Monitoria



Capítulo 3: Monitoria

POV Draco

Era uma noite fria, todos já estavam nos seus dormitórios e lá estava eu, esperando a Granger na sala dos monitores. Ela deveria estar aqui a meia hora. Eu estava começando a me arrepender de ter voltado para Hogwarts esse ano... As coisas estavam difíceis lá em casa. Depois da guerra, minha família se rendeu e fomos “perdoados”, mas meu pai estava enfrentando um inquérito no Ministério, e corria o risco de ser preso. Minha mãe estava extremamente nervosa com isso. Quando minha carta de Hogwarts chegou, foi uma surpresa, mas eu decidi que voltaria para mostrar a todos que eu não sou um traidor. Tudo que eu fiz foi para proteger a minha família. As vezes eu penso que meu pai realmente merecia ser preso, mas ele é meu pai. Apesar de tudo, eu tenho e tive que apoiá-lo. As pessoas em Hogwarts me julgam, mas não fazem ideia de como era difícil ter a sua casa como o covil do Lorde da Trevas. Você consegue imaginar como é dormir todas as noites escutando gritos de pessoas sendo torturadas? E eu não podia fazer nada além de torcer para que não fossem meu pais. Eu virei um Comensal por causa da minha mãe. Eu precisava fazer de tudo para que Voldemort estivesse satisfeito com nossa família ou ele mataria a todos nós. Eu sei que sempre fui idiota com os nascidos trouxas, mas eu fui criado assim. Meu pai é um idiota total, mas ele também foi criado assim. A família Malfoy é muito grande, e tem muitas gerações de puro sangues. E todos fomos criados para sermos superiores, e para debochar de quem fosse diferente... Mas depois de correr risco de perder sua família, você muda de ideia. Minha mãe... Tudo que fiz foi por ela. E agora quero completar meus estudos para poder sustentar ela quando meu pai for condenado. Eu já não tenho mais esperanças de que ele seja perdoado...
Fui arrancado de meus pensamentos pela batida na porta. Me levantei e quando abri a porta, dei de cara com Granger ofegando, como se tivesse corrido até aqui. E de repente me lembrei do incidente de hoje lá no trem. Eu estava distraído, procurando um vagão vazio, meus antigos ‘’amigos’’ não se lembravam mais de mim e de repente esbarrei na Granger, e ela acabou caindo por cima de mim. O que foi realmente hilário foi a cara dela quando percebeu que tinha caído por cima de Draco Malfoy.
–De-desculpe o atraso, Malfoy... E-eu estava... lendo e acabei pe-perdendo a hora! -ela corou enquanto gaguejava sem fôlego. Todos esses anos, o único motivo real de eu odiá-la era por inveja. Ela era a mais inteligente. A queridinha dos professores. Tinha os amigos mais populares. Todos gostavam dela e ela nem precisava fazer esforço para isso. Tudo que eu sempre quis... Mas vê-la naquela situação, ofegando na porta, enquanto tentava explicar para Draco Malfoy o motivo do seu atraso me fez sentir... pena. Esse ano ela estava sozinha, sem seus amigos populares. Assim como eu... E eu tinha resolvido mudar de atitude. Não seria mais o Draco ignorante com nascidos trouxas.
–Sem problemas, Granger. Acho melhor começarmos logo antes que fique tarde demais! Só não se atrase novamente.... - eu disse, calmo. Já que eu seria obrigado a passar essas noites com ela, não quero que fique um clima ruim entre nós. Por mais que ela me odeie.
Ela parecia muito surpresa com minha resposta.
–Tudo bem, vamos logo. -saímos das salas dos monitores e começamos a andar pelos corredores em silêncio. Ela se mantinha afastada de mim, e parecia calma, mas era só olhar em seus olhos castanhos para perceber que ela estava completamente perdida em pensamentos. Assim como eu... Me lembro no primeiro ano, como seus cabelos eram diferentes. Ela devia estar pensando no porque da minha mudança repentina. Nem eu estava me reconhecendo. Mas eu estou decidido a mudar. Resolvi puxar assunto:
–Então, Granger... -ela parecia assustada ao ouvir minha voz pela primeira vez depois de um longo silêncio. -Potter e Weasley não vieram com você?
