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QUEM ROUBOU NOSSO MORCEGO?


Estrelando Barny a famosa morcego estrela do time de Quadribol da Irlanda do Norte, os BallyCastle Bats e um jogador um tanto que especial.


Narrado por Jhon Mafing. Publicado originalmente na revista Quidditch Ride, os fatos apresentados são reais, bem...a maioria deles.


1.


Era o dia mais chuvoso que eu já vira em toda a minha vida desde que me mudei de um interior para o outro. Direto de Londres para o interior da Irlanda do Norte. Diziam que chuva afastava os maus espíritos os confundindo, pois quem já presenciou uma chuva Irlandesa deve saber do que estou falando e se nunca viu, vocês são pessoas de sorte.


Eu havia sido chamado para esse glorioso país para jogar Quadribol, por ter sido destaque em alguns jornais locais a fama finalmente me alcançou, algo que desesperadamente tentava alcançar. Um dia como um outro a mais em 364 iguais, um homem entrou no vestiário do agora falido, não que na época não fosse, time de Quadribol chamado Bells Breakers.


Estava eu amarrando minhas botas para se misturar aos trouxas locais e poder alcançar um bom lugar para se comer tortas trouxas, quando o homem gordo se aproximou.


- Este vestiário é apenas para jogadores – disse numa tentativa de explicá-lo que não devia estar ali. Já estava pensando na minha varinha quando ele respondeu. Não que eu fosse desconfiado, mas depois de 35 derrotas consecutivas desde que eu cheguei nesse time, sempre aparecia algum fã desacreditado para culpar o apanhador.   


- Então é o único a merecer ficar aqui Jhon – a voz dele era um tanto aguda para as pessoas de maior peso, mas o que mais chamou-me atenção foi ele saber meu nome. Algo muito incomum já que os únicos que agora vinham ver os jogos eram parentes dos jogadores e ele não pertencia a nenhuma família que eu conhecesse. Então eu já pensava o pior desde o começo.


Olhando melhor para ele dava para ver que não era dessas bandas do interior da Irlanda, suas roupas eram verdes vivos e trazia um trevo na lapela.


- Como sabe meu nome, nunca lhe vi por essas bandas – indaguei me endireitando e levando sutilmente as mãos ao bolso, segurando a varinha entre meus dedos.


- E nunca veria senhor Mafing, se não fosse tão bom jogador – a admiração em sua voz parecia legitima ainda que um pouco forçada.


- Eu não sou bom senhor...


- Pode me chamar de Lynch, Rudolph Lynch. – logo reconheci esse nome, na equipe da Irlanda havia um jogador chamado Lynch, talvez fossem parentes.


- O time eh que tem um bom elenco – menti de cara dura. Éramos terríveis, no jogo que acabara de acontecer perdermos por um simples motivo, meu próprio batedor me nocauteou no momento em que ia apanhar o pomo, e o jogador adversário a quinze metros de distancia de mim. 


- Eu sei como é jogar com um time desse – ele respondeu cordialmente.


- E em que posso ajudá-lo? – perguntei logo, estava com fome e não via a hora de comer tortas de limão, que a adorável senhora trouxa fazia naquela rua sem movimento. Ainda mais que já podia ouvir a chuva dar uma trégua.


- Gostaria de lhe fazer uma proposta, para jogar no time que administro – levantei meus olhos imediatamente na hora que ele disse jogar, me endireitei e tentei absorver melhor a idéia.


- Quer que eu jogue para o senhor? Da última vez que me disseram isso olha onde eu parei – abri meus braços indicando aquele lugar tenebroso, o homem puxou a varinha sem aviso e sem pensar puxei a minha e num instante de medo fiz um buraco próximo a orelha do homem. Eu arregalei os olhos, com os lábios comprimidos, nunca fui bom em acertar nada mesmo. E graças a deus que eu errei.


Ele nem ao menos se movera, pegou a varinha e fez um sinal no ar e uma garrafa de cerveja amanteigada surgiu na outra mão.


