Uma varinha... (pen. cap).



...se parece com uma varinha!



Elvira se colocou bem a frente da bruxa e apontava o que acreditava ser a direção da Grã-Bretanha.


– Eu a trouxe de volta. Evoque os outros fantasmas para atacarem Londres. Beco Diagonal. Para lá! Insula Angeloris!


Zenobhia pareceu entender; levantou os braços e deu um grito agourento mais agudo que os demais fantasmas.


Quando o gritou parou Harry abriu os olhos; percebeu que não estava mais preso a areia molhada.


De vários pontos da ilha fantasmas partiam numa grande nuvem de areia. Zenobhia e Elvira haviam desaparecido; Hermione estava abraçada a Rony. Acabara de anoitecer.


– Os lobisomens estão subindo a montanha. – Rebecca anunciou a todos.


– Tem uma caverna mais a cima. Está no mapa! – disse Hermione.


– Harry olhe essas pedras! – disse Patrick. – Se movermos uma as outras despencam.


Todos ajudaram empurrar as pedras montanha a baixo. O desmoronamento atrasou a subida dos lobisomens.


Chegaram à caverna com certa dificuldade. Havia um esqueleto deitado do lado de restos de uma fogueira.


– Deve ser Doug McClure – disse Hermione – morreu sozinho nesse lugar horrível.


Rony abraçou Hermione confortando-a.


– Você está com febre! – disse Hermione colocando a mão no rosto de Rony.


– São só esses lobisomens; deixa qualquer um nervoso, não? – respondeu Rony forçando um sorriso.


– Como vamos voltar? Como vamos sair daqui? – Rebecca perguntou a Hermione.


– A única maneira que consigo pensar é numa Chave de Portal!


– Sem magia? Não há como! – disse Rebecca.


Ouviram os uivos cada vez mais próximos. Rony se virou para Harry:


– Vamos dar mais um dos nossos passeios?


– Não! – gritou Hermione percebendo a troca de olhares entre os dois. – Não pensem em se sacrificar! Eu não vou deixar!


Rony segurou Hermione.


– Isso lhe dará tempo pra pensar em como nos tirar daqui. Sei que têm uma idéia... você sempre tem! É por isso que estamos vivos até hoje.


Harry tirou a espada da cintura.


– Patrick virá nos ajudar assim que vocês pensarem em alguma coisa. Enquanto isso ele as protegerá aqui, certo?


– Venha Hermione; precisamos pensar em como sair daqui! – disse Rebecca a puxando pelo braço.


Um lobisomem entrou na caverna e Patrick o matou, mas outros estavam a caminho.


– Sabe o que é pior do que lobisomens? Garotas chorando! Pensaremos em outra coisa! – gritou para Harry e Rony.


Patrick ficou de vigia; fez um pequeno corte no braço; algumas gotas percorreram toda lamina da espada. Um lobisomem surgiu e Patrick o acertou no estomago; a criatura começou a urrar de dor quando o ferimento começou a queimar. O empurrou montanha os outros que subiam se afastaram. Harry se juntou a ele.


– Eles vão voltar. – disse nervoso.


– As garotas descobriram como fazer uma Chave do Portal? Hermione descobriu um jeito para sairmos daqui?


– Precisamos estar todos juntos para funcionar.


Uma dezena de lobisomens tornou a se reagrupar no pé da montanha.


– Se você quiser ficar...


– Não! Não! Só me diga o que tenho de fazer!


Hermione estava abraçada a Rony.


– Não durma, por favor!


– Vamos Hermione! – disse Rebecca nervosa. – Temos pouco tempo!


– A magia funciona a meia força ou menos aqui. Talvez se unirmos nossas varinhas poderemos produzir um feitiço... – Hermione disse entre soluços ao grupo.


Harry e Patrick colocaram Rony de pé.


– Ela conseguiu não é Harry? – murmurou Rony.


– Claro que sim! Você tinha alguma dúvida? Vamos! Você precisa se esforçar!


– Não sinto minha perna...


– O corte está muito feio; ele vai entrar em choque.


– Rony, olhe pra mim! – disse Hermione. – Você pode dizer uma coisa pra mim? O feitiço para ativarmos a chave do portal?


– Claro é fácil. Você estava tão bonita naquele baile...


– Precisa se concentrar e dizer ao mesmo tempo que todos nós.


