Parte X



And I want you in my life/ E eu quero você na minha vida


And I need you in my life / E eu necessito de você em minha vida


 


-E essa tatuagem? –Pansy respirou fundo e perguntou lançando um olhar enjoado para a mesma.


-O que tem ela?


-Você não vai removê-la? –a menina esperava que seu desespero não tivesse aparecido em seu tom de voz.


-Isso não é da sua conta.


-Você não vê que ela te faz mal?


Draco olhou para ela de cenho franzido considerando mentalmente o fato de que havia algo muito errado com a bruxa.


Como ele não percebe isso? –a menina pensou


A textura dos envelopes incomodou a pele de Pansy, a lembrando que elas continuavam ali. Então a menina suspirou pesadamente e saiu do quarto de Draco sem dizer mais nada, indo diretamente para o “seu”.


Lá chegando, Pansy finalmente tirou as cartas de dentro das vestes e as jogou em cima da cama.


A menina admirou os envelopes por um tempo e a mesma hesitação de antes apareceu somada a um sentimento de culpa. Isso era errado...


Mas desde quando ela se importava com isso?


Deixando todas as preocupações para depois, ela pegou o primeiro envelope e sentiu seu corpo ficar tenso ao ver de quem era. Hermione Granger.


Vagarosamente ela puxou a carta e começou a lê-la.


 


 Draco Malfoy,


 


Devo dizer primeiramente que ainda estou surpresa por receber uma carta sua.


Depois de tudo o que aconteceu nestes sete anos de convivência confesso que tive a sensação de que se abrisse aquela carta eu iria ser enfeitiçada ou algo assim.


Não que eu não tivesse meus motivos para pensar isso, porém acho que no final das contas, depois de Voldemort e tudo o que ele fez, ficamos todos um pouco paranóicos.


 


Estou tão feliz que tudo acabou. Finalmente me sinto em paz, sabe? Mesmo com esses grupos de resistência surgindo... bom, penso que tudo será resolvido mais facilmente.


 


Espero que o que você me disse na carta não seja apenas um plano seu, mas pelo que parece você realmente mudou. Mostrei a carta para Harry e Rony, não me odeie. Acredito que te fará se sentir melhor ao saber que eles gostaram do que leram.


 


Agradeço suas desculpas por tudo o que você fez conosco. Fomos crianças estúpidas, não? Digo nós, pois afinal todos cometemos erros... alguns mais que outros, mas o ponto é que não há razão para você se culpar pelo resto da sua vida. Tudo está bem agora e acredito que assim ficará por muito tempo.


Atenciosamente,


 


Hermione Granger.


 


Pansy olhou para o pedaço de pergaminho, enojada. Como Draco poderia ter descido tanto de nível? Se rebaixar a ponto de pedir desculpa?! Inacreditável.


A menina partiu para a próxima carta e foi pega se surpresa ao se deparar com uma caligrafia diferente.


 


Caro Draco,


 


Ouvi as notícias de que seu pai foi preso e realmente sinto muito. Você ainda deve alimentar muita raiva dele, porém no fundo sei que está sofrendo.


 


As coisas estão meio agitadas aqui por enquanto. Só dando tempo ao tempo, não é mesmo?


 


Estava lembrando da noite em que tudo acabou, digo, do final da Batalha de Hogwarts e daquele tempo que ficamos apenas olhando o céu. Hogwarts destruída, corpos de culpados e inocentes por todo lugar e ainda sim aquele parecia o único lugar onde deveríamos estar...


Você estava tão mal que eu não sabia o que fazer. E então... lembra o que você me disse? Que eu era a sua paz.


 


Dê um abraço na Sra. Malfoy por mim e se precisar saiba que estou aqui. É só me escrever.


Até mais,


 


Astoria Greengrass.


 


Por um triz ela não amassou o pergaminho.


Astoria Greengrass. A irmã de Dafne Greengrass, uma de suas melhores amigas. Ela nunca havia se dado muito bem com Astoria, entretanto. A pirralha era irritante e Pansy sabia muito bem que ela sempre fora caidinha por Malfoy. Idiota.


“...lembra o que você me disse? Que eu era a sua paz.”


Ela sofria de alucinações ou o que? Como se Draco dissesse isso para alguém.


 


Ela pegou o próximo envelope, também de Astoria.


 


Querido Draco,


 


Que bom que finalmente me escreveu. Estive preocupada com sua falta de notícias, mas está tudo bem.


Estou ainda mais feliz com o convite que me fez. Quero dizer que aceito e que espero ansiosamente por semana que vem.