–Porque isso te interessa, Malfoy? -ela respondeu, ignorante. Ok, se ela quer assim, lá vamos nós.
–Só estava imaginando porque te deixaram sozinha... Provavelmente a fama de Harry Potter os fez esquecer da pobre Granger, não é? -sim, eu fui rude. Mas ela quem começou, eu só tinha tentado puxar assunto e... Meu Deus, eu pareço uma criança. Tenho que me lembrar de me comportar educadamente... Antes que ela pudesse retrucar, eu disse:
–Ahn, me desculpe... Eu fui rude. -eu olhei nos seus olhos. Surpresa. Era tudo que euandava vendo em seus olhos ultimamente. -E você está certo, isso não me interessa.
Ela não respondeu e eu desisti de puxar assunto. Continuamos andando, cada um de lado do corredor, mas parece que ninguém se atreveria a sair fora do horário no primeiro dia de aula.
–Parece que terminamos. -ela disse, me arrancando dos meus pensamentos. Isso vinha acontecendo com bastante frequência.
–É. Bem, boa noite, Granger. -eu disse e estava entrando na sala dos monitores quando ela disse:
–Você não vai voltar para seu dormitório? -eu olhei para ela com curiosidade e ela corou. Sorri. Ela fica muito fofa quando está corada... E isso vinha acontecendo sempre que ela se dirigia a mim.
–Malfoy? -ela me chamou. Ah meu Deus, eu realmente me distraí pensando nela? O que estava acontecendo comigo?
–Ahn, não estou com sono. Acho que vou ficar aqui por um tempo, em frente a lareira. -eu disse, gentil. -Quer se juntar a mim? - eu sorri. Foi o meu sorriso de conquistador, o sorriso que fez eu ganhar muitas das garotas em Hogwarts. Eu só o usava em ocasiões especiais. Eu não sei porque, mas não queria que ela fosse embora.
–Ahn, acho que sim. Eu-eu também não es-estou com sono. -ela disse timidamente enquanto corava. Meu novo passatempo preferido era fazê-la corar, é hilário...
Ela entrou e nós nos sentamos no sofá em frente a lareira. Eu despi minha capa e fiquei só de camisa. Me deitei a vontade em frente a lareira e olhei para Granger. Ela olhava pra mim apreensiva, estudando cada movimento meu... Essa noite eu mostraria pra ela um outro lado de Draco Malfoy! Não. Isso soou mal. Muito mal... Tenho que parar com esses pensamentos.
–Então, Granger, sobre o que quer conversar? -eu perguntei, sorrindo.
–O que aconteceu com você depois da guerra, Malfoy?-ela perguntou, curiosa. Como eu explicaria isso para ela? Hum. Tentarei ser o mais honesto possível.
–Meu pai está lutando contra um inquérito no Ministério, então resolvi voltar para Hogwarts e terminar meus estudos. -eu disse. -Mas e você, porque voltou para Hogwarts?
–Bem... Eu realmente quero me formar em Hogwarts, você sabe. E esse ano nós temos os NIEMS e eu preciso me focar nos estudos para conseguir boas notas. Eu estou cursando várias matérias esse ano, entoa vai ficar meio exaustivo, mas precisamos nos esforçar para tirarmos boas notas e... -eu olhava pra ela fascinado. E quando ela percebeu meu olhar, corou e sorriu de leve.
–Desculpe, eu me empolguei! - ela disse, com vergonha.
–Não não, continue! -eu a encorajei, sorrindo. Mas ela estava com outra dúvida em sua mente, eu conseguia ver claramente em sua expressão.
–Dr-draco. Posso te chamar de Draco, certo? -eu assenti, sorrindo ao ouvir sua voz dizendo meu nome. -O que aconteceu com você? Você era tão...ahn, arrogante e... -ela não sabia como terminar. E eu sabia que essa hora chegaria.