– Eu te amo.


– Por que você só diz isso quando está delirando? – perguntou Hermione.


– Não se beijem agora, por favor! – disse Harry.


Colocaram as varinhas uma sobre a outra; apontaram para uma corrente de ouro que estava no pescoço de Doug McClure com a foto da mulher e o filho.


–       Ao meu sinal todos digam: Portus!  – disse Hermione.   – Um, dois, três! Agora!


–       Portus!! – gritaram todos.


A Chave do Portal do portal foi ativada.


A caverna foi invadida pelos lobisomens, mas essa imagem ficou para trás. Todos foram tragados numa confusão de imagens e sons até caírem numa praia que não conheciam. Nem tentaram adivinhar onde estavam; aparataram imediatamente para o Beco Diagonal e o encontraram completamente deserto.


–         Vamos até o Ministério e... – Patrick disse, mas Harry o interrompeu:


–         Elvira tem certeza que nos liquidou dessa vez. Vamos aproveitar essa vantagem.


–         Vejam! Fantasmas! – Rony apontou para esquina.


–         Que tal Gringotes? – sugeriu Harry. – Bunko sabe tudo que acontece.


–         Ele não nos receberá. Ele odeia bruxos e adora o caos; não dá a mínima se puder ficar junto do ouro.


–         Tem outro lugar... um lugar que seria o último que alguém pensaria que pediríamos ajuda.  – disse Harry.


Bateram na porta do o pub de Solomon Bluter. Naylon os conduziu por corredores frios. Solomon estava jantando em sua sala; fez sinal para todos se sentarem. Enquanto devorava um frango pediu educadamente que o acompanhassem na refeição.


–         Obrigado.  – Harry se esforçou para dizer.  – Precisamos cuidar do nosso amigo.


–         Harry Potter. Como negar um favor ao protagonista da melhor noite do meu humilde estabelecimento.  A menina dos elfos. É um prazer conhecê-la.


Hermione tentou sorrir.


–         Comam! Não se preocupe Sr. Potter seu amigo terá os cuidados necessários.


Todos se serviram sem muita cerimônia.


–         Estão com cara de que não comem nada que preste há dias.  – comentou Naylon observando Hermione.


–         Saia Naylon; deixe meus convidados a vontade.  – mandou Solomon.  – O que mais posso fazer por vocês?


–         Pode nos dar informações?  – perguntou Patrick.


–         Sobre a mulher acompanhada da bruxa fantasma?  – perguntou Solomon engolindo uma coxa de frango.


Enquanto comiam e recuperavam as forças Solomon os colocou a par do que Elvira fez na companhia de Zenobhia e dos outros fantasmas que evocou.


–         Fantasmas vigiam as casas. Ninguém pode sair; ninguém pode ficar sozinho. Ela está no Ministério e ameaçou evocar o Lorde das Trevas se enviassem mais Revistadores para detê-la. Seqüestrou algumas pessoas para ajudá-las: Malfoy, sua namorada Sr. Potter e a repórter bonitinha do Profeta Diário. Recolheu todas as varinhas e avisou que pretende queimá-las numa fogueira pública.


–         Como ela fez tudo isso em tão pouco tempo? – perguntou Harry surpreso.


–         Ela apareceu faz exatamente uma semana hoje.


–         Eu já esperava essa diferença de tempo. – respondeu Hermione. – Com certeza ela pensa que nos liquidou!


–         Vocês devem estar exaustos! Tenho quartos no fim do corredor; vocês podem ficar o quanto quiserem!


–         Obrigado Sr. Butler! Aceitaremos sua hospitalidade.  – disse Harry.


Alimentado, livre das dores e com Rony medicado. Harry começou a analisar claramente o que tinha acabado de ouvir de Solomon. Elvira quis Draco, Gina e a repórter por perto para provar que havia conseguido alguma coisa. Precisava deles para deixar registrada sua grandiosa vitória. Logo ela se cansaria de brincar e começaria um reino de terror de verdade. Harry chegou à conclusão que Rebecca sempre tivera razão: Elvira não passava de uma bruxa medíocre e não sabia mais do que um aluno do segundo ano de Hogwarts.


– Há fantasmas em todo lugar menos aqui... – comentou Patrick deitado no beliche ao lado de Harry.


