Chapter 2



Corria pelo barulhento e longo corredor. Era a única coisa que conseguia fazer. Era a única coisa que queria lembrar-se naquele momento.


O som forte da alta musica tamborilava em seus ouvidos, ainda não acostumados com aquele barulho. Afinal, acabara de chegar naquela famosa casa de festas. Hermione Granger não era habituada àqueles locais e não teria o frequentado, em plena meia-noite, caso não tivesse sido convidada.


Convidada por ele.


Sentia-se inutilizada de uma forma que nunca pensaria sentir-se. Sozinha. Mesmo esbarrando no mesmo corredor que ela. Mesmo sabendo que aquele local estava lotado, sentia-se só. Mesmo vendo a quantidade de balões coloridos e de pessoas que dançavam e se embebedavam alegremente, ela não estava feliz.


Porque ele não estava com ela.


Lagrimas escoriam tristemente de seus olhos, mas isso não importava ou fazia efeito. Ninguém percebia que ela estava ali. Ninguém percebia que Hermione precisava de ajuda. Que precisava desesperadamente sair daquele lugar.


Correu o mais rápido que pôde ao lembrar-se do motivo que a levara a iniciar aquilo. Ao lembrar-se do que vira momentos antes de perceber que já se encontrava longe o suficiente dele. Avistou distante de si uma porta. A porta que finalmente a levaria para além daquele repugnante lugar. Empurrava quem aparecia a sua frente, Independente de quem fosse ou de como estivesse, levando em consideração  que a maioria das pessoas dali já estavam bêbadas.


Empurrou e chutou a porta com toda a força que possuía, finalmente chamando a atenção de algumas pessoas para si.


Mas ela não se importou.


Sabia que deveria descontar toda a raiva que sentia em algo. A porta era a melhor opção naquele momento.


Péssima escolha.


Abriu rapidamente os olhos, segurando firmemente em seu travesseiro e assegurando-se de que aquilo fora um sonho. Resmungou ao perceber que realmente era e que sonhara novamente com aquilo.


Olhou repetidas vezes para os lados, tendo certeza de que estava em seu quarto. Em seu apartamento.


Riu sarcasticamente. Não aguentava mais aquela situação precária. A situação em que se colocara há exatamente dez dias.


Sentou-se cansadamente na cama, retirando da frente de seus olhos os finos fios de cabelos que sobre eles caíam. Desgrenhados. Nunca deixara que seus tão cuidados cabelos ficassem daquela forma, contudo, desde que decidira deixar Draco, nunca mais fora a mesma. E nem poderia.   


Puxou o edredom que a cobria até o meio de suas coxas, podendo visualizar o que o chute que dera na porta lhe rendera. Um belo corte, já que a delicada sandália de cristal que usava espatifou-se em vários cacos, ferindo aquilo que um dia chamara de pé.


Olhou ao redor do quarto, vendo o quão desarrumado ele se encontrava, mesmo que a pouca luz da lua não fosse suficiente. Tinha absoluta certeza de que seu closet se encontrava vazio, afinal todas as suas roupas estavam espalhadas pelo chão. Roupas, bolsas, sapatos… tudo que era seu estava jogado como se não servisse para absolutamente nada. E era exatamente assim que ela se sentia.


Descobriu-se completamente, pondo um de seus pés para fora da cama. Arrepiou-se ao sentir o frio do chão por alguns segundos, mas nada fora do normal para ela. Acostumara-se àquilo desde aquele dia. Olhou mais além, na unica e enorme janela do quarto. A janela em que Draco olhava a neve cair, ou qualquer coisa considerada fútil por muitos, ate mesmo por ele.


Perto dali, lá estava, O vestido que usara naquela noite. Um vestido antes tão exuberante, e agora, totalmente rasgado.


Mais um de seus atos impensados. Afinal, queria lançar sua raiva sobre algo e o vestido era a melhor opção. Mais uma escolha errada. Arrependia-se amargamente de ter feito aquilo.


Olhou novamente para ele. Estava estendido sobre uma das poltronas. A mesma poltrona em que Draco costumava sentar-se quando a visitava. A mesma poltrona em que se viram pela primeira vez, numa rápida apresentação de famílias.


Hermione se levantou vagarosamente, sentando-se mais uma vez, agora, na penteadeira, bem ao lado de sua cama. Olhou-se no espelho. Não havia nada que queria ver em si.


