Travessa do Tranco



Durante a tarde de quarta-feira, após uma carta calorosa de Hermione todos se reuniam em volta da lareira, Harry um pouco intrigado até saber que era uma forma de chegar até o Beco Diagonal de forma mais rápida que de metrô.


Quando Fred mostrou a Harry como funcionava o Pó de Flu, Potter ficou intrigado e terrivelmente assustado. Estava começando a suar frio quando Arthur e Molly discutiam e logo decidiram que era hora dele se prontificar para usar a rede.


Fez tudo do que se lembrara, mas sua voz, entretanto, tremera. Suas mãos não ajudavam também e quando se viu estava descendo de uma lareira, direto em um local desconhecido. Não conseguia se lembrar muito bem como parara lá, mas ao ouvir barulhos de passos se aproximando se recolheu no lugar mais provável: um enorme armário negro um pouco afastado.


A pessoa que Harry menos desejaria ver no estado que estava passou pela porta, fazendo soar a pequena sineta presa a porta, claro que ele estava acompanhado de alguém, só que em vez dos pesos mortos de Groyle e Grable, Draco vinha acompanhado de sua versão mais velha, provavelmente o senhor Malfoy.


Enquanto analisava tudo ao redor minuciosamente Sr. Malfoy se virou para o filho e disse com uma voz cortante e superior típica de sonserinos orgulhosos como os Malfoys:


- Não toque em nada Draco. – Draco, imediatamente, colou a mão ao corpo e olhou um pouco assustado para o seu pai, dizendo em seguida:


- Pensei que me compraria um presente... – Foi um sussurro fraco, como uma criança fala depois de fazer besteira, mas ainda sim querer o sorvete depois do jantar em um domingo de verão.


- Eu disse que ia lhe comprar uma vassoura de corrida. – Disse frígido o mais velho encarando Draco com superioridade. Agora dá para entender por que Malfoy é tão irritante, a família dele também não dá muito a desejar... Pensou Harry encarando os dois pela fresta do armário.


- De que serve a merda da vassoura se não sou parte do time? – Resmungou Draco com sua voz irritante. – Potter ganhou uma Nimbus 2000 no ano passado. Permissão especial do gago Dumbledore para ele jogar pela Grifinória. Ele nem é tão bom assim... Só é famoso por uma maldita cicatriz... Aquela maldita cicatriz na testa... – Resmungou Draco examinando uma prateleira de crânios.


Pode ficar com essa cicatriz, minha fama e tudo que eles trazem... Resmungou Potter em pensamento.


- Todo mundo acha que ele é sabido. – Draco fez uma careta ao resmungar continuou: - O maravilhoso Potter com sua maldita cicatriz e aquela merda de vassoura...


- Você já me disse isso pelo menos umas dez vezes Draco. – Censurou o Sr. Malfoy. – E gostaria que não deixasse tão obvio nosso... Desgostar, em relação ao garoto Potter... Não quando esses idiotas cabeças de vento acham que foi graça àquele pentelho que não verão mais a gloriosa presença do Lord das Trevas... Ah! Sr. Borgin. – Disse o homem com um falso sorriso.


Um homem curvado apareceu atrás do balcão, com sua cabeça rala e desprovida de cabelos, sendo que os poucos que tinham parecidos untados a óleo. Passou a mão pelos poucos, mas longos, cabelos, afastando-os do rosto.


- Sir Malfoy. Que prazer, sim, sim... Honrado. – Dizia o Sr. Borgin tanto quanto nervoso, passando a mão pelos cabelos untuosos. – Encantado, e... Jovem Malfoy... Encatado... Realmente encantado... – Disse com a voz um tanto distante, até que se virou para o Sr. Malfoy e disse com sua voz untuosa. – Em que posso servi-los? Devo avisá-los que chegou hoje, um pacote especial—


- Não vou comprar nada hoje, Sr. Borgin. – Disse o pai de Draco, interrompendo o vendedor. – Vou vender.


- Vender? – O sorriso nervoso no rosto de Borgin sumiu, dando lugar para uma expressão de puro espanto.


- O senhor, como um homem bem informado, deve saber que o Ministério anda fazendo uma blitze mais reforçada. – Disse Malfoy puxando um rolo de pergaminho do casaco, desenrolando-o e entregando para Borgin, para que o senhor pudesse lê-lo. – Tenho em casa alguns objetos um tanto quanto, ah... Alguns objetos que podem me causar um certo embaraço como Ministério, caso ele o encontrasse...


Lentamente Borgin percorreu a lista com os olhos calmos e analíticos. Até que levantou os olhos, agora amenos, para Sr. Malfoy, dizendo:


- Mas o Ministério não ousaria incomodá-lo, certo, Sr. Malfoy?