- Pense na proposta senhor Mafing – disse me entregando a garrafa e um cartão.


No momento em que ia me desculpar, um estalo indicou que ele aparatara e sumira do vestiário. E uma voz aguda e esganiçada encheu a escuridão em que eu estava, misturada a isso veio os gritos do faxineiro Wilker me xingando por continuar ali.


Olhei para a garrafa, do rótulo vinha a tão famigerada melodia, e no meio do símbolo da Cerveja Amanteigada estava um morcego de tamanho semelhante a um buldogue, sua boca se abria e ecoava pelo vestiário vazio fazendo eco.


- Morcegar só com Cerveja Amanteigada – a voz de Barny me trouxe de volta e ao olhar o cartão li o nome Lynch, Rudolph em nome dos BallyCastle Bats. Imediatamente o ódio de ter atacado o homem me invadiu. Recebi o convite de um time de Quadribol famoso e talvez estragara tudo.  


Atravessei por Wilker rapidamente só para vê-lo se virar e me amaldiçoar os calcanhares sem muito sucesso, e joguei-lhe a garrafa de cerveja como compensamento.


- Fica na boa Wilker - esqueci que os reflexos do velho Wilker já não eram como antigamente, a garrafa lhe acertou o rosto e ele caiu em câmera lenta no chão, a garrafa se espatifando. Molhando a roupa dele completamente.


Só foram descobrir ele na manhã seguinte com um galo na cabeça e um cheiro de cerveja nas roupas e deduziram que havia caído de tanto beber. Pobre Wilker.


Continuei em direção a velha lanchonete da senhora adorável e sentando numa das mesas do fundo pedi minhas costumeira torta de limão, com um sorriso no rosto a garçonete saiu e voltou momentos depois com o mesmo sorriso e a suculenta torta.


Agradeci com um sorriso, o que a fazia abrir um outro ainda maior, depois disso se afastou indo atender as outras mesas. Era uma moça muito linda e atraente. Sempre ficava naquele banco, por descrição havia feito uma assinatura aparatada do profeta diário, que recebia toda sexta feira.


Como era freqüentador dessa lanchonete da adorável senhora, pedira para me enviarem ás nove e cinqüenta, um horário de movimento no lugar e por isso coisas passavam, despercebidas. Olhei no relógio e era exatamente três segundos para a hora marcada. Tirando os olhos do meu relógio após ouvir o estalinho, lá estava meu jornal com noticias saídas do forno como diziam os trouxas. 


Peguei o jornal e o destrinchei pulando toda a primeira parte e partindo direto para a parte de esportes mágicos por Melanie Trovosky e cacei sobre os jogos de Quadribol. Lá estava ela, numa nota bem pequena comprimida num canto por uma enorme matéria que não dei atenção de imediato. Disse em voz baixa, “Deixe-me ler esse pedaço, por favor”, imediatamente a enorme matéria encolheu a sua parte de baixo e deixou a matéria sobre meu jogo se esticar um pouco.


Lá estava as notas que a critica deu para o jogo, e como se já soubesse nenhum de meus colegas havia recebido nota superior a 3,786. Corri meus olhos para mais baixo na coluna procurando meu nome e para minha total surpresa li, “Apesar de ser prejudicado pela equipe o jogador irregular Jhon Mafing recebe por sua garra e ineficiência de arrumar um outro time que possa usar suas qualidades 6,589.”


Pode ser que eles exageraram nas menções irregular e a minha ineficiência em arrumar um time, mas fora isso Melanie havia sido gentil comigo. Levei os olhos em direção ao cartão onde estava o escudo do time com um morcego vermelho estampado sobre o fundo preto e as letras prata brilhante. Não havia endereço, fiz como minha velha e querida mãe fazia quando recebia cartões mágicos. Peguei minha varinha, olhando envolta para ver se não era alvo de algum olho curioso, pra minha sorte não havia ninguém preocupado comigo.