– Naylon já deve estar com Elvira a essa hora. Contando sobre nós... – disse Harry bocejando. Foi a última coisa que se lembrou de ter dito antes de fechar os olhos. Quando tornou a abri-los não estava mais deitado no beliche e muito menos na Travessa do Tranco e sim no Ministério cercado por dois fantasmas. Elvira o encarava, o bastão firme em sua mão.


– Esses gritos fritam o cérebro não é mesmo? É o que dizem.


– Onde estão os outros? Onde está Gina? – perguntou Harry.


– Presos. Como saíram da ilha?


– Como você saiu da ilha?


– Acho que não vou poder compartilhar esse detalhe com você Harry.


– Deixe-me adivinhar... você pegou nossas varinhas.


– Ah, sim estão aqui comigo. Veja a sua.


Elvira exibia a varinha de Harry a girando entre os dedos.


– Me disseram que ela vale muito por causa de historia com o tal você - sabe... sei lá quem.


– Lorde Voldemort. Hermione não lhe contou?


– Contou, mas sinceramente não me impressionou.


– Essa não é minha varinha é a de Rony. – observou Harry.


– Tem uma etiqueta nela?


Harry não respondeu e Elvira a jogou numa pilha.


– Não interessa. A sua varinha e outras centenas formarão uma linda fogueira. Em breve não existirá mais nenhuma só a minha...


– E depois?


– Depois será a vez dos trouxas. Não entendo o motivo de vivermos escondidos. Você conviveu com trouxas por muito tempo; sabe como são limitados.


– Existe um equilíbrio entre as coisas.


– Sempre haverá quem fica por cima e quem fica esperando cair alguma da mesa... Como elfos, trouxas ou cães.


– Você ficou muito tempo esperando não é? É por isso que tem tanta raiva das pessoas?


– Não tente adivinhar Harry Potter! Você não sabe nada sobre mim, aliás, nunca passou pela sua cabeça perguntar o que eu fazia para viver em Zebediza?


– Cometi um erro.


– Um? Eu disse que você não se parecia com um herói. Heróis se colocam à frente das pessoas não só para salvá-las de monstros ou bruxos malvados! Você colocou sua vontade acima da razão, acima dos seus amigos. Por isso Rony o está abandonando! E vai levar Hermione com ele!


– Não é verdade.


– Hermione me disse! É difícil pra ela se equilibrar entre vocês e cá pra nós acho que ela prefere Rony.


– Não!


– Você sabe que sim!


– Como você pode saber como é? Nunca teve amigos!


– Quando estiveram em Zebediza não notaram que não havia crianças?


– Não, eu não notei nada... – Harry respondeu zangado.


Elvira sentou do lado dele e colocou a cabeça em seu ombro. Harry teve que se controlar para não lhe apertar o pescoço.


– Você só enxerga o que realmente quer ver. Mesmo assim somos muito parecidos. Meus pais, como seus tios, se mudaram para fugirem das corujas. Enviaram uma carta dizendo que eu seria educada em casa por parentes bruxos que nunca conheci; eu acabei perdendo minha vaga em Hogwarts. Mentiram para me manter naquela cidade... acabei sendo professora da escola secundária de Zebediza até as minas pararem de produzir. Sempre tive certeza que não pertencia aquele lugar ou a qualquer outro. Você teve essa mesma sensação não teve?


– Eu não torturei nem matei ninguém.


– Já pensou no que teria acontecido se não fosse para Hogwarts?


– Não conheceria Gina, não saberia nada sobre meus pais...


– E quem sabe onde estaria? Talvez isolado em algum lugar esperando como eu.


– Talvez...


– Então não pode afirmar que não faria qualquer coisa para sair de lá.


Elvira se levantou e beijou Harry na testa.


– Você me perguntou sobre o que vou fazer depois daqui. Tenho muitos planos; pena que você não vai acordar vivo para saber. Adeus Harry Potter. Obrigada pela varinha.


Patrick estava preso em sua sala. Elvira entrou alegremente.


– Não contei seu segredo a Harry.


– Por que não?


– Pra ele ficar mais desapontado quando souber. De qualquer forma obrigada por mandar Draco a Zebediza e deixar o bastão tão a mão pra meu elfo roubar. Sei que planejava me matar assim como matou outros em seu caminho. É uma pena; você até que seria um belo Conselheiro ou Ministro um dia. O fantasma ao seu lado o levará agora para morrer junto com os outros.


