Capítulo V



- Eu vou pra aula agora. Trelawney querida está me esperando pra predizer minha morte. Tchau, Rose.

- Me espera, eu tenho aula de Aritmancia agora também, eu vou com você até sua sala.

Rose apanhou a mochila e saiu andando pelo corredor com Lílian, foi aí que viu Alvo.

- Bom dia, Alvo. – Ela falou.

- Bom dia nada, Rose. Eu tô sabendo!

- Do quê?

- Do seu namoradinho!

- Ah, tá. Tá meio atrasado, não? Daqui a pouco faz um mês e você só soube agora?
Me dá licença agora, Alvo, tenho que ir estudar.

Alvo puxou o braço de Rose.

- Rose Jean Granger Weasley, você vai me escutar!

- Infelizmente sinto dizer que já estou escutando. – Ela cruzou os braços.

- Muito engraçada, não é? – Alvo respirou fundo. – Quando é que você vai enxergar
que esse garoto não gosta de você?

- Não sei. Agora dá licença, é sério, tenho que ir.

- Rose! Sério, presta atenção, eu só quero o seu bem...

- Então me deixa do jeito que eu tô, Alvo, porque eu tô bem assim. – Ela falou calmamente.


- Ok. Eu te deixo então, mas depois de todo jeito você vai ver que ele só quer seu mal.

Rose deu um sorriso forçado, Lílian pôs a mão na cabeça.

- Se ele realmente só quisesse meu mal eu não estaria aqui agora.

- Do que você tá falando?

- Olha só, Alvo, quando alguém for te contar algo, pede pra contar a fofoca completa.
O Scorpius me salvou de um comensal da morte em Hogsmeade, ele me salvou de um Avada Kedavra, se não fosse ele, a essa hora você ia estar lá, chorando no meu túmulo.

Alvo fez uma cara de quem tinha acabado de levar um choque.

- C-como assim?

- Foi o que ela falou. – Disse Lílian. – Scorpius, Rose, eu e Tiago estávamos no café da Madame Puddifoot, aí eu e Tiago fomos na Gemialidades Weasley, depois o comensal chegou e ia matando ela quando Scorpius lançou-lhe um Protego. Agora nós podemos ir ou eu vou ter que pedir outro favorzinho ao hipogrifo?

Alvo ficou parado, parecendo uma estátua, boquiaberto.

- Falou, ele ficou mudo, vamos andando. – Disse Lílian, empurrando Rose para o corredor à frente.

- Ele endoidou de vez agora. – Disse Rose.

- Percebi. Não sei por que ele fica com isso, parece um demente. – Disse Lílian.


- Agora eu vou andando, tá, Rose? Tchau, até mais tarde. – Disse Lílian.

- Até.

Rose andou por uns três minutos quando alguém a chamou.

- Rose! Rose! Espera aí! – Falou Ketly Morgan, que vinha correndo em direção a Rose.

- Oi, Ketly. Bom dia. – Rose falou formalmente. – Hum... Você viu Scorpius?

- Vi, vi. Ele tava tomando café da manhã com o Tiago Potter, eles acordaram
atrasados pelo jeito.

- Ah, ok. – Ela respondeu.

- Aula de Aritmancia você tem agora? – Perguntou Ketly.

- Sim, sim. Você também?

- Também. Podemos ir juntas, sim?

- Claro. – Rose sorriu.

- Olha, é verdade que você gosta da Taylor Swift?

- Sim, eu gosto, por quê?

- Porque ela vai fazer um show aqui em Londres durante nossas férias! A Diana vai, eu também, e eu tava pensando se você e Lílian não queriam vir conosco.

Rose pensou por um tempo.

- Ok, acho que dá pra ir. Vou falar com a minha mãe depois, se ela deixar eu vou. Aposto que se eu for a Lily vai junto.


- Ah, que ótimo! Eu vi no Profeta Diário essa notícia, eu sei que ela não é bruxa mas ela tem muitos fãs, e o Profeta tava sem notícias.

- Você sabe dizer quanto custa a entrada, Ketly?

- Não. É dinheiro trouxa, sabe? Mas ouvi boatos de que é em média duzentos dólares, por aí.

- Nossa, é bem carinho. – Disse Rose. – Mas de qualquer forma eu vou tentar ir. É
estranho, comecei a gostar das músicas de uma hora pra outra.

As duas entraram na sala.

- Atrasadas, mocinhas. – Falou a professora Vector.

- Nos desculpe, professora. – Disse Rose.

- As duas, abram na página duzentos e cinqüenta e um.

Rose abriu a mochila para tirar o livro quando viu um envelope desconhecido nela.

Ela tirou o livro, pôs sobre a mesa e puxou o envelope.

Hoje, Sala Precisa, onze da noite.

- Vamos, garota! Abra logo esse livro! – Disse a professora.

- Sim, desculpe, professora.


- Estranho, eu recebi o mesmo bilhete. – Falou Lílian.

Rose e Lílian estavam sentadas junto à lareira, uma de frente para a outra em poltronas bastante confortáveis e agasalhadas com gorros e cachecóis.

- Não sei, me parecia uma armadilha, mas se fosse, por que mandariam pra nós
duas? Acho que temos que investigar quem mais recebeu isso.

- Eu achei essa caligrafia muito familiar, Rose. Será que é uma das piadinhas sem graça do Hugo? E como vamos entrar na sala precisa sem saber o que vai estar lá dentro?

- Não é piadinha sem graça minha porque eu recebi também. – Disse Hugo, que tinha acabado de sair do dormitório. – Estava tentando dormir, mas com vocês duas conversando lorotas fica meio difícil... Que combinação de cores estranha é essa no seu cachecol, Lílian?

- Deixa a minha vida, feioso! Verde pinheiro e rosa claro é uma combinação muito legal, tá? Vê se você se atualiza.

- O da Rose tá mais legal. Azul escuro é uma cor muito bonita, e se você coloca com azul claro...

- Fica parecendo um cachecol da Corvinal. – Murmurou Lílian.

- Não, Lílian, o cachecol da Corvinal é mais claro do que isso. – Ele pegou o cachecol de Rose, que tentou pegá-lo de volta mas não conseguiu. – Gostei muito desse, vou
ficar pra mim...

- Accio cachecol! – Falou Rose, e o cachecol voltou para a mão dela.


- Isso é muito sem graça, vocês ficam me humilhando porque eu sou terceiro ano. – Hugo fez cara de ofendido.


- E aí, a gente vai ou não pra esse troço? – Perguntou Lílian.

- Claro que sim! – Hugo respondeu. – Ou a gente vai ou a gente morre de curiosidade. – Ele sorriu.

