– Hum... Vão se acalmando aí enquanto eu leio o livro – Rony falou.


Hagrid puxou depressa um lenço muito sujo e manchado e assoou o nariz, fazendo o barulho de uma buzina de nevoeiro.


— Desculpe — disse — Mas é muito triste, conheci sua mãe e seu pai e não podia existir gente melhor, em todo o caso... Você-Sabe-Quem matou os dois. E então, e esse é o verdadeiro mistério da coisa, ele tentou matar você. Queria fazer o serviço completo, acho, ou então tinha começado a gostar de matar. Mas não conseguiu. Você nunca se perguntou como arranjou essa marca na testa? Isso não foi um corte normal. Isso é o que se ganha quando um feitiço poderoso e maligno atinge a gente, destruiu os seus pais e até a sua casa, mas não fez efeito em você, e é por isso que você é famoso, Harry. Ninguémnunca sobreviveu depois que ele decidia matá-lo, ninguém a não ser você, e ele já havia matado alguns dos melhores bruxos da época, os McKinnon, os Boné, os Priuet, e você era apenas um bebê, e sobreviveu.


Lene sufocou um grito.


– McKinnon? – Ela perguntou com a voz embargada – Não. Não. Não pode ser!


Sirius enlaçou a cintura dela e a obrigou a sentar de novo no sofá. Lene começou a chorar silenciosamente, mas as lágrimas escorriam sem parar pelo seu rosto.


Algo muito doloroso passou pela cabeça de Harry.


Quando a história de Hagrid ia terminando ele viu de novo um lampejo ofuscante de luz verde, com mais clareza do que se lembrava antes e se lembrou de mais uma coisa, pela primeira vez na vida, uma risada alta, fria e cruel.


– Maldito – Harry rosnou. – Eu queria que ele estivesse em Azkaban, só para ir lá torturá-lo todos os dias!


As luzes começaram a piscar, como quando o Harry fica nervoso... Oh-oh...


Olhei para Rony, esperando que ele entendesse a mensagem: Continua a ler antes que o Harry exploda a casa!


Aparentemente ele entendeu, porque voltou a ler rapidamente.


Hagrid o observava com tristeza.


— Eu mesmo o retirei da casa destruída, por ordem de Dumbledore. Trouxe você para essa gente...


— Um monte de baboseiras antigas — disse Tio Válter.


Harry se assustou, quase esquecera que os Dursley estavam ali.


Tio Válter, sem dúvida, tinha recuperado a coragem. Olhava ameaçador para Hagrid e tinha os punhos fechados.


— Agora, ouça aqui, moleque — vociferou — Aceito que você seja meio estranho, provavelmente nada que uma boa surra não pudesse ter curado, e quanto aos seus pais, bem, eles eram excêntricos, não há como negar e o mundo está melhor sem eles, receberam o que mereciam por se meter com essa gente dada a bruxarias, foi o que previ, sempre soube que iam acabar mal.


– Se ele batesse no meu afilhado, eu poderia até parar em Azkaban, mas eu ia fazer ele pagar muito caro por isso! – Sirius disse nervoso.


Mas naquele instante, Hagrid ergueu-se de um salto do sofá e puxou um guarda-chuva cor-de-rosa e arrebentado de dentro do casaco. Apontou-o como uma espada para Tio Válter, e disse:


— Estou lhe avisando, Dursley, estou lhe avisando, nem mais uma palavra...


Ameaçado de ser furado pela ponta de um guarda-chuva por um gigante barbudo, a coragem de Tio Válter fraquejou outra vez, ele se achatou contra a parede e ficou em silêncio.


– Ainda tenta impôr alguma coisa... Covarde filho duma... – James tentou falar, mas Lily cobriu a boca dele com a mão.


– Para de xingar a mãe dele! Ela não tem culpa do Válter ser tão idiota! – James relaxou e Lily voltou a deitar a cabeça no ombro dele.


— Assim está melhor — disse Hagrid, arquejando e tornando a se sentar no sofá, que desta vez afundou de vez até o chão.


Harry, nesse meio tempo, continuava a ter perguntas e a fazer centenas delas.


— Mas o que aconteceu ao Vol... desculpe... quero dizer, Você-Sabe-Quem?


— Boa pergunta, Harry. Desapareceu. Sumiu. Na mesma noite em que tentou matar você. O que faz você ainda mais famoso. É o maior mistério, entende... ele estava ficando cada dia mais poderoso, porque foi embora? Tem quem diga que ele morreu. Besteira, na minha opinião. Não sei se ainda tinha humanidade suficiente para morrer. Tem quem diga que ainda está lá fora esperando, ou coisa parecida, mas não acredito. Gente que estava do lado dele voltou para o nosso. Uns pareciam que estavam saindo de uma espécie de transe. Acho que não teriam feito isso se ele fosse voltar. A maioria de nós acha que ele ainda anda por ai, mas perdeu os poderes. Está fraco demais para continuar. Porque alguma coisa em você acabou com ele, Harry. Aconteceu alguma coisa, naquela noite, com que ele não estava contando, eu não sei o que foi, ninguém sabe, mas alguma coisa em você o aleijou, para valer. 


