Capítulo IV





Fui obrigada a ouvir Lily dizendo que eu não sei me divertir pela milionésima vez enquanto estava sentada curtindo minha tequila com limão.


Revirei os olhos e virei o copo, piscando forte para depois me levantar. Tive a leve impressão de que iria cair, mas antes que eu realmente pudesse ver se ia ou não um par de braços já havia me segurado e me mantido firme no chão.


Não precisei olhar para saber quem era.


- Sirius, você não cansa de me importunar, não? – perguntei, tentando me manter em pé. Esse era o efeito da tequila, mas passava daqui a uns dez minutos.


Eu espero.


Já haviam passado duas horas de festa e até então ninguém tinha perdido nenhum membro ou caído em coma em algum lugar.


De tempos em tempos eu passava para dar uma olhada em onde as pessoas estavam e com quem elas estavam, só para garantir.


Claro que depois que eu me sentei no bar para beber, eu parei de checar.


Tudo isso para não ouvir Lily passando por mim e dizendo toda vez que eu não sei me divertir e tentando me empurrar para Sirius, que continuava me perseguindo.


Eles formam uma dupla e tanto.


- Eu só estou cuidando de você – ele respondeu, ainda me segurando. De fato, ele era uma ajuda e tanto para o meu equilíbrio, no momento.


Físico, só físico. Psicológico? Nunca.


Me virei para encarar aqueles grandes olhos azuis e fiquei surpresa ao constatar que ele estava sóbrio – mais sóbrio do que eu.


Ele curvou a sobrancelha, interessado. Estreitei os olhos, me virei e saí andando. No meu perfeito equilíbrio temporário pós-tequila e fui para pista de dança, onde Lily ria como uma criança e me chamava com a mão.


- Quem é vivo sempre aparece! – ela disse, e depois riu. Me obriguei a revirar os olhos diante desta peça ruiva.


- Claro, invadiram meu território – eu fiz uma careta, entrando no ritmo da dança e acompanhando Lily. Por algum motivo de força maior, eu só conseguia dançar se alguém estivesse do meu lado E conversando comigo.


O que é uma mania muito retardada, por sinal.


- Você devia dar uma chance para o Sirius, sabe? – ela disse, amarrando os cabelos em um coque improvisado – ele parece realmente apaixonado.


Fitei-a por um instante. Ela retrucou o olhar, encabulada.


- O que foi?


-Estou tentando fazer um diagnóstico in vivo do seu nível de álcool sanguíneo – balancei a cabeça, ao constatar que ela não tinha bebido tanto assim.


Não a ponto de fazer com que ela fale coisas sem pensar, pelo menos.


- Não seja boba – ela piscou – eu falo isso bêbada ou não, porque sei que é verdade.


- Todas nós sabemos que Sirius Black quer casar. – eu disse, irônica. No dia que Sirius Black quiser casar, vai – no mínimo – chover canivete.


- Não diga bobeiras, ele mudou.


- A carcaça muda, a essência é a mesma.


- Como você tem coragem de chamar aquilo de carcaça? – ela disse e eu me limitei a olhá-la, assustada. O que foi isso?


Ok, eu sabia que todo mundo achava o Black bonito.


Mas não tanto.


Até as noivas? O Sirius é quem? O Dorian Gray1?


- O que foi? Não me faça essa cara – contorceu seu rosto numa careta – você sabe muito bem como ele é bonito e o efeito que tem nas pessoas.


- Mas você é noiva! – eu exclamei, olhando para os lados, averiguando se Sirius estava por ali. A última coisa que eu queria fazer era inflar o ego dele.


Mais.


- E daí? – ela deu os ombros – isso nunca me impediu de admirar a criação divina, impediu? – e riu.


Não pude deixar de rir com ela. Não mesmo. A Lílian que eu conhecia mesmo parecendo uma boba apaixonada junto de James sempre se unira a mim para admirar as criações divinas que circulavam por ai, dando sopa.