- Concordo com o Hugo. – Disse Rose. – Não é perigoso, se não só teriam mandado pra um de nós, e não pra várias pessoas.

- Do que vocês tão falando? – Perguntou Diana Finnigan, que tinha acabado de girar o quadro da Mulher Gorda.

- Você não recebeu um envelope hoje? – Perguntou Rose.

- Não!

- Ah, então não foi todo mundo que recebeu! – Concluiu Lílian.

- Ah vá! – Disse Hugo, que tinha revirado os olhos. – Se todo mundo tivesse recebido ia vir pelo menos com uma assinatura, não é, pessoinhas óbvias?

- Cala a boca, Hugo. – Disse Lílian.

- Vem me calar! – Ele provocou.

Lílian puxou a varinha e soltou um feitiço não-verbal em Hugo, que atirou uma almofada contra a prima e gesticulou que ela o fizesse voltar ao normal.

- Eu vou te fazer voltar ao normal mesmo, mas vê se controla essa sua língua, seu
patético.

Ela apontou de novo pra Hugo e ele voltou a falar.

- Como você fez um feitiço não-verbal? Que feitiço é esse?

- Eu aprendi a fazer feitiços não-verbais com minha mãe e esse feitiço se chama Língua Presa, que eu aprendi com o meu pai.


- Gente, deixa de conversa mole, são dez e meia, nós vamos pra isso ou não? E cadê Tiago e Scorpius, ainda não vi os dois. – Disse Lílian.

- Ketly me contou que viu eles no café.

- Estranho, eles nunca somem. – Disse Diana. – Ei, você vai no show, Rose?

- Que show? – Perguntou Lílian.

- O da Taylor Swift, Lily. Ela vai dar um show durante nossas férias e Diana e Ketly
vão. Nos convidaram pra ir, mas o ingresso é duzentos dólates.

Lílian soltou um assobio.

- Tudo bem, meu pai é auror. – Ela falou em tom de brincadeira, frisando
bastante a palavra auror e jogando os cabelos para trás.

- Então você vai?

- Não sei, depende das nossas condições, né, Rose?

- Isso mesmo. Mas eu acho que eu vou.

- Imagina, a Tay bem diva cantando Mine lá, eu piro! – Falou Diana.

- Ninguém merece meninas frescas como vocês. – Falou Hugo, que estava de braços cruzados e uma expressão muito sem emoção no rosto. – Prefiro ir no show das Esquisitonas mesmo...

- Só tem gente velha naquela banda. –Disse Diana.


- É? E quantos anos essa Taylor tem? – Perguntou Hugo.

- Hum, vejamos... Tem trinta e dois anos. – Falou Lílian.

- Isso é que é ser jovem! – Disse Hugo, debochando.

- E o pessoal das Esquisitonas tem uns cinqüenta e tantos. – Disse Ketly.

- Não importa a idade, e sim a música. – Hugo falou em tom filósofo. – Vê só os Beatles, eles eram uma potência mundial e eram velhos daquele jeito.

- Não chama os Beatles de velhos! – Falou Lílian. – Eles são uns fofos, tá legal? Eu adoro as músicas deles.

- Eu também. Não foi uma crítica, sua boboca. – Disse Hugo.

- Vamos, gente! Pronto, decidi, nós vamos. Se arrumem que eu já vou descer com vocês. – Disse Rose.

- Beleza. – Disse Lílian, que ainda olhava feio pra Hugo. – Como você agüenta esse menino?

- Não sei Lily... Só sei que é com muito esforço. – Ela sorriu.

Os três saíram da sala juntos.

- Vocês têm certeza? – Perguntou Lílian.

- É claro. – Falou Hugo, confiante.

- Sétimo andar, vamos. – Disse Rose. Os dois a acompanharam.


- Olha, Rose. Ali, na frente da sala precisa. – Disse Lílian.

- É, parece que tem mais gente lá.

- Que nada, é só o Scorpius e o Tiago. – Falou Rose.

Os três se aproximaram.

- Então vocês dois receberam o convite também, é? – Disse Hugo.

- Não exatamente. – Disse Tiago. – Entrem.

Os cinco entraram.

- E então, algum de vocês sabe por que estamos aqui? – Disse Lílian.

- Nós dois sabemos. Eu tive uma idéia totalmente maluca, e totalmente brilhante ao
mesmo tempo. – Disse Scorpius.

- Isso é possível? – Perguntou Rose.

- Claro que é, Rô, você vai ver.

Scorpius apertou os olhos e apareceu duas guitarras, dois microfones, uma bateria e
um violão.

- Ah, uma banda, legal! – Disse Hugo.

- Hã? – Disse Lílian.

- Really? – Disse Rose.


- Mas aqui tem sete instrumentos. – Observou Hugo. – Falta alguém?

- Falta, uma pessoa só. – Falou Tiago.

- Quem? – Disse Lílian.

- Vocês vão saber. Bom, a organização é: Lílian, você fica com uma guitarra. Rose, você fica com um microfone. Hugo, bateria. Tiago, com a outra guitarra, eu com o violão e um dos microfones e...

A porta da sala abriu.

- Boa noite pra todo mundo. – Falou uma voz muito familiar atrás deles.

- ALVO? – Disse Lílian, que tinha acabado de dar um pulo para trás.

Alvo Severo Potter tinha acabado de entrar na sala. Tinha uma expressão satisfeita no rosto e todos, exceto Tiago e Scorpius, expressavam bastante surpresa.

- Consegui as composições. – Ele falou, estendendo várias folhas para Scorpius. – A mamãe disse que o quarto da Lílian estava parecendo um ninho de rato, mas ela achou.

- Obrigado.


- Como assim, o Alvo? Quem mexeu no meu quarto?


- Eu e Scorpius acertamos nossas diferenças, e essas são as composições que você fez verão passado. Não estão maravilhosas, mas dá pra levar...

- Olha só, essa tá ótima pra ensaiar. Pega seu violão, Alvo. Olha só, eu, Tiago e Alvo vamos começar a música, e vocês vão acompanhar, ok? Depois ensaiamos a letra. – Disse Scorpius.

- Isso é pura loucura. – Disse Rose.

Começaram a tocar um ritmo silencioso. Depois de repetir três vezes, Scorpius voltou a falar.

- Ok, tá ótimo. Podemos pôr a letra agora?

- Ótimo. – Disse Rose.

O que me acontece se eu disser que eu te amo?
Se você souber que o meu Patrono é igual ao seu?
O que é que acontece se você me olhar nos olhos
E ver o meu passado se unir ao seu?