– Quem me dera se ele tivesse mesmo morrido! – Todos nós do presente resmungamos.


– Harry, você sabe o quê te salvou? – Frank perguntou e ele balançou a cabeça positivamente. – O que foi?


– Muito complicado de explicar... Talvez conte isso nos livros...


Hagrid fitou Harry com calor e respeito iluminando seus olhos, mas Harry, ao invés de se sentir contente e orgulhoso, teve a certeza de que tinha havido um terrível engano. Bruxo? Ele? Como era possível? Passara a vida dominado por Duda e infernizado pela Tia Petúnia e pelo Tio Válter, se era realmente um bruxo, por que eles não tinham se transformado em sapos toda vez que tentaram prendê-lo no armário? Se uma vez derrotara o maior feiticeiro do mundo, como é que Duda sempre pudera chutá-lo para cá e para lá como se fosse uma bola de futebol?


– Essa poça de banha vai se ver comigo. – Eu sibilei ameaçadoramente e até a Mione me olhou com medo.


— Hagrid — disse calmo — Acho que você deve ter cometido um engano. Acho que não posso ser um bruxo.


Para sua surpresa, Hagrid deu uma risadinha abafada.


— Não é bruxo, hein? Nunca fez nada acontecer quando estava apavorado ou zangado?


Harry olhou para o fogo. Pensando bem... cada coisa estranha que deixara os seus tios furiosos tinha acontecido quando ele, Harry, estava perturbado ou com raiva... perseguido pela turma de Duda, pusera-se de repente fora do seu alcance... receoso de ir para a escola com aquele corte ridículo, conseguira fazer os cabelos crescerem de novo, e da última vez que Duda batera nele, não fora à forra sem perceber que estava fazendo isto? Não mandara uma cobra atacá-lo?


Harry olhou para Hagrid, sorrindo, e viu que ele ria abertamente para ele.


— Viu? — disse Hagrid — Harry Potter não é bruxo? Espere, você vai ser famoso em Hogwarts.


– O maior grifinório da história. – Eu murmurei e Harry sorriu ligeiramente.


Mas Tio Válter não ia ceder sem brigar.


— Eu não já disse que ele não vai? — sibilou — Ele vai para a escola secundária local e vai me agradecer por isso. Li aquelas cartas e dizem que ele precisa de um monte de lixo, livros de feitiços, varinhas mágicas e...


— Se ele quiser ir, um trouxão como você não vai poder impedir — resmungou Hagrid raivoso — Impedir o filho de Lílian e Tiago Potter de ir para Hogwarts! Você enlouqueceu! Ele está inscrito desde que nasceu. Vai freqüentar a melhor escola de bruxos e bruxedos do mundo. Sete anos lá e ele nem vai se reconhecer. Vai estudar com garotos iguais a ele, para variar, e vai estudar com o maior mestre que Hogwarts já teve, Alvo Dumbledore...


— NÃO VOU PAGAR A NENHUM VELHO BIRUTA E PATETA PARA ENSINÁ-LO A FAZER MÁGICAS! — gritou Tio Válter.


– FO - DEU. – Fred, Jorge, Neville e Remo falaram ao mesmo tempo.


Mas ele finalmente fora longe demais.


Hagrid agarrou o guarda-chuva e girou por cima da cabeça.


— NUNCA — trovejou — INSULTE... ALVO DUMBLEDORE NA... MINHA FRENTE!


E girou o guarda-chuva no ar baixando-o até apontar para Duda, houve um lampejo de luz violeta, o estalo de uma bombinha, um grito agudo e, no segundo seguinte, Duda estava dançando no mesmo lugar com as mãos apertando a barriga banhuda, guinchando de dor. Quando Duda virou de costas, Harry viu um rabo de porco enroscado saindo de um buraco nas calças dele.


Com essa todos nós rimos. Até mesmo Snape. Foi aí que eu percebi que as meninas (Lily e Lene) tinham parado de chorar.


Tio Válter urrou. Puxando Tia Petúnia e Duda para o quarto, lançou um último olhar aterrorizado a Hagrid e bateu a porta ao entrar.


Hagrid olhou para o guarda-chuva e coçou a barba.


— Não devia ter perdido as estribeiras — disse arrependido — Mas em todo o caso saiu errado. Queria transformá-lo em porco, mas acho que ele já parecia tanto com um que não pude fazer muita coisa.


– O Hagrid é DEMAIS! – Fred e Jorge fizeram sua dancinha da vitória de novo. Uma coisa eu tenho que admitir sobre meus irmãos: Eles são naturalmente carismáticos e engraçados. Conseguem fazer todo mundo rir, não importa a ocasião.


E olhou de esguelha para Harry, por baixo das sobrancelhas peludas.


— Fico agradecido se não contar isso para ninguém em Hogwarts — falou — Não... hum... tenho permissão para fazer mágicas, rigorosamente falando. Permitiram que eu fizesse alguma coisa para seguir você e entregar as cartas e coisas assim, uma das razões por que eu queria tanto este trabalho.


