Química



- Que foi, Rô? - ele perguntou para Rose assim que a viu.


Ele sempre a reconfortava, desde o começo, era sempre ele que a ajudava... Mas será que dessa vez era melhor contar ou guardar pra si mesma? De qualquer forma, ela já estava chorando, então não tinha mais como escapar.


Rose levou-o até a Sala Comunal da Grifinória torcendo para que estivesse cheia para que Alvo tivesse que esperar para saber, mas estava completamente deserta.


- Dá pra contar agora? - Alvo pediu, se sentando ao lado da prima.


Rose não sabia como contar. Como ela poderia dizer que estava apaixonada por Scorpius Malfoy? Ah, iriam todos matar ela se soubessem, que traição enorme à família...


- Para de chorar, mulher, e me fala logo!


Ela não sabia como, mas de um segundo para o outro desatou a falar. Disse tudo que havia acontecido, como se sentia, como achava que os outros iriam se sentir e tudo mais que podia falar naquele momento.


- Hm - disse Alvo ao final da explicação. Como assim?

- Hm? O que quer dizer com este "hm"? - Rose se enraiveceu - Eu te conto a história toda, abro o meu coração, e você me vem com um "hm"?


- Eu não sei o que falar - Alvo disse, com sinceridade - Eu não esperava que isso pudesse acontecer.


- Eu também não, Al, mas aconteceu - ela disse, voltando a ficar parcialmente calma - E agora eu não sei o que fazer, por isso que quis contar pra você. Pensa bem: ele podia estar só brincando! Ele podia estar brincando comigo, e eu fui totalmente iludida, mas agora já é tarde demais.


- Não acho que ele estivesse brincando - disse o moreno, pensativo.


- Você não acha nada, né?


- Eu acho que você tem que ficar calma. Se apaixonar é normal, Rose, mesmo que seja pela última pessoa no mundo que você pudesse se apaixonar. Que nem Romeu e Julieta, sabe, aquele conto trouxa que sua mãe nos contou uma vez? - Alvo pareceu muito satisfeito consigo mesmo por ter conseguido dar um exemplo.


- Alvo - Rose disse, pacientemente - Romeu e Julieta morreram no final.


- Ah, é...


Logo, Rose estava dando gargalhadas e Alvo também estava rindo de si mesmo.


- A propósito, Rose, ficou sabendo das últimas de Hugo? - Alvo tentou puxar assunto, meio desconfortável.


- Ai meu Deus, o que ele fez dessa vez? - Rose se assustou. Sabia que seu irmão não era de se meter em confusão, mas de qualquer forma, já tinha suas suposições.


- Então, tipo... Ele meio que tá deixando meninas chorando por ele. Literalmente.


Rose pôs a mão na testa. Hugo não tinha jeito mesmo.


- Hugo Weasley, precisamos conversar agora - disse Rose. Ela havia acabado de encontrar o seu irmão na biblioteca, cercado por várias garotas. Algumas pareciam mais velhas.


Hugo veio correndo com uma cara de que sabia que estava fazendo algo errado.


- Maninha... Fala aí - ele deu um soquinho no braço de Rose - Como vai?


- Nem vem. O que você tá aprontando, Hugo? Vai dar problema pra você depois - ela disse, mas como ele não respondeu, continuou - Por que todas essas garotas estão aqui?


O rosto de Hugo rapidamente adiquiriu um tom vermelho um pouco menos forte do que o laranja de seus cabelos.


- Olha, não é o que está pensando, eu não estou interessado nelas.


- Não, é? Então por que elas estão aqui? Para comprarem bolinhos? Me poupe.


- Rose, eu não gosto delas! Eu só estou fazendo isso porque, você sabe... Eu gostei muito de Lethícia quando a vi, mas ela é mais velha e nunca vai querer nada comigo.


Rose estampava no rosto um sorriso de triunfo.


- Sai daqui logo e vai procurar Alvo, conta pra ele ou sei lá, ele é menino, vai te ajudar com essas coisas - Rose sugeriu.


Hugo foi e Rose já estava com uma ideia na cabeça para espantar todas aquelas meninas metidas que antes rodeavam seu irmão, mas quando se virou encontrou-o de novo. Ele estava ali agora, cercado daquelas meninas nojentas.


- Me deixem passar! - ele gritou.


Por uma fração de segundo Rose pensou em ir embora, e sair correndo. Talvez fosse a coisa certa a fazer, para fugir de qualquer situação desagradável, mas resolveu apenas ficar parada ali, olhando para ele com os braços cruzados e um olhar desafiador.


- Oi - ele disse, se aproximando. Rose não respondeu. - Sobre o outro dia, eu não sei o que aconteceu, por que você saiu correndo?


- Por que tentou me beijar? - Rose perguntou. Sentia como se estivesse fazendo alguma maldade perguntando aquilo, mas ela queria saber. Queria que saísse da boca dele.


- Bom, eu achei que nós tivéssemos alguma química - ele disse, atropelando as palavras. Os olhos de Rose quase saltaram das órbitas.


- Química? Nós? Não. Nunca daria certo - ela disse, dando ênfase ao nunca, e saiu da biblioteca deixando um Scorpius pasmo para trás.


Ela estava gostando daquilo, de fazer tipo de díficil. Talvez funcionasse, talvez agora ele se interessaria ainda mais por ela. Ele gosta de mim, ela pensou, sorrindo enquanto caminhava como se estivesse nas nuvens.

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