Nada.
O amor vai se fortalecer
Lá, lá, lá, lá
Se realmente existe algo entre eu e você
Nada nem ninguém pode nos impedir
O amor vai nos lembrar
Que existe alguém que não quer nos ver ir

[refrão] E se você olhar pro céu vai ver meu rosto desenhado nas estrelas
Vai ver nossa constelação brilhar
Sabe, você sempre estará em minhas veias
E entre o céu e a terra há alguém pela qual vale a pena lutar...

- Para tudo! – Disse Hugo. – Que coisa melosa, vamos arrumar esse ritmo!


- Concordo pela primeira vez na vida com o Hugo. – Disse Lílian. – Isso tá pior do que o papai cantando no chuveiro!

- Então, o que vocês sugerem? – Disse Scorpius.

- Rock, rock e mais rock. – Disse Hugo.

- É, isso aí! – Falou Lílian.

- A gente acelera o ritmo da música e põe mais guitarra e bateria nisso, se não vão
confundir a gente com um bando de mulherzinhas...

- Hugo! – Disse Lílian. – Eu e a Rose somos homens, por acaso, seu grande idiota!

- ...fora a Rose e a Lílian. – Ele completou sem emoção.

- Então vamos tentar isso. – Falou Tiago. – Rock é bem legal.

Parecia uma coisa: Sempre que tentavam acelerar o ritmo Hugo falava que ainda estava lento.

- Cara, Scorpius, você nunca ouviu rock na sua vida? Eu não tô falando dos Beatles, é mais acelerado, mais puxado pra rock moderno, entendeu?

- Metaleira? – Disse Rose, chocada.

- Não, não, não precisa exagerar. – Ele disse. – Deixa eu ver... algo do tipo o refrão de Mine, entendeu, Rose?

- Ah, claro. – Ela sorriu. – Então a gente tem que passar mais energia, e ponham força na guitarra vocês dois!


Tocaram novamente a música e finalmente todos se agradaram.

- Agora temos que ter um nome, não acham? – Disse Alvo.

- O Hexágono. – Disse Tiago, teatralmente.

- Não, seu idiota, que coisa ridícula! – Ignorou Hugo.

- Então alguém tem outra sugestão? – Perguntou Rose.

- Dead Fish! – Disse Lílian empolgada.

- Definitivamente não! – Disse Scorpius. – Como é que a gente vai aparecer? Olha lá, o povo da Querido Peixe!

- Tive uma idéia! – Disse Hugo. – All Rock, é bem legal, não acham?

- Eu gostei. – Falou Rose.

- All Mix Rock não ficaria melhor? – Disse Alvo.

- Não sei... – Falou Scorpius. – As duas ficaram boas, o que vocês acham?

- Eu voto em All Mix Rock! – Disse Lílian. – Quanto mais diferente melhor, não acham?


- Também acho. – Disse Rose. – All Mix Rock, então?

Houveram murmúrios de concordâncias.

- Perfeito. – Rose falou.

Rose tirou um pergaminho das vestes e escreveu com a varinha nele o nome da banda. Sob o nome, todos assinaram com suas varinhas.

- E a All Mix Rock tem uma música até agora. – Disse Scorpius. – Precisamos de outras músicas, não acham?

- Eu fiz uma letra, acho que é essa última, em papel cor de rosa. – Lílian indicou a folha. – É bem ridícula, mas a gente pode alterar algumas coisas. Ficou muito melosa, sei lá.

- Tá, deixa eu ver. – Rose puxou a folha da mão de Scorpius. - Eu te peço perdão por te amar de repente, embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos. Das horas que passei à sombra dos teus gestos bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos. Das noites que vivi acalentando pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo. Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente e posso te dizer que o grande afeto que te deixo não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas nem as misteriosas palavras dos véus da alma...

A esse ponto Lílian estava totalmente corada, Hugo gargalhava loucamente e Tiago,
Alvo e Scorpius diziam que ela estava completamente apaixonada.

“É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias, e só te pede que te repouses quieto, muito quieto, e deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora.”


- Eu acho que tava bêbada quando escrevi isso. – Disse Lílian baixinho. – E olha que eu só tinha tomado dois copos de cerveja amanteigada.

- Eu não acho que tenha ficado tão ruim assim. – Disse Rose, mas foi pouco convincente, dois segundos depois ela estava rindo tanto quanto Hugo.

- Alguém trouxe um dicionário? – Perguntou Alvo.
Scorpius fechou os olhos e desejou um dicionário, e logo ele apareceu.

- Ok. Precisamos achar sinônimos de algumas palavras, certo?

Ele desejou mais cinco dicionários.

- Cada pessoa fica com um. Procurem a palavra que a doida da Lily colocou aí e achem uma palavra parecida, mas menos melosa, pra colocarmos no lugar.

Todos começaram a buscar desesperadamente as palavras no dicionário. Vinte minutos depois a música estava pronta.

- Eu cortei umas partes tipo “impossíveis”, Scorpius. – Disse Rose.

- É, caso perdido é caso perdido. – Ele sorriu.

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Pela graça dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam tristemente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o desespero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carinho
E só te pede que repouses quieta,muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem o olhar da aurora.

- É, melhorou um pouquinho. – Disse Scorpius.


- Um pouquinho uma ova! – Disse Lílian. – Ficou brilhante!

- Não, pra mim o papel ainda está fosco. – Disse Rose.

- Vamos ensaiar essa? – Perguntou Scorpius.

- Sim, mas eu acho que nem o rock salva essa aí. – Alvo sorriu. – Vamos deixar essa pra nossas futuras fãs melosas. Pop country fica legal, não acham?

- Acho que fica ótimo! Boa idéia, Alvo! – Falou Rose.

Ensaiaram a música nova, que eles chamaram de “Afeto”, e a anterior, que chamaram de “Nossa Constelação” até uma hora da manhã, quando acharam que seria próprio que fossem dormir antes que Filch os achasse.

- Tchau, Alvo. – Disse Scorpius.

- Até...?

- Amanhã, que tal?

- Pra mim tá ótimo. De noite, não?

- De tarde.

- Ah, de tarde não dá, Scorpius. Tenho treino de quadribol.

- Ok, de noite então.

- Combinado. Até amanhã à noite então.


Todos estavam saindo quando Scorpius puxou o braço de Rose.

- Ei, - Ele falou. – feliz aniversário!

- Hã, como? – Rose perguntou. Foi aí que se lembrou. – Nossa! Eu sou tão demente, eu tinha esquecido! Obrigada, Scor.

- De nada. Mais tarde você vai ver o que eu comprei pra você.

- Não precisava. Agora eu vou dormir, tá? Até amanhã... Quer dizer, até mais tarde.

- Até. Eu vou conversar algumas coisas aqui com o Tiago e já já eu subo.

- Ok.

