A marca de Hermione



Harry estava encostado na parede da porta de entrada da enfermaria com as mãos cruzadas à altura do tórax. Ele observava Gina eloqüentemente contar os detalhes da última noite para Hermione, que por vezes colocava a mão sobre a boca preocupada. A ruiva havia chegado logo de manhã com a varinha de Hermione nas mãos dizendo que havia encontrado embaixo de uma das estantes de livros da biblioteca, sentou-se na cama e desembestou a falar. Quando a ruiva chegou à parte onde Harry entregou Hermione à Rony e saiu da bolha, o rapaz notou um olhar rápido da amiga para ele, um olhar que ele não conseguiu definir e o preocupou.

-- O horário de visita já acabou! – madame Ponfey falou energicamente enquanto passava por Harry

Gina pulou da cama e deu um beijo na amiga, passou por Harry e deu uma piscada para ele.

-- O senhor também, senhor Potter!

Harry abriu a boca para responder, mas Hermione foi mais rápida.

-- Por favor, madame Ponfey, só mais dez minutos, desde que eu acordei não troquei uma palavra com o Harry.

A mulher a olhou por um instante, examinando seu estado. Por fim olhou para Harry e confirmou com um aceno e se retirou, não sem antes dizer: -- Nem um minuto à mais, senhor Potter!

Harry foi até a cama e se sentou na ponta. Sorriu para a amiga, mas não falou nada. De repente todo o seu repertório havia sumido, ele não sabia o que dizer... Tudo parecia sem importância depois do que acontecera.

-- Obrigada, por me salvar, Harry! – Hermione falou suavemente.

-- Você teria feito o mesmo... – Harry sorriu encabulado, ao mesmo tempo que se repreendia por não ter uma resposta melhor...

-- Você não devia ter saído da bolha! – Hermione disse sem muita emoção

-- Vê se pode? Acabou de acordar e já me dá bronca? – Harry sorriu

A garota não sorriu de volta... Ela estava realmente preocupada. Tinha medo que isso voltasse a acontecer, que ele quisesse se sacrificar pelos outros.

-- Mione, o que você esperava que eu fizesse? – Harry ficou sério. – É a mim que ele quer, não posso deixar que outros se prejudiquem! Hogwarts não é mais segura! Você quase morreu ontem!! Você não entende? VOCÊ ESTAVA DESMAIADA NOS MEUS BRAÇOS!!! – o rapaz balançou os braços agoniado ao lembrar da cena.

A garota pegou a mão de Harry e a apertou entre as suas.

-- Eu entendo o que sente, Harry! Mas você é quem deve entender, que o que você sente é igual à que todos os seus amigos sentem por você! Não vamos deixá-lo sozinho, não vamos permitir que você lute sem que estejamos junto! Jamais poderemos pensar em perdê-lo, lutaremos por você e com você! A força do bem está nos amigos!

Harry assustou-se com a última frase! Mione tinha dito exatamente o que Dumbledore disse à Voldemort na noite anterior. O rapaz olhou para amiga tentando achar um argumento. Não tinha achado nenhum quando ouviu a voz do diretor da escola às suas costas.

-- A senhorita Granger tem razão, Harry! Se tentar evitar que seus amigos o ajudem, terá como futuro a derrota.

-- Como poderei lutar estando preocupado com aqueles que eu amo? – Harry disse desolado, não percebendo uma súbita ruborização da amiga.

-- Confiando, neles! Se não me engano, não fosse pelo feitiço Protectus da srta Granger, você não estaria mais aqui para se preocupar.... Se não fosse a estratégia de seu amigo Wealey no primeiro ano, jamais teria conseguido a pedra filosofal. Você deve reconhecer as qualidades dos seus amigos e pedir para que eles as usem. Voldemort não reconhece o valor de feitiços simples, é arrogante demais para achar que existem jovens bem instruídos. Devemos nos preparar e utilizar essa fraqueza.

Harry escutava tudo boquiaberto. Dumbledore estava incentivando o planejamento de um contra ataque utilizando estudantes... E o pior! Sua mão ainda estava entre as mãos de Hermione e ela a apertava concordando com cada palavra que o diretor dizia.

-- Professor... – a voz de Hermione surgiu de repente bem fraca e tímida.

-- Sim, srta Granger?

-- Eu seu que é contra as regras, mas eu estou preocupada...

-- Com seus pais, naturalmente! Já mandei uma coruja ao Ministério solicitando a liberação das portas do mundo mágico aos pais trouxas. Eles ficarão na sede da ordem de Fênix e, os que se candidatarem, irão nos ajudar a assegurar a proteção do mundo trouxa!

Hermione sorriu feliz e marejou os olhos de emoção! Sabendo que seus pais estavam em segurança poderia lutar ao lado de Harry com maior concentração!

-- Mas vamos aos motivos que me trouxeram aqui. Além de querer saber sobre o seu estado, srta Granger, eu gostaria de lhe pedir um favor.

-- Claro, professor, o que quiser!

-- Você sabe por que Hogwarts é considerado o lugar mais seguro do mundo mágico?

-- Por causa dos feitiços que o protege!!! – a garota respondeu prontamente como se estivesse em uma avaliação oral.

-- Exatamente! Quando a srta foi raptada acredito que seu atacante tenha usado um feitiço, correto?

-- Sim! Um feitiço estuporante!

-- Então, creio que você tenha uma marca em seu corpo!

Hermione pareceu não compreender. Não havia lido nada sobre marcas deixadas por feitiços estuporantes. Estava tentando lembrar de qualquer coisa quando percebeu que Harry estava passando o dedo carinhosamente sobre o seu pulso e então ele o virou.

-- Você estava machucada quando eu segurei sua mão para pegar a minha varinha! – o rapaz disse levantando a mão da garota.

-- É... é verdade! Notei no mausoléu, mas tinha me esquecido dela.

-- Essa marca, srta Granger, foi formada devido à um feitiço que o professor Snape tão bem administrou. – foi então que notaram a presença de Severo Snape na porta da enfermaria. – Se a senhora permitir, gostaríamos de fazer um contra-feitiço para que possamos saber que a seqüestrou!

Hermione não entendia como isso seria possível, mas consentiu com a cabeça em obedecer.

Snape se aproximou sem dizer uma palavra e retirou a mão de Hermione das mãos de Harry.

-- Obrigada, srta Granger! – o professor apontou sua varinha para a marca e disse: -- Vision iluminate!

Quase imediatamente, a marca, que se assemelhava a uma queimadura, foi sumindo dos pulsos de Hermione tomando a forma de pequenos pontos vermelhos. Estes pontos foram tomando forma de letras e finalmente se estabeleceram em um nome: DRACO MALFOY.

Snape pareceu ficar decepcionado! Harry sabia que ele era amigo do pai de Malfoy! Harry nunca entendera porque um dos homens de confiança de Dumbledore podia ser amigo de um comensal da morte. Pior, como o diretor podia tê-lo como pessoa de confiança!

O rapaz buscou a mão da amiga e a apertou jurando para si mesmo que Malfoy teria o troco.

Dumbledore notou a reação de todos na sala, inclusive o de Mione, que olhava assustada para o nome à sua frente.

-- Isso não sairá dessa sala! – o diretor disse muito sério. – As providências serão tomadas no devido tempo. Sabemos qual o perigo, não podemos alertar nossos inimigos desse conhecimento!

Harry viu o professor de poções se recompor e confirmar! Hermione respondeu, tanto por ela quanto por Harry que não iriam fazer nada, mesmo sentindo Harry apertar sua mão com mais força do que devia.

O diretor e o professor então se retiraram sem mais uma palavra.



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