Na mira.

 

"Eu ando em uma estrada solitária
A única que eu sempre conheci
Não sei até onde vai
Mas é um lar para mim e eu ando só."
(Green Day)

Podiam ter se passado oito anos desde que a vi, não só ela, como todos os meus “amigos”.

A foto da ficha dela era de pouco tempo depois de terminarmos a escola, o que me deixava meio... “Intrigado” para saber como ela estava...

O único com quem mantive contado por e-mails, cartas e alguns raros telefonemas foi James Potter.

Ela sempre foi grande amiga nossa, o que facilitava sua localização. E com toda certeza, eles inventariam uma festa, um jantar, ou qualquer coisa chamativa do gênero para forçar-me a ver como eles estão felizes, com famílias e eu ali... Tendo que matar a melhor amiga... Ou ex... Não importa!

Peguei meu celular e disquei o número que eu tinha do James. Depois de uns três toques, ele atendeu.

-Alô? –Ele disse, meio desconfiado.

-Hey, James! É o Sirius!

-Nossa, cara! Ando. Você. ‘Ta. ? Se ligou que faz 8 anos que você sumiu? 8. Anos.

-Calma... Estou voltando pra Los Angeles hoje... –Disse pegando minha mala e a colocando no carro.

-COMOÉQUEÉ?

-Sério, da pra parar de berrar no telefone?

-Foi mal, perai, GENTE! O SIRIUS ‘TA VOLTANDO!

-AEEEEEEEEEEEEEEE! –Ou vi berros ao fundo.

Eu não estava animado. Desde que comecei a trabalhar nesse emprego, não tenho sentimentos e evito emoções como as pessoas normais... Isso só atrapalha, te deixa mais vulnerável!

-Você sabe dela? –Entrei no carro.

-Termino o noivado a 1 mês... –É claro que ele sabia... -Ela vai dar uma festa hoje a noite, lá no salão... Lembra dele?

-Como esquecer? –Quase todas as festas eram feitas lá...

Mas, eram memórias enterradas e distantes... De um outro tempo... De um outro Sirius...

-Aparece lá!

-‘Ta! Agora tenho que desligar, vou pegar a estrada!

-Boa viajem!

-Obrigado! Até mais! –Desliguei o celular e comecei a dirigir.

...

Girei a chave na fechadura da porta do quarto número 1347, do 11° andar e adentrei ao apartamento. Era luxuoso, claro. A sala era espaçosa, com dois sofás brancos e fofos, uma TV de Led, som, DVD e Blu – Ray. Um pequeno bar ao lado de uma janela que pegava a parede inteira com uma bela vista da cidade. Uma cozinha, com uma bancada cheia de eletrodomésticos, um quarto e uma suíte gigante, com guarda-roupa embutido na parede e cama de casal.

Entrei no quarto e joguei minha mala sobre a cama. De acordo com meu relógio, eram 20 horas e 36 minutos. Fui ao banheiro e tomei um banho quente e demorado, para depois sair enrolado em uma toalha.

Sei que chegaria atrasado, mas era minha intenção. Chegar quando a festa estiver no ápice, todos bêbados, dançando... Assim, ninguém perceberia a morte da anfitriã. 

Coloquei uma calça jeans escura, uma camiseta preta e uma jaqueta de couro da mesma cor. Dei uma ajeitada nos meus cabelos negros, compridos demais pra meu gosto, caindo sobre meus olhos azuis acinzentados.

Peguei um revolver calibre 20 e coloquei dentro na calça, sentindo o metal frio contra a pele das minhas costas.

Como o salão não era muito longe do hotel, decidi ir a pé.

...

Cheguei ao grande salão onde acontecia uma badalada festa ás 23 horas e 17 minutos. Entrei e vi muitas pessoas dançando e... Bêbadas! Perfeito!