Rose foi andando com Hugo, Lílian e Alvo. Alvo foi embora antes de todo mundo (o dormitório dele era mais próximo a sala precisa), e os outros três voltaram.

- All Mix Rock. – Disse Hugo. – Gostei desse nome, ficou bem...

- Diferente, legal, bolado...?

- É, isso tudo aí que você falou! – Ele sorriu. – Ah, parabéns, Rose, por se agüentar
por dezessete anos.

- Imagina você, devia receber algum troféu por se agüentar por treze! – Disse Rose.


Rose foi dormir e acordou cinco horas depois cheia de presentes nos pés da cama. Estavam inúmeros embrulhos, do maior ao menor. Ela sentou na cama e tirou o primeiro da pilha, uma caixa de tamanho médio, pelo cartão devia ser de Alvo. Ela abriu e viu um lindo conjunto de penas novas, incluindo penas de hipogrifo e fênix. O segundo pacote vinha de Lílian, era uma maleta de maquiagem. Vinha todo o tipo de maquiagem imaginável, pó, base, corretivo, rímel, gloss, batom, sombra, delineador e muito mais (no cartão vinha dizendo que só batom não era suficiente). A terceira embalagem era pequena e vinha de Gina e Harry Potter. Era uma câmera fotográfica trouxa, para que ela pudesse carregar para onde quisesse. A quarta era um mini-pufe vindo de Hugo, mas quando Rose abriu a caixa sentiu um aroma desagradável no ar.

- HUGO WEASLEY, SEU RIDÍCULO! – Ela berrou, e ouviu gargalhadas do outro lado do dormitório. Era o mini-pufe Peidão, que estava há anos na Gemialidades Weasley, e sempre que alguém se aproximava dele ele soltava um pum.
Rose revirou os olhos, respirou fundo, colocou o mini-pufe em cima da cama.

- Você não tem culpa de peidar tanto assim, afinal. – Ela disse.

E voltou sua atenção para os presentes. Ela não agüentou mais e abriu o pacote gigante e descobriu que era uma Firebolt 5.0, a vassoura mais rápida que já inventaram. Soltou um “Uau” e descobriu que a vassoura tinha vindo de seus pais. Depois de tudo isso só restava um presente, uma caixinha muito pequena e preta. Rose abriu e soltou um grito; era uma pulseira, mas não uma pulseira comum. Era toda feita de diamantes.


- Não creio! – Ela falou, analisando pela terceira vez a pulseira. Ela puxou a caixa e do outro lado leu o cartão. – Isso... isso é do Scorpius!

- Falando sozinha agora, Rô? – Perguntou Ketly, muito sorridente. – Feliz Aniversário.

- Ketly, vem ver uma coisa!

- O quê?

- Isso! – Ela indicou a pulseira.

Ketly arregalou os olhos e desabou do lado de Rose.

- É...de verdade!

- Eu sei! – Disse Rose, histérica.

- Quem te deu?

- O Scorpius... Não é demais? – Ela pôs a pulseira no braço.

- Super demais! – Disse Ketly. – Deve ter sido muito cara, não é?

Rose hesitou por um instante, depois girou o rosto devagar para Ketly. Se sentiu culpada.

- É, deve ter sido. – Falou baixo.


- Vamos, Rose! Alegria! – Ela estralou os dedos na frente do rosto de Rose, fazendo a colega ficar vesga. – Ah, o Tiago Potter mandou isso pra você.

- Legal, uma caixa da Dedos de mel. – Falou Rose. – Obrigada por trazer.

Rose abriu uma caixa de sapos de chocolate e ficou contente, tinha vindo a figurinha de Minerva McGonagall, ela ainda não tinha. Levantou-se da cama, foi ao banheiro, tomou banho e foi para a sala comunal.

- Você usou, você usou? – Perguntou Lílian, histérica.

- O quê?

- A make, você usou?

- Ah, claro. – Ela revirou os olhos. – Usei blush, gloss e rímel, tá bom?

- E a sombra?

- Lílian Luna Potter, pelo amor de Deus! – Rose cruzou os braços.

- Mas é bom usar, se você usar pó vai ficar legal, você tá com uma espinha terrível do
lado do nariz.

- Tá, depois eu faço algum feitiço, odeio fazer as coisas ao modo trouxa. Você viu o Scorpius?

- Não, por que?

- Por causa disso. – Rose puxou a manga das vestes e mostrou a pulseira. Lílian
quase caiu pra trás.

- D-Diamantes? – Falou, quase sem voz.

- É. Licença agora, tenho que achar ele.


ose desceu correndo em direção ao salão principal, ele tinha de estar lá. Esbarrou sem querer em algumas garotinhas da Lufa-lufa do segundo ano, mas logo as ajudou e voltou a correr. Encontrou Scorpius sentado conversando calmamente com David Jordan.

- Scorpius Malfoy! Como você pôde? – Ela perguntou, em voz chorosa.

- O que foi que eu fiz? – Scorpius disse, assustado.

- Você me mandou isso! – Ela mostrou a pulseira no pulso.

- Ah, você não gostou? Sinto muito...

- Não, não é isso! – Ela sentou aborrecida. – É muito cara pra você me dar de
aniversário.

- Que nada. – Ele deu um sorriso simpático. – Comprei com quatro mesadas minhas.
Rose olhou espantada para Scorpius. Por um tempo ela tinha esquecido que ele era tão rico.

- Mas... Eu não quero que você me dê coisas caras. O dinheiro é seu, você gasta com
você...

- E com as pessoas que eu gosto. – Ele completou.

- Assim eu me sinto culpada! Não vou conseguir te dar nada caro de aniversário.

- Não precisa, se você me der alguma coisa de coração, pode ser até um sapo de chocolate, eu vou ficar feliz.

- SEU... SEU FOFO! – Ela gritou.

- Pronto, agora ela endoidou. – Disse David.


- Vou entender isso como um obrigado. – Sussurrou Scorpius.

- E você seria um idiota se não entendesse. – Falaram David e Rose em uníssono.

- Onde está Tiago? – Perguntou Rose. – Ainda não o vi hoje, quero agradecer pelo presente, e o do Al também. O idiota do Hugo me deu um mini-pufe que peida.

Scorpius se esforçou para não rir (ele estava bebendo suco de abacaxi).

- Eu sou fã do Hugo. – Confessou David. – Mas não mais do que a Danielle Pogeiton.

- Quem é essa? – Perguntou Rose.

- É uma garota da corvinal, ela é meio veela. Eu descobri há uma semana que eles
estão saindo juntos.

Rose gargalhou baixinho.

- Quero conhecer ela. Não só pra poder irritar o Hugo mas também porque ela é meio
veela. Que ano ela é?

