Maldito Seja, Draco Malfoy!



Hermione.


 


Quarta feira, meu dia de folga. Não era o mesmo sem ele, e aquele clima estranho ainda persistia. Eu não fazia idéia do que sentia, e nem idéia de como falaria com ele. Só sabia que precisava falar. Levantei-me da cama relutante quando eram dez da manhã, pois havia uma coruja bicando a minha janela. Abri, e aquela coruja cinzenta esvoaçou para dentro. A coruja dele.


Ela pousou em cima da cama, com uma carta no bico. Havia o meu nome, com a letra dele. Abri, e a coruja esvoaçou céu afora.


 


Hermione,


                        Eu sei que não conversamos muito depois... Daquilo. Na verdade, não conversamos nada. E é justamente isso que eu queria. Conversar. Precisamos mesmo resolver isso. Eu não agüento mais.       Beijos, seu George.”


Peguei um pedaço de pergaminho, e escrevi:


 


George,


Me encontra ás 13:00hrs no Caldeirão Furado? Podemos almoçar juntos e conversar melhor. Beijos, da sua Hermione.”


 


Não sei exatamente porque respondi “da sua Hermione”, mas eu sei, que de alguma forma, eu sou dele.


Ao meio dia, eu já estava no Caldeirão Furado, sentada em uma mesa afastada nos fundos, bebericando um suco de abóbora. Não sei por que, mas ultimamente nada mais forte que suco tem me feito mal. Estava distraída em pensamentos, quando um loiro dos cabelos rebeldes e olhos cinzentos se aproximou. Eu não comentei com ninguém, mas nos últimos dias eu e Malfoy andamos conversando muito. Ele até me dava umas indiretas bem diretas, mas eu fingia que não via.


- Granger?


- Sim? – Olhei-o. Olhei o relógio, e ainda faltavam meia hora para à uma. – Sente-se.


Ele se sentou, e começamos a conversar. Certo ponto, ele começou a me lençar algumas indiretas bem diretas... E foi ficando perigoso. Ele, ao ver que eu não me mexia, levantou uma mão e começou a acariciar meu rosto, e eu fiquei sem reação. Ele foi se aproximando, e eu virei o olhar, e encontrei George na soleira da porta.


Empurrei Draco com uma mão, e saí correndo atrás de George. Ele estava andando a passos rápidos pelo Beco, e eu o chamei.


- George! GEORGE!  - Mas ele não se virava. Então, ele aparatou.


 


George.


 


Estava tenso, quando subi o Beco Diagonal até o Caldeirão Furado para encontrá-la. Eu sabia que a conversa a seguir seria importante para nós dois. Cheguei a porta no Caldeirão, e vi uma cena que eu nunca, NUNCA, esperaria ver.


Draco Malfoy estava quase beijando Hermione. E ela não fazia nada.


NADA.


Ela virou o olhar e me viu. Empurrou-o, enquanto eu me virava. Comecei a andar e ouvi ela vindo atrás de mim.


- George! GEORGE!


Ela estava vindo atrás de mim, e eu me fingia de surdo. Eu estava magoado. As lágrimas vinham encher meus olhos, lágrimas tão amargas como a minha dor. Eu precisava sair dali. Ficar sozinho. Pensar. Então, ignorando seus gritos atrás de mim, aparatei, para muito longe dali.


 


Hermione.


 


“Onde ele foi?” pensei, desesperada. “Maldito seja, Draco Malfoy!”. Estaquei em pleno Beco Diagonal, ignorando as pessoas que me olhavam, tendo presenciado a cena anterior, de eu perseguindo-o. Botei as mãos na cabeça, e olhei para o céu, contendo as lágrimas. “A Toca! Isso! Ele deve ter ido para a casa dos pais!”. Aparatei em seguida, assustando uma pobre Molly Weasley que estava tricotando na sala de estar.


- Hermione, querida, o que houve?


- George, ele está por aqui?


- Não criança, ele não vem aqui desde domingo. O que houve?


Então eu comecei a me sentir tonta, e profundamente fatigada. Deixei-me cair no sofá, e a Sra. Weasley levantou-se e ajoelhou ao meu lado.


- Querida, o que houve, você está bem?


