Ninguém é Completamente Feliz



Ninguém é Completamente Feliz


 Como ele pode ter feito isso comigo? Eu estava fervilhando de raiva em frente ao três vassouras. Tinha acabado de sair da Toca, com os pensamentos a mil. Remo já tinha partido há horas para o ‘’covil’’ dos lobisomens, e nem me avisou, nem se despediu, provavelmente nem pensou em mim. ‘’Tire esses pensamentos da cabeça Ninfadora’’ falou uma voz em minha cabeça bem parecida com a da minha mãe.


 Minha vida estava virando um xadrez de bruxo. Tinha que me concentrar bastante no jogo, nesse caso a minha vida, para poder dar o xeque-mate. Remo me afastou dele mesmo, dizendo que era velho, era pobre e muito perigoso.


– Ora, ora, ora. – falou uma voz em tom de deboche. Virei-me e me deparei com nada mais nada menos do que Severo Snape, o rei do deboche e ironia em pessoa.


– Olá Severo. – falei no meu tom mais frio possível.


– Onde está o nosso querido Lupin? Brincando de lobo?– falou em tom provocativo. Tenho que admitir que Severo tinha o dom de me irritar.


Não falei nada e nem assenti. Na verdade eu não tinha que dar satisfação para aquele homem. Caminhei em direção a porta do Três Vassouras, mais como Severo Snape tinha a fama de persistente não me surpreendi quando senti uma mão no meu pulso. Ele entrou no Três Vassouras segurando o meu pulso e me sentou em uma cadeira bem afastada do resto das outras pessoas. Quando dei por mim percebi que a mesa que estávamos era a mesa favorita de Remo, a mesa em que ele sempre se encaminhava. Isso fez meu coração apertar.


– O que você quer Severo?– perguntei. Passou certo tempo até ele responder. Calculista, pensei.


– Na verdade, cara Ninfadora, eu te trouxe para esse pub por que você está praticamente se desfazendo em lagrimas.


 Foi quando percebi que estava chorando. Lagrimas e mais lagrimas borravam minha visão. Não conseguia evitar, era como se nos últimos tempos eu tivesse virado uma mangueira humana. Chorava com uma facilidade incrível. A parte racional da minha cabeça estava atenta ao olhar de Severo, ele provavelmente estava pensando que eu era uma menininha tola que chorava por tudo, a parte irracional dizia que eu tinha que me acabar nesse pub e ficar bem bêbada.


Severo fez um aceno estranho e chamou madame Rosmerta. A mulher se encaminhou até a nossa mesa e Severo pediu uma dose de uísque de fogo e me olhou com as sobrancelhas erguidas.


– Uma cerveja amanteigada, por favor.


Pelo olhar que Severo me deu ele esperava que eu pedisse um uísque de fogo e fizesse um showzinho de bêbada.


– Por que esse olhar Severo?


– Que olhar? Esse?– ele fez novamente o olhar e eu dei um sorriso.


– Esse mesmo. – falei batendo palmas


– Bem, pelo seu estado eu esperava que você pedisse uma bebida forte e começasse a chorar de novamente.  – Severo falou em tom de tédio.


 Eu não respondi, fiquei com medo de sem querer começar a confessar a Severo Snape as minhas tragédias amorosas. Pensei na rejeição de Remo e isso fez a cicatriz do meu coração começar a sangrar novamente. Eu fazia tudo errado. Não matei Belatriz Lestrange no dia do incidente no Ministério, beijava um homem que aparentemente não me queria, e estava a ponto de confessar minha vida injusta a Severo.


– Sei que não sou conselheiro, nem psicólogo, mais se você quiser Ninfadora, eu posso te ouvir. – Severo Snape me acordou dos meus devaneios. Sua voz não estava carregada de sarcasmo e nem de ironia, sua voz estava transparente como de um amigo. Isso me estimulou a falar.


– Minha vida está um caos! Não consigo dormir direito, não consigo vingar meu primo, não consigo ser feliz...


Severo me observou atentamente tomando um gole do seu uísque de fogo. Depois de um longo tempo ele falou.


– Primeiro: pesadelos sempre nos acompanham. Segundo: você não vai conseguir nada vingando Black, a não ser a morte, com a fama de Lestrange... Terceiro: ninguém é completamente feliz.


 Pensei no que ele tinha acabado de falar, e compreendi que tudo aquilo era a mais pura verdade. Quando vi já tinha acabado tomar a minha cerveja amanteigada, rapidamente pedi outra. Com uma rapidez impressionante Severo já estava no seu terceiro uísque de fogo. Logo depois mantemos uma conversa normal, sem vestígios de tristeza e lagrimas.  Severo Snape conseguia conversar normalmente, tenho que admitir que as vezes a conversa vinha acompanhada com um toque de ironia, e uma pitada de sarcasmo. Mais não me importava, pelo menos eu tinha um ‘’amigo’’ para conversar. Logo descobri que Severo era uma caixinha de surpresa.


– Severo?– perguntei meio zonza. Aquela cerveja amanteigada não estava me fazendo bem.


Ele levantou a sobrancelha.


– Você já teve amigos de verdade?– perguntei um pouco mais séria do que o normal. Afinal aquela era uma pergunta intima.


Ele me olhou questionador, e eu acho que pensou bem antes de responder.


– Por que você quer saber disso?


– Bem, porque eu quero saciar a minha curiosidade, e também por que eu não tenho mais assunto...


Severo me interrompeu começando a rir. Uma risada tão contagiante que me senti envolvida, e comecei a rir também. Logo depois de toda aquela risada que por pouco não chamamos a atenção do pub todo.


– Eu sou normal Ninfadora, então... é claro que eu tenho amigos.


Digeri aquela informação e tomei um gole da minha cerveja amanteigada. Bem no ato eu vi a porta do pub se abrir. Snape estava tagarelando mais do que o normal. Efeito do uísque com certeza. E não viu quem tinha acabado de entrar.


– Não acredito... – falei assustada.


–Pois é, pode acreditar. - falou Severo. Provavelmente pensando que eu estava escutando a sua tagarelice de bêbado.


Como eu estava um pouco sóbria percebi que quem entrou no pub era nada mais nada, nada menos do que...


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