- Ela é terceiro ano, se eu não me engano. – David coçou a cabeça. – Quem me contou que eles estavam saindo juntos foi o Fábio Parker, ele é do quarto ano. Disse que estava passando no jardim quando os viu de mãos dadas conversando. – Ele gargalhou. – Imagina só o Hugo apaixonado! Essa eu quero ver.

- Eu também. – Disse Scorpius. – E ele foi muito criativo com essa do mini-pufe peidão.


- Ah, como eu tô curiosa! Vou conhecer essa veelinha agora.
Rose levantou da mesa e rumou à mesa da Corvinal.

- Quem é Danielle? – Ela perguntou a uma garotinha do primeiro ano de cabelos pretos.

- É aquela ali. – Ela apontou.

A garota estava sentada entre duas gêmeas ruivas. Tinha os cabelos loiro-prateados muito compridos, terminavam no final das costas. Era muito bonita e parecia simpática.

- Obrigada. – Disse Rose. – Hum...Você sabe se ela é legal?

- Ela é legal sim. – A menina sorriu.

Rose sorriu para a garotinha do primeiro ano e foi até Danielle.

- ...Enton eu disse a él que comprrasse um diárrio, afinal, eles son muito úteis! Eu messma escrrevo no meu todos os diass. – Disse Danielle a uma das gêmeas.

- Com licença. – Falou Rose educadamente. – Você é Danielle Pogeiton?

A garota desviou o olhar da gêmea e olhou Rose como se a analisasse.

- E você é Rrose Weassley, non?

- Isso mesmo. – Ela sorriu.

- Eu conheço o seu irrmon. Ele fala semprre de você. – Gabrielle sorriu.

- Espero que ele não fale mal de mim. Olha, você por acaso é meio veela?

- Minha bisavó erra uma veela, por que o interresse?

- Sua bisavó? A bisavó da minha prima também era uma veela.

- Ah, eu sou prrima da sua prrima. Roxanne Weassley, non?

- Você é filha da Gabrielle? – Perguntou Rose.

- Sou. – Danielle arrumou o diadema no cabelo e se endireitou na poltrona.


– Então, desculpe ser indelicada, mas é verdade que você está saindo com o Hugo?

- Sín, nóss estamoss saindo junteos, porr quê?

- Por nada. – Rose deu um sorriso educado. – Curiosidade. Então, vejo você depois.

Quando Rose estava saindo, uma garota da mesa da Corvinal levantou.

- Olá, você é Lílian Potter. Sou Lysander Scamander.

- Prazer em conhecê-la, e, er... Eu sou Rose Weasley, e não Lílian Potter.

- Então você é prima dela. – Lysander sorriu.

Lysander era muito bonita. Tinha cabelos curtos que batiam nos ombros, olhos azuis, era magra, tinha uma boa altura. Usava brincos com desenhos de óculos.

- Desculpe, mas o que são esses desenhos no seu brinco?

- São Spectrocs, você é muito desligada, nunca ouviu falar?

Rose pareceu ofendida.

- Não, nunca ouvi falar.

- Eu sou filha de Luna Lovegood. – A garota falou com simplicidade.

- Ah, eu a conheço! – Disse Lílian excitada. – E acho que conheço você também, só
não estava lembrando.

- Claro, nos conhecemos com cinco anos.


- E... você tem um irmão gêmeo, certo?

- Sim, o Lorcan. Ele está no hospital, dizem que ele levou uma pancada na cabeça mas eu tenho certeza de que foi um bando de zonzóbulos. – Ela sorriu levemente.

- Claro, Lysander. – Disse Rose.

- Hoje é seu aniversário. – Ela sorriu. – Parabéns.

- Obrigada, mas... como você sabe?

- Você faz aniversário no mesmo dia que meu primo, o Ryan.

- Ah, agora eu entendo. Agora se me permite, Lysander...

- Pode me chamar de Lysa se quiser.

- Ok. Se me permite, Lysa, tenho que ir falar com meu primo.

- Espere, tenho algo para você. – A garota puxou um Spectrocs de dentro da mochila. – Acho que vai precisar. Hogwarts está cheia de zonzóbulos!

- Obrigada. Tchau, Lysa, até mais!

Rose rumou à mesa da Grifinória e sentou-se do lado de Tiago.

- Valeu pela caixa da Dedos de mel. – Ela falou.

- De nada... Eu daria uma caixa da Gemialidades Weasley, mas é difícil trazer coisas
de lá pra escola, e também acho que você não curte muitos logros e brincadeiras.

- Hugo te contou? – Ela perguntou emburrada.

- Contou. Achei genial. – Tiago gargalhou. – O mini pufe que peida, era só o que faltava...

- Bem a cara dele. – Disse Rose.


- Olha, os gêmeos Scamander são do mesmo ano que você? – Perguntou Rose.

- Não. Se eu não me engano, eles são quinto ano. – Disse Tiago. – Por quê?

- Não lembrava deles, a garota veio falar comigo agora.

- A menina é bem doidinha, já o menino nem tanto. Conheci eles quando era terceiro
ano, eles tinham acabado de entrar na escola. A garota estava teimando que os jardins de Hogwarts tinha gnomos mutantes, e o garoto dizia que não tinha, que eram apenas gnomos normais. Hogwarts não tem gnomos. – Tiago riu.

- Isso mesmo. Olha, você sabe como se usa uma máquina fotográfica trouxa? – Disse Rose.

- Mais ou menos. – Ele respondeu. – Você ganhou uma?

- Sim, ganhei uma dos seus pais.

- Legal. Eu sei tirar fotos e vê-las, mas não sei filmar nem fazer slides e essas outras coisas que os trouxas inventam. – Ele disse brevemente. – O que ganhou dos seus pais?

- Uma vassoura. Uma Firebolt 5.0.

Tiago soltou um assovio alto.

- Que fantástico! A minha é uma Firebolt 3.5. Queria muito uma 5.0, acho que vou pedir de aniversário. Você tem noção de quanto custa?

Rose balançou a cabeça negativamente.

- Acho que não deve ser tão cara, quer dizer, acho que é comprável...


- Claro que é comprável. – Rose sorriu. – Se não eu não teria ganhado, e olhe que o salário dos seus pais é mais alto do que o dos meus.

- É mesmo, mas você só tem um irmão e eu tenho um irmão e uma irmã, e ainda por cima do jeito que a Lily é fresca...

Tiago e Rose gargalharam.

- Então acho que você vai ter que esperar... A Lily e eu vamos pra o show da Taylor Swift, e...

- Ah, não! – Disse Tiago. – Se eu conheço o papai ele vai me fazer ir com vocês! – Tiago enfiou o rosto nas mãos. – Eu não mereço, Merlin, eu não matei ninguém!