- Ainda não me visitaram. – Disse Malfoy crispando os lábios e demonstrando desgosto. – O nome Malfoy ainda impõe respeito. Mas o Ministério está começando a meter o nariz onde não é chamado... Há boatos sobre uma nova lei em proteção aos frágeis trouxas – Resmungou com desgosto. – Com certeza aquele bobalhão traidor do sangue, Arthur Weasley, está por trás dessa algazarra.


Harry sentiu a raiva exalando pelos poros quando ele próprio não conseguia suportá-la.


-... E como pode ver senhor... Alguns desses objetos podem... – Malfoy foi interrompido pelos acenos rápidos da cabeça untuosa de Borgin.


- Entendo perfeitamente senhor...


Nesse momento Harry se desprendeu dos comentários que Sr. Malfoy e Sr. Borgin faziam, de certa forma um tanto desnecessários sobre a vida de Draco, que estava vermelho de vergonha quando se virou para o armário onde Harry se escondera... Chegou até a levantar a mão para o puxador quando...


- Fechado! – Disse Sr. Malfoy assentindo majestosamente uma única vez. – Vamos Draco.


Harry se permitiu soltar o ar que nem sabia que tinha prendido enquanto os Malfoys saiam da loja e Borgin logo se voltava para dentro resmungando algumas coisas, aparentemente contente com sua barganha. Aproveitando o distanciamento do Sr. Borgin, no maior silêncio que conseguiu Harry abriu a porta do armário e partiu porta a fora da loja.


Olhou para os lados, seus mais recentes óculos quebrados nas mãos, até que notou estar em uma ruela um tanto movimentada, não tanto quanto o Beco Diagonal, mas por pessoas ainda mais sinistras.


Ao olhar melhor ao redor notou que várias das lojas pareciam destinadas ao lado negro da magia. A que ele acabara de deixar, que notou se chamar Borgin & Burkes, parecia a maior, mas em frente havia uma grande coleção de cabeças de javalis, duas portas para baixo, uma enorme gaiola que pulava lotada de gigantescas aranhas negras.


Dois sujeitos sinistros e mal vestidos analisavam Harry de cima a baixo da sombra de um portal, cochichavam entre si de forma sinistra. Apreensivo Harry ajeitou os óculos como pode e saiu do caminho procurando sair dali.


Acima de uma velha loja uma placa ajudou-o a se localizar, descobrindo estar na Travessa do Tranco, não que fizesse muita diferença para ele. Uma senhora se aproximou e antes que pudesse resmungar qualquer coisa para o indefeso grifinório uma voz irrompeu pelo ar:


- HARRY!!! O que faz aqui?!


O coração de Harry deu um salto e o da bruxa, aparentemente, também, pois se virou e afastou assim que pode. A forma maciça e desengonçada de Hagrid, caça-guarda de Hogwarts, se aproximava a passadas poderosas, seus olhos de besouro negros faiscando em cima da barba arrepiada.


- Hagrid! – Exclamou Harry aliviado pela presença do seu primeiro amigo bruxo. – Eu me perdi... Pó de Flu... – E continuou falando coisas sem nexo, mesmo que Hagrid, aparentemente nem notava, apenas se preocupava em segurar Harry pela nuca e afastá-lo dali com a maior velocidade possível.


De longe, depois de andar por muitas ruelas, Harry notou um enorme edifício de mármore branco ao qual identificou como sendo o banco bruxo: Gringotes. Hagrid o levara para o Beco Diagonal. Harry permitiu respirar aliviado.


- Você está horrível. – resmungou Hagrid, tentando, com suas mãos gigantes, retirar a fuligem de cima de Harry. – Se esquivando pela Travessa do Tranco – Resmungou Hagrid com mais uma batida que quase levou o mais novo ao chão. – Não sei, não, é um lugar um tanto quanto perigoso e suspeito, Harry, é melhor que ninguém tenha visto-o.


- Percebi que era perigoso... – Disse Harry se esquivando de mais uma das assustadoras batidas de Hagrid. – Eu lhe disse, me perdi com um tal de Pó de Flu... Mas e você? O que fazia lá?


- Ah... Ah... Lesmas Carnivóras! Estão aterrorizando Hogwarts e eu precisava de repelentes... Estão acabando com meus repolhos aquelas vermezinhas. Está sozinho?


- Estou na casa dos Weasleys, mas acabamos nos separando... Tenho de encontrá-los...


Junto os dois desceram a rua.


- Por que não respondeu às cartas garoto? – Perguntou Hagrid, aparentemente indignado. Com um tanto de paciência e remorso, Harry explicou sobre Dobby e os Duesleys. – Trouxas nojentos se—


- HARRY! Harry! – Os chamados interromperam Hagrid de continuar sua frase, se bem que não era necessário muito mais...