Até logo,


 


Astoria Greengrass.


 


Pelo amor de Merlin! A criança nem sabia escrever um carta. E “Querido Draco”? Faça-me o favor...


Pansy bufou e soltou uma risada seca que logo sumiu ao ver que a outra carta também pertencia à irmã de Dafne.


 


Querido Draco,


 


Também posso dizer que ontem foi um dos melhores dias que eu já tive. Foi muito bom ter alguém pra conversar e eu até consegui arrancar alguns sorrisos e risadas suas.


Acho que sua mãe também aproveitou bastante, não?


Concordo plenamente com uma repetição de ontem, então me avise quando puder que checo minha disponibilidade. Brincadeira.


 


Não se irrite com Pansy Parkinson. Sei o quanto ela pode ser difícil de lidar e extremamente irritante, porém ela pareceu verdadeiramente preocupada com você. Quanto à outra parte, eu entendo. Todos pensávamos que vocês iriam se casar afinal. Não se preocupe.


Abraços,


 


Astoria.


 


Um urro de raiva ficou preso na garganta de Pansy. Quem a pirralha pensava que era para falar dela daquele jeito? Pelo que tudo indica, a irmã de Dafne funcionava como a tatuagem de Voldemort que Draco ainda sustentava em seu braço, virando o menino contra ela. Ela ia pagar por isso.


 


Acho que sua mãe também aproveitou bastante, não?


A alucinação de Astoria já havia ido longe demais. Narcisa não faria isso com ela, ela não seria capaz de traí-la daquele jeito.


 


Draco,


 


Você não sabe o quão bem e feliz eu me sinto quando no início de suas cartas eu vejo escrito “Minha Paz” como saudação.


Desculpe não ter ficado muito ontem, mas a Dafne está me fazendo querer arrancar meus cabelos. Não é à toa que ela se dá bem com Parkinson.


Nos vemos amanhã novamente?


Beijos,


 


Astoria.


 


Já sem paciência alguma pegou o último envelope.


 


Draco,


 


Como eu posso me desculpar pelo sumiço? O que está acontecendo sãos mesmos problemas de meus pais com Dafne, que continua agindo naquele jeitinho inapropriado dela...


Mas uma coisa que posso te garantir é que eu sinto mais saudades, ok?


Entro em contato em breve.


Também te adoro muito,


 


Astoria.


 


Pansy que já estava andando de um lado para outro pelo cômodo, agora parara e encarava furiosamente as cartas controlando uma força interna que queria queimar aqueles pergaminhos.


Sua cabeça rodava e ela suava frio. Além disso, essa última carta lhe trouxe uma sensação imensa de enjôo.


Estava quase na hora do almoço e ela tinha que falar com Narcisa sobre isso, até porque pelo que leu ela também estava envolvida nesse... complô.


Ela juntou as cartas raivosamente e marchou pesadamente para fora do quarto, mas chegando perto da sala de visitas onde provavelmente Narcisa estaria, ouviu um conjunto de vozes animadas.


-Me desculpe pelo sumiço, mas meus pais e minha irmã não estão se dando muito bem. –uma voz feminina dizia.


-Oh querida! Está tudo bem? –Narcisa preocupou-se.


-Agora está, obrigada Sra. Malfoy.


-Pode me chamar de Narcisa.


Pansy se aproximou de ponta de pé até conseguir avistar o cômodo.


A Sra. Malfoy foi a primeira que ela conseguiu ver e conversava animadamente com a convidada.


Astoria Greengrass. Lá estava ela. Uma menina de cabelos castanho-escuro, um pouco magricela e bem sem-graça.


Poucos segundos depois Draco Malfoy apareceu na sala e se Pansy não estivesse ali, atrás da parede bisbilhotando, ela nunca acreditaria no que aconteceu.


Sabem a expressão “mudou da água para o vinho”? Quando Pansy chegou aqui, a primeira coisa que a menina notou em Malfoy foi sua aparência. Sua face mostrava uma expressão atormentada e triste e estava assim todas as vezes que eles se viam. Mas não agora. Quando Draco percebeu quem havia chegado, um sorriso que ela nunca, nesses sete anos de Hogwarts, havia visto. Seus olhos apresentavam um brilho intenso e ele praticamente correu até onde a morena estava sentada. Depois disso ele... a abraçou.


Era como se Pansy estivesse assistindo a um de seus sonhos, excetuando o fato que a personagem abraçada estava errada. O louro envolveu Astoria com seus braços, apertando-a levemente. Pansy podia sentir o calor daquele toque até de onde estava.