- Não é tão ruim assim. Pense bem, pelo menos não é o Justin...

- Não fale esse nome! Aquele cara é pior que o Voldemort, ele sim devia ser chamado de Você-sabe-quem.

Rose gargalhou, enquanto Tiago parecia que estava à beira de uma crise de choro.

- E então, você-sabe-quem já casou com a Sel... você-sabe-quem-mulher?

- Não sei, eu fico o dia inteiro presa em Hogwarts, como vou saber? – Ela sorriu.


- Rose, não vai mesmo pra aula, linda? – Disse Scorpius.

- Que droga, nem tenho folga no meu aniversário. – Falou em tom de preguiça.

- Vamos, é História da Magia! – Tentou animá-la.

- Não! História não! Eu não mereço, eu não matei ninguém! – Ela falou, imitando Tiago.

- Vamos, Rose. – Scorpius puxou-a pelo braço.

Rose levantou e saiu cambaleando pelo salão principal.

- Tô morrendo de sono.

- Você não parecia estar morrendo de sono conversando com aquele povo todo...

- É que o nome “História da Magia” já me deixa cansada.

- Achei que você amasse estudar. Achei até que você fosse meio nerd. – Ele sorriu.

- História da Magia é exceção. Nisso, eu puxei ao meu pai.

Ficaram em silêncio por uns três minutos.

- Que estranho, você é mais velha que eu.

- Dois meses faz muita diferença, Malfoy.

- É estranho ser um Malfoy também. – Ele sorriu. – Que estranho que eu sou...

- Scorpius, isso é fase, acredite, já passei por isso. – Ela deu uma gargalhada.

- Dois meses atrás. Ah, Rose, pelo amor de Merlin!

- Escute meus conselhos, sou mais velha, mais experiente...

- E gosta de Taylor Swift. – Scorpius sorriu. – Você tem treze anos.

- NÃO! EU TENHO DEZESSETE! – Rose parou. – Nossa, eu tenho dezessete anos.


- Eu sei disso. – Falou Scorpius sorrindo. – E eu só tenho dezesseis, portanto sou menor que você, portanto você é uma anciã.

- EU? – Disse Rose. – Eu nem sou adul... Pera aí! Eu sou maior de idade!

Ela deu vários pulos enquanto Scorpius a observava sem emoção.

- Olha, o professor tá nos esperando, sabe...

- Eu agora vou ter vários privilégios como... como...

Rose ficou pensando em alguma coisa que ela quisesse desfrutar da maioridade.

- Dirigir? – Disse Scorpius, sorrindo. – Isso é pra maior de idade, mas só maior de
idade trouxa. Ou você prefere poder comprar um whisky de fogo lá no Três
Vassouras sem a Madame Rosmerta te olhar feio?

- Experimentei whisy uma vez, quando tinha dez anos. Tava na mesa e eu achei que fosse suco, então eu tomei, aí o papai entrou perguntando onde tava o whisky dele e me encontrou meio zonza na cozinha, foi péssimo.

Rose deu algumas gargalhadas.

- Também experimentei achando que fosse outra coisa. – Disse Scorpius. – Eu fiquei bêbado no segundo copo, tinha uns nove anos.


- Sr. Malfoy, Srtª Weasley, entrem logo. – O professor falou assim que os dois pararam na porta. Os dois obedeceram.

- Nossa, nem no meu aniversário. – Falou Rose.

Rose e Scorpius estavam na aula. Rose assistia a aula com atenção (ou pelo menos tentava), enquanto Scorpius dormia levemente. De repente, escutaram um “BUM”. Todos começaram a gargalhar.

- NÃO QUERO LEVITAR MINHA TIA AVÓ, NÃO QUERO! – Scorpius gritava, enquanto se
rebatia no chão, ainda dormindo. Rose levantou da cadeira e foi ajudá-lo.

- Acorda, acorda! – Ela falava, enquanto chacoalhava os ombros dele.

- NÃO QUERO, NÃO... – Scorpius abriu os olhos e se deu conta do que estava fazendo. Levantou, corando muito, e sentou-se de novo na banca, depois de pedir desculpas ao professor por ter interrompido a aula.

- É isso o que dá em quem fica dormindo ao invés de prestar atenção na aula, Sr. Malfoy. – Disse o professor sem emoção. – Vamos, abram seus livros na página cento e quarenta e três, e façam uma redação sobre o tema.

- Tudo bem com você? – Perguntou Rose.

- Tudo... Tudo ótimo. – Ele falou sem jeito.

- Ok, então. – Rose olhou para Ketly e David. Se contorciam de tanto rir. – Já parou a graça, perceberam


Ketly mostrou a língua para Rose, sorriu, e se endireitou na cadeira. David fez uma cara de “desculpa” e virou-se para pegar o livro na mochila.

- Ketly é tão chata, mesmo assim gosto dela. – Rose sorriu.

- Você prefere Ketly ou Diana? – Perguntou Scorpius.

- Sei lá, elas duas são muito legais, são tipo umas primas pra mim. Agora a Lily é uma irmã mesmo, sabe, ela é incomparável. Acho que vou me dar bem com a Lysa...

- Quem é Lysa?

- Lysander Scamander. Uma garota que conheci hoje.

- Ah, eu conheço o Lorcan, irmão dela. É muito legal, mas de vez em quando dá umas crises de loucura nele. – Scorpius sorriu.

- Isso eu sei, ela não é muito diferente. Vou apresentá-la a Lílian, acho que vão se
dar bem, porque...
- Ambas são doidas. – Disse Scorpius.


- Isso mesmo, está um bom Legilimens, não é, Scorpius? – Disse Rose, enquanto sorria.

- Sr. Malfoy e Srtª Weasley, querem mesmo sair da sala? – Perguntou o professor irritado.

- Não, desculpe- nos. – Disse Rose.


- Eu quero te apresentar a Lysander. – Disse Rose, entusiasmada, para Scorpius, quando saíram da sala. – Acho que você vai gostar dela, sabe, meio doidinha. Quero apresentá-la a Lily também, elas vão se dar super bem. Você me dá cinco minutinhos? Vou na sala comunal e volto com a Lílian, depois disso a gente vai procurar a Lysa.

- Certo, Rose. – Scorpius falou, enquanto fitava os tênis. – Esses meus tênis estão horrorosos, desde o começo do ano estou com eles, também. Vou mandar uma coruja pra minha mãe pedindo tênis novos.

Rose o olhou com um pouco de inveja e saiu pra procurar Lílian. Não demorou muito para encontrá-la, a garota estava fofocando com Diana Finnigan.