Mas minha parceira oficial sempre fora Emmeline, do grupo das Single Ladies.


- Não vou falar nada – eu ri. – Onde está Emmeline?


- Nem te conto – a ruiva disse, apontando com a cabeça para um banheiro dos funcionários.


Fala sério, qual é o problema desse povo com banheiros?


Avistei num canto Remus e Dorcas, que conversavam animadamente. Assim que me pegou olhando, Remus sorriu e pediu para que eu aproximasse, deixando facilmente legível em seus lábios as palavras ‘Vem cá’.


- Bom proveito, ruiva. Vá dançar com seu marido que eu estou saindo – eu disse, mandando um beijo e me afastando.


Desviei das pessoas que dançavam espaçosamente e fui até o sofá onde os dois estavam. Remus abriu espaço ao seu lado para que eu sentasse.


Começamos a conversar – os três – e mesmo eu odiando ficar velando relações eu mal percebi que estava interrompendo algo ou incomodando alguém.


Depois de algum tempo conversando, Emmeline apareceu para nós. Sua cabeleira loira estava totalmente bagunçada e ela apresentava um sorriso bobo no rosto, andando e dançando ao mesmo tempo, entrando no compasso da música.


- Duas palavras para vocês – ela fez, mostrando os dois dedos. Eu podia ver que ela estava claramente bêbada, já que isso nunca foi muito educado. – Dançar, e dançar. Agora vem – ela puxou Dorcas.


Dorcas me olhou como quem diz ‘me ajuda’ e eu neguei com a cabeça. Nem pensar, ia sobrar pra mim.


Ri dela enquanto se afastava com uma careta no rosto, mas com a expressão claramente divertida.


Voltei a conversar com Remus. Adorava conversar com ele, porque ele era extremamente observador e sociável, então ele conseguia decifrar a personalidade das pessoas com muita facilidade.


Não sei por quanto tempo ficamos ali falando mal de todo mundo, mas quando eu parei para reparar já eram aproximadamente... Cinco da manhã?!


Eu realmente havia perdido a noção do tempo entre Sirius/Ver se tava todo mundo vivo/Sirius/Tequila/Sirius/Lílian/Remus&Dorcas/Remus.


- Remus, vou começar a chamar o pessoal para ir embora, ok? – eu disse, me levantando e ajustando a barra do vestido. – Quem você for vendo, vai pedindo para ir lá pra fora esperar, ok? A van já deve estar lá.


- Ok – ele se levantou também – eu vou ficar na van, quem eu encontrar no caminho eu vou.


E foi tomando o caminho da saída, enquanto eu ia procurar as pessoas. Passava pela multidão de gente dançado junto procurando os rostos conhecidos, subindo em cadeiras para ver melhor. Fui chamando as pessoas, uma por uma, até chegar a Sirius.


Que por um acaso, estava sumido desde a hora da pista de dança.


Ok, é impressão minha ou ele só aparece quando é conveniente? Como assim na hora de ir embora ele não está aqui?


Ah, eu devia imaginar que ia sobrar pra mim. Disquei o número do Remus no meu celular e enquanto a ligação chamava eu vasculhava pela pub, em busca da cruz que eu carrego.


- Alô? – ele disse, atendendo no primeiro toque.


- Remus, o Sirius sumiu. Ele está por aí? – perguntei, entrando no banheiro masculino e chamando por ele. Nada.


Um cara entrou no banheiro e ao me ver lá dentro voltou devagar, de costas. Eu até riria, se não estivesse com pressa.


- Não está. Como ele sumiu assim? Ele estava colado em você – ele disse. O que era pura verdade, até ele fazer a bondade de sumir.


- Para você ver a minha sorte – eu resmunguei, olhando na parte da varanda. – Remus, tenho que ir. Beijo. – e desliguei.