Olhou para um ponto do espelho, o qual não importava, já que não estava prestando atenção nele. tinha aqueles sonhos há dez dias, desde que aquilo realmente acontecera. Sonhava por todas as noites com aquela noite mesmo que quisesse esquecer e pôr, de uma vez por todas, um ponto final naquela historia.


Onde? - Hermione perguntou divertidamente, rindo em seguida ao ter a resposta.


- Do que está rindo? - perguntou a pessoa do outro lado da linha.


- Não acredito que você esteja me chamando para um lugar desses. - comentou divertida, imaginando a expressão séria que o outro deveria manter naquele momento.


- Fala como se fosse um campo de concentração. - Disse friamente.


Pensei que você considerasse uma festa como algo do tipo. - Ela rebateu, imprensando o celular entre seu queixo e o ombro, pegando algumas roupas de dentro co closet. - Afinal, você não é muito sociável.


Se não quiser ir, é só falar. - falou grosseiramente, demostrando que algo estava errado.


Calma, senhor Draco. - disse sarcasticamente. - Estou me vestido. Daqui meia hora estarei ai, tudo bem?


- Daqui meia hora. - repetiu sarcástico. - como se você fosse estar pronta à apenas meia hora. 


- Então me espere o necessário. - riu com o que disse.


Escutou o telefone ser desligado, e jogou sobre a cama rindo em seguida.


Olhou rapidamente para o despertador sobre um móvel, arregalando os olhos ao ver as horas. Onze e meia da noite. Gostaria de saber o porque de Draco ficar acordado até tão tarde. E o principal, queria saber o que fizera chamá-la a uma festa.


Namoravam há alguns meses, e Hermione sabia o que aquele tipo de confraternização representava para Draco: pessoas bêbadas que com certeza fariam alguma besteira e se culpariam pelo resto da vida. Riu mais uma vez com o pensamento. queria ver a cara que o namorado faria naquele lugar.


Queria vê-lo novamente.


Entrou no carro, dando a partida e saindo rapidamente do estacionamento. Vestia de forma mais exuberante que conseguira, tudo para ele. Pisou fortemente no acelerador, queria vê-lo o mais rápido possível.


Arrependida do que fizera.


Atravessou a porta de entrada, olhando o salão lotado. Onde ele estaria?


Mas não poderia voltar atrás deu alguns passos a frente, chamando a atenção de alguns desocupados para si. Seria uma ótima oportunidade de vê-lo com ciúmes. Se é que ele possuía tal sentimento.


Porque ele também havia errado.


Segurou fortemente em uma das mesas dali, apoiando-se nela.Fechou e abriu os olhos várias vezes, forçando a visão a mudar aquilo que ela teimava em ver. Draco dançava com uma mulher. Uma mulher que Hermione conhecia muito bem. Pansy Parkinson, Ex-noiva dele.


Mas para que a surpresa?


Pensou em ir até lá e mandá-lo soltá-la. Afinal porque os dois estavam dançando? Desistiu da ideia ao vê-lo segurar firmemente a cintura da mulher, e depois, a mesma levar a cabeça ao forte peito do homem. Quanto sentimentalismo… Ele sequer foi atrás de si.


Correu. Saiu de lá o mais rápido que pôde. Depois de ter chutado a porta, não se lembrava de mais nada. Passara a noite inteira pensando no porque de Draco ter feito aquilo com ela. Pensara no motivo que o teria levado a fazer aquilo.


Chorou. Não havia mais nada que pudesse ser feito.


Caiu tristemente no chão, sem conseguir correr mais. Estava longe dos olhos dele, mas perto o suficiente para escutar a alta música que se concentrava lá. Hermione sentiu algo quente escorrer por seus pés olhava rapidamente para eles. Arruinados. Era esse o estado de seus caros sapatos.


E dos pés também. Mas não se importou com o sangue que escorria deles.


Ouviu o telefonema tocar, fora isso que a tirava daquele novo sonho. Levantou-se de onde estava, caminhando lentamente pelo quarto. Quem poderia estar ligando para ela em plena madrugada? Parou ao perceber que não sabia onde se encontrava seu celular. Ajoelhou-se no chão e ouviu o som mais forte.