Toquei de leve com a varinha e o cartão se apagou para meu total desespero, que exclamei um palavrão chamando, com toda a razão, a atenção de meia lanchonete. Dei um sorriso amarelo e sem graça como resposta e pedi desculpas, bati com o cartão na mesa e deixei minha cabeça ir para outros lugares.


Peguei o jornal de volta e vi que a noticia maior estava afogando a matéria sobre meu time. Já ia brigar com ela quando vi o titulo da matéria a colei meu rosto nele.


“Morte nos Bats. Apanhador é encontrado em sua casa enforcado com uma simples corda trouxa, as tentativas de trazê-lo de volta foram inúteis”.


“Treinador e atual sócio majoritário do time BallyCastle Bats, Rudolph Lynch, disse que o incidente foi lamentável, mas que o time está se recompondo e que irá achar um substituto a altura para Julius Stromword. Saiba mais um pouco sobre quem foi Julius Stromword abaixo por Debite Gillywid.”


Fiquei totalmente estupefato, como fiquei ao saber que Voce-Sabe-Quem caiu, era um misto na época de alegria e espanto, dessa vez foi apenas o espanto. Pelas barbas de Merlin, o que faria um jogador do Bats, que ganha muito melhor do que todo meu time junto se matar e ainda mais enforcado. Fechei meu jornal e vi que o cartão ainda estava na mesa, só que estava diferente. Havia uma linha escrita em um verde vivo, igual a da roupa de Lynch, que piscava.


Estava escrito, Sua hora marcada com o senhor Lynch é as Dez horas e vinte minutos de hoje, no BatsCenter. Soltei uma risada alta e pela segunda vez, dessa um pouco mais constrangedor do que a outra, a lanchonete me lançou olhares de total desprezo. Vi que era hora de me retirar, abocanhei a torta de uma vez só, joguei uma nota de cinco libras trouxa na mesa e saí com meu jornal debaixo do braço.


Ao tentar abrir a porta, vi que estava emperrada e ao dar um empurrão descobri o porque, uma pessoa forçava a porta para dentro e com meu empurrão ela se desequilibrou e voou a escadinha da lanchonete da adorável senhora e caiu sentada no chão. Não poderia ser uma noite mais constrangedora para mim, saindo com a cara rubra de vergonha ajudei a pessoa se levantar, percebendo depois que se tratava de uma mulher.


Ela me olhou com uma cara de profunda afeição, mas que logo sumiu e deu lugar a uma cara de assombro que me fez ficar assustado.


- Você é um deles – ela disse misteriosamente, ela usava óculos, e um cachecol rosado que combinava com suas bochechas.


- Não entendi – minha voz saiu com uma apreensão sem limites, minha mão coçava no bolso, com uma vontade de lhe fazer um feitiço de memória e aparatar dali. Mas o que ela acrescentou fez tudo ficar mais interessante.


 - Você será testado hoje – disse como se soubesse que eu ia para minha quase entrevista com Lynch, abri um sorriso e ela continuou. – Não se alegre amigo, eles estão querendo um bode expiatório, tome cuidado. Tome se precisar de ajuda.


 Ela me entregou um cartãozinho amassado, e sem me dar chance de indagar ela havia entrado na lanchonete da adorável senhora e se juntou aos amigos, me lançando um último olhar piedoso. Fiquei me perguntando o que teria feito diferença nessa minha noite se eu não havia saido da lanchonete naquele exato momento e ouvido aquelas palavras. Não fazia a menor idéia. Guardei seu cartão por pura curiosidade, não o dei importância na hora.


Caminhei pela rua sem movimento e após deixar de ver a lanchonete daquela adorável senhora, aparatei.


Num piscar de olhos me vi diante de um enorme prédio que ficava no centro da Irlanda do Norte, havia apenas o andar térreo, mas ainda assim era imenso em tamanho. Só poderia ser a famigerada Batcaverna, como era conhecida pelos fãs.

CONTINUA...

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