Cinco e meia, já. Se eu não corresse iria ficar para trás. Justo eu, que impliquei com o horário de cada pessoa que estava aqui sob minha responsabilidade [?].


Bufei e desci as escadas. Eu não iria procurá-lo mais, iria para a van e depois ele que conseguisse um ônibus para ir embora.


Mas eu como eu digo, ele sempre faz a bondade de aparecer nas horas mais inconvenientes.


Na maioria das vezes quase me provocando um ataque cardíaco, é claro.


Ao descer as escadas fui puxada bruscamente para esquerda e acabei sendo cercada em uma parede. Eu estava prestes a bater no indivíduo, quando percebi que era Sirius.


Não que minha vontade de bater nele tenha parado, mas eu tinha mais coisas com o que me preocupar naquele momento.


Como uma Van me esperando e que não hesitaria em me deixar para trás.


Cinco e trinta e seis.


- Sirius! – eu disse, tentando conter a minha raiva – estou te procurando a muito tempo. A van vai...


Então ele me calou com que eu achei ser o artifício mais surpreendente que ele possuía. Ele me beijara, ali num canto de uma boate, no meio da poluição sonora.


Tentei me livrar dele, eu não sou mais a lenda mas não consegui. Como eu já disse nas minhas encurraladas [?] anteriores, ele é bem mais forte que eu.


É impressão minha ou isso ocorre com uma freqüência incrivelmente desagradável?


- Si... – eu tentei dizer, mas ele me interrompia. Não era muito fácil não corresponde-lo, mas eu tentei com toda minha bravura de feminista-indomável.


O problema é que realmente não dá.


Não sei quanto tempo eu esperei para corresponder o beijo dele. Mordi seu lábio inferior e pude sentir o sorriso formando em seus lábios, enquanto ele passava suas mãos pela minha cintura e me levava para algum lugar, longe do barulho.


Estávamos provavelmente na varanda agora e eu ainda não tinha sequer aberto os olhos.


O que eu disse sobre como ele consegue conquistar as pessoas sem usar as palavras?


Me dei conta do que estava fazendo antes de perder o juízo, abri os olhos e me esgueirei para fugir de seu abraço.


Ele me encarou, com aqueles olhos azuis enormes como quem diz ‘o que aconteceu’ e eu me limitei a olhar para o relógio.


Seis horas! Desde quando eu fiquei tanto tempo com Sirius?


Ah, maldita noção de tempo!


- A van foi embora! – eu disse, praticamente gritando, revistando meus bolsos a procura do meu celular.



16 ligações perdidas
Remmie


Eu não acreditei quando olhei no visor e percebi as ligações de Remus. Droga, agora ele já estaria muito longe e a van não iria voltar nem por reza.


Eu devia ter guardado o dinheiro da Héstia/Edgar para pagar o motorista para vir me buscar.


Sirius deve ter percebido a cara preocupada que eu fiz pois logo já estava com uma das mãos em meu ombro espiando sobre ele, para ver o celular.


- O que? – ele disse, sussurrando no meu ouvido, me causando arrepios. Eu odiava quando ele fazia isso.


- Por culpa sua nós estamos agora fora daquela van. – eu disse, dando as costas para ele e começando a discar o número do Remus.


- Culpa minha? – ele disse. – Confesse, você estava gostando – revirei os olhos após ouvir isso.


Revirei porque eu sabia que era verdade. A pior parte era que isso era verdade mesmo. Continuei encarando o nada, com o celular no ouvido e apoiada nas grades da varanda.


- Remus? Remus? Onde a van está? – falei o mais alto que conseguia. Apesar de estar na varanda o barulho da música continuava a ser muito alto.


- LENE! O QUE ESTAVA FAZENDO? – o ouvi berrar, e o barulho atrás dele se calou, sendo seguido por perguntas como ‘onde ela está?’,  ‘aconteceu alguma coisa?’ – ACHOU O SIRIUS? VOCÊS FICARAM AI POR CAUSA DELE?