-OMG! SIRIUS! –Senti dois braços pequenos em volta do meu pescoço e retribui desconfortavelmente o abraço, sem ver quem era. –Você tem que apanhar! Por que ficou tanto tempo fora? –A dona dos braços disse, um pouco mais alto do que em uma conversa normal, e me soltou.

Usava um vestido verde escuro, tomara que caia, que chegava a um palmo acima do joelho, os cabelos ruivos indo até a cintura, encaracolados nas pontas. As mãos na cintura e os incríveis olhos esmeraldas me encarando fixamente.

-Eu estava trabalhando, Lily!

-Aqui também tem trabalho!

-Não igual o meu, pode ter certeza! –Pisquei pra ela e um cara consideravelmente alto e forte, cabelos negros espetados em todas as direções, olhos castanhos esverdeados, usando calça jeans e uma camiseta branca, passou uma mão pela cintura da ruiva.

-Black! –Ele disse indiferente.

-Potter! –Disse no mesmo tom. Nossos olhares se encontraram e as memórias vieram à tona. Tudo o que eu vinha tentando apagar. Nos abraçamos fortemente. –Viado!

-Pulguento!

-E eu? –Um cara alto, cabelos e olhos castanhos, usando uma calça jeans e camiseta vermelha, apareceu bêbado e segurando um copo com... Reconheci rapidamente o cheiro, vodca!

-Vem cá, lobinho! –James disse e ele entrou no meio e nos abraçamos.

-EI! ‘Tão me enconchando! –Remus gritou.

-O viado é o James!

-Cachorro! –Nos separamos.

-Eu vo ali e já volto! –Remus saiu.

-O que aconteceu com ele?

-Terminou com a namorada... –James deu de ombros e foi parar o lado da ruiva.

-Namorando, noivando ou casado, Sirius? –Lily perguntou.

-A opção que você não falou, ruiva, solteiro!

-Ainda? –Dei de ombros.

-Nosso casamento é daqui três semanas... –Lily começou, sorrindo radiante.

-E você vai ser meu padrinho! –James completou.

Não posso, pensei. Vou mata-lá essa noite e simplesmente sumir, já aposentado, e viajar pelo mundo...

-Sirius...? –Lily perguntou cautelosa.

-Desculpem, estou distraído hoje... E quem vai ser a madrinha?

-Quem você acha? –Eles disseram juntos. Seria ela, óbvio.

-E onde ela esta?

-Lá no terraço...

-Vou lá conversar com ela! Até depois! –Passei por eles e outras pessoa que dançavam animadamente na pista de dança. Subi as escadas que davam ao terraço.

Ela estava na outra extremidade do terraço, debruçada sobre a grade de segurança, olhando as estrelas e os prédios da cidade.

Pena que não sabe que é a última vez que olhará essa vista....

Dei alguns passos, silencioso, e puxei a arma. Tirei algumas balas do bolso da jaqueta e a carreguei.

Poderia empurra-lá. Uma bêbada que caiu do terraço... Não, ela não merecia morrer desse jeito. Se atirasse, ela morreria olhando as estrelas, antes de se chocar, morta, com o chão de asfalto logo abaixo.

Mirei em sua cabeça, me aproximando mais.

Ela usava um vestido preto, que ia até o meio de suas coxas, demarcando suas curvas. Os cabelos negros caindo até o meio das suas costas, levemente encaracolados e os sapatos de salto alto, jogados a seu lado. Brincava com uma taça vazia.

Parei e fui abaixando a arma, lembrança invadiam minha mente. Conversas, piadas, passeios, provocação... Ajuda quando mais precisei...

Não! Eu tinha que mata-lá! Era meu emprego e ela somente uma filhinha que sofreria pelos erros do pai idiota!

Mirei novamente em sua cabeça, puxei lentamente o gatilho e...

 

‘...’

 

N/A: Oiii, pessoal! Tudo bom com vocês?
Essa é a fic mais “séria” que eu escrevi e a que eu mais gosto!
Deixem um comentário dizendo o que estão achando!
Só assim vou continuar postando!
Beijos e ‘Té mais!

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