–Eu só não quero ser o vilao da história! -eu disse, encarando-a. E fui honesto. -Se vocês soubessem pelo o que eu passei... Mas eu me arrependo. Muito. E agora nem mesmo aqueles idiotas da Sonserina querem saber de mim... -declarei, deprimido.
–Eu sei como se sente... -ela sussurrou, olhando para baixo.
–Como assim? Seu melhor amigo é o garoto mais famoso de todo o mundo mágico, e você namora o Weasley! -eu disse o nome dele com repulsa. Alguns costumes seriam difíceis de mudar. Mas eu mudaria.
–Não exatamente... Harry está com Ginny, então nem nos falamos muito. E o Rony... -seus olhos umedeceram um pouco. -Bem, digamos que nosso relacionamento não está muito, ahn, bom. - vê-la com lágrimas nos olhos me fez querer consolá-la. Era incrível, eu realmente não conhecia esse lado da Granger. Ela seria uma boa companhia nesse ano solitário...
–Bem, estamos na mesma situação então... -eu suspirei. Era bom ter alguém com quem desabafar. Por mais bizarro que fosse, eu me sentia bem lá com ela, como nunca tinha me sentido antes. De repente ela disse:
–Uau, já são 3:30h. Eu nem vi o tempo passar... Vamos nos meter encrencas se formos pegos andando pelo castelo a essa hora. Mas que exemplo de monitora eu estou sendo... -ela disse. E ela tinha razão, a sala dos monitores ficava longe do salão comunal da Sonserina. Tinha uma grande chance de encontrarmos Filch, ou até pior, Pirraça pelos corredores.
–Acho que vamos ter que passar a noite aqui. -declarei, sorrindo em meus pensamentos. Essa noite estava sendo mais interessante do que eu esperava.
–O que? Não. Não, eu preciso voltar, nós não podemos... -ela parou olhando pra mim.
–Seja realista. É melhor passarmos a noite aqui e amanhã saímos mais cedo e voltamos para o dormitório do que tentar sair a essa hora da noite! -eu declarei. Ela parecia concordar comigo, apesar de não ser o que ela queria.
–Mas... m-mas aqui só tem um sofá! -ela disse. Eu me aproximei dela... Estava na hora de um pouco de diversão.
–Não se preocupe, eu divido com você... -eu disse, num sussurro. No silêncio, eu quase conseguia ouvir seu coração batendo. Me levantei de um salto, assustando-a.
–Bem, acho melhor nos prepararmos para dormir! -eu disse, sorrindo. Ela olhou para mim, parecia com medo.
–Não se preocupe, Granger. Eu não vou te matar durante a noite ou algo assim! Eu realmente mudei, acredite em mim. -eu disse, olhando diretamente em seus olhos. Ela assentiu. Parecia estar tentando acalmar a si mesma... Isso estava ficando divertido. Eu desabotoei alguns botões da camisa e tirei os sapatos.
–Já está com sono? -eu perguntei, sorrindo mais uma vez. Antigamente era raro ter um motivo parar sorrir, por isso tenho que aproveitar.
–Sim... -ela sussurrou, nervosa. Eu me deitei no sofá, deixando um espaço para ela, e apontei, convidando-a a se aproximar. Ela se levantou, com receio, e veio até mim.
–Deite-se. -eu sussurrei, ordenando. Ela obedeceu. E se deitou o mais longe possível de mim.
Eu ri:
–Haha, desse jeito vai cair no chão, Granger. Venha mais perto, eu não me importo! -ela obedeceu, deitando a cabeça em meu peito. Com ela tão próxima, eu conseguia ouvir sua respiração acelerada. Aconcheguei-a pra mais perto de mim.
–Está uma noite fria... -eu disse, quase num sussurro.
–Sim. -ela concordou.
–Boa noite, Granger. -eu disse em seu ouvido.
–Boa noite, Malfoy. -e ficamos praticamente abraçados até o amanhecer. Eu não consegui dormir de verdade, e duvido que ela tenha conseguido também. Eu não esperava que uma noite como essas se tornaria uma das melhores noites de toda a minha vida... Parece que esse ano vai ser muito interessante.

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