Quando Pansy pensou que não podia ter algo pior para se ver e maneira pior de se sentir, Draco encostou seus lábios no da menina onde permaneceram um breve período, mas o suficiente para um furacão nascer dentro de Pansy.


A bruxa simplesmente não conseguia tirar os olhos da cena, por mais que seu coração doesse. Ela não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Não era pra ser assim. Ela deveria estar ali rindo, envergonhada porque Draco a beijou na frente de Narcisa.


Porém a única vergonha que conseguia sentir era pelo fato de ela ter sido feito de boba, por ter sido usada por sete anos e principalmente por ter deixado, por ter desejado.


Como das outras vezes, tal sentimento veio acompanhado da raiva e Pansy se encontrava sendo cercada por ela agora e a menina não percebia o quão perto estava de pegar a varinha em suas vestes e amaldiçoar todos daquela sala. Inclusive Narcisa, que acabou sendo uma grande vaca traidora.


-Espero que não tenha problema eu ter vindo sem avisar. –Astoria disse ainda envergonhada.


-Sem problema algum. –Draco disse colocando uma mecha do cabelo da menina atrás de sua orelha. –Chegou bem na hora do almoço.


-Falando nele, vou falar com os elfos e conferir se tudo está nos seus conformes. –Narcisa anunciou.


A mulher começou a andar na direção onde Pansy estava e levou um susto ao ver a menina ali.


-Pansy, filha? O que está fazendo aí?


A bruxa não sabia se agia como se nada estivesse acontecendo, se gritava ou começava a chorar. Ela então pegou as cartas que havia guardado novamente dentro de suas vestes e as esticou na direção de Narcisa que pegou a menina pelo punho levando-a mais um pouco pra longe.


-Você achou! O que dizem?


Pansy usou toda sua força de vontade para não azará-la e disse:


-Nada demais.


-Está tudo bem, filha?


-Pare de me chamar assim! –a menina disse com um tom de voz ainda baixo.


-Pansy! O que...? –entendimento se mostrou no rosto de Narcisa. –Oh, Astoria. Desculpe amor, não pude controlar. –A mulher disse tristemente.


Pansy bufou e lhe deu um sorriso debochado e com passos pesados andou de volta para a sala onde estavam Greengrass e Draco. Desta vez, porém ela não ficou observando.


 


-Ora, ora, Astoria Greengrass. Quanto tempo, não é mesmo? –Pansy disse andando decididamente em sua direção com a voz debochada.


Astoria, pega de surpresa, olhou para Draco de olhos um pouco arregalados e abriu a boca para falar algo, mas nada saiu.


-Como está Dafne? –a morena disse parada diante de Astoria e Draco que continuavam sentados no sofá. Draco havia apoiado sua cabeça em suas mãos.


-Er... bem.


-Oh, que ótimo! Mande um beijo para ela, ok?


Astoria assentiu com a cabeça.


-Acho que Draco te avisou que eu estava aqui... –Pansy provocou.


-Ele... ele não...


-Oh! Não acredito! –Pansy colocou uma mão na boca fingindo surpresa. –Como assim você não falou nada, Draco querido?


-Não me chame assim. –O louro disse friamente.


-Não precisa ficar envergonhado, Draco. Essas coisas são normais entre casais. –A bruxa chegou mais perto de Draco e tentou abraçá-lo, porém foi repelida.


-Casal? O que isso quer dizer? –Astoria perguntou para os dois.


Narcisa observava a cena do canto da sala sem saber muito o que dizer e nem o que fazer.


-Não dê ouvidos à ela. –Draco disse e começou a puxar Astoria para longe de Pansy como se a menina estivesse com algo contagioso. Isso a enfureceu ainda mais.


-Significa exatamente o que você está pensando, queridinha. Eu e Draco. Fico surpresa por você não saber. Toda Hogwarts sabe.


-Cala a boca Parkinson! –o menino soltara o braço de Astoria e agora estava frente a frente com Pansy lhe dando um olhar ameaçador.


-Vejo que estamos nervosos! –A menina disse e depois se dirigindo a outra bruxa falou:


-Eu já estou aqui há umas três semanas! Como ele não te contou isso pelas cartas idiotas que vocês estão trocando?


Pansy se calou imediatamente percebendo o grande erro que cometera.


-Como... como você sabe? –Draco perguntou visivelmente nervoso.


-Do que? –a menina tentou se fazer de desentendida.


-Foi minha culpa. – Narcisa finalmente falou e os três pares de olhos se viraram para ela. –Eu pedi Pansy para ver com quem você estava trocando cartas.


