No fim da aula



Luke acordou no outro dia feliz da vida, não tinha certeza se era porque ganhara o campeonato e iria representar sua casa ou se era porque Lily tinha ficado preocupada com ele quando fizera o Feitiço de Troca.


Trocou-se rapidamente e olhou seu quarto, de um lado para o outro, sorrindo. “Estou parecendo bobo”, pensou. Desceu e encontrou a sala Comunal já um pouco cheia. Procurou Lily, mas não encontrou.


— E ai, cara, beleza? – era Eric, o quintanista namorado de Amanda.


— Ah, oi, to bem sim... você?


— Indo, tentando me recuperar do feitiço estuporante que você deu, to com uma dor nas costas...


— Ah... foi mal, sobre isso.


— Relaxa, era o que você tinha que fazer, não é?


Luke fez que sim com a cabeça.


— Hm... vamos tomar café? – perguntou.


— Vamos, mas cadê a Lily e as outras?


Ectore riu.


— Você está caidinho pela Lily, né? Elas já estão lá embaixo, no Grande Salão.


— Não estou, não.


— Está sim, seu cabelo mostra – ele apontou – ele está laranja vivo! Eu sei que você é um Metamorfomago, não dá para negar. E eu li uma vez, não sei onde, que quando o cabelo fica laranja vivo quer dizer que você está apaixonado.


— Posso não estar apaixonado pela Lily...


— Aham, é pode ser... – brincou Ectore. – Vem, vamos logo.


Eles saíram do Salão e foram tomar café da manhã.


 


— Às oito na torre de astronomia, ok? Tenho que fazer umas coisas antes... – cochichou Lily.


— Ok – cochichou Luke em resposta.


Luke passou praticamente a tarde de Domingo inteira fazendo lição no jardim, ele tinha planejado fazê-la no Sábado, mas teve o Clube de Duelos e não houve tempo. Acabou de fazê-la mais cedo do que imaginava, era ainda seis horas quando terminou de fazê-la.


“Bom... posso ir ver o treino de Quadribol... Não, não posso. Posso ir treinar na sala precisa... Não, não posso, ela não se abriria... Biblioteca!”


Luke se levantou e rumou para a Biblioteca.


Ao chegar lá, foi para o corredor que mais gostava: transfiguração. Pegou um livro que não tinha lido, com uma capa vermelha e com detalhes em ouro e começou a ler.


As horas realmente passaram rápido enquanto lia, quando se deu conta, já eram 8:10. “A Lily vai me matar”. Guardou o livro e saiu correndo para o Salão Comunal. Entrou, pegou seus livros de Português, seus pergaminhos e sua pena foi para a Torre de Astronomia.


No caminho, viu duas pessoas se beijando, mas não parou para olhar. Subiu rapidamente a escada e, ao abrir a porta, ouviu alguém chorando.


— Lily? Está tudo bem? – perguntou.


— AH, Luke, oi, estou bem sim – respondeu Lily enxugando os olhos. “Mentira”, pensou Luke, mas achou melhor não insistir. – Você está atrasado.


— É que eu fui ler um livro de transfiguração e acabei perdendo a hora... Desculpe – respondeu, sua última palavra fora em português.


— Imagina... Vamos? Aliás, onde você encontra esses livros?


— Ah sim, claro. Então, você pode continuar a traduzir aquele texto, enquanto leio o outro, ok? E esses livros são meus.


— Você trouxe todos com você?


— Não, eu pedi para a Jay.


— Jay?


— É, nossa elfo doméstico. Vamos?


Lily concordou com a cabeça.


Luke entregou-a seu pergaminho e se sentou num canto para corrigir o que ela já havia feito. O texto apresentava poucos erros, apenas a falta de alguns acentos e a escrita errada de algumas palavras. Ao terminar de corrigir, Luke percebeu que a garota praticamente nem começara a escrever e seu pergaminho tinha gotas de lágrimas.


— Lily, conte o que está acontecendo. – pediu Luke.


— Não é nada...


— Eu não nasci ontem.


— Mas, você não entenderia... E não quero falar sobre isso.


— Está bem, então.


— “Casa” é com “S” ou “Z”.


— “S”, Lily, você não está bem, não quer pular essa aula?


— Não, estou bem sim, vai vamos continuar.


Luke ajudou-a a escrever o texto e depois começou a falar sobre tipos de sujeito e tipos de predicado com a garota. Ela não admitia, mas estava se distraindo muito. Passou-se duas horas e a aula acabou.


— Hm, acho melhor irmos, sabe, já são dez horas. – comentou Luke.


— Acho que agora você está certo. Vamos.


— Hm, Lily, posso falar um negócio?


— Claro.


Luke chegou mais perto de Lily.


— Eu posso te conhecer faz pouco tempo, sabe, mas eu sou seu amigo e queria lhe dizer que confiasse em mim.


Luke chegou mais perto ainda.


— Eu confio em você.


— É? Então me desculpe.


— Pel... – Lily não conseguiu terminar, pois Luke, sem pensar, beijou-a em sua boca, ficou ali por alguns segundos, Lily não retribuíra o beijo, então se afastou. Ao fazer isso Lílian deu um tapa na cara de Luke e gritou – SEU CRETINO AFASTE-SE DE MIM, NÃO OUSE FALAR COMIGO OUTRA VEZ. EU TE ODEIO! – e saiu correndo escadaria abaixo.


Luke ficou parado, com a mão onde recebera o tapa pensando “Por que fiz isso?” quando se deu conta, percebeu que estava chorando, não por dor, mas por pura tristeza. As palavras “cretino” e “te odeio” estavam pairando em sua cabeça. Luke estava se sentindo muito mal. Puxou a varinha, agitou e suas coisas arrumaram-se e voaram para a sua mão. Com a cabeça baixo e bem lentamente ele tomou o caminho para sua Sala Comunal, estava triste por dentro, sentiu seus cabelos murcharem sem ele querer.


Luke nem percebeu que já estava na frente do quadro da Mulher Gorda, quando deu uma imensa vontade de atacar tudo e chutar, apenas por raiva. “Acalme-se” pensou e funcionou, limpou o resto de algumas lágrimas que estavam em seu rosto, endireitou-se na postura e disse a senha para entrar.


Passou pela salão em direção ao dormitório tão rápido que até se surpreendeu. Subiu para o quarto, percebeu que ainda estava vazio, trocou-se e deitou em sua cama.


Toda a cena passou por sua cabeça, mais lágrimas de tristeza caíram, ele tentou esquecer tudo, depois de muito tempo de persistência ele conseguiu, fechou os olhos e dormiu, aquela, sem dúvida fora a pior noite de sua vida.

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