- Estou tonta, e profundamente cansada.


- Você dormiu bem? Se alimentou direito?


- Não, sim.


- Só um minuto, vou buscar um chá pra você. E você, Srta. , vai me contar exatamente o que está acontecendo entre você e meu filho.


Deitei a cabeça para trás, e dentro de alguns minutos ela voltava com um chá de camomila nas mãos. Ao sentir o cheiro, meu estômago se embrulhou, e eu tive que sair correndo quintal afora para vomitar. Ela veio atrás de mim, preocupadíssima.


- Querida, você não está nada bem. Vamos lá para dentro que eu preciso fazer um check up em você.


Ela me levou para dentro, e me sentou no sofá. Minhas pernas estavam bambas. Ela verificou se eu estava com febre e tudo o mais, enquanto eu contava tudo.


- Então, Sra. Weasley, nós brigamos. Ele ouviu um pedaço de uma conversa minha e de Gina, onde eu disse que meus sentimentos por ele estavam confusos, e desde então não conversamos direito. E para ajudar, hoje, o Malfoy tentou me beijar e George viu. Molly, o que está acontecendo comigo? – Chamei-a pelo nome, indicando a gravidade da situação.


- Querida, eu tenho um palpite. Preciso realizar um último feitiço para confirmá-lo. Fique quietinha.


- Que palpite? – Perguntei.


Ela não respondeu. Em vez disso, apontou a varinha para o meu ventre e murmurou algumas palavras, e ele ficou envolvido por uma luz rosa. Então ela sorriu, e disse:


- Você está grávida, querida.


Arregalei os olhos e o ar pareceu faltar de meus pulmões. Eu não soube o que dizer. A Sra. Weasley sorria ainda mais, ao ver minha surpresa e total falta de reação. Ela se sentou ao meu lado.


- O quê? Mas... Como?


- Querida, você com certeza sabe como esse bebê foi feito. Você é inteligente o suficiente para saber que bebês não são mais trazidos por hipogrifos.


- Não, eu sei como ele foi feito... – Corei. – Mas... Eu? Grávida? Mas... Ainda não explica toda a minha confusão.


- Claro que explica. Eu fiquei assim quando engravidei dos gêmeos. Sentia repulsa, nojo de Arthur, e não sentia nenhuma vontade de abraçá-lo, beijá-lo nem muito menos estar perto dele. Para ajudar, ainda ficava enjoada com qualquer coisa, tonta, fraca, cansada sem motivos. Mas ao mesmo tempo, sentia vontade de estar perto dele. E quando descobri que estava grávida, tudo fez sentido. Não que as sensações tivessem mudado muito durante a gravidez, mas foram diminuídas e sumiram completamente depois do nascimento dos gêmeos. Não é assim que você está se sentindo, minha flor?


- É sim... Sra. Weasley, você sabe onde ele pode estar? Preciso muito encontrá-lo.


- Quem sabe na casa de Gui? Ou no túmulo de Fred?


- Obrigada, Sra. Wealsey. Muito obrigada mesmo. Qualquer noticia dele, você me chama, tá?


- Tá bom, filha, pode deixar. E parabéns!


- Obrigada! – Abracei-a forte e longamente, antes de aparatar.


Não estava no Chalé das Conchas, nem no cemitério. Muito menos no antigo apartamento, nem na nossa casa. Em casa, Gina veio ao meu encontro, e quase surtou quando soube que eu estava grávida. Sentamos juntas no sofá, conversando e tentando pensar em onde ele poderia estar. Tentei não pensar no pior, mas a minha imaginação é cruel. Olhei para o quadro na lareira, e então veio a luz. Tão óbvio.


- Gina, eu já sei onde ele está. Você vai esperar aqui ou vai pra casa?^


- Eu vou pra casa, não quero ver vocês dois aos amassos quando chegarem em casa.


Eu sorri. Esperava que era isso mesmo. Ela aparatou, e eu olhei novamente para o quadro. Uma clareira, onde dava para ver o céu claramente, dava para ver o lago, e Hogwarts. Então, aparatei.


Encontrei-o sentado no chão, de cabeça baixa. Ele levantou a cabeça, e me olhou.

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