Vaca. –Pansy pensou. Ela poderia muito bem ter saído dessa.


-Você mexeu nas minhas coisas? –Draco praticamente ignorou o que a mãe disse.


Pansy ficou calada por uns segundos, mas não por não saber o que falar. Malfoy havia deixado Astoria mais atrás e agora seus rostos estavam separados por apenas alguns centímetros. Isso foi suficiente para lavar grande parte da ira que sentia.


A menina podia sentir a respiração de Draco acelerada e seu hálito gelado em sua direção. Mais uma vez eles estavam tão perto! Apenas um pequeno movimento e seus lábios se encostariam. Quem sabe ele não estava passando por dias difíceis antes e por isso ele não queria que Pansy tocasse nele... Isso deveria ser o que aconteceu, porque o jeito como ele beijou Astoria há poucos minutos... Era daquele jeito que suas fantasias mostravam os beijos entre eles e os toques e carícias continham o mesmo calor que ela sentiu de longe.


Mas porque ele havia beijado Astoria? Porque ele a beijara daquele jeito?


-Eu perguntei se você mexeu nas minhas coisas!


A profunda irritação de Draco acordou Pansy de seus pensamentos. O menino a encarava furiosamente e aquela máscara que estava no menino desde o dia que ela chegou, a mesma mascara que Pansy vira cair quando Astoria chegara, estava de volta em seu lugar.


-Sim. –a menina falou desafiando Draco em busca de alguma reação que não fosse aquele nada que ela sempre recebia.


-Saia. Da. Minha. Casa. –Malfoy disse vagarosamente.


 


Pansy levou suas mãos até a blusa do menino, o puxou em sua direção e encostou seus lábios nos dele. Por ter pego o rapaz de surpresa, o mesmo não conseguiu impedir a tempo.


A menina pode sentir um resquício do tal calor que antes quase palpável, emanava pela sala lhe causando inveja. Ela tentou continuar o beijo, entretanto Draco se deu conta do que estava acontecendo e Pansy sentiu os lábios agora gélidos de Malfoy se afastarem, deixando um ponto invernoso em sua boca.


-Você perdeu a cabeça?! Nunca mais encoste essa sua boca nojenta em mim! –Draco disse cruelmente à Pansy.


-Draco! –Narcisa exclamou em desgosto.


Astoria olhava para os dois com a mão na boca sem ousar falar qualquer coisa.


Quando Pansy falou novamente era notável a dor que as palavras do louro a trouxeram.


-Por que você mudou desse jeito Draco? –Ela respirou fundo. -Até com sangues-ruins você troca cartas agora!


O menino, se é que era possível, deixou sua irritação transparecer ainda mais.


-Não a chame desse jeito. –Draco falou furiosamente e Pansy chocou-se.


-Você ouviu o que acabou de dizer?


O rapaz de uma risada sem humor.


-Eles salvaram minha vida, droga!


-Então é disso que se trata? –a menina bufou. –Aquele trio de patetas salvou você e agora a paz e amor reinam? Isso é a maior estupidez que eu já ouvi! E o que eu tenho a ver com isso afinal?


-Você teve a coragem de tentar entregar Potter! –Draco disparou e Pansy riu.


-Se aqueles três idiotas não tivessem te ajudado você compartilharia da mesma opinião!


-Eu NÃO sou o mesmo Malfoy de antes! Porque é tão difícil de entrar nessa sua cabeça de verme?


-Me explica porque você está tentando tão desesperadamente me machucar Draco! Eu só estou pedindo o que você deveria ter me dado há muito tempo!


Draco a encarava incredulamente.


-Amor, Draco! Você por acaso sabe o que é isso?


O menino riu um pouco.


-Você só pode ter sido enfeitiçada ou algo assim. Quer companhia ao St. Mungus?


Ao contrário de gritar com ele, novamente aconteceu. Pansy se aproximou do menino e suas mãos iam novamente na busca da pele de Draco, na busca de correspondência e o menino a segurou fortemente pelos punhos.


-Não tente mais encostar em mim. –ele foi dizendo calmamente. –Eu quero que você vá embora. Agora. Eu não te amo e nunca te amei e você sabe disso. A única coisa que eu sinto é... desprezo.


Tentando ignorar a forma crucificante de seu coração batendo Pansy falou:


-É essa tatuagem!


-O que? – o menino perguntou sem entender.


-Essa tatuagem maldita em seu braço. A marca de Voldemort está fazendo isso com a gente!


Draco mais uma vez riu e quando Pansy tentou falar o menino a cortou.


