Dúvidas e Certezas



Mais tarde, naquela mesma noite, estava no dormitório apenas eu e Fred. Eu estava claramente demonstrando que algo ocupava meus pensamentos e me deixava intrigado, e ele obviamente percebeu.


- O que está te preocupando?


- Nada não.


- Eu te conheço à 16 anos, e nascemos com cinco minutos de diferença. Eu acho que sei o bastante de você pra saber quando algo te preocupa ou não, né?


Eu sorri.


- Senta aí.


Me sentei na minha cama, e ele sentou na outra ponta. Virou a cabeça levemente para o lado, e ergueu uma sobrancelha.


- Então. Quando eu tava lá na Ala Hospitalar, eu tive um sonho, mas que foi tão real que eu não sei se é realidade.


- Que sonho? Com quem?


- Hermione.


Ele sorriu malicioso, já imaginando o que eu estaria sonhando.


- Sonhei que eu estava de olhos fechados na Ala Hospitalar, como se estivesse dormindo. Então, sinto a Hermione bagunçar os meus cabelos, dizer “cuide-se” e me beijar. Fim.


- E foi tão real assim?


- Foi. E o pior, é que eu... Eu...


- Você?


- Eu gostei de ter sonhado aquilo. Eu gostei de sentir, mesmo que em sonho, talvez, os lábios dela nos meus. Tão doces, tão perfeitos. Eu queria isso todos os dias, mas não só beijá-la... Queria ter a certeza que ela gosta de mim como eu gosto dela, poder abraçá-la não só como amigo,poder andar de mãos dadas com ela por aí, poder fazê-la sorrir pra sempre, poder... – As palavras iam saindo da minha boca sem que eu pensasse, iam apenas saindo.


- Espera só um minutinho aí. Você está apaixonado pela Hermione?


Então a ficha caiu. Era óbvio. Estava explicado todo o meu nervosismo, minha ansiedade quando a via, a minha necessidade de sempre ter ela dentro das minhas vistas, sempre perto de mim, e tudo o mais. Eu devo ter feito uma grande cara de idiota bobalhão, porque ele começou a rir.


- É claro que está! Depois desse discurso e dessa cara de bobo!


- Cale a boca Fred! Ninguém pode saber disso.


- E por que não?


- Porque primeiro que não quero fofocas. Segundo: e se ela não me corresponder?


- Primeiro: você acha mesmo que eu espalharia os segredos do meu irmão gêmeo? Segundo: você nunca vai saber se ela te corresponde ou não se nunca tentar.


- Mas o problema é que se ela não me corresponder, a amizade vai acabar e vai ficar tudo muito tenso entre nós.


- Mas se ela corresponder, não vai ficar nada tenso entre vocês.


- Entre você e quem? – Lino perguntou, entrando no quarto.


- Ninguém Lino. – Respondi, tentando desviar.


- Ele e uma garota. – Fred respondeu. Olhei-o querendo matá-lo.


- Que garota?


Lino se jogou na minha cama, empurrando Fred, e me olhando atento e curioso.


- Não posso dizer, Lino, desculpe, é porque está tudo muito complicado ainda.


Seu ânimo murchou imediatamente.


- Ah, então tá né.


O bom no Lino, é que ele não ficava insistindo. Se dizíamos não, ele parava na hora. Isso facilitava e muito várias coisas. Angustiado, tirei os sapatos, puxei as cortinas da cama, deitei e fechei os olhos, suspirando. Essas dúvidas e certezas acabariam me levando à loucura.

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