- Lílian, vem cá, vou te apresentar a uma amiga minha do quinto ano. – Falou Rose
contente, puxando o braço da prima.

- DEPOIS EU TERMINO A FOFOCA, DI! – Gritou Lílian, enquanto era arrastada por Rose para fora da sala comunal. – Ok, o que é tão interessante?

- Lysander Scamander. – Disse Rose. – Ela é bem divertida, que nem você, vão se dar bem.

- Hum, assim eu fico com ciúmes. – Lílian fez biquinho. – Hello, ela tem algum primo
gatinho?

- Hãa, não, mas ela tem um irmão.

- Gatinho? – Perguntou Lílian, entusiasmada. Rose apenas sorriu.

- Vai saber. Eu só tenho olhos pro meu namorado, óbvio. Pra quê um Scamander se
eu tenho um Malfoy apenas dois meses mais novo que eu?

- Ah, mas ele tem que ser gatinho! – Disse Lílian. Rose deu uma cotovelada nela.

- O Scorpius tá nos esperando, Lílian, anda logo.

Scorpius esperava as duas na frente da sala de História da Magia, encostado na parede, com as mãos nos bolsos das vestes e olhando pra cima.

- Pensando na vida, refletindo? – Perguntou Lílian.

- Bom dia pra você também, Lílian. – Ele falou. – É, estava pensando sim. Podemos ir agora?

- Você tem noção de onde Lysander e seu irmão muito gatinho ou não muito gatinho estão? – Perguntou Lílian. Scorpius a olhou como se ela fosse uma louca.


Foram até as masmorras. Lysander estava de frente, visivelmente conversando com um garoto loiro que estava de costas.

- Olá, Lysander. – Falou Rose. – Quero te apresentar o Scorpius, meu namorado, e a Lílian, minha prima.

- Olá. – Disse Lysander. – Bom conhecer os dois. Esse aqui é meu irmão, o Lorcan.

O garoto se virou. Era realmente lindo.

- MERLIN, ME ABANA! – Gritou Lílian. Depois de se dar conta do que tinha feito, corou muito. – Tô com calor. – Ela falou timidamente, tentando disfarçar.

Scorpius e Rose se olharam, e começaram a ter uma crise de riso, tanto que Rose tinha que se controlar pra não cair. Lorcan olhava para Lílian sem entender nada (ela corou mais ainda), e Lysander ria baixinho.

- Estamos acostumados com assédios. – Disse Lysa. – Ele não entende, sabe?

- N-não, eu s-só estou com c-calor... é! – Gaguejou Lílian, que agora estava mais vermelha do que seus cabelos. – Keep calm, ten, nine, eight...

Lílian continuou com sua contagem decrescente em inglês, e Rose pareceu se controlar. Scorpius agora tinha estendido a mão para cumprimentar Lorcan, que respondeu, e Lysander olhava para Rose.

- Tudo bem, isso é normal... Ou não. – Disse Rose para Lílian, que parecia que ia sair correndo a qualquer hora.


- Ele é uma ficção da minha cabeça, não é? – Perguntou Lílian, num sussuro, para Rose. – Ele é muito lindo, ele é descendente de alguma veela por acaso?

Lílian respirou fundo e Rose teve outra crise de risos.

- Não somos. – Disse Lysander. Rose não entendeu como ela tinha escutado, provavelmente tinha usado legilimência. – Nossa mãe é sangue-puro, sabe, mas não temos nada a ver com veelas ou nada do tipo. Hum... Nosso pai é trouxa, mas ele não se importou do fato da mamãe ser bruxa, ela tinha algo especial, foi o que ele contou, só não sabia o quê.

Lorcan agora estava apertando a mão de Rose e Scorpius voltando a rir sabendo o que Lílian faria quando ele apertasse a mão dela.

- Hum... Você é real? – Perguntou Lílian para Lorcan, quando ele estava se
aproximando para apertar a mão dela. O garoto abriu a boca pela primeira vez.

- Ah, sim, eu sou. Sou de carne e osso, sabe? Acho que isso é coisa de zonzóbulos,
Lysa, por favor, veja isso pra mim. – Ele sorriu de lado para Lílian, que ofegava. Lysander pôs os Spectrocs.

- Nossa, ela tem muitos zonzóbulos.

- Aposto quando não tinha antes de conhecer vocês dois. – Comentou Scorpius.

- Eu vou casar com ele. – Disse Lílian, com firmeza na voz, no ouvido de Rose. – Ele é perfeito. Viu a voz dele?


- Olha, pra ser sincera, eu não vi a voz dele, eu ouvi.

- Eu tô tendo que me controlar pra não pular em cima dele. – Lílian tremia e parecia que ia desmoronar a qualquer hora. – Me ajuda, me tira daqui! Não, me deixa aqui! Ah, me ajuda, é sério!

- Hã, vocês conhecem meu irmão, o Alvo? – Disse Rose para mudar de assunto.

- Não. – Os gêmeos responderam em uníssono.

- Depois eu o apresento a vocês, ele é da Sonserina mas é bem legal. – Continuou. –

Agora temos que ir. Lorcan, foi um prazer te conhecer. – Ela olhou pra Lílian e abafou uma risada.

Os três saíram de perto dos gêmeos antes que Lílian tivesse uma crise de choro ou algo do tipo.

- Sou idota, sou idiota, sou totalmente idiota! – Cantou Lílian. – E vocês só ficaram rindo, não é?

- Você queria que nós chorássemos? – Perguntou Scorpius. – Não é todo dia que
você vê um menino e pede pra Merlin te abanar. – Ele gargalhou, enquanto Lílian corava.

- Foi um reflexo. Aquele garoto é um deus grego. E aqueles olhos? São a perfeição...

- Lily tá apaixonada, Lily tá apaixonada! – Vinha uma voz cantante atrás deles. Era Hugo.

- E você também, esqueceu da Danielle Pogeiton? – Perguntou Rose. Um sorriso brincando em seus lábios. Hugo corou.

- Como você sabe da Dani? – Ele perguntou. – E-eu e ela não temos nada, juro.

- Eu imagino que vocês não tenham nada, afinal acho que ainda não inventaram
nenhuma doida pra gostar do Weasley idiota. – Zombou Parkinson, que tinha acabado de passar atrás dos quatro.

- Gente, vamos pra aula. – Disse Lílian, nervosa.

Ela e Hugo tomaram direção às masmorras, enquanto Scorpius e Rose foram em direção às estufas.


- Ah não, o professor Longbottom vai começar com aquelas crises de “vocês parecem tanto com seus pais” de novo. – Lembrou Rose, irritada.

- Sem problemas. Acho que ele já cansou de dizer isso, eu já cansei de escutar... Enfim, só não ligue. E você parece com o seu pai, de verdade. – Disse Scorpius.