-Você me lembra aquele Draco irresponsável e imaturo que eu era, aquele que cometeu tantos erros, um atrás do outro e Pansy... eu o odeio... e eu te odeio por isso.


Apesar de todos os sentimentos negativos que tentavam controlá-la naquele momento, Pansy o olhou nos olhos. Ela tinha que convencê-lo que aquilo estava errado.


-Me abraça Draco! Por favor! Mas não do jeito que você tentava me dizer que era a forma certa... do jeito que você fez com ela. –ela disse sem desviar do rosto do rapaz que matinha o cenho franzido e uma expressão de nojo na cara. –Eu preciso te sentir verdadeiramente! Eu preciso de você! –a menina repetiu o que havia dito em uma situação anterior.


-Eu não posso fazer isso. –Draco deu um sorriso que misturava deboche e irritação e respondendo a pergunta que saltava dos olhos de Pansy falou:


-Porque você nunca foi e nunca será capaz de despertar em mim o que ela desperta, Pansy.


Aquela basicamente foi a gota d’água. Apesar do fato de que aquelas palavras não eram as mais duras e cruéis que ele lançara para Pansy desde que a menina chegou, eles tiveram o poder de fazer a bruxa acordar de certa forma.


Sendo ou não aquela tatuagem responsável por tudo o que estava acontecendo, toda a mudança que ele sofrera, não parecia haver mais solução.


Pansy finalmente havia cansado de lutar por algo, que ficou mais claro que água, que não aconteceria. Ela finalmente havia cansado de oferecer tudo o que ela tinha em troco de dor. Ela tentou e perdeu todo tempo que tentou algo e fato era que Draco Malfoy pouco ligava se ela estava bem ou não, se ela sofria, se ela queria tê-lo e senti-lo. Draco Malfoy nunca se sentiu da mesma forma.


O silêncio permaneceu, cruel, durante alguns minutos até que Pansy se retirou da sala com um chamado piedoso de Narcisa pelo seu nome.


Ela se dirigiu até o quarto de hóspede cega por lágrimas que tentavam escapulir, pegou sua varinha e com um movimento sem muita vontade, suas coisas começaram a se arrumar em sua mala. Quando a mesma estava pronta, Pansy a encarou. E uma pequena ponta de hesitação apareceu quando a menina se deu conta de que muito provavelmente esta fora a última vez que ela olharia para aquelas paredes. E mesmo vencendo essa indecisão, a bruxa não podia deixar de se perguntar o porquê. Por que Draco não conseguia enxergar em Pansy o que via em Astoria? Por que essa menina existia afinal das contas?


Seu questionário raivoso se calou quando Narcisa entrou pelo quarto.


-Pansy, me desculpe. Eu... eu realmente não pude controlar o fato de que Draco está gostando dela.


-E ainda sim você me trouxe aqui. –a menina disse ainda encarando sua mala. –Foi o que? Um plano de vocês dois para me fazer sofrer? Tenho que parabenizá-los então pois o trabalho definitivamente foi bem feito.


-Pansy eu não...


-Sabe de uma coisa? –a bruxa finalmente olhou para Narcisa e mesmo com uma vontade enorme de azará-la, conseguiu se controlar e apenas dizer:


-Não importa mais.


-Mas filha...


-Narcisa, siga o conselho de seu filho e não me chame mais assim. –Pansy tinha um tom rude.


-Mas eles ainda podem terminar! Você não pode desistir agora!


-Você acha mesmo que eu vou parar de gostar de Draco de uma hora pra outra? –a garota riu sem humor. –Mas o fato é que eu já devia ter desistido a muito tempo atrás.


Pansy pegou sua mala sem querer falar mais nada e Narcisa o mesmo fez. Ela saiu do quarto, ao contrário do que esperava, sentindo-se um pouco leve por ter dito aquilo em voz alta.


Ela deixou a Mansão dos Malfoy, entretanto parou no caminho para o grande portão de ferro. Dali, ela tinha uma visão da sala de visitas. E lá estavam os dois. Draco e Astoria estavam sentados no sofá conversando, mas mais que isso, o louro mantinha uma mão no ombro da menina, lhe fazendo carícias enquanto riam de alguma coisa. Provavelmente dela.


Ela voltou a seguir seu caminho, mas sem antes dar uma última olhada na cena na qual deveria estar e não Astoria. No que deveria ser a sua fantasia se tornando real.


/FIM


Gostou? Não gostou? Comenta aí vaí?


E deêm uma olhada nas outras fics :)


:*

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