— Porque você não pode fazer mágica? — perguntou Harry.


— Ah, bom... eu estive em Hogwarts, mas.. hum... fui expulso, para falar a verdade. No terceiro ano. Eles partiram a minha varinha ao meio e tudo o mais. Mas Dumbledore me deixou ficar como guarda-caça. Grande sujeito o Dumbledore.


– Eu sinto falta do Dumbledore... – Harry sussurrou tristemente e nós (Mione, Ron, Jorge, Fred, Neville, Luna e eu) assentimos.


– É triste quando você sai de Hogwarts e pensa que nunca mais vai ver aquele castelo... e ouvir os discursos malucos do diretor... – Dorcas suspirou e os outros concordaram.


Nós do presente nos encaramos desconfortáveis.


– Er... – Mione começou mas não parecia capaz de encontrar as palavras certas. – Não é exatamente à isso que estamos nos referindo...


– Não? – Remo perguntou. – Então o que é?


Engoli em seco antes de responder.


– Dumbledore morreu.


Choque. Incredulidade. Negação... Foram muitas emoções que eu pude distinguir na face deles.


– Quem o matou? – Lily perguntou depois de um tempo.


– A-aa-aah... Não podemos falar. – Mione gaguejou. – Ron... continua a ler, por favor.


— Por que você foi expulso?


— Já está ficando tarde e temos muito que fazer amanhã — disse Hagrid em voz alta — Temos que ir à cidade, comprar os seus livros e etc.


Ele tirou o grosso casaco preto e atirou-o a Harry.


— Pode ficar com ele. Não se assuste se ele se mexer um pouco, acho que ainda tenho uns ratos do campo em um dos bolsos. 


– Acabou! – Rony exclamou, parecendo contente. – Sério, vocês interrompem demais!


– Ratos do campo? Mas hein? – Sirius perguntou.


– Isso não é importante, Almofadinhas! – James falou quase gritando. – Como assim Dumbledore morreu!? Ele é o maior bruxo de todos! Quem o matou??!


– Pai, acredite, se nós falarmos quem matou o diretor, vocês vão agir precipitadamente e acabar fazendo uma loucura que vai afetar toda a nossa história. Mas com certeza vai explicar isso nos livros. – Harry falou calmo e nós assentimos. Se eles soubessem que foi o Snape... Tudo bem que foi tudo um plano, mas mesmo assim...


– Quem vai ler o livro? – Lene perguntou


– Eu! – Neville pegou o livro das mãos de Rony.


– Será que tem alguns doces lá na cozinha? – Sirius perguntou e nós olhamos pra ele como se fosse um retardado. – Hey, eu tô com fome!


– Eu também! – Rony concordou.


– Vocês acabaram de almoçar! Pelo amor de Merlin! – Dorcas os encarou meio assustada.


– Na-na-ni-na-não. Faz mais de uma hora que nós almoçamos. – Sirius a contestou.


– Tá bom, eu vou lá na cozinha ver se tem doces. – Rolei os olhos. – Lene e Alice, vocês vêm comigo? – Eu perguntei e elas assentiram.



– Ϟ —


– E então, Alice? – Eu perguntei pegando alguns doces no armário. – Por que você olhou para a Lene naquela hora?


– Hum? Quando? – Ah, vai dar uma de desentendida? Ok...


– Quando você falou que os Comensais estavam ameaçando outras pessoas.


– Aah... Deve ter sido impressão sua...


– Alice, para. – Lene a interrompeu. – Uma hora ou outra todo mundo vai descobrir mesmo. – Ela rolou os olhos e se virou para mim. – Os Comensais me ameaçaram também, assim como fizeram com a Alice. Veja bem... Desde o 4º ano, mais ou menos, eu tenho uma quedinha pelo Sirius...


– Correção: Queda da Torre de Astronomia. – Alice e eu rimos da Lene, que estava corada.


– Tanto faz. No início desse ano, uma Comensal filha da puta me deu Veritaserum e me obrigou a falar o nome de todas as pessoas que eram próximas a mim. Como eu estava sob o efeito da poção, falei sem pensar: meus pais, Lily, Dorcas, Alice, Frank, James, Remo. Até que eu disse ‘Sirius Black’. Eles perguntaram o que eu sentia por ele. A idiota aqui falou “estou apaixonada por ele”. Aí eles passaram a tentar matar o Sirius. Ele ia para a enfermaria depois de todas as partidas de Quadribol. Eu quase me juntei aos Comensais – ela fez uma careta –, mas Dumbleodore começou a vigiar aqueles vermes, e eles pararam de machucar o Sirius e de me atormentar.


– Óh – Foi a única coisa que eu disse. E duvido alguém reclamar do que eu fiz. O que dizer depois de saber que uma pessoa foi chantageada por Comensais e quase se juntou à eles por causa da pessoa que amava?


– Mas chega de falar da minha vida. Vamos levar os doces pro povo.


– Okay. – Respondi pegando uma bandeja e colocando sapos de chocolate, feijõezinhos, tortinhas de abóbora, caramelos, varinhas de alcaçuz e alguns outros doces.

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