Harry ergueu os olhos e deu de cara com Hermione Granger parada no alto das escadas do Gringotes ao lado de um casal visivelmente trouxa e uma garota um pouco maior que ela e terrivelmente séria. A castanha desceu correndo as escadas do banco, fazendo os cabelos esvoaçar atrás de si.


- O que aconteceu com os óculos? Ah, olá Hagrid. – Disse levemente vermelha enquanto dava um aceno para o gigante que retribuiu. – Maravilhoso rever vocês... Vai entrar no Gringotes, Harry?


- Assim que encontrar os Weasleys. – Disse Harry olhando para os lados.


- Não vai ter de procurar muito. – Disse a colega soltando um risinho enquanto apontava para o grupo de ruivos caminhando pelo Beco em direção a eles. Dava para se notar alguns deles perfeitamente como Rony, Percy, Arthur e Molly.


- Harry! – Ofegou Arthur. – Molly está alucinada... Ali ela... – Apontou para a senhora Weasley que corria pouco atrás.


- Onde você saiu? – Perguntou Rony curioso.


- Na Travessa do Tranco. – Resmungou Hagrid.


- Maravilhoso! – Exclamaram os gêmeos juntos.


- Nunca nos deixaram entrar lá. – Resmungou Rony invejoso.


- Ainda bem. – Retrucou Hagrid com sua voz grave encerrando o assunto.


Molly se aproximou correndo, a bolsa balançando numa mão e Gina presa na outra.


- Ah! Harry... Você poderia ter ido para tantos lugares... – Disse Sra. Weasley tentando retirar a fuligem que Hagrid não conseguiu e ainda pentear-lhe os cabelos.


Depois de Arthur concertar os óculos de Harry com uma simples batida alguém apareceu ao lado de Hermione.


- Encontrou os amigos e nem ao menos apresenta-nos Mione? – Perguntou a garota que enlaçava Mione pelos ombros.


- A-Ah... J-J-J... – A garota soltou uma risada baixa e apertou o ombro da castanha com gentileza.


- Brincadeira Hermione... Eu sei quem eles são... Sr. Weasley... Sra. Weasley... – Estendeu a mão para ambos em cortesia comum. - Hagrid. – Ambos trocaram acenos gentis. – Os filhos dos Weasleys... Percy, Fred, Jorge, - estranhamente ela não errou os gêmeos - Ronald e... A senhorita Ginevra. – Disse olhando no fundo dos olhos da última, um pequeno sorriso no rosto. – E por último e igual em importância... Potter... Harry James Potter. – E então deu de ombros enquanto soltava os ombros de Hermione. – Seus pais estão te chamando Mi. – Disse e deu um leve sorriso. – Vou até meu amigo Olivaras e voltarei rapidamente, prometo. – E então saiu caminhando com um sorriso convencido e as mãos dentro dos bolsos das calças giz trouxas.


- Ela precisa aprender modos. – Resmungou a Granger.


Após algumas apresentações - por parte dos pais de Rony, Harry e os Granger – e constrangimento na hora de pegar dinheiro para a compra dos materiais – por parte do Potter – o grupo se dirigiu até o Floreio e Borrões.


Após certo nervosismo para que chegassem até o Floreio e Borrões, que estava abarrotado de senhoras para o período de assinatura do “Meu eu mágico” de Gilderoy Lockhart.


Cada um dos meninos do trio dourado – Hermione, Rony e Harry - pegaram exemplares do “O livro padrão de feitiços 2ª série”. E se juntaram aos Sr. e Sra. Weasley seguindo a fila que já chegava até o Sr. Lockhart.


Num canto mais afastado do local, longe do amontoado de gente, a amiga de Hermione alisava os livros com carinho, mas irritamente incomodada. Mais alguns segundos ela não aguentou. Pegando os livros que separara caminhou até a mesa que Gilderoy usava para apoiar os livros que assinava.


- O EGO! – Berrou a garota vermelha da cabeça os pés, chamando atenção de todos ao redor. – Se vai fazer uma sessão de autógrafos faça em silêncio droga! Estamos em uma livraria, poderia ter silêncio?! Ou se não eu irei meter silêncio nesses seus dentes brancos de crocodilo. – A garota parecia soltar fogo pelas ventas enquanto tinha alguns livros embaixo do braço.


- Ora, minha senhorita—


- Sua não, que eu não saio com um saco de ego ambulante nem em um milhão de anos, sem se ele me desse a Pedra Filosofal. – Retrucou a garota soltando sua fúria.


- Ora... Como devo chamá-la então?


- Pra você... Só Griffyndor já me basta... – Disse ela com um olhar mortal e dourado que teria feito tremer até o mais corajoso dos hipogrifos.