- E você não parece nem um pouquinho, Malfoy. – Ela falou.

- Já falei que não gosto de ser um Malfoy. – Ele falou zangado. – Você acha que eu ligo pra essa bobagem de sangue-puro, de riqueza? Pra mim o que vale é o interior das pessoas, e não esse lado de fora. Você mesma é uma mestiça, que diferença faz?

- Nenhuma, também não me importo por você ser sangue-puro.
Scorpius olhou pra ela sem entender. Ela apenas sorriu.

- Pra mestiços e nascidos trouxas, o preconceito é com os sangue-puro, porque eles geralmente se gabam demais. – Ela explicou. – Mas não são todos os casos, como você sabe. Ah, falando nisso, alguém da sua família sabe que estamos namorando?
– Ela perguntou.

- Minha mãe. Eu mandei uma carta pra ela, ela não gostou muito, eu acho, mas também me prometeu que não contaria nada ao papai, afinal, ele ia colocar fogo em Hogwarts e na casa dos seus pais se soubesse uma coisa dessas, eu acho. – Ele falou com ironia.


- Credo. – Disse Rose espantada. – Ele é tão ruim assim?

Scorpius parou de andar e o sorriso que ele mostrava foi se desfazendo aos poucos.

- Rose, ele foi um comensal da morte. – Ele falou baixa e calmamente.

Rose respirou fundo.

- Eu sei. Mas foi por influência do seu avô, e seu avô sofreu influência dos colegas de classe. – Ela explicou gentilmente.

- Mas... Ele não estava sofrendo a Maldição Imperius, ele fez porque foi um idiota e deixou se levar pelos outros, os dois. – Ele falou. Rose notou que ele tinha fechado o punho. Pegou uma das mãos dele e ajustou os dedos.

- Vamos pra aula. – Ela falou calmamente.

Os dois estavam já no jardim da escola. Não ousaram falar mais nada, esse assunto era tenso e podia levá-los a uma discussão. Chegaram na estufa finalmente. Só quem estava lá era um grupo de garotas risonhas da Lufa-Lufa e um menino meio carrancudo da Grifinória. Rose foi com Scorpius até uma das mesas.

- Sr. Malfoy, Rose, como vão? – Perguntou Neville Longbottom.

- Eu vou bem. – Disse Rose.

- Eu também. Pode me chamar de Scorpius, por gentileza?

- Ah, sim, como quiser. – Ele disse.

- E então, tem o quê pra hoje? – Perguntou Rose.

- Ah, nada demais, são somente algumas plantas exóticas diferentes que trouxe,
nada perigoso.


A tarde passou sem emoções. À noite, estavam todos da banda reunidos na sala precisa, o ensaio tinha acabado (resolveram apagar as duas músicas anteriores e criaram algumas bem melhores).

- E aí, Rose, vamos na cozinha pegar um bolo pra bater os parabéns? – Sugeriu Lílian.

- Boa idéia. – Disse Scorpius.

- É, aí ela podia chamar pessoas como o David Jordan, a Ketly Morgan, a Diana Finnigan, e, hum, quem sabe os gêmeos Scamander? – Disse Hugo, sorrindo. Lílian corou.

- Quem são esses? – Perguntou Alvo.

- O namorado e a cunhada da Lílian. – Brincou Scorpius. Lílian corou mais ainda.

- Ela gritou “Merlin, me abana” quando viu o menino. – Disse Rose.

Todos que ainda não sabiam da história começaram a rir.

- Vai ser uma boa chance pra você se arrumar e apagar essa sua primeira impressão, Lily. – Sussurrou Rose para a prima, que corava.

- Você acha?

- Sim. Agora vamos na cozinha comigo pegar um bolo. – Ela abandonou o tom baixo.
– Meninos, vão procurar um pessoal mais íntimo pra uma festinha aqui na sala precisa, ok? Podia ser na sala comunal, mas... – Ela olhou pra Alvo. – É melhor aqui mesmo.


Lílian e Rose foram conversando até a cozinha.

- Juro que nunca senti isso por ninguém, Rose, nem mesmo pelo Teddy ridículo. – Ela revirou os olhos. – Se alguém chamar ele pra festa eu juro que me mato.

- Vamos pegar esse bolo e podemos subir pra nos arrumar. Você tem vestidos lindos, pode colocar algum deles, você vai ficar muito bonita.

- Obrigada. Mas, você prefere bolo branco ou de chocolate?

- Sugiro que chocolate com cobertura de morango. – Ela sorriu.

Entraram na cozinha e encomendaram o bolo a um dos elfos.

- O que você acha, uma roupa mais clássica ou moderna? – Perguntou Rose, apontando os vestidos que estavam na poltrona da sala comunal.

- Acho que esse mais moderninho cai melhor na ocasião. – Disse Rose. – Estranho,
você me pedindo conselhos de moda.

- É pra você ver como eu tô. Menina, ele é tudo de bom, aqueles...

- Tá, Lílian. Já entendi, lindinha, não precisa ficar repetindo isso vinte e quatro horas num dia. Eu não ficava falando do Scorpius, sabe?

- Mas é incontrolável!

- Não, é controlável, agora vá tomar banho e se arrumar, sua bobinha.


- Ah, e eu quero ajuda com a maquiagem! – Rose gritou quando a prima estava saindo da sala.

Uma hora depois elas estavam prontas. Saíram juntas da sala comunal rumo à sala precisa, e na frente dela já estavam várias pessoas, inclusive Lysander Scamander.

- O Lorcan não vem? – Perguntou Lílian, desapontada.

- Ah, ele vem. Ele só foi se barbear, sabe? – Ela sorriu.

- Ah... Claro. Está muito bonita, Lysa.

- Obrigada, Lily. Posso te chamar assim?

- Claro! Me chame como quiser.

- Alvo, vem cá, deixa eu te apresentar á Lysander! – Disse Rose.

Alvo se aproximou e se pôs do lado de Lily.

- Lysa, esse é o Alvo, é o meu primo, e Alvo, é óbvio, essa é a Lysander Scamander.

Eles se cumprimentaram.

- Olha lá, lá vem o Lorcan! – Disse Lysa.

Ele vinha em direção ao grupo, trajando uma roupa perfeitamente normal, exceto a
gravata cor-de-rosa.

- Ih, rosa? – Perguntou Rose, desconfiada.

- Eu pedi pra ele vir com essa. – Disse Lysander.

- Tá ridículo, não tá? Não gosto muito de rosa. – Disse Lorcan.

- Olha, combinou com meu vestido! – Sussurou Lílian para Rose.

-
É mesmo.



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