A mulher puxou uma pequena bolsa debaixo da cama, abrindo-a e retirando de lá o objeto que não parava de tocar. Ela olhou forçadamente o nome, já que acordara há pouco e sua visão ainda estava relativamente turva.


Gina, era o nome que piscava sob a tela, Hermione suspirou cansadamente, antes de atender o tão inesperado telefonema.


- Alô. - disse arrastadamente.


- Hermione - a voz do outra lado perguntou.


- Quem mais poderia ser? - respondeu sarcástica, percebendo que seus atos estavam cada vez mais parecidos com os de seu antigo namorado.


- Ah, desculpe… - a outra murmurou, calando-se em seguida.


- Aconteceu algo? - Hermione percebeu o quanto havia sido grossa, amenizando a situação que criara com outra pegunta.


- Não. -  Gina respondeu cuidadosamente. - Apenas queria saber se você está bem. 


- E porque não estaria? - quis saber, mantendo um sorriso forçado na face, como se alguém pudesse observá-la.


- Sei que não está. - disse por fim, não sabendo que aquilo desmanchara o sorriso da amiga.


- Então porque me perguntou? - indagou irritada.


- Porque queria que você finalmente se desse conta disso e falasse a verdade.


- Ginevra, não venha com essa de psicóloga comigo, tudo bem? - foi curta e grossa. - Não sou sua paciente. 


- Mas poderia ser. - argumentou. - Você melhoraria muito, sabia? 


- Tenho certeza de que não melhoraria em nada. - refletiu, sentando-se na cama e puxando o cobertor sobre suas pernas. - Além do que, quem não ficaria perturbada com uma louca que liga para os outros em plenas quatro da manhã? 


- Isso é ciúme, Hermione. - Gina revelou, fingindo não ter ouvido o que a garota falara depois. 


- É claro que não! - Hermione brandiu irritada. - Não tenho sentimento algum por aquele homem. 


- Tem certeza? - escutou um rápido Farfalha vindo do outro lado.


- Logicamente. – disse mais calma, misturando os objetos que se encontravam dentro de sua bolsa.


Então não diria nada se soubesse que Draco está namorando novamente?


- O quê? – Hermione se sobressaltou, levantando-se rapidamente e deixando e bolsa e o cobertor, que antes estavam em suas pernas, caírem diretamente no chão.


Viu só? – a amiga riu rapidamente com a ação da garota, deixando seu sorriso de lado para manter o habitual tom sério. – Querida - murmurou. – Porque manter algo que sabe que é mentira?


Hermione manteve o celular na orelha, segurando-o com uma das mãos. Sentou-se novamente na cama, olhando para um ponto na parede que não chamasse muito a sua atenção.


Refletiu.


Porque fazia isso, afinal? Porque simplesmente não poderia ir conversar com Draco como uma pessoa normal faria? Porque não se acertavam como todos esperavam que fizessem? Porque ela não conseguia de uma vez por todas esquecê-lo?


- Porque é mais fácil, Gina. – respondeu carinhosamente, ainda encarando a parede escurecida de seu quarto.


Sei que é doloroso demais ter visto aquilo. – comentou. – Mas deve haver uma explicação. Draco nunca faria algo daquele tipo com você.


- Mas ele sequer veio atrás de mim! – Hermione tentou se justificar, encarando o telefone como se pudesse ver a garota através dele.


Como poderia? – Gina perguntou. – Ele talvez nem saiba o motivo pelo qual você o deixou.


- Ele não seria tão idiota a ponto de pensar desta maneira. - puxou uma mexa dos seus longos cabelos, enrolando ele com um dos dedos.


Parou. Draco costumava fazer aquilo com ela.


- Hermione! – Gina falou advertindo-a. – Você fugiu há dez dias! Draco ao menos sabe onde você está!


- Gina, se você quer defendê-lo, faça o favor de não ligar mais para mim, OK? – gritou aborrecida, desligando o celular e jogando-o enfurecidamente sobre a cama.


Não estava com cabeça de cometer mais um erro seu e espatifá-lo na parede. Seus pés e o vestido já foram erros o suficiente.


Levou sua mão a seus olhos ao perceber que lágrimas escorreram deles sem sua vontade. Porque chorava? Porque tinha de ser tão fraca? Com certeza seu ex não estava fazendo isso naquele momento.


 


Deveria estar com Pansy, provavelmente. Mas isso não importava mais. Não importava porque Hermione estava sozinha.