- Acalme-se, Remus. Eu vou dar um jeito, os ônibus começam a passar as nove, se não me engano. Então nós vamos...


- A van está chegando no ponto que marcamos para sair agora, então não dá para voltar. Quer que eu te busque? Eu pego meu carro e vou aí agora. Não deve ser tanto tempo enquanto eu vou sozinho... – ele disse, me interrompendo.


- Não senhor – eu resmunguei ao telefone – eu aceito sua proposta para amanhã depois do almoço, ok? Vá descansar, curta a sua ressaca e depois venha me buscar. Aqui é cheio de pousadas e vai dar para o gasto, ok? Me ligue quando estiver chegando aqui amanhã. Beijos, vá dormir.


- Teimosa. Você é quem sabe. Estarei de ligando por volta de meio dia, ok? Beijos. – e desliguei.


Voltei para encarar Sirius, que tinha um enorme sorriso no rosto. Respondi com uma careta, porque já sabia o que ele estava pensando.




- Vocês não têm mais nenhum quarto? – repliquei, a ponto de implorar. A recepcionista não desviou o olhar do computador para me responder ‘Não’.


Suspirei.


Esta era a última pousada dos arredores que não estava lotada e só tinha um quarto.


Nem preciso falar do quão inconveniente isso seria para mim, justo hoje. Justo hoje que eu precisava de um banho quente para relaxar e depois dormir e ocupar uma cama inteira de casal sozinha, eu descubro que serei obrigada a  dormir com ninguém  menos que Sirius.


Como o mundo é divino cruel.

O que me impedia de ir com ele neste momento, afinal?


Tic, TAC, tic, TAC,


Minha bússola moral?


A mesma bússola que começou a apontar para o oeste desde a hora que o Sirius me beijou e eu correspondi?


É, essa bússola.


Ah, droga. Meus pensamentos já estão sucumbindo a ele, veja! Este é o efeito Black, que pega todas desprevenidas.


Porque será que eu ainda acho que tudo foi um plano dele?


Entreguei o pagamento adiantado e peguei as chaves, pensando em como iria tomar um banho quente e relaxante enquanto aquela cruz estaria no quarto fazendo-sabe-lá-oquê.


Esta noite eu teria que dormir com um olho aberto e outro fechado.


Literalmente.




N/Chel: HÁAAAAAAAAA, capítulo quatro, own. Que tal, hein? Nem preciso falar que eu estou amando escrever esta fic, preciso? Só por ver a velocidade que eu estou postando dá para ter uma noção, né? Espero que estejam gostando e eu também queria estar no lugar da Lene, diga-se de passagem. Quisera eu, uh uh. Gostaram das capas dos capítulos? A Vanessa fez pra mim, own, ela é tão foda. Boêmios também tem capas assim, *-*, passem lá (postem o prólogo!). Anyway, já falei aqui que eu peguei o buquê da noiva? Não?
Só não saí com um Sirius correndo atrás de mim da festa [?], mas que o buquê eu peguei e aconteceu basicamente como eu descrevi aqui, ho. Então é isto, leiam a fic, comentem, peguem o buquê e rezem para um Sirius correr atrás de você. Anyway, it's that all. Beijos ♥


N/Vanessa: Lene sortuda do caramba! Vai ser sortuda assim no inferno, menina. Achei digno esse capítulo, eles se beijando e tudo mais. Gostei Chel, estou realmente apreciando minha fic. Ta perfeita!
Apesar de me lembrando totalmente Sussurro, apesar desse ser totalmente perfeito também <3 Quero ver no que vai dar esses dois num quarto de hotel. Será que só eu queria estar no lugar dela? Ahãm q Isso ai gente, não tenho mais criatividade pra isso. Quero todo mundo comentando, viu?


Beijos, Vanessa  vulga homenageada linda (?) dessa fic linda.



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