Vôo turbulento.



O avião era grande. Na verdade, enorme. Com 3 andares para 3 tipos de classes: Econômica, Executiva e Primeira. Ally, Luna e eu fomos no segundo andar, o executivo. Os bancos eram juntos de 3 em 3. Allynne se acomodou perto da janela, eu sentei no meio e Luna ao meu lado. Pouco antes de decolar as aero moças deram instruções de vôo. Como: coloquem os cintos. Para decolar mantenham os acentos retos e ao pousar também. Logo serviremos um lanche e um pouco depois outro. Se infrentarmos algumas turbulências por favor, não entrem em pânico.
- Cara, incrível como elas falam tudo sincronizado. - Eu disse, espantada com os movimentos e a fala.
- Sabia que antigamente alguns feiticeiros trabalhavam em aviões e usavam o feitiço Imperio para manter elas sincronizadas.
- ... as saídas de emergência estão na frente do avião. Não fume no avião. Desliguem os celulares e aproveitem a viagem.
Allynne e Luna colocaram os cintos enquanto eu ainda ficava olhando para as aeromoças, me perguntando como poderiam ser tão sincronizadas.
- Anna, acho melhor você colocar o cinto se não quiser ir voando para o fundo do avião quando decolarmos. - Luna disse, tão calma que parecia... a Luna. Só a Luna era desse jeito.
Me apressei para colocar os cintos. Então decolamos. Fui empurrada contra o banco e achei que meu estômago ia sair pela boca, mas logo o avião estabilizou e fiquei mais relaxada. Allyne inclinou o banco e se deitou, olhando pela janela enquanto o avião tomava autitude até ficar sobre as nuvens e não dar de ver mais nada em baixo delas. Luna tirou um livro da sua bagagem de mão e ficou lendo, enquanto eu tinha que aturar um menino de cabelos castanhos, sardento e de olhos verdes chutando meu banco. Eu não percebi que estava fazendo algumas caretas, para não perder a paciência, mas Allynne percebeu e não deixou passar em branco. Ela se virou para trás e olhou diretamente nos olhos verdes desbotados e disse, com uma voz séria mas sombria:
- Olha garoto, minha família vem da Transilvânia, terra dos vampiros e das bruxas. A bruxaria está no meu sangue. Então, se não quiser perder o pé, ou até mesmo a perna ou morrer, é bom ficar quieto com os pés no chão do avião. Se fizer isso de novo eu te atiro pela janela.
Quando ela viu que os pais do menino que estavam ao lado dele estavam a encarando e apontou o dedo para eles e disse:
- Deviam criar seus filhos direito hein, qualquer dia vão se arrepender de não ter criado ele direito.
Allynne se virou de volta e olhou pra mim deixando escapar aquele sorriso que eu conhecia muito bem: ela ia aprontar alguma coisa.
Alguns minutos depois, foi anunciado que o carrinho com lanches e bebidas ia passar e quem tivesse interessado era apenas abaixar a mesinha que ficava na poltrona à sua frente.
Nós três abaixamos as mesinhas. Eu estava ansiosa para comer alguma coisa diferente, eu passei algum tempo comendo comida de hospital e a última coisa diferente que comi foi um sapo de chocolate. Quando o carrinho passou, esperei Ally e Luna escolherem, eu iria pegar o que Luna escolhesse, ela tinha um gosto bom para as coisas. Mas ela apenas pegou uma barrinha de cereal com chocolate, eu não poderia comer aquilo já que estava morrendo de fome. Allynne pegou um X-Tudo, com direito a tudo mesmo. Ovo, Hamburguer, Salada, Frango, Cubos de Filé, Presunto e Queijo.
O cheiro daquilo me fez delirar e pedi um também. Nós três pegamos refrigerantes de uma cor vermelha para tomar. Quando o carrinho foi para a fileira de trás, Allynne sorriu para mim com o mesmo sorriso de antes. Ela ia aprontar alguma. Ouvi o menino disser que queria um croaçã -que Luna me explicou que se escreve croissant- de queijo e presunto e uma limonada. Então Allynne agiu. Tirou a varinha da bolsa mágica que carregava com ela e, discretamente, apontou para o banco do menino. Ela sussurrou alguma coisa que eu não entendi e alguma coisa branca veio do suco do menino até a ponta da varinha.
- Ele vai ver só. - ela murmurou.
Enquanto isso eu dava grandes mordidas no meu sanduíche, e tomava do refrigerante. Luna mal tirava os olhos do livro.
Olhei para atrá só para ver o que ia acontecer e assim que o menino colocou o copo de limonada na boca, virou para a mãe e gospiu todo o suco no rosto dela. Allynne que também estava olhando caiu na gargalhada junto com mais um monte de gente no avião. 
Enquanto os outros se distraiam com o garoto eu levantei os olhos e ví uma aeromoça olhando diretamente para mim. Como se ela quisesse me matar. Ou no mínimo me torturar. Allynne e Luna também viram. Tudo foi muito rápido. Luna tirou a varinha do bolso e gritou em direção à aeromoça:
- ESTUPEFAÇA!
Depois disso dois homens com varinhas apontaram elas para nós.
- ESTUPORE! - gritaram Allynne e Luna ao mesmo tempo.
Depois disso só ví as duas me dando as mãos, pegaram a bagagem de mão e fomos para o 'porão' do avião. Allynne pegou uma das minhas malas e Luna pegou duas.
- Peraí, como a gente chegou aqui? Nós estávamos sentadas no avião, agora pouco...
 - Ainda estamos no avião, Anna. E nós apenas aparatamos.
Depois de Luna falar aquilo me deu a mão e Allynne pegou minha outra mão. Fiquei um pouco tonta e ví a gente caindo, não como se fosse uma queda livre, mas como se fosse um pouso. E logo estávamos na frente de um lugar com uma aparência rústica. Como se fosse um castelo mas... menor. Bem menor.
- É aqui. - Disse Luna.
- Tem certeza? - Allynne perguntou.
- Absoluta.  
- Então vamos.

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