Zenobhia estava parada flutuando ao lado da fogueira feita com varinhas. As chamas mudavam de cor e iluminavam a madrugada.


Oito pessoas que acompanharam Elvira até aquele momento estavam presentes seguros por fantasmas: Harry, Hermione, Rony, Gina, Draco, Patrick, Rebecca e Emily.


Elvira caçoava de todos principalmente de Rebecca que do grupo era única que estava ferida. Em meio as coisas espalhadas no chão estava a bolsa de Hermione. Elvira apanhou e a colocou no pescoço e depois em Hermione.


– Ela combina com você. Gostaria de ser enterrada com ela?


Elvira mandou o fantasma soltar Hermione e disse para abrir a bolsa.


– Não. Não vou expor minhas coisas na frente de todos.


– Tem uma foto do Rony mais a vontade ai dentro? Talvez aqueles bilhetes. Diga-me, Rony escreve coisas indecentes para você?


Elvira virou o rosto de Hermione na direção de Emily.


– Você conhece Emily? Olhe pra ela! Emily olhe bem pra Hermione. Diga-me você a inveja? Responda?


– Eu invejo você Elvira... – Emily respondeu.


– Claro. Agora todos me invejam. Vocês! – Elvira gritou para todos. – Vocês não dividiriam um banco de ônibus comigo! Mas agora estão aí torcendo para eu gostar de vocês!


Elvira deu um tapa em Hermione deixando Rony furioso.


– Rony não fique assim. – disse Elvira rindo – Eu gosto de você e os pais de Hermione devem gostar também. Eles não te acham um perdedor. Você é rico, muito rico pelo que eu soube!  Mas agora nada disso faz diferença não é mesmo?


Elvira abriu a bolsa de Hermione.


Sua surpresa foi grande quando encarou a si mesma e ao fundo imagens de Zebediza. Pessoas rindo e apontando para ela. A imagem ficava cada maior; rostos conhecidos de formavam como Gostamino e a mulher. Elvira sacou a varinha e começou a lançar feitiços em sua imagem encolhida e chorosa.


– É assim que você é realmente Elvira! – gritou Rebecca.


– Faça isso parar! – Elvira gritou.


Harry sentiu os braços livres e sacou a varinha.  Todos puxaram a varinha apontando para Elvira.


Elvira apontou o bastão para a imagem. As risadas estavam cada vez mais altas. Desesperada foi cambaleante para perto da fogueira e acabou encostando o bastão.


Todos tentaram uma serie de feitiços para tirar o bastão das mãos de Elvira, mas não conseguiam; o fogo atingiu suas vestes. Em seu desespero ela foi em direção a pilha de varinhas em chamas.


– Elvira solte o bastão! – Gina gritou.


– Não! Ele é poder. Nunca vamos nos separar. Faça isso sumir!


Elvira apontou a varinha para Harry; a fogueira caiu sobre ela.


– Não! – gritou Harry.


Harry colocou o braço dentro das chamas e puxou Elvira pela mão, mas era como se as próprias varinhas a prendessem formando uma armadilha.


– Solte o bastão!


Rony e Patrick tentavam apagar a fogueira.


– E uma fogueira mágica! – gritou Hermione.


– Continuem tentando! Solte o bastão! – tornou gritar Harry.


– Harry pare! – disse Rony vendo que a manga da camisa de Harry começou a queimar.


– Não!


– Ela está te puxando! – gritou Gina.


Harry viu o olhar de Elvira; de repente ela começou a apertar-lhe a mão e a rir.


Um raio lançado por Rebecca atingiu a mão de Harry .


O bastão e Elvira foram consumidos pelas chamas produzidas por centenas de varinhas.


Os fantasmas incluindo o de Zenobhia aos poucos ficaram imóveis e começaram a sumir.


Gina abraçou Harry e viu sentado observando a tudo Boo, o gato fantasma.


O gato não fez mais o som agudo de antes; ao invés disso deu um miado normal e desapareceu. Hermione lançou o feitiço ridikulus e tornou a prender o bicho papão em sua bolsa.


– Vocês estão bem? – perguntou a Rony e Emily.


Emily parecia não acreditar que tudo tinha acabado; só balançou a cabeça positivamente.


Apesar dos esforços de todos a fogueira de chamas verdes cresceu mais e queimou duas noites seguidas.

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