- Ahn... Sim... – Gilderoy pareceu nervoso e então olhou para a garota de penetrantes olhos dourados. – Griffyndor... Imagino que esteja com inveja dessas jovens e belas senhoritas. – Disse Gileroy arrancando risadinhas da multidão de senhoras solteiras, ao qual receberam um olhar de censura de Griffyndor.


- Não. Inveja é a única coisa que não sinto por essas pobres senhoras... Prefiro sentir pena... De você, é óbvio. – Disse ela com um sorrisinho de matar qualquer um. – Se não diminuir o barulho desse alvoroço mandarei um feitiço silenciador em todas essas loucas desencalhadas e em você, hieninha. – Disse ela com um olhar mortal enquanto se voltava para as estantes de livros e recolhia mais alguns, recebendo o silencio pedido até que se retirasse do local, quando disse um claro e bom “obrigada” antes de sair e parar do outro lado da rua.


Um pouco nervosa Hermione seguiu a garota com o olhar e deu um suspiro longo enquanto sentia o rosto corar.


Após a sessão de autógrafos, a revelação de que Gilderoy daria aula de DCAT em Hogwarts os Weasleys estavam prontos para se retirar quando Arthur deu de cara com um velho e grande inimigo, na porta da loja. E junto ao velho inimigo seu filho, nojento e implicante como sempre que resolveu cutucar um pouco seu, mais que claro, adversário: Harry Potter.


- Ora se não é o grande Potter. Mal consegue entrar numa livraria sem sair com uma coleção de livros de primeira mão, assinados e ainda na primeira página de um jornal. – Disse o loiro com seu tom irritante.


- Você só está com inveja Malfoy. – Retrucou o fiel escudeiro do Potter: Ronald.


- Está mais fácil você ficar com inveja, Weasley. – Disse Draco olhando Rony de cima a baixo. – Enquanto o melhor amigo ganha do bom e do melhor você só consegue livros de segunda mão dos seus irmãos mais velho.


- Lúcio. – A voz, sempre calorosa e gentil, estava cortante. – Fale para que seu filho regule a língua antes de falar ou eu serei obrigado a tomar atitudes.


- Ora, Arthur. Eu simplesmente não posso falar para meu filho começar a mentir. – E então a réplica exata de um Draco mais velho olhou para Sr. Weasley, o olhar esnobe e convencido.


- Hey. Mio— A voz se interrompeu assim que parou ao lado da nascida trouxa. – Lúcio. – A voz saiu rouca, grave e cortante. – O que faz aqui? – Seus olhos eram impiedosos, era levemente menor que o Malfoy, mas sua aura de imponência abafava isso completamente.


- Ora, quem é você para pedir satisfa— O loiro se interrompeu e gaguejou levemente assim que seu olhar cruzou com o dourado da garota.


- Sou alguém que pode te colocar nos eixos. – Em um único movimento, imperceptível de tão rápido, a varinha estava nas mãos da mais nova, e a ponta desta, pressionada contra a jugular do Malfoy. – Por que não dá meia volta e para de me irritar? Porque, simplesmente olhar para sua cara já me dá enjôos e ânsia de cólera. – Disse a garota forma ultrajante.


- Olha como fala com meu pai, su— O Malfoy mais novo foi interrompido pela falta de ar ao sentir uma mão fechando seu pescoço com destreza.


- Sua o quê? – Perguntou a garota, que segurava o pescoço de Draco, sem retirar a varinha do pescoço de Lúcio.


- Estamos indo. – Disse Lúcio ajeitando o casaco e dando meia volta, sendo seguido por um Draco assustado assim que foi solto.


- Escória idiota. – Resmungou a garota guardando a varinha e caminhando até a sorveteria, sendo impedida depois de dar o segundo passo.


- Jô! – O grito fez a garota parar e se virar para a castanha que olhava para ela acusatoriamente.


- Mi... – Foi quase um suspiro. Deu alguns passos até estar próxima o suficiente para abraçar os ombros da nascida trouxa. – Relaxa. Eu não vou ser presa pelo Ministério... Ainda mais com todos aqueles títulos que os Ministros da Magia me deram. – E então a morena deu uma risada calorosa antes de beijar o topo da cabeça de Hermione e voltar ao caminho em direção à sorveteria no final da rua.


- Quem é ela? – Perguntou Rony com um olhar incisivo.


- Rony! Nada de perguntar da vida alheia. – Disse Arthur, levemente nervoso.


- Eu também, prometi não contar. – Disse Hermione dando de ombros, como quem não quer nada.

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Comentários (1)

  • MiSyroff

    Consegui continuar lendo!o/ahsuahsuhaushasAh, adoro as atitudes da sua P.O cara, ela é muito foda rsrsrs 

    2012-02-24
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