 


Mantinha como companhia apenas suas lágrimas.
Passava noites inteiras acordada, apenas esperando. Esperando que Draco voltasse. Que ele ligasse para ela perguntando o porquê dela ter feito aquilo. Que tudo não passasse, afinal, de um grande mal entendido. Todas aquelas noites estavam acabando com ela.


- AHHH! – a garota gritou em frustração, batendo o pé repetidas vezes no chão.


Saiu do quarto em que se encontrava, indo na direção do banheiro. Abriu a porta fortemente, parando onde estava para respirar fundo e tentar manter seu autocontrole.


Virou-se em frente a pia, apoiando-se nesta. Olhou sua face no espelho. Estava derrotada.


Hermione passou levemente seus finos dedos sobre seus olhos, sentindo o inchaço formado pelo cansaço e pelo sono que possuía. Sua pele não era mais a mesma e nem o calor que sentia quando estava perto dele.


Abraçou-se inconscientemente.


Intimamente, ela queria apenas que as coisas voltassem a ser como eram antes. Preferia que aquilo não houvesse acontecido, não queria ter visto. Queria sentir o calor dos braços de Draco, novamente. Queria, apenas, que ele voltasse logo e a abraçasse com força, como sempre fazia.


Balançou repetidas vezes a cabeça, tentando tirar aquelas idéias de dentro dela. Não conseguia.


Segurou com força os finos fios de cabelo, forçando-se mentalmente a esquecer daquilo. Puxava-os cada vez mais, à medida que percebia que, ao invés de se esquecer de tudo, apenas estava se forçando a lembrar-se.


Largou-os.


Ela abriu rapidamente a torneira, molhando as frias mãos na água que escorria. Aquela era a única maneira que conseguira para acalmar-se, em exatos momentos como aquele.


Olhou-se novamente no espelho, levando um pouco da água que estavam em suas mãos até o seu rosto, que logo sentiu ser iluminado. Um feixe de luz conseguira penetrar o grosso pano da cortina que escurecia a janela de seu quarto. Hermione virou a cabeça ao sentir a luz bater em si.


Andou até a janela, fechando inconscientemente a porta do banheiro, mais um hábito adquirido com a presença de Draco, já que antes, sempre a deixava aberta.


Assim que chegou, puxou a cortina até a outra extremidade, podendo avistar aquilo que chamara sua atenção: o antigo farol.


O farol que ela e ele costumavam observar daquele mesmo lugar.


Abriu as janelas, sentindo a leve e fria brisa da noite bater em sua pele, também fria.


Sorriu pela primeira vez em tantos dias. Aquela era uma das poucas visões que tanto apreciava no mundo. Onde ele estaria, naquele momento…? A brisa lhe trouxe tal pergunta. Não sabia responder.


Draco não era habituado à noite, mas após aquele dia, ela não poderia dizer mais nada.


Garoto malvado… Era assim que o chamava no início, quando ele sempre a abusava de algo extremamente infantil. Apelido verdadeiro, pelo que poderia ver agora.


Ele era um garoto muito malvado para ela. Então… Onde aquele garoto malvado estaria agora? Com quem ele estaria agora? Por quê?


- Draco... - murmurou o nome dele ao vento, como se de alguma forma ele fosse escutar.


Hermione não sabia exatamente o que deveria fazer. Não sabia nem um terço do que deveria fazer. Por um lado, sentia que deveria ir atrás dele, afinal, errara desde o começo, ao tê-lo deixado sem ao menos falar à ele o motivo.


Mas seu orgulho era algo grande demais. E era isso que a impedia de ir até onde ele estava. Caso contrário já o teria feito há muito tempo.


Mas de uma coisa ela sabia: alguém deveria dar um primeiro passo para toda aquela situação ter um final diferente.


E ela ainda pensava severamente em fazer aquilo.

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Comentários (2)

  • H. Granger Malfoy

    Como uma pessoa acaba um namoro sem nem falar com a outra? que louca, o draco nunca a trairia com a pansy, por favor, ele ta acabado... quero os proxmos capitulos!!!kkk bjs

    2012-09-13
  • Steph Granger Malfoy

    Faz sim Hermine!!!!!!Você deve ter visto errado!Quero mais caps!!!! Estou amando! ^^   

    2012-09-13
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